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Quinta-feira, 17/5/2007
Blog
Redação
 
Hatoum e os novos autores

O Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte deveria ser visitado por qualquer pessoa que viesse a esta capital. Fantástico. Mais uma "aprontação" da empresária Ângela Gutierrez, que vive dando presentes fabulosos para o estado e para o Brasil. E foi lá dentro que aconteceu mais uma edição do Ofício da Palavra, evento que, como é de se esperar, traz um escritor contemporâneo conhecido (se não consagrado, ao menos à beira da consagração) para falar com o público e com um mediador.

Ontem foi a vez de Milton Hatoum, mediado pela escritora Maria Esther Maciel. Duas horas ou pouco mais de exposição sobre temas como processo de criação, publicação, prêmios e outros assuntos de pauta imaginável. O clima era de seriedade. O público lotou um salão de tamanho razoável e o som competia com o barulho da água das fontes plantadas bem no meio da cidade. Ando meio preguiçosa dos eventos com escritores por alguns motivos, mas um deles é mencionável: o formato sempre igual. Isso tem sido muito previsível, mas admito que seja complicado inventar algo inovador. Fazer o quê? Afinal as pessoas comparecem para ouvir o escritor contar de onde vem o "dom" que lhe acomete.

Lá pelas tantas, depois que o debate foi aberto às questões do público, um rapaz perguntou ao Hatoum por que razões ele não menciona autores novos em suas colunas nos jornais. Hatoum tinha bons argumentos. O primeiro era plenamente imaginável. Caso ele comentasse um livro de um cara novo, seria uma avalanche de outros novatos querendo resenhas, menções, orelhas, contracapas e toda sorte de "toque de Midas". Não dá. O outro motivo era simples: Milton não quer entrar no que ele chamou de "guerrilha" por espaço. Nas palavras dele: "pessoas se auto-afirmando o tempo todo", "grupos que se formam, representantes de gerações, pessoas que querem se derrubar", "blogueiros terroristas". Nisso ele não entra. Com razão. É nojento. Qualquer festinha de escritores fica com esse clima de "competição beletrista". Dureza, né não? Ele é que está certo. Publicou "apenas" 3 livros e acertou na mosca. Pontaria, é isso. Tudo bem que ganhar prêmios não garante nada, mas, segundo ele, garante o pagamento das contas no final do mês. Certeiro. Muita gente que ganhou prêmio sumiu na areia. Muita gente que não ganhou (que sequer concorreu) foi ao estrelato. Vai saber. Mas Milton parece ter alcançado um equilíbrio. Ele mesmo disse: "tem escritor com 25 anos e 10 livros, o cara começou a publicar aos 12?". Hatoum, mui acertadamente, acha que é preciso maturar a obra. É isso aí. Ele se refere aos serial writers, nhaco.

E mais no final da noite, Hatoum saiu para jantar. Antes que ele se fosse, passei lá para cumprimentar o escritor amazonense. Ele me deu um livro que vamos doar para a biblioteca de uma excelente escola pública belo-horizontina. Yes. Quando eu falei meu nome, ele me disse assim: "ah, eu sei quem você é, da coluna do Digestivo Cultural". Yes.

[2 Comentário(s)]

Postado por Ana Elisa Ribeiro
17/5/2007 às 18h53

 
Festival de cinema em Jampa

Acabo de voltar de João Pessoa já com saudades daquele clima de festival, bom para quem visita e melhor ainda para quem participa efetivamente nas oficinas. De 4 a 13 de maio, a capital paraibana recebeu o III Cineport - Festival de Cinema de Língua Portuguesa. A direção desse evento memorável ficou por conta de Mônica Botelho e a produção impecável, por Henrique Frade. Ambos, mais do que bons profissionais, revelaram-se excelentes anfitriões.

O III Cineport reuniu cineastas, cinéfilos, escritores e atores de diversas nacionalidades lusófonas. Vez por outra, o saguão do hotel parecia realizar uma volta no tempo ao reunir os 500 anos de história entre nossos colonizados e colonizadores. Portugueses, angolanos, caboverdeanos, moçambicanos, timorenses e, ora vejam, até brasileiros desfilavam por ali.

Eu estava presente como roteirista selecionada pelo laboratório de adaptação literária da Persona Filmes, dirigida pela cineasta mineira Elza Cataldo. A oficina que realizamos com o Newton Canitto, responsável pela famosa Cidade dos Homens, dentre outros trabalhos, foi muito intensa e proveitosa. Foram dez dias de reuniões constantes, aulas expositivas, exercícios com mapas de plots, escaletas, perfil de personagens, esboço de cenas e alertas sobre o uso de recursos narrativos, como a tão famigerada "quebra temporaaal!, quebra temporaaaaal!". A propósito, e conforme orientações do nosso digníssimo professor, esse recurso só deve despertar empolgação em "roteiristas de nível 1". Os de "nível 2" devem pensar melhor quando usá-lo e com que finalidade... É, isso também me parecia óbvio até então.

O trabalho foi intenso. Em dez dias de oficina, tivemos apenas duas manhãs livres. Houve dia em que emendamos mais de dez horas de reuniões e exercícios. O corpo ficava exausto, dava sono e a mente entrava num spinning difícil de ser contido. Mas esse trabalho é muito gratificante e vicia. Quando se percebe, já está num turbilhão de idéias do qual não se quer sair.

Além disso, é muito bom trabalhar de bermuda, de chinelo ou descalço, com um professor desbocado, alunos idem e ainda assim ver o trabalho render. Render bem mais do que um trabalho burocrático em empresas engravatadas, por sinal. O Umberto Eco mesmo já escreveu um pequeno ensaio sobre isso, mostrando como roupas apertadas e incômodas atrapalham o raciocínio. Segundo o autor, o jeans chega a ser um atentado à Filosofia. Quem quiser conferir, leia as crônicas da Viagem na irrealidade cotidiana, publicadas no Brasil pela Nova Fronteira.

A melhor parte dos festivais é essa troca constante de idéias e o fato de conhecer gente diferente, distante, mas com o mesmo interesse, a mesma paixão. E os cafés-da-manhã no hotel proporcionam o melhor ambiente para isso.

Tem gente que se esbalda em festivais de cinema com o desfile de atores globais. É impossível não notar a presença de astros que pavoneiam nessas ocasiões. Mas para quem está ali por paixão à cultura e engajado numa missão, a presença da Marília Gabriela, da Lúcia Veríssimo, do Selton Melo, do Paulo José, da Maria Ceiça, da Maria Zilda, do Matheus Natchergaele e de tantos outros, definitivamente, é o de menos. Desculpem-me, pessoal, não é nada pessoal. Mesmo porque, assim como não me conhecem, eu também não os conheço.

Quem nos interessava mais particularmente ali eram os escritores dos livros que nos foram destinados: Ana Paula Maia, Christiane Tassis, Agualusa, Ondjaki, Miguel Gullander e Francisco José Viegas.

Após o café, labuta. Pausa para o almoço. Labuta novamente. Terminávamos nossos dias de trabalho já à noite, quase na hora dos compromissos na Cidade do Cinema, um lugarzinho aconchegante e bastante charmoso em "Jampa". Tínhamos meia hora para tomar banho e transformarmos nossas formas decadentes em Mun Ra, o espírito eterno. Em seguida, íamos conferir as exibições dos longas e curtas nas tendas do festival.

Foi ali que me apaixonei pela lucidez de Estamira, revelada num documentário de Marcos Prado, e pelo sorriso do contorcionista angolano captado pelo diretor Zezé Gamboa. Gostei, também, das cenas de O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer, mas não suportei o monólogo interminável e incompreensível de um filme português chamado Juventude em marcha. Minimalista? Não sei. Não consegui ficar para saber.

A coisa chata de festival é o último dia. Dá aquela sensação amarga de quarta-feira de cinzas, aquela baforada de realidade na nossa nuca e a gente vê que o cotidiano está no nosso encalço.

Fazer o quê? Hora de voltar e labutar novamente. Desta vez, sem as luzes da ribalta.

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Postado por Pilar Fazito
17/5/2007 às 13h39

 
So many pieces of me

Quando estou enjoada minha mãe diz que não "estou", que eu sou enjoada. Meu irmão diz que eu viajo mais que Jacques Cousteau. Meu namorado me chama de "lóki". Uma de minhas best friends diz "gente louca é assim mesmo". Meu sobrinho de seis anos diz que eu tenho a franja ruim. Minha analista diz que eu sou border. Meu horóscopo diz que eu sou o máximo. A Fran diz que eu sou "coisinha". Minha cunhada diz que tenho poder de convencimento. Meu pai diz que eu sou linda! E eu concordo (com meu pai, claro)!

Mary Ju, em seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
17/5/2007 à 00h49

 
Ofício da Palavra

Hoje tem Milton Hatoum mediado por Maria Esther Maciel no Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, em Belo Horizonte. O evento é parte de uma seqüência muito bem produzida. Começa às 19h30 e é, mesmo, só o começo. Entrada franca.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
16/5/2007 às 10h42

 
Tango no Tom Brasil

São Paulo parece ter, decididamente, criado um roteiro consistente para apreciadores do famoso ritmo portenho. Pelo menos no primeiro semestre desse ano, os fãs do tango foram servidos de todo tipo de espetáculo para celebrar a música argentina. Após o show com toque moderno da Orquestra Típica Fernández Fierro, no Auditório do Ibirapuera, do instrumental cool do De Puro Guapos, no Tom Jazz, entre março e abril, foi a vez da Cia. de espetáculos Uma Noite em Buenos Aires se apresentar em um espetáculo com formato tradicional.

Há mais de trinta anos visitando a cidade, a companhia já fez mais de uma apresentação no Tom Brasil apenas nesse ano. Entre instrumentais, bailados e cantados, músicos argentinos, com destaque para o pianista Atílio Stampone, que tocou com um dos grandes nomes do tango moderno, Astor Piazzolla (1921-1992), três cantores e bailarinos foram acompanhados pela orquestra composta por piano, contrabaixo acústico, bandoneon, violino e guitarra e regida pelo maestro Carlos Buono.

Diante de um fundo brilhante e luzes coloridas que complementaram o tom dramático e intenso do ritmo, os dançarinos se destacaram em diversas aparições com expressões de dor e prazer, roupas sofisticadas e muitas jóias, ovacionados pelo público que, praticamente, lotou a casa. Já os cantores foram o ponto menor e mais heterogêneo do espetáculo, com altos e baixos em suas duas vozes masculinas e uma feminina, se comparados à entrada triunfal e virtuosística da orquestra, que logo interpretou belamente "Buenos Aires hora cero", de Piazolla. Mas o momento mais emocionante foi a execução de "El dia que me quieras", de Carlos Gardel, onde, lentamente, um triste violino tomou lugar no ambiente, seguido pelo bandoneon e o piano com ritmo e velocidade crescente de arrepiar.

Agora, no dia 17 de maio, o Tom Brasil dá continuidade ao seu roteiro portenho ao apresentar Mariano Mores e seu espetáculo de música e dança Uma Vida Para El Tango, acompanhado pela orquestra formada por Gabriel Mores e Aldo Falasca (teclados), Tomas Gianninni (bandoneon), Ignacio Riccio (bateria), Juan Scaffino (violino) e Eduardo Lettera (contra-baixo); pelos cantores Silvia Mores, Daniel Cortes, Gabriel Mores e Ariel Mores; além de bailarinos. Quase todo o repertório do show é formado por músicas de autoria de Mores ou em parceria com outros cantores, entre elas "Tanguera", "Una lágrima tuya", "Déjame", "Serenata orillera", "Adiós pampa mia" e "El estrellero", além de "Volver", de Carlos Gardel.

Do alto dos seus 89 anos, o argentino pode ser considerado uma instituição do tango. Começou sua formação artística em Buenos Aires, no bairro San Telmo - fonte criadora do ritmo - e, aos 17 anos, se tornou pianista do cantor Francisco Canario, com quem tocou por mais de uma década. Suas obras já foram gravadas por Julio Iglesias, Luis Miguel e Plácido Domingo, entre outros e, como maestro, Mores já dirigiu diversas orquestras, entre elas a Orquestra Sinfônica de Londres, a Sinfônica de Montevideo e a Sinfônica do Estado (Argentina).

Suas músicas, além de serem interpretadas na peça da Broadway Tango Argentino, chegaram à Hollywood em 2001 por meio do diretor Baz Luhrmann, que procurava um tango especial para usar em um musical que filmava na época. Foi assim que "Tanguera" foi parar em uma das cenas de Moulin Rouge. Hoje, depois de uma vida dedicada à música, Mores é enfático: "Não me despeço porque estarei sempre junto ao tango e ao meu povo".

Para ir além
Mariano Mores no Tom Brasil - 17 de maio, quinta-feira, às 21h30 - Rua Bragança Paulista, 1281 - Informações e compra de ingressos: bilheterias Tom Brasil Nações Unidas - Rua Bragança Paulista, 1281 - Compra por telefone - Ingresso Rápido: (11) 2163-2000 - Pela Internet: Sites do Tom Brasil e Ingresso Rápido.

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Postado por Marília Almeida
16/5/2007 às 02h08

 
Código de Conduta em Blogs

1. Este blog incentiva o debate responsável. É aberto a todo tipo de opinião. Mas não aceita ofensas. Serão deletados comentários contendo: insulto, difamação, manifestações de ódio e preconceito;

2. É um espaço para a troca de idéias, e todo leitor deve se sentir à vontade para expressar a sua. Não serão tolerados: ataques pessoais, ameaças, exposição da privacidade alheia, perseguições (cyber-bullying) e qualquer outro tipo de constrangimento;

3. Incentivamos o leitor a tomar responsabilidade pelo teor de seus comentários e pelo impacto por ele causado: informações equivocadas devem ser corrigidas, e mal entendidos, desfeitos;

4. Este blog defende discussões transparentes. Não se dispõe a servir de plataforma de propaganda ou proselitismo, de qualquer natureza;

5. Dos leitores, não se cobra que concordem, mas que respeitem e admitam divergências, que acreditamos próprias de qualquer debate de idéias. Ao critério do blogueiro, serão bloqueados participantes que não respeitarem este conjunto de regras.

Estadão, no seu código para blogs (porque eu cheguei a essa mesma conclusão há quase cinco anos...)

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
16/5/2007 à 00h57

 
Introdução ao Jazz

As gravações mais antigas de jazz fáceis de encontrar são dos anos 20 e do começo dos anos 30. O trompetista e vocalista Louis Armstrong ("Pops", "Satchmo") foi de longe a figura mais importante desse período. Ele tocava com os grupos chamados Hot Five e Hot Seven; qualquer gravação que você puder encontrar desses grupos é recomendada. O estilo desses grupos, e de muitos outros desse período, geralmente é chamado de jazz de Nova Orleans ou Dixieland. Ele é caracterizado pela improvisação coletiva, em que todos os músicos tocam simultaneamente linhas melódicas improvisadas dentro da estrutura harmônica da música. Louis, como cantor, é tido como o inventor do scat, em que o vocalista usa sílabas sem sentido para cantarolar linhas melódicas improvisadas. Outros músicos notáveis do jazz de Nova Orleans ou Dixieland são o clarinetista Johnny Dodds, o saxofonista soprano Sidney Bechet, o trompetista King Oliver e o trombonista Kid Ory.

Cláudio Brandt, traduzindo Uma Introdução à Improvisação no Jazz, de Marc Sabatella em seu site.

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Postado por Eduardo Mineo
15/5/2007 às 10h26

 
Frases de Drummond

Ao contrário do amor, o amor-próprio não acaba nunca.

* * *

Os métodos modernos de negócio tornaram obsoleta a antropofagia.

* * *

A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.

* * *

Os colégios orgulham-se dos homens ilustres que estudaram neles e que resistiram à massificação escolar.

* * *

A arte vivifica a humanidade e aniquila o artista.

Carlos Drummond de Andrade, em O Avesso das Coisas, seu novo livro de aforismos.

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Postado por Julio Daio Borges
15/5/2007 à 00h28

 
Sarau na Casa das Rosas

A Academia Internacional de Cinema - AIC, em parceria com a Casa das Rosas, convida para mais um Sarau da Academia, com o tema Tradução para sempre, uma edição especial que acontece durante um ciclo sobre tradução literária.

Os convidados irão ler traduções feitas por eles de escritores de todos os períodos e travarão uma conversa com os alunos do curso de Criação Literária da Academia e com o público presente sobre o papel da tradução na disseminação e perpetuação da literatura no mundo e como elo internacional entre os povos. Para isso, além da presença de seus curadores, Flávia Rocha e Marcelo Carneiro da Cunha, e um de seus professores, o escritor e jornalista Michel Laub, o evento receberá os convidados Vadim Nikitin e Floriano Martins.

Vadin é tradutor, ator e diretor que nasceu em Moscou e vive no Brasil desde 1976. Atuou em Bacantes (de Eurípides) e Ela (de Jean Genet), sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, no Teatro Oficina, entre outras peças. Já dirigiu Os sete gatinhos (de Nelson Rodrigues) e Canção de cisne (adaptada de um conto de Tchékhov) e recentemente tem trabalhado em traduções de Antón Tchékhov e Marguerite Duras.

Já o poeta, editor, ensaísta e tradutor Floriano Martins nasceu em Fortaleza e é autor de livros de poesia como Cinzas do sol e Sábias areias e traduziu livros como Poemas de amor - antologia poética, de Federico García Lorca; Delito por bailar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante; entre outros. Em janeiro de 2001 criou o projeto Banda Hispânica, banco de dados permanente sobre poesia de língua espanhola, de circulação virtual, integrado ao Jornal de Poesia. Edita com Claudio Willer a revista de cultura Agulha.

Para ir além
Sarau da Academia - Curadores: Flávia Rocha e Marcelo Carneiro da Cunha - Convidados: Vadim Nikitin, Floriano Martins e Michel Laub - 15/05, às 19h30 - Casa das Rosas - Avenida Paulista, 37, Bela Vista - São Paulo - Entrada franca e aberta ao público - Informações: [email protected] - Telefone: 11 3826 7883

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Postado por Marília Almeida
15/5/2007 à 00h00

 
New kids on the road

Comercial do Scénic Kids, automóvel da Renault com DVD, assinado pela agência de publicidade Neogama. O mérito da peça é o novo posicionamento para um carro cujo principal opcional nem é mais tão diferenciado assim. Fazer o quê? É preciso se destacar em um mercado super competitivo e com produtos cada vez mais parecidos. E como ser diferente sem poder lançar produtos radicalmente novos? A saída foi essa.

Para mim, a parte mais divertida do comercial é a das crianças em uma bagunça verdadeiramente rock'n'roll. Highway Star, do Deep Purple, transmite o inferno em que pode se transformar uma longa viagem de carro com três pirralhos.

O contraponto é uma família tranqüila e feliz, viajando embalada por uma suave música clássica. Os pestinhas estão quietinhos no banco de trás, assistindo ao desenho que passa no DVD. Pai e mãe se olham em beatífica felicidade.

O filme me deixou enjoada. Não porque seja ruim, é que assistir DVD no carro dá náusea, assim como ler. Já comecei a imaginar aquelas três crianças vomitando no Scénic novinho, emporcalhando o banco. O casal teria que parar no acostamento, limpar a turminha e arranjar uma farmácia para comprar Dramin.

E depois, uma família que tem grana para comprar um Scénic dificilmente vai ter três filhos. A média de filhos por mulher hoje, no Brasil, é de 2,39, considerando todas as classes sociais e regiões. Nas famílias de renda mais alta, esse índice baixa para 1,1.

Claro, o DVD serve para acalmar qualquer quantidade de crianças e a situação do comercial é hiperbólica, servindo para materializar o benefício do produto. E eu também não faço parte do target (nem familiar, nem financeiramente), por isso preferia estar mais no carro rock'n'roll bagunceiro do que no calminho com DVD.

De qualquer forma, uma leitora do Blue Bus compara as cenas do comercial com as viagens que ela fez quando criança e as que faz hoje com o filho, em que eles passam o tempo conversando e brincando. Eu também lembrei das viagens da minha infância.

Provavelmente rolava umas confusões entre eu e meu irmão. Porém, duas coisas nos acalmavam. Primeiro, as broncas da minha mãe. Segundo, as brincadeiras de contar os caminhões azuis da Sadia, adivinhar a marca do carro que vinha em sentido contrário e fazer a estatística das cores mais comuns.

Nada é mais como antes. Nem as crianças, nem os pais e nem os Mercedes de cara redonda da Sadia.

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Postado por Adriana Baggio
14/5/2007 às 16h05

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