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Terça-feira,
5/6/2007
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Redação
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Aulas de filosofia on-line
A internet tem dessas coisas. Através dela podemos ter aulas de filosofia com um cara que morreu em 1968. Me refiro a Mário Ferreira dos Santos, o maior filósofo que este país já teve. (Algumas de suas aulas podem ser ouvidas aqui. Não seja bobo, ou boba, e ouça ao menos a primeira.)
Aliás, dias atrás, li neste blog um post que dizia haver filósofos que não crêem ter existido filosofia legítima na Idade Média. É óbvio que alguém que afirme tal absurdo não é filósofo nem aqui, nem na China. Como diz o Mário Ferreira, na "Aula 1", grande parte da filosofia moderna já havia sido refutada, com séculos de antecedência, justamente por esses filósofos que supostamente nunca foram verdadeiros filósofos. Claro que, para entender com maior profundidade o porquê disso, será necessário recorrer ou aos escolásticos ou aos livros do Mário Ferreira, que são dificílimos de se encontrar. (Ainda bem que já tenho vinte volumes dos quais, infelizmente, li apenas três...)
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Yuri Vieira
5/6/2007 às 04h15
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Incompreendedor por opção
Tem um monte de coisas que eu não entendo. Noventa por cento delas é porque sou burro mesmo, mas dez por cento é porque não quero. Com o tempo vou citando algumas delas por aqui.
Strange Lepton, mais um novo blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
4/6/2007 à 00h39
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Zodíaco
É fácil reconhecer um filme do diretor David Fincher. Cenas rápidas, estilizadas, muita pós-produção, histórias extraordinárias, pessoas incomuns... De aliens, deslocados e serial killers, só este último sobrevive em Zodíaco, e sem tanto do virtuosismo dos primeiros filmes.
Isso absolutamente não desmerece o thriller, que, se não pode (e nem deve) ser comparado com Seven, se emparelha com grandes filmes investigativos como Todos os homens do presidente (1976 - Alan Pakula) e O informante (1999 - Michael Mann), onde o que importa é o ritmo lento e constante da trama. Mais ainda, o filme se apóia na frustração de um caso até hoje não solucionado, o do serial killer auto intitulado Zodiac, que fez vítimas na região de San Francisco a partir de 1968.
Ainda assim, a tecnologia e o cuidado com os detalhes permanecem. O filme foi rodado inteiro em digital, e, embora não seja pioneiro nisso, conseguiu um resultado mais do que satisfatório, mesmo nas cenas mais difíceis, com muita ou pouca luz.
Uma direção de arte primorosa replicou com perfeição as três décadas por onde o filme transita. Os planos que focalizam apenas objetos, como canecas e lápis numa mesa, por exemplo, verdadeira obssessão de Fincher, estão todos lá, mas desta vez são obscurecidos pela história real de um assassino inteligente (mas não insuportavelmente culto como um Hanniball Lecter).
O grande mérito do filme é criar um suspense sólido e envolvente sem cair na armadilha de tentar solucionar o caso (embora se incline para um suspeito em especial. Culpa do escritor do best-seller que baseou o filme, Robert Graysmith, interpretado no filme por Jake Gyllenhaal).
A construção da investigação desde os primeiros crimes, a burocracia da polícia e, principalmente, o sentimento de impotência de seres humanos comuns como o cartunista Graysmith e o detetive David Toschi (numa interpretação excepcional de Mark Ruffalo) vendo pista após pista dando em nada carregam o espectador durante as mais de duas horas e meia de projeção.
Isso não significa que o filme não tenha momentos tensos, muito pelo contrário. A exemplo do encontro com o informante Garganta Profunda no filme de 76, há cenas arrepiantes simplesmente porque não se sabe o que vai acontecer. Além disso, algumas cenas de assassinatos são fortes o suficiente para fazer a alegria de quem se lembra dos filmes de maníaco dos anos 80.
O medo da sociedade, o papel da mídia e o culto às celebridades são temas relevantes que o filme aborda, mesmo que não diretamente.
No estilo "Jack, o estripador", o assassino mandava cartas criptografadas aos jornais da cidade e dava pistas sobre seus crimes. Curioso notar a mobilização imediata da mídia em publicar as cartas e "alertar" a população, num ato heróico de utilidade pública. Atendem prontamente todas as exigências do assassino, até mesmo colocando-o ao vivo num programa de TV matinal, mesmo que isso não fosse uma condição para parar de matar.
Ele quis ser uma celebridade, e foi exatamente isso que ele se tornou. Até hoje, há um verdadeiro culto ao seu redor. Filmes, documentários, livros e centenas de sites onde detetives amadores se prestam a solucionar o caso. De certo ponto de vista, o assassino venceu, a sociedade perdeu e ainda ajudou o criminoso em todos os seus propósitos. Nada traz maior impotência.
Que o assunto fosse tratado com seriedade era a preocupação de muitos quando o nome do diretor foi associado ao projeto. As expectativas foram superadas com uma direção bastante consciente e com uma preocupação com o realismo maior do que com a simples verossimilhança. E é exatamente isso que o filme entrega.
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David Donato
3/6/2007 às 20h07
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O fim do NoMínimo?
"Sei lá o que vai acontecer com o NoMínimo, pode ser que mês que vem a gente já não esteja aqui ou talvez sobreviva como NoMicro, não perco as esperanças."
Tutty Vasques, sobre o possível fim do NoMínimo (porque, há cinco anos, eu escrevi sobre o fim do no., mas permanece o problema principal: eles ainda não têm "modelo de receita", só "de despesa"...)
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Julio Daio Borges
3/6/2007 às 14h17
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De Beirute para a sua casa
A Librairie Antoine, uma das mais importantes redes de livrarias do Oriente Médio, inaugurou há pouco tempo sua loja virtual, a Antoine Online. Agora já não é mais preciso voar até Beirute e percorrer uma das diversas lojas espalhadas pela cidade e também por outras localidades do Líbano, como Trípoli e Maameltein, para tomar contato com o seu rico catálogo, que abrange títulos em francês, árabe e inglês. Se antes era uma luta, por exemplo, adquirir um livro como Beirut Interiors que mostra a intimidade de algumas das mais luxuosas residências da europeizada Beirute, agora pode-se fazê-lo de qualquer parte do mundo e a Librairie Antoine fará chegar o livro por DHL em poucos dias, mediante uma módica taxa. A livraria é, a meu ver, particularmente atraente para aqueles que desejam comprar livros em árabe ou títulos libaneses em francês ou em inglês.
Quem visitar o site, vai reparar que os preços dos livros estão em dólar. Como a moeda americana se encontra em franco e acelerado declínio por aqui, a ocasião não deixa de ser propícia para quem se sentir tentado a fazer uma compra.
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Luis Eduardo Matta
3/6/2007 à 01h15
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Ídolo dos grandes
Houve um homem que foi sinônimo de perigo e ardilosidade. Seu nome tornou-se adjetivo de malícia, principalmente entre aqueles que defendem as mais puras virtudes humanas. Nicolau Maquiavel escreveu O Príncipe aos 52 anos, no despertar do Iluminismo, mas só depois de sua morte a obra ganharia uma repercussão altamente polêmica.
Para o filósofo Júlio Pompeu, um dos professores do curso Os Pensadores, na Casa do Saber, Maquiavel é o ídolo dos grandes governantes. Não é para menos: inverteu a lógica das virtudes humanas e legitimou as arbitrariedades no poder como garantia do bem-estar social.
Afirmou que para manter-se na política não basta que o homem seja bom, honesto e caridoso. Na verdade, nem é preciso sê-lo, contanto que pareça ser. Um bom governante deve saber jogar com os anseios do povo e dos nobres. Se quiser ser respeitado, deve ser amado e temido na medida certa.
"A melhor forma para alcançar esse status é despertar o medo e a esperança nas pessoas", completa Pompeu. Somente por esses dois sentimentos seria possível ter o mundo a seus pés e, assim, garantir o merecido lugar ao topo. Seria a prática da virtù. Nada mais natural para quem acreditava que os desejos, e não a razão, deveriam guiar as atitudes humanas. A razão serviria, apenas, de instrumento para socializar o desejo.
Admiradores e horrorizados devem concordar: as idéias maquiavélicas romperam com todos os padrões pré-estabelecidos da Antigüidade e influenciaram a história política da Idade Moderna ao século XX. Ainda assim, são totalmente indigestas para quem acredita em um mundo mais romântico.
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Tais Laporta
1/6/2007 às 13h09
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Conto de amor
Com a proximidade do Dia dos Namorados, gostaria de compartilhar um dos momentos mais românticos da literatura mundial em todos os tempos. Exagero? Então você não conhece o conto Presente dos Magos, do escritor americano O.Henry, pseudônimo de William Sydney Porter (1862-1910).
Quem? O. Henry não é famoso faz tempo, mas descobri-lo é experiência literária das mais prazerosas. Suas histórias, curtas e de final surpreendente, não têm grandes pretensões além de entreter. No entanto, em seus saborosos retratos do cotidiano, revelam-se detalhes humanos de rara beleza, muitas vezes temperados com humor.
No caso de Presente dos Magos - a narrativa se passa durante o Natal - O. Henry estava especialmente inspirado. Uma obra-prima de menos de dez páginas, da qual só me permito contar o enredo básico, trata
de um casal apaixonado, falta de dinheiro e a vontade de presentear a quem se ama, custe o que custar.
É uma pena que o DVD de O. Henry's Full House (Páginas da vida; ótimo título nacional, depois nome de novela), o memorável filme de 1952 com adaptações de cinco contos do escritor, ainda não tenha chegado ao Brasil. Foi graças a uma de suas raras exibições na televisão que eu descobri o autor. A produção da 20th Century Fox inclui segmentos como o divertido O policial e o hino e o comovente A última folha, mas termina justamente com Presente dos Magos, dirigido por Henry King, interpretado por Farley Granger e Jeanne Crain, valorizado pela sensível música de Alfred Newman.
Quem não se emocionar com essas histórias, seja na tela ou no papel, esqueça o Dia dos Namorados, pois nasceu sem coração.
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Fábio Scrivano
1/6/2007 às 07h58
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O rumo de minhas leituras
Com o passar do tempo percebi que fui um tanto quanto ingênuo em minhas leituras. Perdi muito tempo com livros que não são obrigatórios e deixei de ler o que realmente deveria ter lido. Ainda hoje acontece isso, não consegui me livrar deste mal.
E acho que nunca me livrarei dele por completo, pra ser sincero. Se bem que não é um mal, afinal, os livros que tenho lido são todos muito bons. Tirando um ou outro que eu poderia perfeitamente não ler que não faria falta nenhuma, todas as obras pelas quais meus olhos percorreram as páginas me foram importantíssimas. Tanto para quem eu sou, como ser humano, quanto para quem eu quero ser, como profissional.
Mas em determinado momento é necessário decidir: ou você continua lendo livros que você não tem assim tanta necessidade de ler ou você se concentra nos livros que vão realmente te fazer crescer em todos os aspectos. Não sei quando vou fazer isso, mas quero parar de ler certas coisas e ler os clássicos. Ou ao menos conseguir tempo para poder conciliar os dois tipos de leitura.
Dentro da Baleia, um novo blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
1/6/2007 à 00h28
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Blogs, blogs e blogs
Há muitos blogs bons que eu não conheço. Alguns eu chego a conhecer - e vejo que são bem legais - mas, por algum motivo desconhecido, nunca volto. Outros eu adiciono aos meus favoritos para não esquecer de voltar. Mas esqueço. Os blogs dos amigos eu leio sempre. Porque são legais, mesmo. Mas outros amigos deveriam ter blogs e não têm. Gente que tem sacadas que dariam um blog bem legal. Mas eu respeito a opção deles. Manter um blog é bom, mas escraviza.
Tem gente que eu só conheço graças aos respectivos blogs. Uns eu nunca ouvi a voz e moram bem longe; mas trocamos altas idéias. Um deles teve vários blogs e hoje não tem nenhum. E que falta me faz ler com regularidade os escritos dessa pessoa. Eu já troquei e-mails com blogueiros que curto muito. E um já me indicou (aumentando consideravelmente minha audiência).
Tem blogs que indicam o meu sem que eu saiba. Às vezes descubro mais um (são dois ou três, que não achei de novo para lincar). Uns são tão humildes que nem pedem para eu dar uma passada (como eu faço); nem comentam um post qualquer (alguém vai clicar no nome e vai chegar no blog deles). Minha mais recente alegria blogueira foi ser lincado por um cara que é uma referência de Jornalismo Gonzo para mim. E de blog que não precisa ser atualizado o tempo todo.
Blogs "oficiais" geralmente não funcionam. São feios, de difícil navegação, têm endereços enormes e uns chegam a colar links inteiros [Ugh! (calafrio)]. Em um ou outro "oficial" eu bato cartão. Gente da antiga que pegou a manha do blog. Há blogs que eu simplesmente abandonei. Parei de achar graça. Outros eu sei que são engraçados, mas esqueço de acessar.
Graças ao meu blog, me pediram para escrever (de graça) para um site bacana. Quando mandei o texto, o editor disse que não dava para publicar porque o texto era "de blog". Não combinava com o site. Em compensação, já fui pago para escrever "do jeito que você escreve no seu blog".
Tem blogs que só leio "por atacado". Quando me mandam a newsletter ou quando faz tempo que não acesso. Outros eu acesso todo dia. Para mim, começar um blog e abandoná-lo no primeiro ou segundo post é um pecado mortal. Apague de uma vez, oras! Fica aquela coisa lá. Me dá a impressão de que está ocupando o espaço de algum blogueiro nato, que está fora da blogosfera porque não tem mais onde criar o seu blog. É, eu sei que não tem nada a ver. Coisa de blogueiro.
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André Julião
31/5/2007 às 16h07
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A criação segundo Caetano
No princípio, era a Bahia. E Caetano disse:
- Faça-se o Pelô!
E Gil argüiu:
- Enfim, sob o prisma transitório da protomatéria nasciva, enfim, tendo em mente as palavras de Arjuna a Krishna e toda a prosódia popular do cancioneiro, enfim, ademais considerando-se as premissas da Escola de Frankfurt e a biosfera como um todo, enfim...
E aquela discussão se arrastou por um bilhão, novecentos e trinta e quatro milhões, noventa mil, duzentos e trinta e sete anos. Um tempo tão dilatado que, nesse período, Caymmi chegou a descer da rede e fazer dois versos.
E enfim o Pelô ficou pronto e Caetano disse:
- O Pelô é lindo, Dona Canô é linda, eu sou muito mais lindo e a mulata não é a tal.
E Caetano criou a fauna e a flora: um leãozinho, uma camaleoa, uma vaca de divinas tetas, o capim rosa-chá e, sob a influência de Gil, um abacateiro. E Caetano achou odara. Mas o diabo não:
- Coisa insossa! O homem vai viver nesse paraíso sem se perturbar? Não! Vamo fazer trios elétricos e inventar a axé music, pô! Todo o mundo tem que sofrer um pouco!
Marconi Leal, no Ignorância Times (porque continua... e porque a minha irmã me mandou)
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Julio Daio Borges
31/5/2007 à 00h09
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