BLOG
Sexta-feira,
13/7/2007
Blog
Redação
|
|
|
|
|
O poder da idéia
De onde vem o poder da idéia é uma pergunta. Se a idéia precisa de poder para existir, outra.
Ana Peluso, em seu novo blog, que linca pra nós.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
13/7/2007 à 00h05
|
|
Dia do Rock em São Paulo
O dia do rock está chegando, 13 de julho, e a cidade de São Paulo irá receber diversas atrações musicais e exposições sobre o ritmo "cinquentão" que veio para ficar. Roqueiros de todas as partes costumam se reunir nessa data para reverenciar seus maiores ídolos. É indiscutível a importância do rock'n'roll não somente na música, mas também na sociedade moderna. Símbolo de rebeldia para os jovens, o rock já passou por diversas fases durante os seus 50 anos de história.
Para celebrar o Dia Mundial do Rock, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) programou uma série de 13 shows ao longo do mês de julho, é o "Sintonia do Rock". Entre as atrações, um encontro de vertentes e sonoridades do gênero, como os veteranos Garotos Podres e Inocentes, que se apresentam ao lado de destaques da cena alternativa, como Ludov e Wander Wildner.
Para abrir as celebrações a todo vapor, o ex-vocalista da mais antiga banda de rock nacional, o Made in Brazil, Percy Weiss, conhecido como "lenda do rock", fez sua apresentação no primeiro domingo do mês, ao lado de sua atual banda.
"Nenhuma definição melhor para o gênero do que a música 'Minha vida é o rock'n'roll', da histórica Made in Brazil", comenta Paulão de Carvalho, vocalista da maior banda independente do país, Velhas Virgens, que já vendeu mais de 150 mil discos em pouco mais de 20 anos de carreira e encerram o evento. O show está previsto para começar às 18h, e a banda apresentará faixas do novo álbum, Cubanajarra.
Ainda no Brasil, o filme de animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock´n´Roll retrata o cotidiano de dois amigos, personagens-título, que, cansados de ver um mundo cada vez mais individualista, decidem retomar a velha banda de rock, com a voz de Rita Lee.
O MIS (Museu da Imagem e do Som) completa a festa ao receber a primeira exposição em São Paulo do Arquivo do Rock Brasileiro. É um projeto que resgata as origens do rock brazuca, enfatizando o período de formação, de 1955 a 1979, com gravações digitalizadas que podem ser acessadas através de computadores. As capas de discos, filmes, livros e revistas de época, gravados em vinil e raríssimos, peças e objetos de colecionadores, cartazes e fotografias também podem ser vistos ali.
A vida de muitas pessoas é o rock´n´roll desde seu nascimento, por volta do início dos anos 1950. A data de origem exata do nascimento do rock é incerta. Mas eis que um DJ (disk jockey) norte-americano, Alan Freed, começou a tocar em seu programa de rádio em Nova Iorque, no início daquela década, um ritmo que era uma mistura de blues e country (rhythm and blues) que já eram bem populares.
Numa época de segregação racial, numa sociedade dividida e cheia de preconceitos, o locutor ousou ao apresentar ao seu público músicas de cantores negros e brancos, sem distinção. Para aquele ritmo envolvente que nascia dessa mistura, ele usou pela primeira vez, em 1951, o termo rock and roll, que antes era utilizado para referir-se ao ato sexual em letras de música. Foi quando as pedras começaram a rolar!
Alan Freed morreu em 1965, auge do ritmo que ele batizou, na miséria. Entretanto teve um importante papel por atrair jovens brancos para a música feita em grande escala pelos negros, lançando nomes em seu programa de rádio e, posteriormente, com a promoção de shows ao vivo. Estes shows chamados "Rock´n´Roll Jamboree", foram os primeiros a reunir num mesmo auditório platéias misturadas de jovens negros e brancos, assim como no palco, onde o que interessava era a música, e não a cor dos artistas apresentados. Esse pioneirismo custaria, no longo prazo, a vida de Freed, sempre perseguido.
O rock´n´roll sempre teve um apelo social e costuma tocar em assuntos polêmicos, seja de religião à política. No início da década de 1950, um belo e jovem rapaz chocou a sociedade norte-americana com uma voz potente e seu rebolado sensual e provocante. Ele era branco, mas cantava tão bem, que muitos tinham certeza de se tratar de um cantor negro.
As primeiras aparições de Elvis Presley na televisão foram um escândalo para o conservadorismo norte-americano da época. Ele dançava de um jeito nunca visto na TV antes. Rebolava e balançava as pernas, mexendo com a libido das fãs que se descabelavam de tanto gritar (e, francamente, mexe com as libidos até hoje). Foi considerado indecente e foi censurado. Nas aparições seguintes ele só foi filmado da cintura para cima.
O início da década de 1960 foi marcado por uma banda inglesa que revolucionou o cenário musical e universalizou o rock´n´roll. Os Beatles, formados por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star, enlouqueceram as adolescentes da época com seus trajes certinhos, ternos limpos e cabelos "tigelinha". Suas músicas ainda eram inocentes e eles eram considerados "bons moços". Seus shows tinham tantos gritos que os músicos não podiam ouvir ao próprio som que faziam.
Em contrapartida à Beatlemania, surgiu logo em seguida outra banda inglesa, em que os integrantes eram considerados feios, sujos e descabelados. Os Rolling Stones invadiram o mundo com sua música debochada e ousada. Eram considerados os bad boys do rock´n´roll, e, numa jogada de marketing, uma pergunta foi lançada à época, através da mídia, aos pais conservadores: "Você deixaria sua filha casar-se com um Stone?". Obviamente que a resposta era negativa. Os Rolling Stones eram provocantes e tinham, e ainda têm, como maior influência o blues. Eles criaram uma escola própria do rock´n´roll e foram ícones do seu tempo.
Outras bandas e cantores importantes surgiram na mesma época, como os americanos Beach Boys, The Byrds e o pianista Jerry Lee Lewis, mas nenhum fenômeno se comparou à invasão britânica, que trouxe ao mundo bandas como Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd, The Who, entre tantas outras.
Aqui no Brasil, quem dominava o cenário do rock eram Os Mutantes, que mesmo com influência Tropicalista, jamais deixaram a essência do rock´n´roll de lado. Eram uma banda de experimentalistas e daí a dificuldade da maior parte dos críticos em classificá-los dentro de qualquer estilo que seja. A primeira banda nacional a adotar a escola dos Stones foi o Made in Brazil, que tinha sons crus e básicos, assim como o verdadeiro rock´n´roll. Letras que falavam essencialmente do que os jovens queriam ouvir naquele momento: sexo, rock e muita diversão.
Não há como contar aqui toda a história desse ritmo que é considerado um estilo de vida, mas ele lançou no cenário nacional e mundial os maiores formadores de opinião de todas as gerações de jovens, desde a década de 1950 até os dias atuais. O rock´n´roll tem se mantido fiel a duas das suas maiores verdades: contestação e diversão, que são características essenciais na formação de um cidadão mais crítico e "antenado" com o seu tempo. O Dia Mundial do Rock será a celebração de todos esses aspectos aqui relatados. Que ele sirva ao menos para conscientizar e mover as gerações presentes e futuras.
E não podemos nos esquecer de uma coisa: é só rock´n´roll, mas a gente gosta!
Para ir além
A maratona de shows segue até o dia 29, e serão realizados às sextas-feiras e sábados de julho, às 19h, e aos domingos, às 18h. O preço dos ingressos varia entre 10 e 15 reais. A programação completa da maratona de rock no Centro Cultural pode ser conferida aqui.
A exposição Rock Brasileiro fica em cartaz no MIS até 5 de agosto, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, na Av. Europa, nº 158. Ingressos a R$ 3,00 e gratuito aos sábados.
[Colaborou Mario J. Silva]
[2 Comentário(s)]
Postado por
Tatiana Cavalcanti
12/7/2007 às 09h50
|
|
Blog F1 Grand Prix
Um espaço atualizado em que o único assunto é o mundo da velocidade. O objetivo principal desse blog não é conseguir furos de reportagens, mas sim fazer análises, comentarários e - por que não? - dar palpites sobre tudo aquilo que é notícia em duas ou quatro rodas. Faço meu primeiro ano na faculdade de Comunicação em uma das maiores universidades do Rio de Janeiro e abri esse pequeno recanto para falar daquilo que é a minha grande paixão - o automobilismo - com atenção especial, é claro, para a Fórmula 1. Quem quiser dar sugestões, tirar dúvidas, enviar críticas ou simplesmente me xingar mesmo pode me contactar pelo e-mail. Obrigado pela visita e volte sempre, é claro!
O Blogger F1 Grand Prix, no seu novo blog, que linca pra nós.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
12/7/2007 à 00h53
|
|
Miscelânea Vanguardiosa Blog
Hoje começo minhas recomendações de discos que encontro para download na web. Como disse em outro post, em meio a tanto conteúdo disponível na rede, paradoxalmente as vezes é difícil encontrar o que a gente procura. Como pesquiso bastante atrás de sons na internet e não acredito em re-trabalho, vou indicar discos postados em outros blogs, sempre disponibilizando links diretos para as postagens dos mesmos - ao invés de simplesmente inserir o link para download dos discos (o que seria incorreto, na minha opinião). Espero que as recomendações também sirvam para promover esses blogs entre os leitores do Desritmificações.
Ricardo Sá Reston, no seu Desritmificações, que linca pra nós.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
11/7/2007 à 00h39
|
|
recomeço
Depois de mais de um ano, forçada por uma idéia de disciplina, volto a postar. Ainda que ninguém tenha anunciado a falta...
Da Eugenia, que reativou seu blog e que linca, claro, pra nós.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
10/7/2007 à 00h32
|
|
Festival de Inverno Ouro Preto
O Festival de Inverno de Ouro Preto é um desses eventos que parecem sempre ter existido. Algumas gerações atrás, a tradição teve início. Durante muito tempo, ele foi promovido pela UFMG, que na última década o levou para Diamantina.
Mas Ouro Preto não fica sozinha. Logo vários centros universitários privados passaram a conduzir o Festival. Sempre em julho, com duração de 15 ou de 20 dias, em média, trata-se de uma bela oportunidade de sair de férias para fazer algo que preste. Passar frio tomando caldo quente, experimentar lareiras de pousadas antigas, respirar ar puro, ouvir saraus pela rua, beber vinho, andar de mãos dadas, assistir a espetáculos, visitar o centro histórico.
Este ano, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) é que conduz as atividades do Festival. Oficinas, workshops e espetáculos tomam conta da antiga Vila Rica. A cidade respira cultura, de verdade, faz tempo. E o clima das pessoas é de disposição para experimentar teatro, dança, literatura, artes plásticas e culinária.
Além das várias atividades que estão na pauta do Festival de Inverno, haverá saraus, leitura em voz alta, prosa e poesia. Não poderia mesmo faltar isso na cidade onde aconteceu a arcádia mineira.
Observação federal: a UFMG, embora tenha esse nome, fica em Belo Horizonte e é apenas uma das universidades federais localizadas em Minas. A UFOP é uma das mais antigas. Há outras tantas (tantas mesmo!), entre elas a UFViçosa, a UFUberlândia, a UFJuiz de Fora e a UFSão João Del Rei. Todas de expressiva produção científica, embora mais em umas áreas do que em outras.
[Comente este Post]
Postado por
Ana Elisa Ribeiro
9/7/2007 às 20h30
|
|
A Flip como Ela é... IV
Geralmente escrevo meu balanço da Flip numa Coluna em separado, mas, neste ano, resolvi fechar os Posts com uma conclusão (uma solução que eu achei mais interessante). Talvez, também, porque esta Flip 2007 - a Flip em sua quinta edição - peça por uma avaliação mais do que as outras. Avaliação, aliás, que os próprios organizadores já vão realizar (imagino), mas que eu - como participante de todas as Flips desde a segunda (a de 2004) - também tomo a liberdade de realizar. E talvez minhas "liberdades", aqui, sejam um pouco exageradas, porque eu - como muitos freqüentadores da Flip - já me sinto parte da Festa Literária Internacional de Parati. Uma pretensão minha, é claro - mas algo, também, que eu tomei como um "dever" (o de avaliar), a fim de encerrar esse ciclo que é um ciclo meu, igualmente. Espero, sinceramente, que os meus comentários sejam úteis e que não sejam, sobretudo, mal interpretados.
* * *
Senti mais do que tudo, nesta Flip 2007, a questão da repetição. Conforme escrevi aqui antes, Mia Couto, José Eduardo Agualusa e Arnaldo Jabor (que não veio mas que foi "escalado" pela programação oficial) já estiveram em outras edições da Festa. Inclusive, o sempre muito caro (a mim e ao Digestivo) Ruy Castro e, para ficar num exemplo bem específico (desse aspecto repetitivo), o Carlito Azevedo, citando, na montagem da Bia Lessa (para Beijo no Asfalto), um poema seu já lido, em outra edição da Flip. Parece que até o diretor de programação deste ano reconhece que os "grandes nomes" da literatura brasileira já vieram todos, e que as próximas edições da Flip sofrerão, cada vez mais, a síndrome do "vale a pena ver (ou ler) de novo". De fato, as unanimidades - Fonseca, Gullar, Ubaldo, até Veríssimo - são aquela meia-dúzia de três ou quatro. Mas a consagração cada vez mais conservadora do mainstream (e da mídia de massas) pode levar a Flip a se esgotar - se não se renovar (como não está se renovando, outra vez, a mídia convencional).
* * *
Por isso, a importância das mesas com "novos autores", um ponto em que eu sempre toco (até com a organização) desde a primeira edição da Flip a que compareci. É, por exemplo, muito tímida a abordagem, na Festa, da relação - hoje, intrínseca - entre literatura e internet. Enquanto o livro sofre mutações desde que a Web foi inventada (na década de 90) - quando se discute desde a primazia do suporte papel até formatos 100% eletrônicos (como o PDF), até novos "leitores" de e-book (como o recentemente lançado Sony Reader) -, o tema não é sequer evocado na Flip. E os poucos representantes dessa geração - por exemplo, neste ano - tratam (ou trataram) de renegar o suporte internet, como se este lhes fosse até estranho ou como se assumir alguma ligação forte como ele equivalesse a fazer "menos" literatura (nos moldes tradicionais). Não digo que o impasse dos "medalhões" do Brasil (que, segundo o próprio Cassiano Elek Machado, "se esgotaram") seria resolvido - mas a injeção de sangue novo, nas veias da Flip, garantiria, igualmente, uma renovação de público.
* * *
E para dizer que não fiquei só na teoria - e não dei sugestões práticas -, eu queria ver, por exemplo, nas próximas edições da Flip: a Ana Elisa Ribeiro e o Joaquim Ferreira dos Santos falando do renascimento da crônica na internet; o Sérgio Rodrigues (ex-NoMínimo) e o Paulo Polzonoff Jr. falando da nova crítica (também na internet); o Pedro Dória (também ex-NoMínimo) falando da cobertura on-line do atual jornalismo de guerra; a Ana Maria Brambilla e o pessoal do Overmundo discutindo o freqüentemente criticado "jornalismo colaborativo", talvez com o caríssimo Sérgio Augusto (que queria ver - ele ironicamente diz - a engenharia e a medicina "colaborativas"); o Cardoso contando como ele reinventou a Web brasileira algumas vezes, à la Miles Davis no jazz, e o mercado editorial por tabela (revelando - vale a pena, aqui, a repetição - gente como Galera, Pellizzari e Averbuck); e os Autores do Mal mostrando a tantos editores (e autores) do-it-yourself como eles conseguiram chamar a atenção do Brasil para seus livros (embora a editora Livros do Mal hoje esteja em stand-by). Enfim...
* * *
A Elisa Andrade Buzzo, a Annita Costa Malufe e a Flávia Rocha poderiam falar de poesia no tempo da internet (em experiências acumuladas na The New Yorker, na AIC, na revista Mininas...). Aliás, o Marcelo Miranda, o Lucas Rodrigues Pires e o Carlão Reichenbach poderiam convidar outros tantos jornalistas, críticos e cineastas que estão, também, revolucionando a crítica de cinema na internet brasileira (sob os auspícios de outros críticos renomados como Inácio Araujo, na Folha). Até a "literatura feminina", eternamente execrada, poderia tratar da revolução das mulheres na blogosfera brasileira (capitaneada por autoras como Cíntia Moscovich e Ivana Arruda Leite, seguidas de perto por projetos tão variados quanto o Mothern, que foi parar no GNT, e o Desabafo de Mãe). Mesmo narrativas de viagem poderíamos encontrar numa futura Flip, a partir de nomes como Ricardo "Xongas" Freire (colunista de Época e igualmente blogueiro); e mesmo mesas de humor on-line, capitaneadas por Xico Sá (Blônicas e Editora do Bispo), Tutty Vasques (outro ex-NoMínimo) e, até mesmo, Cocadaboa e Kibe Loco (que foi parar na Globo). A internet brasileira, e suas ramificações, já é, são, um mundo à parte...
* * *
E quem são os heróis que estão sustentando as publicações independentes que, na sua liberdade, discutem a literatura brasileira a fundo? Cadê a Flip com Rogério Pereira, editor do Rascunho, numa mesa sobre suplementos literários em papel, e com Augusto Sales, por sua vez, numa mesa sobre "agregadores" de autores eletrônicos, como o Paralelos (que revelou - pelo menos, para mim - a mesma Cecilia Giannetti, o João Paulo Cuenca da primeira Flip (e do projeto Amores Expressos), o André Sant'Anna da Flip 2006 (e do Sérgio Sant'Anna), a mesma Veronica Stigger e dezenas de outros)? E cadê o Fabrício Carpinejar, falando do primeiro curso superior de formação de escritores para o mercado brasileiro? E cadê o Michel Laub, falando das suas oficinas na mesma AIC (e dos seus livros, que já foram indicados para dois prêmios Portugal Telecom)? E cadê o Luis Eduardo Matta, às voltas com a LPB e com as suas sugestões para incentivar a leitura desde a escola? E cadê, sobretudo, uma Flip com as editoras (e os editores) que - em maior ou menor grau - apostaram nessa gente: Conrad (Rogério de Campos), Planeta, Agir (Paulo Roberto Pires) e até Companhia das Letras (Cosac Naify e mesmo Record)?
* * *
Porque já cansou, na Flip também, a Geração 90, criticada desde a primeira edição (a de 2003) - na Folha, por Milton Hatoum e Bernardo Carvalho (críticos com conhecimento de causa e, no meu ponto de vista, acima de qualquer suspeita). A "Geração 00" - se quiserem -, a da internet, está indiscutivelmente causando uma revolução (ou uma "evolução", se preferirem) na literatura brasileira contemporânea. E o impasse - de não ter de trazer, de novo, Ferreira Gullar, Ariano Suassuna, Luís Fernando Veríssimo (eu prefiro com acento) e até Millôr Fernandes - se revolve, nas próximas Flips, com apostas e um olhar (arriscado, talvez) no futuro. É louvável ter Mário Bortolotto (com ligações no teatro), Marçal Aquino (mediando, no cinema) e até a Orquestra Imperial (tocando, na música) na Flip, nesta edição. Mas muito mais pode ser feito. Porque como disse, novamente, a Flávia Rocha, é mais um problema de "administração" do que de criação - o da literatura brasileira hoje. E porque, se a Flip não fizer, alguém certamente fará. (É, também, uma questão de tempo.) A Flip poderia sair na frente (e dar o exemplo).
Para ir além
FLIPs: 2004, 2005 e 2006
[8 Comentário(s)]
Postado por
Julio Daio Borges
9/7/2007 às 19h19
|
|
Se eu não te amar mais...
Se eu não te amar mais me
Caia o mar nos ombros
Me caia
Este silêncio pelos ossos dentro
Me cegue os olhos esta sombra
Me cerre
Esta noite num escuro mais profundo
Do que a chuva de ti de mãos tão leves
A figueira do meu sangue se emudeça
De pássaros à espera dos teus passos
De outra voz por sobre a minha
Morta
E as ruas do teu corpo eu desaprenda
Como desaprendi os dedos que me tocam
E se eu não te amar mais me caia a casa
De costa no teu peito como o vento
António Lobo Antunes, no na velocidade terrível da queda, que linca pra nós.
[2 Comentário(s)]
Postado por
Julio Daio Borges
9/7/2007 à 00h29
|
|
A Flip como Ela é... III
A maior frustração da FLIP 2007 foi a mesa do J.M. Coetzee, que entrou, leu trechos do seu novo livro, Diary of a Bad Year, e, depois, saiu. Assim. Uma menina que estava atrás, ao lado do Augusto do CPFL Cultural, exclamou em bom carioquês: "Pé-ra-ê! É ih-súúú?". O Augusto, mesmo com toda a experiência de reger uma programação mirabolante em Campinas, fez cara de paisagem e não respondeu nada. A platéia foi saindo, atônica, e só começou a xingar lá pelo meio da Ponte da Amizade. O Guilhermão Conte, que vinha da Praça da Matriz, já plenamente recuperado de sua intoxicação alimentar, exclamou para mim: "Pô, por que ele não mandou logo o livro?". Era verdade. O livro era maravilhoso, com pequenos ensaios sobre Dostoiévski, o corpo humano e a matança de animais, mas dava perfeitamente para ler em casa. Não precisava vir até a Flip para ouvir o Prêmio Nobel com sua voz musical...
* * *
E meio bobinha a leitura dramática de Beijo no Asfalto, de Nélson Rodrigues, logo depois (mesa das 22 horas), com concepção de Bia Lessa e uma porção de nomes famosos, como Nelson Motta (no papel principal), Jorge Mautner (no papel do investigador) e Sérgio Sant'Anna (entre outros escritores). O Mautner foi um dos poucos que valeu a pena, o Nelsinho, talvez, pelas histórias do Nélson, mas os outros, mesmo o Sérgio Sant'Anna, não tinham a menor experiência no negócio. Liam mal, sem impostação, erravam, tinham de voltar (e jogavam um certo "charme", como se "errar" fizesse parte do espetáculo...). E mesmo a participação do Domenico (meu colega de pastel no primeiro dia) foi menor, tocando um pouco de bateria, e lendo trechos, mas ele também não é leitor dramático... Enfim, não estava ensaiado e não deu pra entrar no clima da coisa. Eu e a Carol, à beira de perder os sentidos (interessante como a leitura chocou Samuel Wainer, que pela peça expulsou Nélson do Ultima Hora, porque, ontem, ela dava realmente sono), saímos no meio do segundo ato.
* * *
Boa a mesa "Narrativas de Conflito", imediatamente anterior ao Coetzee, com Lawrence Wright e Robert Fisk. Mais uma daquelas patrocinadas pela Piauí, que manteve o mesmo bom nível das outras do ano passado, embora não fosse tão "histórica" quanto a idéia de trazer Lilian Ross e "queimar o filme" de Christopher Hitchens (em 2006). Apelativa, no entanto, a tentativa de polêmica por parte de Fisk, que lembrou um pouco o Self (no dia anterior), em sua histeria e eloqüência, com todo o british accent. A mediadora, cujo nome não consegui levantar ainda, foi brilhante e propôs que, a partir de certo ponto, um jornalista entrevistasse o outro. O problema foi que Fisk quis provocar Lawrence (que era americano), colocando os Estados Unidos em posição difícil. Lawrence contra-atacou, foi um pouco ingênuo e acabou desistindo do embate. Perguntou a Fisk: "Você acha que os Estados Unidos mereciam ser atacados no 11 de Setembro?" (já que Fisk é especialista em Oriente Médio). "Que pergunta mais idiota, Lawrence!? Você obviamente já sabe a resposta: ninguém nunca merece ser atacado! Você acha que o Iraque merecia ser atacado depois???"
* * *
O Edu Carvalho - que bateu em 2007 o recorde mundial em número de posts sobre a Flip - falou uma coisa certa: alguns autores, assim como alguns jogadores de futebol, jogam para a platéia. O Fisk, por exemplo, foi a correção política em pessoa. Era, naturalmente, contra a guerra, contra a violência e contra governos em geral (o que arrancou aplausos e assobios logo no início da sua fala). Mas - a própria mediadora percebeu - era viciado em guerras e provavelmente não conseguiria viver sem elas ("Robert, como é o seu dia quando você não tem nenhuma guerrinha por perto, hein?"). Ou seja, quando tinha público, repetia o que todo mundo queria ouvir (a guerras são desumanas etc.), mas, no íntimo, não agüentava ficar longe das bombas, dos soldados e até da matança. Leu um trecho de um livro seu, sobre um morticídio qualquer (ele colecionava vários), com tanta eloqüência que eu fiquei desconfiado. Se ele se dizia tão chocado com a violência da guerra, como podia se excitar tanto, ao simplesmente reler algo - teoricamente abominável - que antes presenciou? Resultado: se até ver a mesa, eu queria ler o Fisk, perdi o interesse; vou, na verdade, continuar meu Lawrence...
* * *
Cabulei, ontem, as outras mesas da Flip, mas obtive informações privilegiadas, dos meus soldados no front avançado, que confirmaram minhas piores suspeitas. O César Aira se revelou o Diogo Mainardi da Literatura Latino-Americana. Repetiu, aqui, o que já havia dito pelos jornais, que o Carpentier era medíocre e que o Garcia Máquez também era (por exemplo). Queria chamar a atenção para si, evidentemente. Funciona assim: você ataca uma unanimidade, consegue com sorte publicidade e, no momento subseqüente, todo mundo quer saber quem você é; porque: ou você é muito burro (e corajoso) ou você é um gênio (e está apenas falando a verdade). Eu sei que todo mundo lê o Diogo Mainardi na esperança de que ele seja justamente o segundo caso; mas eu só acho o Diogo genial em fazer o que ele faz. Só (repito). É como no xadrez, e na frase do Shaw ou do Millôr: as polêmicas só servem para exercitar a habilidade em criar novas polêmicas - não resolvem os grandes enigmas da humanidade. E com o César Aira, que será esquecido até a próxima Flip, não foi diferente ontem.
* * *
E por falar em correção política (e em xadrez: se você perdeu aqui o raciocínio, retroceda agora dois parágrafos), a mesa da Nadine Gordimer e do Amós Oz começou com um clima de cavalheirismo insuportável. Afinal, em plena Festa Literária (qual seja), quem vai destronar um Prêmio Nobel de Literatura? Certas honrarias eu considero prejudiciais ao ser humano, porque, quer queira quer não, o sujeito fica se achando um semideus na Terra - e não é. Todo mundo, aqui, ficava apontando o Coetzee, como se ele fosse o Dalton Trevisan em Curitiba (vide "Eu vi Deus", ou algo assim, no Digestivo mesmo, assinado pelo Polzonoff...). Nessa mesa, eu ainda entrei numa outra saia justa, porque, de repente, a Liz Calder, idealizadora da Flip, veio sentar do meu lado, e eu, por cavalheirismo também (afinal, sou um gentleman), achei que não poderia sair bem no meio da performance. Para completar, a própria Liz apresentou a mesa (herself), apontando Amos e Nadime como dois dos maiores escritores andando sobre a Terra... (Céus, não são, não!)
* * *
O papo melhorou sobremaneira quando eles pararam de discutir coisas sérias como o futuro da humanidade (leia-se: Oriente Médio e África do Sul) e passaram às futilidades. Amós disse que acha a família uma das instituições mais absurdas, risíveis e contraditórias da História - mas que, mesmo assim, elas continuam a existir (e os seres humanos continuam lutando para preservá-las - apesar de todo sofrimento embutido). Amós teve milhões de problemas com seu pai, e pode-se dizer que, em todos os seus livros, ele volta à famigerada figura do pai (father figure). E falou, portanto, do pai, antes de ontem. Disse que, quando este tinha 93 anos, chamou Amós, então com trinta e tantos, para ter, como ele, uma conversa de homem pra homem, sobre as mulheres (Amós já era casado e com três filhos). "Descobri, nas minhas investigações, que, em certas coisas, as mulheres são exatamente iguais aos homens; e em outras, elas são completamente diferentes de nós - agora, só falta eu separar umas das outras..."
* * *
Amós não resistiu ao clichê, de todo escritor, afirmando que gostaria de, de repente, tirar umas férias, e parar de escrever, sei lá, por dois anos... "Para quê, Amós? Pra quê isso?", não agüentou Nadine. "Você iria ficar fazendo o quê, nesses dois anos?". "Ah, de repente, eu poderia tentar outra profissão...", retrucou humildemente Amós. "Sempre quis ser bombeiro, poderia ser uma oportunidade de recomeçar...". "Mas você já é bombeiro, Amós - você sempre foi bombeiro", fechou lindamente Nadine, e o céu brilhou mais estrelado lá em cima... Então eu pensei que, de certa maneira, é isso que algumas pessoas vêm buscar na Flip e, em certa medida, nos escritores, uma "mensagem" que possa transcender o evento em si, e que possa ser carregada para além daquela noite (para a vida). Porque os livros, certamente, serão esquecidos, os escritores, possivelmente, em alguns anos, e uma mensagem, num dia bonito em Parati, pode ficar. Ou não? [Continua...]
[7 Comentário(s)]
Postado por
Julio Daio Borges
8/7/2007 às 11h30
|
|
Anima Mundi vem aí
Um bom motivo para se animar: o maior festival de animação do Brasil – Anima Mundi – começa nesta quarta-feira (11), em São Paulo. Uma das promessas anunciadas pela 15ª edição do evento é a maturidade da técnica em 3D.
Aos ansiosos, tem mais novidades. Stop motion, 2D, pixalation e outras técnicas também devem mostrar que evoluíram. Os cariocas já viram (de 29 de junho a 08 de julho) e os paulistanos querem confirmar: a organização já avisou que os brasileiros em 3D estão com tudo e são concorrentes de peso junto a trabalhos da França, Inglaterra, Alemanha, Canadá, Japão e mais 38 países.
O 15º Festival Internacional de Animação recebeu, este ano, 1.228 projetos. Destes, 368 foram selecionados para a programação. A expectativa de público deve superar a marca de 2006, que alcançou quase 112 mil pessoas, totalizando as mostras no Rio, São Paulo, Brasília e Belém.
Anote os pontos altos do Anima: um workshop profissional com Mark Walsh, supervisor de animação dos estúdios Pixar (Procurando Nemo, Os incríveis, Monstros S.A); homenagem a Norman Mc Laren, fundador da National Film Board; e bate-papo com gigantes da animação, a constar, Bill Plympton e Alexandre Petrov.
As entradas variam de R$ 6 a R$ 3, sem contar as sessões gratuitas. Dá para garantir lugar com a compra antecipada de ingressos. Confira a programação no site do festival.
[2 Comentário(s)]
Postado por
Tais Laporta
6/7/2007 às 15h54
|
Mais Posts >>>
Julio Daio Borges
Editor
|
|