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BLOG

Segunda-feira, 9/7/2007
Blog
Redação
 
Se eu não te amar mais...

Se eu não te amar mais me
Caia o mar nos ombros
Me caia
Este silêncio pelos ossos dentro
Me cegue os olhos esta sombra
Me cerre
Esta noite num escuro mais profundo
Do que a chuva de ti de mãos tão leves
A figueira do meu sangue se emudeça
De pássaros à espera dos teus passos
De outra voz por sobre a minha
Morta
E as ruas do teu corpo eu desaprenda
Como desaprendi os dedos que me tocam
E se eu não te amar mais me caia a casa
De costa no teu peito como o vento

António Lobo Antunes, no na velocidade terrível da queda, que linca pra nós.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
9/7/2007 à 00h29

 
A Flip como Ela é... III

A maior frustração da FLIP 2007 foi a mesa do J.M. Coetzee, que entrou, leu trechos do seu novo livro, Diary of a Bad Year, e, depois, saiu. Assim. Uma menina que estava atrás, ao lado do Augusto do CPFL Cultural, exclamou em bom carioquês: "Pé-ra-ê! É ih-súúú?". O Augusto, mesmo com toda a experiência de reger uma programação mirabolante em Campinas, fez cara de paisagem e não respondeu nada. A platéia foi saindo, atônica, e só começou a xingar lá pelo meio da Ponte da Amizade. O Guilhermão Conte, que vinha da Praça da Matriz, já plenamente recuperado de sua intoxicação alimentar, exclamou para mim: "Pô, por que ele não mandou logo o livro?". Era verdade. O livro era maravilhoso, com pequenos ensaios sobre Dostoiévski, o corpo humano e a matança de animais, mas dava perfeitamente para ler em casa. Não precisava vir até a Flip para ouvir o Prêmio Nobel com sua voz musical...

* * *

E meio bobinha a leitura dramática de Beijo no Asfalto, de Nélson Rodrigues, logo depois (mesa das 22 horas), com concepção de Bia Lessa e uma porção de nomes famosos, como Nelson Motta (no papel principal), Jorge Mautner (no papel do investigador) e Sérgio Sant'Anna (entre outros escritores). O Mautner foi um dos poucos que valeu a pena, o Nelsinho, talvez, pelas histórias do Nélson, mas os outros, mesmo o Sérgio Sant'Anna, não tinham a menor experiência no negócio. Liam mal, sem impostação, erravam, tinham de voltar (e jogavam um certo "charme", como se "errar" fizesse parte do espetáculo...). E mesmo a participação do Domenico (meu colega de pastel no primeiro dia) foi menor, tocando um pouco de bateria, e lendo trechos, mas ele também não é leitor dramático... Enfim, não estava ensaiado e não deu pra entrar no clima da coisa. Eu e a Carol, à beira de perder os sentidos (interessante como a leitura chocou Samuel Wainer, que pela peça expulsou Nélson do Ultima Hora, porque, ontem, ela dava realmente sono), saímos no meio do segundo ato.

* * *

Boa a mesa "Narrativas de Conflito", imediatamente anterior ao Coetzee, com Lawrence Wright e Robert Fisk. Mais uma daquelas patrocinadas pela Piauí, que manteve o mesmo bom nível das outras do ano passado, embora não fosse tão "histórica" quanto a idéia de trazer Lilian Ross e "queimar o filme" de Christopher Hitchens (em 2006). Apelativa, no entanto, a tentativa de polêmica por parte de Fisk, que lembrou um pouco o Self (no dia anterior), em sua histeria e eloqüência, com todo o british accent. A mediadora, cujo nome não consegui levantar ainda, foi brilhante e propôs que, a partir de certo ponto, um jornalista entrevistasse o outro. O problema foi que Fisk quis provocar Lawrence (que era americano), colocando os Estados Unidos em posição difícil. Lawrence contra-atacou, foi um pouco ingênuo e acabou desistindo do embate. Perguntou a Fisk: "Você acha que os Estados Unidos mereciam ser atacados no 11 de Setembro?" (já que Fisk é especialista em Oriente Médio). "Que pergunta mais idiota, Lawrence!? Você obviamente já sabe a resposta: ninguém nunca merece ser atacado! Você acha que o Iraque merecia ser atacado depois???"

* * *

O Edu Carvalho - que bateu em 2007 o recorde mundial em número de posts sobre a Flip - falou uma coisa certa: alguns autores, assim como alguns jogadores de futebol, jogam para a platéia. O Fisk, por exemplo, foi a correção política em pessoa. Era, naturalmente, contra a guerra, contra a violência e contra governos em geral (o que arrancou aplausos e assobios logo no início da sua fala). Mas - a própria mediadora percebeu - era viciado em guerras e provavelmente não conseguiria viver sem elas ("Robert, como é o seu dia quando você não tem nenhuma guerrinha por perto, hein?"). Ou seja, quando tinha público, repetia o que todo mundo queria ouvir (a guerras são desumanas etc.), mas, no íntimo, não agüentava ficar longe das bombas, dos soldados e até da matança. Leu um trecho de um livro seu, sobre um morticídio qualquer (ele colecionava vários), com tanta eloqüência que eu fiquei desconfiado. Se ele se dizia tão chocado com a violência da guerra, como podia se excitar tanto, ao simplesmente reler algo - teoricamente abominável - que antes presenciou? Resultado: se até ver a mesa, eu queria ler o Fisk, perdi o interesse; vou, na verdade, continuar meu Lawrence...

* * *

Cabulei, ontem, as outras mesas da Flip, mas obtive informações privilegiadas, dos meus soldados no front avançado, que confirmaram minhas piores suspeitas. O César Aira se revelou o Diogo Mainardi da Literatura Latino-Americana. Repetiu, aqui, o que já havia dito pelos jornais, que o Carpentier era medíocre e que o Garcia Máquez também era (por exemplo). Queria chamar a atenção para si, evidentemente. Funciona assim: você ataca uma unanimidade, consegue com sorte publicidade e, no momento subseqüente, todo mundo quer saber quem você é; porque: ou você é muito burro (e corajoso) ou você é um gênio (e está apenas falando a verdade). Eu sei que todo mundo lê o Diogo Mainardi na esperança de que ele seja justamente o segundo caso; mas eu só acho o Diogo genial em fazer o que ele faz. Só (repito). É como no xadrez, e na frase do Shaw ou do Millôr: as polêmicas só servem para exercitar a habilidade em criar novas polêmicas - não resolvem os grandes enigmas da humanidade. E com o César Aira, que será esquecido até a próxima Flip, não foi diferente ontem.

* * *

E por falar em correção política (e em xadrez: se você perdeu aqui o raciocínio, retroceda agora dois parágrafos), a mesa da Nadine Gordimer e do Amós Oz começou com um clima de cavalheirismo insuportável. Afinal, em plena Festa Literária (qual seja), quem vai destronar um Prêmio Nobel de Literatura? Certas honrarias eu considero prejudiciais ao ser humano, porque, quer queira quer não, o sujeito fica se achando um semideus na Terra - e não é. Todo mundo, aqui, ficava apontando o Coetzee, como se ele fosse o Dalton Trevisan em Curitiba (vide "Eu vi Deus", ou algo assim, no Digestivo mesmo, assinado pelo Polzonoff...). Nessa mesa, eu ainda entrei numa outra saia justa, porque, de repente, a Liz Calder, idealizadora da Flip, veio sentar do meu lado, e eu, por cavalheirismo também (afinal, sou um gentleman), achei que não poderia sair bem no meio da performance. Para completar, a própria Liz apresentou a mesa (herself), apontando Amos e Nadime como dois dos maiores escritores andando sobre a Terra... (Céus, não são, não!)

* * *

O papo melhorou sobremaneira quando eles pararam de discutir coisas sérias como o futuro da humanidade (leia-se: Oriente Médio e África do Sul) e passaram às futilidades. Amós disse que acha a família uma das instituições mais absurdas, risíveis e contraditórias da História - mas que, mesmo assim, elas continuam a existir (e os seres humanos continuam lutando para preservá-las - apesar de todo sofrimento embutido). Amós teve milhões de problemas com seu pai, e pode-se dizer que, em todos os seus livros, ele volta à famigerada figura do pai (father figure). E falou, portanto, do pai, antes de ontem. Disse que, quando este tinha 93 anos, chamou Amós, então com trinta e tantos, para ter, como ele, uma conversa de homem pra homem, sobre as mulheres (Amós já era casado e com três filhos). "Descobri, nas minhas investigações, que, em certas coisas, as mulheres são exatamente iguais aos homens; e em outras, elas são completamente diferentes de nós - agora, só falta eu separar umas das outras..."

* * *

Amós não resistiu ao clichê, de todo escritor, afirmando que gostaria de, de repente, tirar umas férias, e parar de escrever, sei lá, por dois anos... "Para quê, Amós? Pra quê isso?", não agüentou Nadine. "Você iria ficar fazendo o quê, nesses dois anos?". "Ah, de repente, eu poderia tentar outra profissão...", retrucou humildemente Amós. "Sempre quis ser bombeiro, poderia ser uma oportunidade de recomeçar...". "Mas você já é bombeiro, Amós - você sempre foi bombeiro", fechou lindamente Nadine, e o céu brilhou mais estrelado lá em cima... Então eu pensei que, de certa maneira, é isso que algumas pessoas vêm buscar na Flip e, em certa medida, nos escritores, uma "mensagem" que possa transcender o evento em si, e que possa ser carregada para além daquela noite (para a vida). Porque os livros, certamente, serão esquecidos, os escritores, possivelmente, em alguns anos, e uma mensagem, num dia bonito em Parati, pode ficar. Ou não? [Continua...]

[7 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
8/7/2007 às 11h30

 
Anima Mundi vem aí

Um bom motivo para se animar: o maior festival de animação do Brasil – Anima Mundi – começa nesta quarta-feira (11), em São Paulo. Uma das promessas anunciadas pela 15ª edição do evento é a maturidade da técnica em 3D.

Aos ansiosos, tem mais novidades. Stop motion, 2D, pixalation e outras técnicas também devem mostrar que evoluíram. Os cariocas já viram (de 29 de junho a 08 de julho) e os paulistanos querem confirmar: a organização já avisou que os brasileiros em 3D estão com tudo e são concorrentes de peso junto a trabalhos da França, Inglaterra, Alemanha, Canadá, Japão e mais 38 países.

O 15º Festival Internacional de Animação recebeu, este ano, 1.228 projetos. Destes, 368 foram selecionados para a programação. A expectativa de público deve superar a marca de 2006, que alcançou quase 112 mil pessoas, totalizando as mostras no Rio, São Paulo, Brasília e Belém.

Anote os pontos altos do Anima: um workshop profissional com Mark Walsh, supervisor de animação dos estúdios Pixar (Procurando Nemo, Os incríveis, Monstros S.A); homenagem a Norman Mc Laren, fundador da National Film Board; e bate-papo com gigantes da animação, a constar, Bill Plympton e Alexandre Petrov.

As entradas variam de R$ 6 a R$ 3, sem contar as sessões gratuitas. Dá para garantir lugar com a compra antecipada de ingressos. Confira a programação no site do festival.

[2 Comentário(s)]

Postado por Tais Laporta
6/7/2007 às 15h54

 
A Flip como Ela é... II

Eu tinha todo um plano para repercutir as mesas na ordem em que elas iam acontecendo, mas, agora, houve uma tão espetacular que eu vou ter de, de repente, escrever na ordem das mais importantes para as menos importantes (na minha avaliação). Foi a mesa "A Vida como Ela foi...", reunindo os biógrafos Ruy Castro, Fernando Morais e - alguém que se revelou uma estrela da Flip 2007 - Paulo Cesar de Araújo, o biografo de Roberto Carlos, autor daquele livro que foi proibido, ameaça ser queimado e o escambau a quatro. Assisti na Tenda da Matriz, em meio a populares, e foi ótimo, porque a reação da platéia de fora é às vezes mais interessante do que a da de dentro, da Tenda dos Autores, onde o Arnaldo Jabor reclamou de haver muita gente da esquerda e da USP. (Paulo Cesar, hoje, falou em Geração de 68, o que, para efeito de Flip, é quase a mesma coisa...)

* * *

Para vocês terem uma idéia da importância dessa mesa, o próprio Cassiano Elek Machado, diretor de programação deste ano, se dispôs a mediá-la e o fez muito bem, diga-se de passagem. Foi rápido nas perguntas que interessavam e filtrou melhor as perguntas da platéia (muito melhor, por exemplo, que o Arthur (ou Artur) Dapieve ontem, que causou a irritação de Will Self, talvez de propósito, o que é, a meu ver, infantil - mediador querendo chamar mais a atenção do que convidado da Flip...). Enfim, graças ao Cassiano, hoje talvez tenhamos um abaixo-assinado, cuja idéia surgiu na platéia, e que ele encaminhou aos participantes da mesa agora, pedindo ao Congresso Nacional que mude a Constituição e garantindo, à sociedade, o direito ao "livre fluxo de informações" (agora não me ocorre a expressão exata) - afinal, os três biógrafos tiveram problemas na Justiça, depois dos livros publicados, com seus biografados (ou seus familiares).

* * *

Ontem, depois da mesa dos "autores novos", e durante a mesa de Will Self e Jim Dodge (o Rafa, que escreveu sobre ela aqui, talvez tenha outra impressão), eu pensava que a Flip já teve o seu auge - porque achei que nenhuma mesa "pegou", de verdade, ontem. A primeira, pelo que eu falei no Post de ontem mesmo; a segunda, porque, embora o Lobão tenha cantado e o Chacal declamado, achei que tivesse mais a ver com música do que com literatura. E, depois do almoço, parece que o Augusto Boal deu um belo depoimento sobre o Nélson, porque o conheceu pessoalmente, mas senti que não repercutiu como deveria. Will Self e Jim Dodge me pareceram meio perdidos, porque o Dapieve não soube amarrar os dois (ou talvez porque não houvesse mesmo possibilidade de amarração)... Basicamente, o Dodge observou tudo atordoado e deu depoimentos parcimoniosos sobre sua Fup. E o Will Self ficou desancando a platéia, ou as peguntas dela, bem à inglesa, enrolando bastante a língua e usando palavras rebuscadas.
* * *

Falou coisas interessantes, eu até anotei, mas observando, a partir de hoje (em retrospecto), Will Self destilou sua habilidade verbal - senão não seria escritor - para investir contra uma platéia metida a besta (na Tenda dos Autores), num país de Terceiro Mundo. Na hora, deu a impressão de que ele saiu "por cima", afirmando que a televisão era o "supositório da cultura" (injetando merda por todos os lados), mas, passadas algumas horas, ele mostrou porque a mesma televisão é tão forte na Inglaterra, e em países anglo-saxônicos, afinal na TV inglesa (ou anglófona) eles convertem tudo em ironia e circo - até a literatura. Dapieve tentou puxar para a política e o nível do debate, ao contrário do de hoje, caiu, porque entraram em Bush, Tony Blair, Iraque, essas coisas todas. (Deve haver alguma indicação, da direção da Flip, nesse sentido, mas é assaz criticável - porque raramente funciona).

* * *

O Edu Carvalho, que estava do meu lado blogando loucamente sobre tudo (depois confiram no blog dele, procurem "Eduardo Carvalho Blog" no Google), veio com uma teoria de que a estupidez, ocasional, da platéia da Flip irrita os ingleses, que não têm paciência para o debate rasteiro - e evocou, do ano passado, o caso do Christopher Hitchens. Era uma boa teoria, mas eu acho que foi mais, mesmo, falha da organização e da mediação. Ficou o sentimento de que Dodge e Self tinham pouco a ver um com o outro, além da língua comum, e o mediador - Dapieve -, menos ainda com os dois. Quando falam que os ingleses, e os americanos, globalizaram o gosto pela fofoca, pela vida íntima de famosos e pela celebritite aguda, eu sempre lembro do João Cabral, acusando o Byron de não ser tão bom poeta, mas de ter, por outro lado, uma vida sexual incrivelmente movimentada.

* * *

A mesa de Kiran Desai e do Agualusa (é com z?), a última do dia, foi ainda menos animada, porque não teve nem a platéia agredindo os convidados (e nem vice-versa). Me impressionei com o livro dela, quando recebi, achei interessante (pelo menos o começo), mas ontem, falando, ela me pareceu tediosa. Me lembrou, na hora, o Paulo Francis contando que algumas pessoas, quando conheciam o sotaque nordestino de Clarice Lispector, deixavam imediatamente de ler a autora de A Hora da Estrela. Certos autores, quando tomamos contato, nos causam certa repugnância. A Kiran não é fisicamente repugnante, é claro, mas me deu certa preguiça pensar num livro dela de centenas de páginas. Já o Agualusa é "freguês" da Flip - engraçado, simpático, cativante, mas não foi novidade o suficiente para me manter até o final. Até o Luiz Schwarcz, atrás de mim, me pareceu um pouco cansado.

* * *

Animada foi a pizzada que promovemos para o Rafa Rodrigues, que aniversariava ontem no meio da Flip. Nesta comemoração de 2007, ele trocou a família biológica pela família da literatura (e do Digestivo). Não é bonito isso o que eu acabei de escrever? (Me ocorreu agora, juro...) Anyway - para evocar o Self -, fomos eu, a Carol, o Rafa e a Marília, jantar no Marguerita Café, a algumas mesas do Paulo Markun, e "cia. ltda." da TV Cultura, que tinha acabado de dar "piti" na hora do almoço (me contaram, eu não vi...). O Guilhermão Conte parece que passou mal, com um peixe estragado, e portanto não compareceu; o Edu Carvalho e a Cacá também não foram encontrados; nem o Daniel Bushatsky, que estreou no Digestivo, aliás, na Flip 2006. Enfim, vocês perderam! (E vocês, que estão aí lendo, também!) Viva o Rafa Rodrigues, meu Editor-assistente!!! (E viva a Débora Costa e Silva, que está segurando a onda para nós dois, em SP!!!)

* * *

[Pausa para o almoço...] Meu caderninho de anotações tem uma folha lotada, sobre declarações dadas na mesa que acabou de manhã. Bem, todo mundo sabe que eu sou fã do Ruy Castro, e do Fernando Morais, mas eu não achava que o Paulo Cesar de Araújo fosse render tanto caldo. Contou a história inteira do processo movido pelo Roberto Carlos, contou da audiência e se emocionou quando revelou que dedicou a biografia à filha, para quando ela crescesse e, enfim, lesse. Disse que o seu objetivo, mais do que nunca, é continuar brigando para que o livro volte às livrarias, às bibliotecas etc. O Fernando Morais, de enorme talento político, e que nunca perde uma oportunidade, se dispôs, publicamente, ajudá-lo no que for necessário. Confessou que teve raiva do Paulo Cesar, quando ele recuou, deixando RC se apoderar dos livros remanescentes, mas, hoje, na Flip, passava a admirá-lo.

* * *

Já o Ruy Castro, de gosto musical rigorosíssimo e bem conhecido por todos, não perdeu a oportunidade de atacar as composições de Roberto Carlos. Foi engraçado. Quando Paulo Cesar falou que era um absurdo RC exigir "privacidade", quando sempre cantou toda a sua vida nas canções, Ruy emendou: "Em 200 composições autobiográficas de péssima qualidade, diga-se de passagem". E quando Paulo Cesar contou que, para compensar sua ausência em casa, trazia, para a filha, um CD dizendo que, especialmente para ela, Roberto Carlos o havia gravado, o Ruy, mesmo num momento de grande comoção, não agüentou: "Ela nunca vai te perdoar por isso". (Tradução: a filha de Paulo Cesar nunca o perdoaria, quando crescesse, por ele haver-lhe dedicado músicas de tão baixa qualidade - músicas de Roberto Carlos).

* * *

Muita gente perguntou se Paulo Cesar havia se decepcionado com seu ídolo, depois desse episódio, mas ele se saiu bem, dizendo que, ao biografá-lo, já conhecia todas as suas contradições e todos os seus defeitos. (Será mesmo?) Deu um tapa com luva de pelica em Roberto Carlos mesmo assim, porque concluiu que só alguém com "nenhuma intimidade com o objeto livro" poderia fechar um acordo desse, sob as bençãos da "justiça", ameaçando queimar milhares de exemplares em praça pública. Ruy Castro disse que não seria nenhuma novidade se, nos próximos anos, surgir a notícia de que uma chuva, ou outro fenômeno da natureza, dê cabo, acidentalmente, dos volumes confiscados que RC mantém em seu depósito. Fernando Morais lembrou de uma charge, em que um segurança na frente de uma mansão, ao receber um caminhão baú, comunica pelo rádio: "Doutor Roberto, chegou o bagulho".

* * *

Agora acontece a mesa de Mia Couto com Antônio Torres. Mia Couto também é "freguês" da Flip, já o vi em entrevista de Bia Corrêa do Lago na TV, então não me interessou. "Álbum de Família", com Ahdaf Soueif (a Carol gostou muito dele, e se interessou pelo livro) e com Ana Maria Gonçalves, parece que foi legal [depois do Ruy, do Fernando e do Paulo Cesar...]. A Ana Maria me mandou, acho, seu primeiro livro, há alguns anos, com elogios do Millôr (ainda devo tê-lo autografado em algum lugar...). Depois, me enviou vários exemplares de Um Defeito de Cor, mas eu conheço só duas pessoas que "atravessaram" a obra de cabo a rabo - de outras tantas centenas de páginas - o Polzonoff e o Spalding (com resenha aqui no site, procurem pelo título...). Logo mais, vejo Guilhermo Arriaga (às 17) e Amós Oz (às 19), os dois que, ainda hoje, me interessam. [Se houver no site da Flip, prometo que coloco imagens...]

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
6/7/2007 às 15h43

 
Flip: Jim Dodge e Will Self

A mesa com Jim Dodge e Will Self foi a primeira que vi do início ao fim até agora. E, mesmo concordando com o Julio quando ele diz que não dá pra dizer que tal mesa foi a melhor de toda a Flip sem ter visto todas - ou ao menos a maioria -, digo que é bem provável que a conversa do Arthur Dapieve com Dodge e Self seja a mesa mais divertida de todo o evento.

Os autores leram trechos de suas obras (Dodge leu um trecho de Fup e Self de Como vivem os mortos; depois Jim leu um poema belíssimo, não digo agora o título porque esqueci na pousada, mas dá pra encontrar no Google procurando "I believe Jim Dodge") e falaram de literatura, é claro. Mas também de política e do problema ambiental que o mundo inteiro vem enfrentando há não sei nem mais quantas décadas.

Ao ser perguntado sobre a política ambiental do governo Bush, "se é que existe alguma", como disse o Dapieve, Dodge respondeu: "já ia perguntar no que você está falando", como se dissesse que não existe uma "política ambiental" no governo Bush.

Uma das melhores perguntas foi pro Self, sobre terrorismo. Depois de dizer que nada o preocupa, Dapieve perguntou: "o terrorismo não o preocupa?" O escritor inglês, que estava com um excelente senso de humor, disse que não, o terrorismo não o preocupa. O que o preocupa é a possibilidade de escorregar no sabonete no meio do banho e quebrar a cabeça no chão. Chegou até a declarar "guerra aos sabonetes", mas depois ele falou muito sério e tal. Se preocupa, sim, com o terrorismo, mas se preocupa mais com as mortes de inocentes que, segundo ele, George W. Bush e Tony Blair causaram no Oriente Médio.

A melhor frase da mesa, na minha opinião, foi do Self, só não consigo lembrar de onde ou por que ela veio: "A televisão é o supositório cultural da sociedade. Você enfia lá e cada vez sai mais merda".

O homem está coberto de razão. Ou não?

[1 Comentário(s)]

Postado por Rafael Rodrigues
6/7/2007 às 12h25

 
A Flip como Ela é... I

Chegamos atrasados, só pra manter a tradição. Várias polêmicas me segurando em São Paulo (basicamente a discussão sobre publicar em papel ou não, agora misturada com a matéria do Estadão). Mas eu consegui me libertar, me reunir com o Rafa Rodrigues, ir para a casa dos pais da Carol e embarcar pra Parati. A viagem foi tranqüila. Apesar da Marginal Pinheiros. Alcançamos Parati em cima da hora para o show da Orquestra Imperial (já estava rolando a fala da Bárbara Heliodora, não checo a grafia de nada hoje, OK?). A pousada do Rafa se escondeu de nós o quanto pôde, desistimos de procurar e seguimos direto pra Orquestra na Praça.

* * *

O Amarante estava cantando um daqueles clássicos do samba, com o mesmo paletó branco do último show do Los Hermanos (sobre o qual estou devendo uma Nota, aliás...). Uma fala bem enrolada, a Carol não reconheceu a princípio e teimou comigo (que não era ele). Era; mas achei o Amarante meio triste e "perdido" no palco, sem a guitarra, sem a bateria, enfim, sem a sua banda. Talvez tenha sido só impressão minha. No back stage, depois, ele estava sorridente e perguntou como foi a "palestra" em forma de música (afinal, estamos na Flip e, não, no Palace - os músicos todos insistem em falar "Palace", não adianta...). No palco, ele vinha pra frente, cantava, ia pra trás, pegava um instrumento, pegava outro, dançava, mas, a meu ver, não se "achava".

* * *

Tenda da Matriz lotada, pelo menos, cheia de curiosos, que foram "saindo fora" ao perceber que a Orquestra era meio experimental. A Carol identificou o Kassin e o Domenico de longe mais rápido do que eu; o primeiro sempre ao baixo, em forma de Gibson Les Paul, e o segundo à bateria, sem cantar desta vez. Tocaram, basicamente, o EP inteiro da Orquestra Imperial, sem a música instrumental inteira ("Pop Corn"?, chamei o selo, Ping Pong, de Pop Corn, e o Amarante, depois, me corrigiu rindo da confusão...). A Orquestra Imperial é grande, o Kassin ou o Domenico nos disse que são, só de músicos, 19 (dezenove) pessoas. Duas vocalistas, uma bem branca e magra (desculpe, não guardei os nomes) e uma bem morena e provocante, fazendo o papel de "musas".

* * *

O João Donato entrou com um boné cor-de-rosa e eu não esperava nada dele, ouvi dizer que anda completamente "xarope", mas parece que ontem não estava, não. Tocaram, dele, "Maçã" (não sei se esqueco do artigo aqui), "A Bruxa de Mentira..." (parceria com o Gil, que conta a história da música no seu Acústico) e "Suco de Maracujá" (será que é isso, o título? Parceria com Martinho da Vila, com dois Ls?, bem divertida...). Então, João Donato, meio enrolando a língua também, anuncia que quer tocar "aquela", com seu parceiro... Kassin. "Cadê o meu parceiro? Cadê o Kassin?". Aí, entoam "Quem bom voltar..." etc., do disco Futurismo, com Kassin aos vocais. A Carol vibrou. (O CD não sai da nossa vitrola...)

* * *

Ainda teve, antes do bis, "Eu quero um samba feito só pra mim...", clássica na voz do João Gilberto; "Bananeira", hit dos anos 2000, na voz da filha do João, Bebel Gilberto; e, no meio de uma gozação (que, na Orquestra, a gente nunca sabe se é séria), "Nasci para bailar...". E eu fiquei pensando que o Donato estava lá, meio viajando nos teclados, mas dividindo o palco com aquela moçada toda, por volta dos 30 anos, depois de ter "emparelhado" com o Tom Jobim, quase antes da bossa nova, depois de ter pirado na eletrônica dos anos 70, depois de tudo. Mal comparando, era como se o João Gilberto resolvesse tocar com o filho do Caetano, o Moreno, que, aliás, é da Orquestra Imperial, e que zanzava ontem pelo palco também.

* * *

Eu falei isso para o Domenico, quando, inacreditavelmente, ele dividia um "pasteloni" (ou "pastelloni"?) comigo, com a Carol e com o Rafa, à beira do rio. E ele concordou. Disse que "só no Brasil acontece essas coisas". Gerações de músicos se misturando, gerações de artistas... Contou de um amigo português, igualmente artista plástico (o Domenico, além da baterista, pinta), que não acreditou quando entrou no ateliê do Luiz Zerbini (estou chutando totalmente a grafia aqui...). Disse, ao Domenico, que isso jamais acontecia em Portugal, entre artistas, e que ele nunca havia entrado no ateliê de outra pessoa, ainda mais de outra geração... (O Domenico ficou rindo ainda porque o Wilson das Neves avisou que o Donato nunca toca o combinado no ensaio, e, ontem, aconteceu de novo: Donato improvisou.)

* * *

Lembro pouco do set list do bis. Escancararam enfim a Tenda da Matriz, eu, a Carol e o Rafa entramos, e ficamos, à beira do palco, apreciando a Orquestra Imperial. Formalmente, o show já havia acabado; só sobraram, na platéia, os que realmente apreciaram a coisa. Eu me apoiei no palco e fiquei embaixo do pessoal dos sopros. Tirei algumas fotos. A Carol tirou várias do Amarante... Então o show acabou. Eles desceram do palco e eu percebi uma oportunidade de abordá-los, enquanto a Carol e o Rafa ficaram meio sem ação, titubeando. O "segurança" vacilou e eu puxei eles pro back stage. Queriam uma foto com o Amarante. Em Parati, é mais fácil falar com as pessoas. Então abordamos nossos heróis logo depois do show...

* * *

O Amarante estava meio tonto, quando eu pedi uma foto. Puxei ele pelo paletó branco, mas ele topou. Saímos eu e a Carol, o Rafa disparou o gatilho. (Depois vocês vêem, ficou boa...) Em seguida, o Rafa e ele. O Amarante abrindo os braços, o Rafa com um sorriso de orelha a orelha. Ficou boa também. Os dois são fotogênicos. (Depois, vocês igualmente vêem...) O Amarante nos contou que a Orquestra Imperial toca, no meio de agosto, no antigo Palace, mas ele não sabia precisar a data. Não ficamos perguntando muito sobre o fim do Los Hermanos; respeitamos o luto dele, embora ele estivesse de branco... Não, ele não se lembrava do nosso encontro, em 2005 (achava que tinha sido em 2004), no restaurante Celeiro, no Rio. Disse, ainda, que não tinha maiores projetos (fora a Orquestra).

* * *

Não, eu não perguntei porque eles "nunca" tocam "Ana Júlia" (não sei se falta um "n" aqui ou se tem acento no "u"...). Até porque eles tocaram, no último show... A Carol estava animada e quis tirar foto, também, com o Kassin. O Kassin até abaixou para tirar foto conosco, porque ele é grandão. E muito, muito acessível. Fiquei impressionado. E humilde. Eu disse a ele que concordava - com o Alexandre Matias - que Futurismo era provavelmente o melhor disco de música brasileira do ano passado (ano passado, porque saiu, em 2006 - primeiro no Japão). Disse, ainda, que quem me falava muito dele, com muito carinho, era o Guilherme Werneck. "Pô, você.. Só nas altas esferas... Alexandre Matias, Guilherme Werneck..." Como se ele - Kassin - não fosse a quintessência da música brasileira contemporânea. Disse que vai me avisar dos próximos shows "fora do circuito".

* * *

A noite já teria sido inesquecível, com o Kassin contando a história da música "Nara" (sobre sua filha), e o Amarante dando detalhes do álbum da Orquestra Imperial, mas paramos na frente do Pasteloni, pra tomar um ar, quando resolvemos encarar um pastel, já na madrugada, sem jantar direito, e lá estava o Domenico. A Carol, animadíssima, queria falar com ele. Fomos. O Domenico se empolgou tanto, quando eu lembrei de "Olhos de Tigre" ("Eye of the Tiger", na versão em português com Moreno e Kassin), que veio até sentar na nossa mesa. E foi a melhor conversa da noite; como se não bastasse(m) as outras duas... Contou da escola "muito louca", onde conheceu Moreno e Kassin, contou da vida de músico, contou da filha. Parecia, de repente, um brother nosso, dividindo as agruras da vida. E a Carol terminou a noite espantada com a simplicidade deles. E o Rafa dormiu boquiaberto. Era apenas o primeiro dia da Flip...

* * *

Hoje, a primeira mesa foi meio decepcionante (depois de tudo isso). A Cecilia Giannetti - minha entrevistada na matéria do Estadão - estava muito, muito nervosa e reclamou, de leve, por ser confundida com a "geração internet" (mas eu a conheci na internet; e você?). Em seguida, leu algo do seu livro novo, que nós, no "Link", demos em primeiríssima mão (o Matias não acreditou quando encontrei a capa no site da Cultura...). Algo sobre "porcos de silício", mas ela cai naquele conto de apelar para a violência reinante, "ficcionalizando-a", numa esperança de "conscientização" - o que eu acho sem efeito nenhum, porque, simplesmente, não é a vida dela, Cecilia Giannetti. Eu preferiria, por exemplo, ler histórias sobre a sua banda de rock (no livro). De Berlim, ela basicamente reclamou, não endeusou o projeto Amores Expressos.

* * *

O Fabrício Corsaletti fez o gênero "bicho grilo" e protestou quando a Beatriz Resende (nunca sei se é com "z"), mediadora elegantíssima, chamou ele de "erudito". Depois desse corte, a Beatriz praticamente não falou mais nada (ah, o Cassiano Elek Machado, diretor de programação da Flip 2007, anunciou que ela prepara um livro sobre todos esses autores, denominado, muito apropriadamente, de Contemporâneos - que me soou, pelo que ela adiantou, meio elogioso demais; eu sou chato, eu sei, podem falar...). O Fabrício ainda teve o dom de esquecer uma pergunta que havia sido feita a ele, quando a Cecilia embarcou num monólogo sobre Berlim. Aí, eu lembrei do Rafa ontem, no carro, contando que o João Filho - um dos heróis de outras edições da Flip - simplesmente "esqueceu" de uma mesa numa bienal na Bahia. (Depois essa geração reclama de "falta de reconhecimento"...)

* * *

Eu pensei que a salvação da lavoura seria a amiga do nosso Guilherme Conte, a Veronica Stigger, mas ela foi igualmente uma decepção. Veio vestida para o "SP Fashion Week" e com um cabelo... eu fiquei pensando se ela não errou, seriamente, de profissão (depois, colo uma foto dela aqui...). Alta, magra, cheia de looks. E uma voz de Iris Letieri (dessa, não sei a grafia mesmo), a moça que anunciava, antigamente, os vôos no aeroporto. O Mike Paton, do Faith No More - eu sei que a referência, aqui, não é nada erudita - se apaixonou pelos seus anúncios e quis se casar com ela, quando veio para o segundo Rock in Rio. Voltando pra literatura, a Veronica leu uma bobagem sobre uma tal de Domitila, que se mutilava - um conto que dava as horas, que era cheio de clichês da música popular (Roberto Carlos) e do cinema (até Máquina Mortífera, do Mel Gibson...). Gente do céu, isso não é literatura!

* * *

Agora está rolando Augusto Boal e Eduardo Tolentino e eu tenho de acabar este Post porque ele está longo. A Carol e a Marília viram o Lobão e o Chacal, eu perdi, tentando ver meus e-mails, conversar com a Débora e tentando escrever... Não consegui fazer tudo isso, óbvio. Vou ao Jim Dodge, o da Fup - resolvi - e ao Will Self, aquele do livro com cara de macaco na capa (eu sei que pega mal eu soar tão mal informado aqui, mas, agora, ou escrevo ou checo as informações... O que vocês preferem?). Mais à noite, Kiran Desai, cujo livro parece muito bom, e William Boyd (segundo a programação; sobre quem eu sei pouco...). Ah, e o Nélson está em todo lugar. Amanhã vou perguntar, ao Ruy Castro, o que ele acha dessa popularização súbita. Parece que o Jabor furou; encontraram outra cueca cheia de dólares, de algum parlamentar, e ele não quer perder esse comentário na CBN e no Jornal Nacional por nada neste mundo...

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Postado por Julio Daio Borges
5/7/2007 às 16h08

 
Bob Dylan por Bryan Ferry

Estou bastante habituada à voz fanhosa de Bob Dylan. Ele não seria quem é sem aquela voz, aquela gaita e seus arranjos inconfundíveis. Elementos que qualificam, diferenciam e conferem uma "marca-estilo Dylan" incomparável. Mas o que ouvi neste finde foi um Dylan imperdível. Os fãs ardorosos e os indiferentes também (nunca é tarde demais) podem deleitar-se com o tratamento luxuoso que Bryan Ferry deu em Dylanesque à música de Bob Dylan. Não percam.

Cinqüentona Assumida, em seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
5/7/2007 à 00h57

 
Internet e Sexo

Dizem as más linguas que a internet foi inventada pelos acadêmicos, para os acadêmicos. Parece que a idéia orininal era criar uma rede de comunicação entre as universidades. Isso até que pode ter sido o ímpeto original. Do mesmo jeito que o ímpeto original da Coca-cola era ser um remédio para o estômago.

Hoje, a internet é a casa do sexo. Nada de assustador. Sendo um instrumento, ela só faz nos ajudar a conseguir o que realmente queremos.

Os mecanismos de busca da internet são, pra mim, a nova fonte de pesquisa de qualquer pessoa seriamente interessada em entender o macaco-nu. Veja só. Procurei no e-mule um livro sobre hipnose e qual não foi a minha surpresa quando me deparei com uma infinidade de vídeos de sexo. Associados à hipnose. E isso é praticamente com tudo. A menos que você procure algo intrinsecamente brochante (que não sei o que seria) quase toda busca vai ter links, ou arquivos associados ao sexo.

Fiquei pensando, será que a verdade é o sexo? Pro macaco nu...

Rafael Britto, em seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
4/7/2007 à 00h48

 
Umas & Outras

Acompanho o Digestivo Cultural desde o início, fico feliz de ver que ao longo desses anos a revista conseguiu crescer sem perder a qualidade.

Clotilde Tavares, em seu site, que, há anos, linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
3/7/2007 à 00h56

 
1º Festival de Samba Paulista


Dona Iná e Teroca garantiram o 1º lugar

Um festival que premia compositores e intérpretes do ritmo tido como o mais representativo do Brasil: o samba. O local? TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), teatro que já abrigou festivais lendários na época da ditadura militar. As pessoas? Gente da capital e do interior, veteranos e novatos, estudantes e amadores. Esse foi o 1º Festival de Samba Paulista.

É fato que em São Paulo existem compositores novos fazendo samba de qualidade. Mas esse Festival veio para colocar a cidade como um dos pólos culturais de samba no país e divulgar o que essa geração de artistas vem fazendo por aí e o que a grande mídia não revela. Mas, apesar da belíssima iniciativa, ficaram faltando representantes de grupos da periferia, como os do Samba da Vela, Comunidade do Cafofo e Samba da Laje, entre outros.

O evento ocorreu nos dias 26 e 27 de junho e contou com 263 composições inscritas, 12 semifinalistas e 6 finalistas. Conduzido pelo jornalista e apresentador de festivais do interior, Clóvis Guerra, o Festival, realizado pela MMP Produções e Eventos em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, distribuiu R$ 12 mil reais em prêmios aos vencedores.

Presidido por Eduardo Gudin, o júri foi composto pelo historiador e radialista Moisés da Rocha, pelo compositor e diretor da gravadora Dabliú, José Carlos Costa Neto, e pelo cantor e compositor José Luiz Mazziotti. Além da apresentação dos sambas classificados, na terça-feira teve show dos Trovadores Urbanos e na quarta-feira, de Paulo Vanzolini.



A grande estrela da noite foi a cantora Dona Iná, de 72 anos, premiada como melhor intérprete do Festival e que garantiu o primeiro lugar a canção "Bamboleio". Ela iniciou sua carreira na década de 1950, interrompeu por um longo tempo e voltou em 2004, com o lançamento do seu primeiro disco Divino samba meu.

A música que cantou no Festival de Samba Paulista teve um significado especial. Foi por meio dessa canção que ela conheceu o Teroca, o compositor de "Bamboleio". Daí surgiu a amizade e a parceria, que rendeu frutos colhidos no evento paulista. "O samba, como Noel Rosa dizia, não tem barreiras: ele nasce no coração. Basta saber fazer", filosofou Teroca.


Cupinzeiro ficou com o 2º lugar e a melhor letra

O segundo grande destaque do evento foi o grupo de Campinas Núcleo de Samba do Cupinzeiro, que se dedica a pesquisas sobre o samba. Eles levaram o prêmio de melhor letra e ficaram em segundo lugar com a música "Lamento Negro", interpretada pela cantora Anabela, também integrante do Núcleo.

"Apesar de ser popular, o samba não tem o espaço merecido e um festival como esse ajuda a mostrar que existem compositores fazendo música de qualidade e que, por falta de oportunidade de mostrar seu trabalho, acabam esquecidos", afirmou Bruno Ribeiro, autor de "Lamento Negro". "Este festival só nos dá uma certeza: de que não estamos sozinhos, de que estamos no caminho certo, preservando a cultura popular", comemorou Moisés, que entregou o prêmio ao grupo.



O terceiro lugar foi do veterano Waldyr da Fonseca, que já compôs sambas conhecidos como "Samba pra inglês ver" e teve músicas gravadas por Leny Andrade, Beth Carvalho, Arrigo Barnabé, entre outros. Sua canção, "Chá de sumiço", foi interpretada belamente por Bruno De La Rosa, jovem cantor e compositor de Santos. "Eu sinto que a luta da gente no passado não foi em vão. Hoje eu posso dizer que o samba venceu", disse Waldyr, emocionado.

O samba romântico "Início de caso", de João Bid e Robson Silvestrini (ambos do grupo vocal Catavento) ficou em quarto lugar, seguido do partido alto "Brinquedo da noite", de Teleu (integrante da ala dos compositores da Vai Vai), Claudinho Poco Dedo e Sanvita, em quinto, e o samba funkeado "Pimenta", de Dimi Zumquê e Josias Damasceno, em sexto. As seis composições finalistas eram muito boas, de fato, cada uma de uma vertente diferente do samba.


Waldyr e De La Rosa recebendo o prêmio de 3º lugar

Cadê a comunidade?
O Festival surgiu com o objetivo de dar mais espaço e divulgação aos sambistas de São Paulo. No entanto, ficaram faltando representantes das comunidades da periferia que têm feito samba de raiz e revelado novos compositores na cidade. Faltou o tal do samba, aquele feito por grupos de classe social mais baixa, usando a música para retratar o cotidiano popular e suas mazelas. Aquele cantado pelo povo.

De acordo com José Marilton da Cruz, o Chapinha, um dos fundadores do Samba da Vela, os sambistas dessas comunidades não chegaram nem a se inscrever, pois não tiveram conhecimento desse Festival. "Eventos com esse perdem a essência por não incluír todos os movimentos paulistas de samba que acontecem em diversas comunidades", critica.

O fato é que faltou mais divulgação para que o Festival pudesse englobar todas as vertentes, movimentos e compositores de São Paulo, representando de verdade o samba que é feito aqui. Mas de acordo com Moisés, a direção do evento já foi alertada para que isso não ocorra nas próximas edições. "Esse Festival foi o primeiro passo, o embrião. É um ensaio que tende a aglutinar pessoas que defendem o samba e lutam pela cultura popular", argumenta.

Gudin assina embaixo. "A comunidade do samba teria que participar mais. Mas o universo do samba não é fácil conquistar, tem que ir no local, passar a idéia. Mas daqui pra frente, se continuar, tem que haver um trabalho de divulgação maior, procurar as pessoas in loco", acredita o compositor. É pagar pra ver a segunda edição.

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Postado por Débora Costa e Silva
2/7/2007 às 23h08

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