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Sexta-feira,
8/6/2007
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Redação
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Um piano pela estrada
Ontem, às 20 horas, assisti à apresentação do pianista Arthur Moreira Lima no Parque Sulivan Silvestre (o famigerado Vaca Brava), em Goiânia. (Eu sugiro, por razões que não vem ao caso, a alteração do nome para Parque Vaca Louca.) No dia de Corpus Christi, ele iniciou adequadamente com Jesus, alegria dos homens, de Bach, e encerrou com uma emocionante execução do Hino Nacional, que botou de pé quem estava sentado. Tocou também Pixinguinha, Chopin, Beethoven, Radamés Gnattali, Villa-Lobos, Luiz Gonzaga e Astor Piazzola, cuja obra "Adiós Nonino", composta quando da morte de seu pai, deixou muitos cabelos arrepiados. (Algo me diz que o cara tem dez dedos em cada mão.)
Arthur Moreira desenvolveu seu projeto para homenagear Juscelino Kubitschek, quem lhe possibilitou seus estudos na Europa quando ainda era apenas um aspirante a Engenheiro Aeronáutico. Assim, Juscelino mudou não apenas a capital do país, mas também a carreira de Arthur, que vem percorrendo as diversas cidades que se desenvolveram na esteira da fundação da nova capital. O projeto se chama Um piano pela estrada. Se o caminhão dele chegar à sua cidade, não fique em casa, vá para a praça correndo.
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Yuri Vieira
8/6/2007 às 12h06
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Ensaio aberto de Matamoros
Nos dias 9 e 10 de Junho, às 19h30 e 18h respectivamente, estará aberto ao público o ensaio da peça Matamoros - da Fantasia, uma adaptação livre do texto homônimo de Hilda Hilst. (Extraído do livro Tu não te moves de ti) Com Beatriz Azevedo, Sabrina Greve, Maria Alice Vergueiro e Luiz Paëtow, o ensaio durará cerca de 90 minutos e terá entrada gratuita.
Para ir além
Ensaio da peça Matamoros - da Fantasia - Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112, Centro - São Paulo
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Yuri Vieira
8/6/2007 às 11h44
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Frases de Beckett
Meu ardor juvenil, se o tinha, desgastou-se, tornei-me amargo, desconfiado, um pouco antes da hora, ávido de esconderijos e da posição horizontal.
* * *
Morrer sem sentir muita dor, um pouco, vale a pena, fechar você mesmo diante do céu cego os olhos logo carcomidos, e então depressa virar carniça, para que os corvos não se enganem.
* * *
Para fora de minha vida também, tanqüilamente, ele ia embora, nunca mais um único de seus pensamentos seria para mim, a não ser, talvez, quando ele fosse velho e, remexendo em seus verdes anos, reencontrasse essa alegre noite e segurasse ainda a cabra pelo chifre e parasse mais um instante diante de mim, quem sabe dessa vez com uma pontinha de carinho, até mesmo de ciúmes, mas com isso não conto.
* * *
Não perdi a consciência, quando perder a consciência não será para retomá-la.
Samuel Beckett, do mesmo livro que eu resenhei, para quem (acha que) não gosta...
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Julio Daio Borges
8/6/2007 à 00h54
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Playboy Interview: Google Guys
"Não importa o que a gente faça, tem sempre alguém chateado".
Sergey Brin, do Google, em entrevista à Playboy (porque... é estranho, mas, apesar dos bilhões que nos separam, essa sensação me é bastante familiar)
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Julio Daio Borges
7/6/2007 às 16h43
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Rio das Ostras Jazz&Blues I
Aqui estou, a 170 quilômetros do centro do Rio de Janeiro, após treze horas de viagem, me preparando para o primeiro dia da 5ª edição do festival "Rio das Ostras Jazz & Blues". O vento é frio, mas o sol começa a esquentar e já se pode vislumbrar como será a paisagem dos shows, que começam diariamente, até o final do feriado, no dia 10 (domingo), às 14h e vão, no mínimo, até 23h. São cinco por dia, em três palcos ao ar livre.
O show de hoje, do compositor e vibrafonista Stefon Harris e seu quarteto, ao entardecer, promete, pois será o primeiro executado na Praia da Tartaruga, em um palco montado em cima de uma grande pedra, bem em frente ao mar azul-claro. Antes, haverá ainda a apresentação da Big Gilson Blues Band, na Lagoa de Iriry. Gilson, natural do Rio de Janeiro, é fundador do grupo de blues brasileiro Big Allambik. À noite, no palco Costazul, ainda se apresentam o pianista Dom Salvador; Hamilton de Holanda, considerado o "Príncipe do Bandolim" por Djavan, Maria Bethânia e outros; além do guitarrista, cantor e compositor do Bronx, Michael Hill.
Rio das Ostras, na região dos lagos, abrange onze praias, que somam 28 quilômetros, com mar tranqüilo e monazitas, mineral castanho-avermelhado. Ao contrário de Búzios, onde o festival aconteceu no ano passado, mais badalada e que mantém o ar empolado de outrora, Rio das Ostras é rústica, uma antiga colônia de pescadores que começam a trabalhar logo pela manhã, tanto às margens do mar como em barcos. A praia fica repleta deles e essas feições humanas completam a paisagem estonteante por sua naturalidade.
Mas a cidade também tem outra característica: respira cultura, maneira de explorar o seu potencial turístico. Além de sediar o festival, desde o começo do ano a cidade já organizou exposições de jovens talentos, promoveu encontros com estudantes e escritores no projeto Leitura Viva, promoveu uma feira com trabalhos de alunos do Centro de Formação Artística, um Festival de Música, Cinema na Rua e até um Festival Nacional de Teatro. A maioria deles são obras da Casa de Cultura e da de Educação, ligadas à prefeitura municipal.
Ontem à noite foi realizada a abertura oficial do festival. Apesar do grande atraso, de cerca de duas horas, sentido mais ainda em uma noite fria, a Orquestra Kuarup Cordas e Sopros abriu o evento, seguida pela Big Gilson Blues Band e o renomado percussionista Naná Vasconcelos. Projeto social da cidade, criado antes de 1997, quando passou a ser um projeto da Fundação Rio das Ostras de Cultura, a Orquestra Kuarup teve sentido mais simbólico do que propriamente técnico, pois é sempre louvável incluir crianças e adultos na música.
Quem perdeu, seja por desconhecimento ou até pelo trânsito da véspera de feriado, intensificado por acidentes em rodovias, ainda pode ver Big Gilson hoje, mas não poderá mais conferir Naná e seu som afro, que já acompanhou Milton Nascimento e Geraldo Vandré. Ele também já tocou com os mestres Miles Davis e B.B King, além de ter feito música para filmes como de Lucia Murat e até Jim Jarmusch e gravado com Caetano, Marisa Monte e Mundo Livre S/A. Depois de uma carreira internacional, voltou ao país como idealizador do Panorama Percussivo Mundial (Percpan), festival que realizou sua 14º edição em maio em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Naná Vasconcelos foi eleito diversas vezes o melhor do mundo pela Down Beat Magazine, considerada a bíblia do jazz, na sua especialidade, o berimbau. O Rio das Ostras Jazz & Blues foi incluído na lista dos 100 maiores festivais do mundo pela mesma revista. Confira a programação completa do evento no site do evento e confira com seus próprios olhos e ouvidos. E aguarde mais notícias aqui.
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Marília Almeida
7/6/2007 às 12h25
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8º Salão do Livro
Belo Horizonte, mais uma vez, será palco do Salão do Livro e Encontro Nacional de Literatura. Em sua oitava edição, o evento de 2007 homenageia a Itália. É claro que temas como Dante e a literatura italiana contemporânea serão discutidos com destaque. O 8º Salão acontece na Serraria Souza Pinto, de 14 a 24 de junho, de 9h às 22h. Palestras, minicursos, oficinas e entrevistas são as atrações principais do evento.
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Ana Elisa Ribeiro
6/6/2007 às 23h10
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Revista eletrônica
O Núcleo de Estudos do Hipertexto e Tecnologia Educacional, NEHTE, coordenado pelo prof. Antônio Carlos Xavier, da Universidade Federal de Pernambuco, acaba de lançar a revista Hipertextus. A publicação eletrônica é tão importante quanto as de papel e coerente com a proposta do grupo: estudar questões dos ambientes digitais de interação e comunicação. O grupo estará presente no II Encontro Nacional sobre Hipertexto, que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de outubro, em Fortaleza.
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Ana Elisa Ribeiro
6/6/2007 às 23h04
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Convergência
Mais uma vez, a universidade FUMEC, em Belo Horizonte, põe o tema da convergência digital em pauta. No auditório Fênix, nos dias 11, 12 e 13 de junho, pela manhã, de graça, será possível assistir a conferências de pesquisadores e profissionais que lidam com blogs, jornalismo de portal, tecnopoéticas, entre outros baratos. Só ir.
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Ana Elisa Ribeiro
6/6/2007 às 23h01
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Penso, logo existo
René Descartes era um homem metódico. Acreditava que o corpo humano e a natureza eram máquinas tão perfeitas quanto um relógio. Colocou ciência, razão e religião em seus respectivos lugares. O filósofo Maurício Marsola foi a fundo no seu legado durante o curso Os Pensadores, da Casa do Saber.
Marsola observa que, em Meditações, Descartes alerta que não se pode confiar no mundo sensível. "Os sentidos enganam a mente", escreveu. Prova disso seriam os sonhos, durante os quais acreditamos serem reais. Portanto, a realidade poderia ser uma ilusão (uma espécie de Matrix), que legitimaria a dúvida em relação à própria existência.
Preocupado com a possibilidade de não existir, Descartes passa a duvidar de tudo. Até que conclui: não pode duvidar que duvida. E se duvida, pensa. Assim, o filósofo elege um princípio que acaba com seus tormentos momentâneos. "Cogito, ergo sum" (Penso, logo existo).
Essa afirmação seria o marco inicial do pensamento moderno. A filosofia não mais estaria vinculada à teologia, mas à ciência, soberana da razão. Começa uma nova era, seguida por Hobbes, Rousseau, Nietzsche e tantos outros.
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Tais Laporta
6/6/2007 às 15h12
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O rival
O telefone que toca, ela que atende, ele que está a três mil quatrocentos e vinte e dois quilômetros de distância, do outro lado da linha e que fala, despreocupado, confiando que são assim próximos, chegados, mesmo em extremos geográficos irreconciliáveis.
Ela me olha, muda, escutando o fone mas com olhos fixos em mim, abana a cabeça como se a pessoa do outro lado da linha - ele, o amigo gay - a pudesse ver, mas olha para mim e seus olhos encerram uma pergunta e eu me pergunto qual seria e ela aponta o dedo na direção das prateleiras da sua sala e faz, com a mão, o gesto de escrever. Quer uma caneta, provavelmente quer papel também; ela faz gestos imperativos agora e eu não acho a porcaria das coisas na primeira tentativa, mas meto a mão por detrás dos livros, no vão que eles formam - livros de psicologia - e consigo capturar a Bic azul e volto, procurando o bloco de anotações que, para meu alívio, ela já achou e tem nas mãos.
Eu estava na casa dela, tinha passado ali para dizer que havia um filme na cidade, que estava passando nos cinemas e queria que ela fosse comigo, mas percebi que eu nunca teria a décima parte da atenção que ela demonstrava ter, conversando, atenta, com o amigo gay e distante - uma atenção de mulher faminta. As palavras dele enchiam, visivelmente, sua alma.
Eu não ouvia, claro, o que ele dizia, mas via no rosto dela o sorriso de criança feliz que, tantas vezes, em vão, eu tentara provocar. Fiz a ela sinais com as mãos, me despedindo. Fui em direção à porta, andando quase que de costas e me despedindo. Seu gesto de adeus, ainda que inconformado, me lançou porta afora, de novo para as ruas, de onde eu não deveria ter saído para ir até sua casa e fui, mãos nos bolsos da jaqueta, procurando os trocados para o ônibus, rumo ao centro da cidade, para ver o último super-herói americano e seu amor impossível, como o meu.
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Guga Schultze
6/6/2007 às 14h33
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