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Terça-feira,
5/6/2007
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Redação
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Repescagem ou Mazel tov
O glamour de ter seu nome estampado na lombar de um livro e posicionado à altura dos olhos nas grandes livrarias, com uma editora de respeito por trás e uma distribuição proporcional à sua fama, não tem preço.
Utopia? Sonho pequeno burguês, capitalista ou o nome que vocês quiserem dar? Pode ser. Mas quero deixar claro que não só é escritor quem publica assim. Mas assim é mais charmoso! É mais fantasioso! É mais hollywoodiano! E me parece mais palpável, mais material, mais eterno.
Mas não quero publicar assim por favor, por dó ou me endividando!
Quero publicar assim se meu livro for lido e aprovado por pelo menos um grande crítico ou editor, até porque um grande editor deve ser um grande crítico. Utópico de novo? Talvez porque hoje, infelizmente, para a literatura, mas felizmente para o entretenimento, os editores estejam mais para grandes marqueteiros.
Não quero dizer com isto que preciso ser o Machado de Assis do amanhã e nem que minha obra (será que será uma obra?) precisa ser uma unanimidade dos críticos, um supra-sumo. Pode ser uma boa obra, para ser lida antes de dormir ou até para colocar crianças para dormir... Quero pelo menos passar uma mensagem, idéia ou conforto a alguém. Mas, pelo amor de Deus, que sirva para alguma coisa.
Porém, hoje o começo, e acho que o final, será sempre a Internet. Precisamos aprender a escrever a um contrastante público, que lê rápido, e está conectado com o mundo, da mesma forma que está conectado com as suas poucas linhas.
Precisamos também lembrar que um livro transmite uma mensagem e precisamos de tempo para lê-lo, absorvê-lo, digeri-lo e criticá-lo. Quanto tempo você tem para isto?
Desta forma, concordo com os que dizem que o mercado literário precisa de críticas mais ferozes, de editores mais rígidos, e o leitor merece respeito das prateleiras que encontra nas livrarias.
Preocupo-me, entretanto, com os bons autores que não estarão na hora certa, no lugar certo e no momento certo, três atributos que na religião judaica são o significado da palavra Mazel Tov, para serem publicados. Estes autores amargarão uma derrota que muitas vezes deveria ser mais que uma vitória: uma estátua no meio da praça principal!
Para os infortunados, resta a repescagem e o consolo nas palavras de Wilson Martins: "Não há exemplo de grande escritor, em qualquer lugar do mundo, que tivesse dependido de incentivo externo para se expressar. Quem tem algo para fazer, faz. Se a pessoa tem algo para escrever, não precisa estimular. O iniciante precisa de obstáculos e desafios".
Ou Mazel Tov!
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Daniel Bushatsky
5/6/2007 às 13h19
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Galera no Amores Expressos
O que chamamos de inspiração tem muito a ver com conseguir estranhar a vida por um instante - não mais reconhecê-la e, apavorado, ter de lidar com isso. Escrevo porque a literatura é minha maneira de expressar esse estranhamento. Eu poderia guardá-lo, mas não consigo. O estranhamento alheio pode ser pertinente ou impertinente. Meu desafio é tornar o meu o mais pertinente possível para o leitor - e isso, meus caros, é um processo violento que recusa qualquer idealização.
Não ter conseguido evitar a literatura quando ainda era tempo explica uma boa parte do sofrimento que conheço hoje em dia. Há sofrimentos muito piores. Me considero feliz porque sei que escolhi bem. Hoje entendo muito melhor uma frase de Bataille que usamos em 2001 para apresentar o selo editorial Livros do Mal ao mundo: "A literatura não é inocente, e, culpada, ela enfim deveria se confessar como tal." Eu confesso. Confesso tudo. Sou culpado e, nos próximos meses, tentarei redigir mais um capítulo dessa confissão.
Daniel Galera, anunciando seu novo livro, no blog do projeto Amores Expressos.
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Julio Daio Borges
5/6/2007 às 09h51
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A Guerrilha do Araguaia e...
Meu amigo Eduardo Castro - que foi meu cinegrafista no making of da Goiânia Mostra Curtas, dirigido por mim em 2006 - é um documentarista de mão cheia. Dirigiu o premiado e divertido A resistência do vinil e lançará, durante o Festival Internacional de Cinema Ambiental - FICA, um documentário no qual vem trabalhando há quinze anos: Guerrilha do Araguaia - As faces ocultas da história. A pré-estréia ocorrerá no dia 16 de junho, às 16 horas, no Cinemão do FICA, cidade de Goiás. Acredite: esse filme cairá como uma bomba.
E, para quem não conhece o FICA, sugiro que assista ao making of cujo roteiro escrevi em parceria com Pedro Novaes. (É uma carta ao Glauber Rocha.) As imagens foram captadas na oficina de Dib Lutfi, diretor de fotografia do filme Terra em transe, entre outros, e editadas na oficina do João Paulo Carvalho, editor da sitcom Armação Ilimitada, entre outros.
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Yuri Vieira
5/6/2007 às 06h03
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Aulas de filosofia on-line
A internet tem dessas coisas. Através dela podemos ter aulas de filosofia com um cara que morreu em 1968. Me refiro a Mário Ferreira dos Santos, o maior filósofo que este país já teve. (Algumas de suas aulas podem ser ouvidas aqui. Não seja bobo, ou boba, e ouça ao menos a primeira.)
Aliás, dias atrás, li neste blog um post que dizia haver filósofos que não crêem ter existido filosofia legítima na Idade Média. É óbvio que alguém que afirme tal absurdo não é filósofo nem aqui, nem na China. Como diz o Mário Ferreira, na "Aula 1", grande parte da filosofia moderna já havia sido refutada, com séculos de antecedência, justamente por esses filósofos que supostamente nunca foram verdadeiros filósofos. Claro que, para entender com maior profundidade o porquê disso, será necessário recorrer ou aos escolásticos ou aos livros do Mário Ferreira, que são dificílimos de se encontrar. (Ainda bem que já tenho vinte volumes dos quais, infelizmente, li apenas três...)
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Yuri Vieira
5/6/2007 às 04h15
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Incompreendedor por opção
Tem um monte de coisas que eu não entendo. Noventa por cento delas é porque sou burro mesmo, mas dez por cento é porque não quero. Com o tempo vou citando algumas delas por aqui.
Strange Lepton, mais um novo blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
4/6/2007 à 00h39
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Zodíaco
É fácil reconhecer um filme do diretor David Fincher. Cenas rápidas, estilizadas, muita pós-produção, histórias extraordinárias, pessoas incomuns... De aliens, deslocados e serial killers, só este último sobrevive em Zodíaco, e sem tanto do virtuosismo dos primeiros filmes.
Isso absolutamente não desmerece o thriller, que, se não pode (e nem deve) ser comparado com Seven, se emparelha com grandes filmes investigativos como Todos os homens do presidente (1976 - Alan Pakula) e O informante (1999 - Michael Mann), onde o que importa é o ritmo lento e constante da trama. Mais ainda, o filme se apóia na frustração de um caso até hoje não solucionado, o do serial killer auto intitulado Zodiac, que fez vítimas na região de San Francisco a partir de 1968.
Ainda assim, a tecnologia e o cuidado com os detalhes permanecem. O filme foi rodado inteiro em digital, e, embora não seja pioneiro nisso, conseguiu um resultado mais do que satisfatório, mesmo nas cenas mais difíceis, com muita ou pouca luz.
Uma direção de arte primorosa replicou com perfeição as três décadas por onde o filme transita. Os planos que focalizam apenas objetos, como canecas e lápis numa mesa, por exemplo, verdadeira obssessão de Fincher, estão todos lá, mas desta vez são obscurecidos pela história real de um assassino inteligente (mas não insuportavelmente culto como um Hanniball Lecter).
O grande mérito do filme é criar um suspense sólido e envolvente sem cair na armadilha de tentar solucionar o caso (embora se incline para um suspeito em especial. Culpa do escritor do best-seller que baseou o filme, Robert Graysmith, interpretado no filme por Jake Gyllenhaal).
A construção da investigação desde os primeiros crimes, a burocracia da polícia e, principalmente, o sentimento de impotência de seres humanos comuns como o cartunista Graysmith e o detetive David Toschi (numa interpretação excepcional de Mark Ruffalo) vendo pista após pista dando em nada carregam o espectador durante as mais de duas horas e meia de projeção.
Isso não significa que o filme não tenha momentos tensos, muito pelo contrário. A exemplo do encontro com o informante Garganta Profunda no filme de 76, há cenas arrepiantes simplesmente porque não se sabe o que vai acontecer. Além disso, algumas cenas de assassinatos são fortes o suficiente para fazer a alegria de quem se lembra dos filmes de maníaco dos anos 80.
O medo da sociedade, o papel da mídia e o culto às celebridades são temas relevantes que o filme aborda, mesmo que não diretamente.
No estilo "Jack, o estripador", o assassino mandava cartas criptografadas aos jornais da cidade e dava pistas sobre seus crimes. Curioso notar a mobilização imediata da mídia em publicar as cartas e "alertar" a população, num ato heróico de utilidade pública. Atendem prontamente todas as exigências do assassino, até mesmo colocando-o ao vivo num programa de TV matinal, mesmo que isso não fosse uma condição para parar de matar.
Ele quis ser uma celebridade, e foi exatamente isso que ele se tornou. Até hoje, há um verdadeiro culto ao seu redor. Filmes, documentários, livros e centenas de sites onde detetives amadores se prestam a solucionar o caso. De certo ponto de vista, o assassino venceu, a sociedade perdeu e ainda ajudou o criminoso em todos os seus propósitos. Nada traz maior impotência.
Que o assunto fosse tratado com seriedade era a preocupação de muitos quando o nome do diretor foi associado ao projeto. As expectativas foram superadas com uma direção bastante consciente e com uma preocupação com o realismo maior do que com a simples verossimilhança. E é exatamente isso que o filme entrega.
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David Donato
3/6/2007 às 20h07
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O fim do NoMínimo?
"Sei lá o que vai acontecer com o NoMínimo, pode ser que mês que vem a gente já não esteja aqui ou talvez sobreviva como NoMicro, não perco as esperanças."
Tutty Vasques, sobre o possível fim do NoMínimo (porque, há cinco anos, eu escrevi sobre o fim do no., mas permanece o problema principal: eles ainda não têm "modelo de receita", só "de despesa"...)
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Julio Daio Borges
3/6/2007 às 14h17
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De Beirute para a sua casa
A Librairie Antoine, uma das mais importantes redes de livrarias do Oriente Médio, inaugurou há pouco tempo sua loja virtual, a Antoine Online. Agora já não é mais preciso voar até Beirute e percorrer uma das diversas lojas espalhadas pela cidade e também por outras localidades do Líbano, como Trípoli e Maameltein, para tomar contato com o seu rico catálogo, que abrange títulos em francês, árabe e inglês. Se antes era uma luta, por exemplo, adquirir um livro como Beirut Interiors que mostra a intimidade de algumas das mais luxuosas residências da europeizada Beirute, agora pode-se fazê-lo de qualquer parte do mundo e a Librairie Antoine fará chegar o livro por DHL em poucos dias, mediante uma módica taxa. A livraria é, a meu ver, particularmente atraente para aqueles que desejam comprar livros em árabe ou títulos libaneses em francês ou em inglês.
Quem visitar o site, vai reparar que os preços dos livros estão em dólar. Como a moeda americana se encontra em franco e acelerado declínio por aqui, a ocasião não deixa de ser propícia para quem se sentir tentado a fazer uma compra.
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Luis Eduardo Matta
3/6/2007 à 01h15
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Ídolo dos grandes
Houve um homem que foi sinônimo de perigo e ardilosidade. Seu nome tornou-se adjetivo de malícia, principalmente entre aqueles que defendem as mais puras virtudes humanas. Nicolau Maquiavel escreveu O Príncipe aos 52 anos, no despertar do Iluminismo, mas só depois de sua morte a obra ganharia uma repercussão altamente polêmica.
Para o filósofo Júlio Pompeu, um dos professores do curso Os Pensadores, na Casa do Saber, Maquiavel é o ídolo dos grandes governantes. Não é para menos: inverteu a lógica das virtudes humanas e legitimou as arbitrariedades no poder como garantia do bem-estar social.
Afirmou que para manter-se na política não basta que o homem seja bom, honesto e caridoso. Na verdade, nem é preciso sê-lo, contanto que pareça ser. Um bom governante deve saber jogar com os anseios do povo e dos nobres. Se quiser ser respeitado, deve ser amado e temido na medida certa.
"A melhor forma para alcançar esse status é despertar o medo e a esperança nas pessoas", completa Pompeu. Somente por esses dois sentimentos seria possível ter o mundo a seus pés e, assim, garantir o merecido lugar ao topo. Seria a prática da virtù. Nada mais natural para quem acreditava que os desejos, e não a razão, deveriam guiar as atitudes humanas. A razão serviria, apenas, de instrumento para socializar o desejo.
Admiradores e horrorizados devem concordar: as idéias maquiavélicas romperam com todos os padrões pré-estabelecidos da Antigüidade e influenciaram a história política da Idade Moderna ao século XX. Ainda assim, são totalmente indigestas para quem acredita em um mundo mais romântico.
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Tais Laporta
1/6/2007 às 13h09
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Conto de amor
Com a proximidade do Dia dos Namorados, gostaria de compartilhar um dos momentos mais românticos da literatura mundial em todos os tempos. Exagero? Então você não conhece o conto Presente dos Magos, do escritor americano O.Henry, pseudônimo de William Sydney Porter (1862-1910).
Quem? O. Henry não é famoso faz tempo, mas descobri-lo é experiência literária das mais prazerosas. Suas histórias, curtas e de final surpreendente, não têm grandes pretensões além de entreter. No entanto, em seus saborosos retratos do cotidiano, revelam-se detalhes humanos de rara beleza, muitas vezes temperados com humor.
No caso de Presente dos Magos - a narrativa se passa durante o Natal - O. Henry estava especialmente inspirado. Uma obra-prima de menos de dez páginas, da qual só me permito contar o enredo básico, trata
de um casal apaixonado, falta de dinheiro e a vontade de presentear a quem se ama, custe o que custar.
É uma pena que o DVD de O. Henry's Full House (Páginas da vida; ótimo título nacional, depois nome de novela), o memorável filme de 1952 com adaptações de cinco contos do escritor, ainda não tenha chegado ao Brasil. Foi graças a uma de suas raras exibições na televisão que eu descobri o autor. A produção da 20th Century Fox inclui segmentos como o divertido O policial e o hino e o comovente A última folha, mas termina justamente com Presente dos Magos, dirigido por Henry King, interpretado por Farley Granger e Jeanne Crain, valorizado pela sensível música de Alfred Newman.
Quem não se emocionar com essas histórias, seja na tela ou no papel, esqueça o Dia dos Namorados, pois nasceu sem coração.
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Postado por
Fábio Scrivano
1/6/2007 às 07h58
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