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Sábado,
14/7/2007
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Redação
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E o Pan chegou
O Pan chegou. Junto com engarrafamentos, aumento de preço de tudo, e todo mundo orgulhoso da belíssima Rio de Janeiro. A abertura do Pan foi uma das melhores de todos os Pans, fugindo de lugares-comuns com uma cara bem carioca. O Lula foi vaiado durante o evento, apesar de 60% dos cariocas terem votado nele, a ponto dele ser substituído aos 45 do segundo tempo pelo Carlos Arthur Nuzman. Onde o Nuzman está metido, alguma coisa acontece. Um dos principais responsáveis pelo altíssimo nível do vôlei brasileiro atual. Só vi um dos locais de competição, o Riocentro, lindíssimo e moderno. Por que não temos este mesmo compromisso com todas as outras coisas no nosso país?
O comentarista da tevê ficou dizendo que tudo foi feito como resposta pela humilhação olímpica a que o país foi submetido, como se fosse uma grande humilhação ouvir um "não" (para o Brasil sediar uma olimpíada). Eu acho que, em parte, pode ser. Mas em parte valeu muito a força de vontade de algumas pessoas, para tornar o evento realidade na cidade: o prefeito, o Nuzman, e todos operários que participaram das obras, em tempo recorde. Agora é torcer por medalhas do Brasil (e estou torcendo muito pelo nosso atletismo e pela ginástica olímpica), apesar de uma pontinha de melancolia: se podemos fazer tudo isso por uma competição esportiva, por que nossa sociedade está no lodo?
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Ram Rajagopal
14/7/2007 às 07h59
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O significado da escrita
Não há escrita sem alarde. Ela é a terra do lavrador, um evento fatal. E um livro se remete para o outro, não apenas para si. Somos, enfim, responsáveis pelo que escrevemos. Com reflexões como essas, entrecortadas por frases e obras de diversos autores, Márcia Tiburi, filósofa graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela UFRGS, além de autora de livros como Magnólia, discorreu sobre o significado da escrita para os alunos do Curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo.
Citando Roland Barthes, Márcia acredita que literatura é uma instituição. Conforme A teoria do romance, de Georg Lukács, afirma que ela cria um degrau de espírito que nos afasta da barbárie, é o chão de onde toda a cultura se ergue e nos asfasta da violência. E interrogou, deixando a resposta para cada um: a Internet vai salvar o mundo, o livro acabou?
Márcia também discorreu sobre a figura do escritor. "Hoje o escritor é provocativo, abre janelas, desimbecializa. O leitor não é imbecil, mas um escritor pode transformá-lo em um. Ele escolhe, mesmo sem escolher, a escrita e tem sempre um ritual para o seu ofício, que pode ser tanto colocar um chapéu, fazer silêncio ou tomar um copo de vinho". E lembra: "O escritor primitivo é maravilhoso, mas conhecer a estrutura não faz mal a ninguém".
Para ela, uma escrita política se relaciona com a democracia, partilha do sensível produzido pela literatura e é essencial a um país.
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Marília Almeida
13/7/2007 às 16h35
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Como é viver nos EUA
Através do Digestivo Cultural, site com o qual colaborei em seus primórdios - e se não o faço mais é pela falta de tempo -, me chegou às mãos a oportunidade de resenhar o livro Como é viver nos Estados Unidos? (Gazeta, 2007, 111 págs.), da Aline Tonini. Faço parte da turma que recebe a newsletter, vejam que chique, do hoje cultuado (merecidamente) sítio. E mais ainda, volta e meia recebo e-mails pessoais endereçados a um seleto grupo pelo nosso editor Julio Daio Borges.
Conversava eu com um amigo sobre inconsciente coletivo, Jung, e outras teorias que explicam o fato de sistemas se desenvolverem simultaneamente em pontos diferentes do globo, o que está diretamente relacionado àqueles episódios em que você sonha com um amigo que não vê há muito tempo e no dia seguinte esbarra com o mesmo na rua. Fato é que este amigo está de partida para os states, vai morar lá com a namorada, que virou esposa, o que lhe garante o famoso green card: o bilhete premiado dos imigrantes em potencial.
Pois quando cheguei em casa, após o papo sobre inconsciente coletivo, com um grande amigo que está de viagem marcada para a terra de Tio Sam, que mensagem vejo piscando em meu endereço eletrônico com o remetente do Digestivo? Resposta: "Alguém quer resenhar o livro Como é viver nos EUA? ?". Creepy stuff! Como diria a autora, mais familiarizada com a língua inglesa após alguns meses vivendo na gelada Boston com seu companheiro. Parecia um aviso, né? Me senti na obrigação de encarar a missão.
Entrei em contato com a simpática autora e menos de uma semana depois o livro estava em minhas mãos. Posso dizer que pouco conhecia da autora a não ser pelos breves e-mails que trocamos combinando a remessa de sua obra. Mas sou daqueles que acreditam que a forma como alguém redige um curto e-mail pode dizer muito sobre sua pessoa. Seja pela formalidade, pelo português correto, pelas abreviações de internauta-teen ("v6 naum konhecem???") ou até pela saudação de despedida ("Saudações", "Atenciosamente", "Abs", "Bjs"). E acredito piamente, embora minha teoria ainda não seja cientificamente comprovada, que a forma de escrever de e-mails da Aline tem muito a ver com o produto final de seu livro.
Como é viver nos Estados Unidos? é o que o próprio título diz. Direto e sem floreios. Quase que um guia prático direcionado àqueles interessados em arriscar a vida no país do Bush. E o texto de Aline lembra muito seus e-mails. Mais do que isso, passam a sensação de que estamos acompanhando a viagem e as descobertas da autora.
Sabe aquela prima que viaja para um intercâmbio e semanalmente manda aquelas missivas narrando suas aventuras e percalços aos familiares? Pois lendo o livro você se sente primo da Aline. Mesmo em um livro estruturado e concebido para servir como uma espécie de Manual Didático a autora deixa transcrever uma certa leveza que percebi na redação de seus e-mails.
Diferente de um Crônicas de um país bem grande, onde Bill Bryson narra o reencontro com sua terra natal, os EUA, na forma de análises divertidas e críticas sociais espirituosas, o livro de Aline Tonini tem um tom mais educativo do que jornalístico.
A autora abrange toda e qualquer situação que um imigrante brasileiro nos Estados Unidos possa se deparar de uma forma cuidadosamente clara e explicativa, propositalmente básica. Das leis de trânsito ao supermercado. Da suprema corte (tomara que os leitores interessados não precisem fazer uso dessas informações) a como retirar neve da entrada da garagem. Nada escapa ao olhar observador de Aline e tudo é transformado em ensinamento e explicado ao leitor de uma forma simpática. Como aquela professora gente boa que tivemos no ginásio.
Feito com muito cuidado, o livro raramente deixa entrever um posicionamento crítico ou opiniões pessoais e passionais em questões mais profundas. Mesmo assim, não deixa de ter um toque pessoal quando Aline exemplifica a teoria com experiências próprias vividas por ela e seu noivo em sua jornada de imigração. Com estes ingredientes, a leitura é fácil e gostosa.
Apesar de ter um público bastante específico, o livro agrada quem tiver uma mínima curiosidade sobre a vida de uma imensa parcela de nossos conterrâneos. E, sendo um tratado completo sobre a vida do brasileiro na "América", pode fazer de Aline uma referência entre a comunidade brazuca lá fora.
Mérito dela, que fez um Manual com leveza ou, se preferir, transformou uma história pessoal em guia de muita utilidade. Uma combinação difícil, mas que a autora leva com tranqüilidade, como quem redige um e-mail para um primo distante.
Para ir além
Brasileiros nos EUA
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André Pires
13/7/2007 às 13h45
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O poder da idéia
De onde vem o poder da idéia é uma pergunta. Se a idéia precisa de poder para existir, outra.
Ana Peluso, em seu novo blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
13/7/2007 à 00h05
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Dia do Rock em São Paulo
O dia do rock está chegando, 13 de julho, e a cidade de São Paulo irá receber diversas atrações musicais e exposições sobre o ritmo "cinquentão" que veio para ficar. Roqueiros de todas as partes costumam se reunir nessa data para reverenciar seus maiores ídolos. É indiscutível a importância do rock'n'roll não somente na música, mas também na sociedade moderna. Símbolo de rebeldia para os jovens, o rock já passou por diversas fases durante os seus 50 anos de história.
Para celebrar o Dia Mundial do Rock, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) programou uma série de 13 shows ao longo do mês de julho, é o "Sintonia do Rock". Entre as atrações, um encontro de vertentes e sonoridades do gênero, como os veteranos Garotos Podres e Inocentes, que se apresentam ao lado de destaques da cena alternativa, como Ludov e Wander Wildner.
Para abrir as celebrações a todo vapor, o ex-vocalista da mais antiga banda de rock nacional, o Made in Brazil, Percy Weiss, conhecido como "lenda do rock", fez sua apresentação no primeiro domingo do mês, ao lado de sua atual banda.
"Nenhuma definição melhor para o gênero do que a música 'Minha vida é o rock'n'roll', da histórica Made in Brazil", comenta Paulão de Carvalho, vocalista da maior banda independente do país, Velhas Virgens, que já vendeu mais de 150 mil discos em pouco mais de 20 anos de carreira e encerram o evento. O show está previsto para começar às 18h, e a banda apresentará faixas do novo álbum, Cubanajarra.
Ainda no Brasil, o filme de animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock´n´Roll retrata o cotidiano de dois amigos, personagens-título, que, cansados de ver um mundo cada vez mais individualista, decidem retomar a velha banda de rock, com a voz de Rita Lee.
O MIS (Museu da Imagem e do Som) completa a festa ao receber a primeira exposição em São Paulo do Arquivo do Rock Brasileiro. É um projeto que resgata as origens do rock brazuca, enfatizando o período de formação, de 1955 a 1979, com gravações digitalizadas que podem ser acessadas através de computadores. As capas de discos, filmes, livros e revistas de época, gravados em vinil e raríssimos, peças e objetos de colecionadores, cartazes e fotografias também podem ser vistos ali.
A vida de muitas pessoas é o rock´n´roll desde seu nascimento, por volta do início dos anos 1950. A data de origem exata do nascimento do rock é incerta. Mas eis que um DJ (disk jockey) norte-americano, Alan Freed, começou a tocar em seu programa de rádio em Nova Iorque, no início daquela década, um ritmo que era uma mistura de blues e country (rhythm and blues) que já eram bem populares.
Numa época de segregação racial, numa sociedade dividida e cheia de preconceitos, o locutor ousou ao apresentar ao seu público músicas de cantores negros e brancos, sem distinção. Para aquele ritmo envolvente que nascia dessa mistura, ele usou pela primeira vez, em 1951, o termo rock and roll, que antes era utilizado para referir-se ao ato sexual em letras de música. Foi quando as pedras começaram a rolar!
Alan Freed morreu em 1965, auge do ritmo que ele batizou, na miséria. Entretanto teve um importante papel por atrair jovens brancos para a música feita em grande escala pelos negros, lançando nomes em seu programa de rádio e, posteriormente, com a promoção de shows ao vivo. Estes shows chamados "Rock´n´Roll Jamboree", foram os primeiros a reunir num mesmo auditório platéias misturadas de jovens negros e brancos, assim como no palco, onde o que interessava era a música, e não a cor dos artistas apresentados. Esse pioneirismo custaria, no longo prazo, a vida de Freed, sempre perseguido.
O rock´n´roll sempre teve um apelo social e costuma tocar em assuntos polêmicos, seja de religião à política. No início da década de 1950, um belo e jovem rapaz chocou a sociedade norte-americana com uma voz potente e seu rebolado sensual e provocante. Ele era branco, mas cantava tão bem, que muitos tinham certeza de se tratar de um cantor negro.
As primeiras aparições de Elvis Presley na televisão foram um escândalo para o conservadorismo norte-americano da época. Ele dançava de um jeito nunca visto na TV antes. Rebolava e balançava as pernas, mexendo com a libido das fãs que se descabelavam de tanto gritar (e, francamente, mexe com as libidos até hoje). Foi considerado indecente e foi censurado. Nas aparições seguintes ele só foi filmado da cintura para cima.
O início da década de 1960 foi marcado por uma banda inglesa que revolucionou o cenário musical e universalizou o rock´n´roll. Os Beatles, formados por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star, enlouqueceram as adolescentes da época com seus trajes certinhos, ternos limpos e cabelos "tigelinha". Suas músicas ainda eram inocentes e eles eram considerados "bons moços". Seus shows tinham tantos gritos que os músicos não podiam ouvir ao próprio som que faziam.
Em contrapartida à Beatlemania, surgiu logo em seguida outra banda inglesa, em que os integrantes eram considerados feios, sujos e descabelados. Os Rolling Stones invadiram o mundo com sua música debochada e ousada. Eram considerados os bad boys do rock´n´roll, e, numa jogada de marketing, uma pergunta foi lançada à época, através da mídia, aos pais conservadores: "Você deixaria sua filha casar-se com um Stone?". Obviamente que a resposta era negativa. Os Rolling Stones eram provocantes e tinham, e ainda têm, como maior influência o blues. Eles criaram uma escola própria do rock´n´roll e foram ícones do seu tempo.
Outras bandas e cantores importantes surgiram na mesma época, como os americanos Beach Boys, The Byrds e o pianista Jerry Lee Lewis, mas nenhum fenômeno se comparou à invasão britânica, que trouxe ao mundo bandas como Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd, The Who, entre tantas outras.
Aqui no Brasil, quem dominava o cenário do rock eram Os Mutantes, que mesmo com influência Tropicalista, jamais deixaram a essência do rock´n´roll de lado. Eram uma banda de experimentalistas e daí a dificuldade da maior parte dos críticos em classificá-los dentro de qualquer estilo que seja. A primeira banda nacional a adotar a escola dos Stones foi o Made in Brazil, que tinha sons crus e básicos, assim como o verdadeiro rock´n´roll. Letras que falavam essencialmente do que os jovens queriam ouvir naquele momento: sexo, rock e muita diversão.
Não há como contar aqui toda a história desse ritmo que é considerado um estilo de vida, mas ele lançou no cenário nacional e mundial os maiores formadores de opinião de todas as gerações de jovens, desde a década de 1950 até os dias atuais. O rock´n´roll tem se mantido fiel a duas das suas maiores verdades: contestação e diversão, que são características essenciais na formação de um cidadão mais crítico e "antenado" com o seu tempo. O Dia Mundial do Rock será a celebração de todos esses aspectos aqui relatados. Que ele sirva ao menos para conscientizar e mover as gerações presentes e futuras.
E não podemos nos esquecer de uma coisa: é só rock´n´roll, mas a gente gosta!
Para ir além
A maratona de shows segue até o dia 29, e serão realizados às sextas-feiras e sábados de julho, às 19h, e aos domingos, às 18h. O preço dos ingressos varia entre 10 e 15 reais. A programação completa da maratona de rock no Centro Cultural pode ser conferida aqui.
A exposição Rock Brasileiro fica em cartaz no MIS até 5 de agosto, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, na Av. Europa, nº 158. Ingressos a R$ 3,00 e gratuito aos sábados.
[Colaborou Mario J. Silva]
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Tatiana Cavalcanti
12/7/2007 às 09h50
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Blog F1 Grand Prix
Um espaço atualizado em que o único assunto é o mundo da velocidade. O objetivo principal desse blog não é conseguir furos de reportagens, mas sim fazer análises, comentarários e - por que não? - dar palpites sobre tudo aquilo que é notícia em duas ou quatro rodas. Faço meu primeiro ano na faculdade de Comunicação em uma das maiores universidades do Rio de Janeiro e abri esse pequeno recanto para falar daquilo que é a minha grande paixão - o automobilismo - com atenção especial, é claro, para a Fórmula 1. Quem quiser dar sugestões, tirar dúvidas, enviar críticas ou simplesmente me xingar mesmo pode me contactar pelo e-mail. Obrigado pela visita e volte sempre, é claro!
O Blogger F1 Grand Prix, no seu novo blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
12/7/2007 à 00h53
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Miscelânea Vanguardiosa Blog
Hoje começo minhas recomendações de discos que encontro para download na web. Como disse em outro post, em meio a tanto conteúdo disponível na rede, paradoxalmente as vezes é difícil encontrar o que a gente procura. Como pesquiso bastante atrás de sons na internet e não acredito em re-trabalho, vou indicar discos postados em outros blogs, sempre disponibilizando links diretos para as postagens dos mesmos - ao invés de simplesmente inserir o link para download dos discos (o que seria incorreto, na minha opinião). Espero que as recomendações também sirvam para promover esses blogs entre os leitores do Desritmificações.
Ricardo Sá Reston, no seu Desritmificações, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/7/2007 à 00h39
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recomeço
Depois de mais de um ano, forçada por uma idéia de disciplina, volto a postar. Ainda que ninguém tenha anunciado a falta...
Da Eugenia, que reativou seu blog e que linca, claro, pra nós.
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Julio Daio Borges
10/7/2007 à 00h32
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Festival de Inverno Ouro Preto
O Festival de Inverno de Ouro Preto é um desses eventos que parecem sempre ter existido. Algumas gerações atrás, a tradição teve início. Durante muito tempo, ele foi promovido pela UFMG, que na última década o levou para Diamantina.
Mas Ouro Preto não fica sozinha. Logo vários centros universitários privados passaram a conduzir o Festival. Sempre em julho, com duração de 15 ou de 20 dias, em média, trata-se de uma bela oportunidade de sair de férias para fazer algo que preste. Passar frio tomando caldo quente, experimentar lareiras de pousadas antigas, respirar ar puro, ouvir saraus pela rua, beber vinho, andar de mãos dadas, assistir a espetáculos, visitar o centro histórico.
Este ano, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) é que conduz as atividades do Festival. Oficinas, workshops e espetáculos tomam conta da antiga Vila Rica. A cidade respira cultura, de verdade, faz tempo. E o clima das pessoas é de disposição para experimentar teatro, dança, literatura, artes plásticas e culinária.
Além das várias atividades que estão na pauta do Festival de Inverno, haverá saraus, leitura em voz alta, prosa e poesia. Não poderia mesmo faltar isso na cidade onde aconteceu a arcádia mineira.
Observação federal: a UFMG, embora tenha esse nome, fica em Belo Horizonte e é apenas uma das universidades federais localizadas em Minas. A UFOP é uma das mais antigas. Há outras tantas (tantas mesmo!), entre elas a UFViçosa, a UFUberlândia, a UFJuiz de Fora e a UFSão João Del Rei. Todas de expressiva produção científica, embora mais em umas áreas do que em outras.
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Ana Elisa Ribeiro
9/7/2007 às 20h30
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A Flip como Ela é... IV
Geralmente escrevo meu balanço da Flip numa Coluna em separado, mas, neste ano, resolvi fechar os Posts com uma conclusão (uma solução que eu achei mais interessante). Talvez, também, porque esta Flip 2007 - a Flip em sua quinta edição - peça por uma avaliação mais do que as outras. Avaliação, aliás, que os próprios organizadores já vão realizar (imagino), mas que eu - como participante de todas as Flips desde a segunda (a de 2004) - também tomo a liberdade de realizar. E talvez minhas "liberdades", aqui, sejam um pouco exageradas, porque eu - como muitos freqüentadores da Flip - já me sinto parte da Festa Literária Internacional de Parati. Uma pretensão minha, é claro - mas algo, também, que eu tomei como um "dever" (o de avaliar), a fim de encerrar esse ciclo que é um ciclo meu, igualmente. Espero, sinceramente, que os meus comentários sejam úteis e que não sejam, sobretudo, mal interpretados.
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Senti mais do que tudo, nesta Flip 2007, a questão da repetição. Conforme escrevi aqui antes, Mia Couto, José Eduardo Agualusa e Arnaldo Jabor (que não veio mas que foi "escalado" pela programação oficial) já estiveram em outras edições da Festa. Inclusive, o sempre muito caro (a mim e ao Digestivo) Ruy Castro e, para ficar num exemplo bem específico (desse aspecto repetitivo), o Carlito Azevedo, citando, na montagem da Bia Lessa (para Beijo no Asfalto), um poema seu já lido, em outra edição da Flip. Parece que até o diretor de programação deste ano reconhece que os "grandes nomes" da literatura brasileira já vieram todos, e que as próximas edições da Flip sofrerão, cada vez mais, a síndrome do "vale a pena ver (ou ler) de novo". De fato, as unanimidades - Fonseca, Gullar, Ubaldo, até Veríssimo - são aquela meia-dúzia de três ou quatro. Mas a consagração cada vez mais conservadora do mainstream (e da mídia de massas) pode levar a Flip a se esgotar - se não se renovar (como não está se renovando, outra vez, a mídia convencional).
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Por isso, a importância das mesas com "novos autores", um ponto em que eu sempre toco (até com a organização) desde a primeira edição da Flip a que compareci. É, por exemplo, muito tímida a abordagem, na Festa, da relação - hoje, intrínseca - entre literatura e internet. Enquanto o livro sofre mutações desde que a Web foi inventada (na década de 90) - quando se discute desde a primazia do suporte papel até formatos 100% eletrônicos (como o PDF), até novos "leitores" de e-book (como o recentemente lançado Sony Reader) -, o tema não é sequer evocado na Flip. E os poucos representantes dessa geração - por exemplo, neste ano - tratam (ou trataram) de renegar o suporte internet, como se este lhes fosse até estranho ou como se assumir alguma ligação forte como ele equivalesse a fazer "menos" literatura (nos moldes tradicionais). Não digo que o impasse dos "medalhões" do Brasil (que, segundo o próprio Cassiano Elek Machado, "se esgotaram") seria resolvido - mas a injeção de sangue novo, nas veias da Flip, garantiria, igualmente, uma renovação de público.
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E para dizer que não fiquei só na teoria - e não dei sugestões práticas -, eu queria ver, por exemplo, nas próximas edições da Flip: a Ana Elisa Ribeiro e o Joaquim Ferreira dos Santos falando do renascimento da crônica na internet; o Sérgio Rodrigues (ex-NoMínimo) e o Paulo Polzonoff Jr. falando da nova crítica (também na internet); o Pedro Dória (também ex-NoMínimo) falando da cobertura on-line do atual jornalismo de guerra; a Ana Maria Brambilla e o pessoal do Overmundo discutindo o freqüentemente criticado "jornalismo colaborativo", talvez com o caríssimo Sérgio Augusto (que queria ver - ele ironicamente diz - a engenharia e a medicina "colaborativas"); o Cardoso contando como ele reinventou a Web brasileira algumas vezes, à la Miles Davis no jazz, e o mercado editorial por tabela (revelando - vale a pena, aqui, a repetição - gente como Galera, Pellizzari e Averbuck); e os Autores do Mal mostrando a tantos editores (e autores) do-it-yourself como eles conseguiram chamar a atenção do Brasil para seus livros (embora a editora Livros do Mal hoje esteja em stand-by). Enfim...
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A Elisa Andrade Buzzo, a Annita Costa Malufe e a Flávia Rocha poderiam falar de poesia no tempo da internet (em experiências acumuladas na The New Yorker, na AIC, na revista Mininas...). Aliás, o Marcelo Miranda, o Lucas Rodrigues Pires e o Carlão Reichenbach poderiam convidar outros tantos jornalistas, críticos e cineastas que estão, também, revolucionando a crítica de cinema na internet brasileira (sob os auspícios de outros críticos renomados como Inácio Araujo, na Folha). Até a "literatura feminina", eternamente execrada, poderia tratar da revolução das mulheres na blogosfera brasileira (capitaneada por autoras como Cíntia Moscovich e Ivana Arruda Leite, seguidas de perto por projetos tão variados quanto o Mothern, que foi parar no GNT, e o Desabafo de Mãe). Mesmo narrativas de viagem poderíamos encontrar numa futura Flip, a partir de nomes como Ricardo "Xongas" Freire (colunista de Época e igualmente blogueiro); e mesmo mesas de humor on-line, capitaneadas por Xico Sá (Blônicas e Editora do Bispo), Tutty Vasques (outro ex-NoMínimo) e, até mesmo, Cocadaboa e Kibe Loco (que foi parar na Globo). A internet brasileira, e suas ramificações, já é, são, um mundo à parte...
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E quem são os heróis que estão sustentando as publicações independentes que, na sua liberdade, discutem a literatura brasileira a fundo? Cadê a Flip com Rogério Pereira, editor do Rascunho, numa mesa sobre suplementos literários em papel, e com Augusto Sales, por sua vez, numa mesa sobre "agregadores" de autores eletrônicos, como o Paralelos (que revelou - pelo menos, para mim - a mesma Cecilia Giannetti, o João Paulo Cuenca da primeira Flip (e do projeto Amores Expressos), o André Sant'Anna da Flip 2006 (e do Sérgio Sant'Anna), a mesma Veronica Stigger e dezenas de outros)? E cadê o Fabrício Carpinejar, falando do primeiro curso superior de formação de escritores para o mercado brasileiro? E cadê o Michel Laub, falando das suas oficinas na mesma AIC (e dos seus livros, que já foram indicados para dois prêmios Portugal Telecom)? E cadê o Luis Eduardo Matta, às voltas com a LPB e com as suas sugestões para incentivar a leitura desde a escola? E cadê, sobretudo, uma Flip com as editoras (e os editores) que - em maior ou menor grau - apostaram nessa gente: Conrad (Rogério de Campos), Planeta, Agir (Paulo Roberto Pires) e até Companhia das Letras (Cosac Naify e mesmo Record)?
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Porque já cansou, na Flip também, a Geração 90, criticada desde a primeira edição (a de 2003) - na Folha, por Milton Hatoum e Bernardo Carvalho (críticos com conhecimento de causa e, no meu ponto de vista, acima de qualquer suspeita). A "Geração 00" - se quiserem -, a da internet, está indiscutivelmente causando uma revolução (ou uma "evolução", se preferirem) na literatura brasileira contemporânea. E o impasse - de não ter de trazer, de novo, Ferreira Gullar, Ariano Suassuna, Luís Fernando Veríssimo (eu prefiro com acento) e até Millôr Fernandes - se revolve, nas próximas Flips, com apostas e um olhar (arriscado, talvez) no futuro. É louvável ter Mário Bortolotto (com ligações no teatro), Marçal Aquino (mediando, no cinema) e até a Orquestra Imperial (tocando, na música) na Flip, nesta edição. Mas muito mais pode ser feito. Porque como disse, novamente, a Flávia Rocha, é mais um problema de "administração" do que de criação - o da literatura brasileira hoje. E porque, se a Flip não fizer, alguém certamente fará. (É, também, uma questão de tempo.) A Flip poderia sair na frente (e dar o exemplo).
Para ir além
FLIPs: 2004, 2005 e 2006
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Postado por
Julio Daio Borges
9/7/2007 às 19h19
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