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Quarta-feira,
18/7/2007
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Redação
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Ainda sobre publicar em papel
Internautas estão cruzando alguns textos meus, aqui (1 e 2), com a minha matéria de capa no "Link", do Estadão, e tirando suas próprias conclusões. Parece haver alguma contradição no meu discurso como um todo e, antes que gere mais confusão, resolvi esclarecer - aqui, novamente - alguns pontos.
Em primeiro lugar, a matéria do Estadão. Eu sempre critiquei o mainstream e a imprensa convencional (e continuo criticando...), mas quando o [Alexandre] Matias me chamou - do mesmo jeito que o Daniel [Piza], uma vez, me chamou -, para publicar no jornal, eu não quis perder a oportunidade. (Você perderia?)
Eu confesso que às vezes acho que a grande mídia não tem mesmo solução, mas se eu tiver uma oportunidade (ainda mais, remunerada) de expor meus pontos de vista, por que não vou expor? Por que eu sou "contra" os impressos? Aí é que está: eu não sou contra os impressos, eu apenas acho que eles não são o futuro, portanto, que eles não são a salvação (livros, aí, inclusos).
Voltando ao Estadão. Eu sempre quis contar a história da minha geração - a primeira da internet - em algum grande veículo (ou em algum veículo "tradicional"), à minha maneira. Essa oportunidade surgiu no caderno "Link", do Estadão. E eu aceitei o convite, como aceitaria de novo. Correspondeu, sei lá, a 90% das minhas expectativas (eu acho uma porcentagem alta).
Prosseguindo com o negócio da minha geração. Surgiram críticas, aqui e ali, no sentido de que havia escritores mais novos (ainda) do que aqueles que eu citei na matéria. Claro que havia; sempre há. Eu descobri recentemente, por exemplo, a Gabriela Vargas e ela tem dezesseis (16) anos. E você entra no blog dela e descobre que ela conhece uma outra autora, mais nova ainda, de onze (11!) anos. Ou seja: é infinito.
Eu usei como corte a minha geração, os livros que eu li, ou conheci, e sabia que eram importantes (mesmo não tendo, à época, gostado de todos - basta pesquisar os nomes dos autores citados, nos arquivos do Digestivo, e comprovar). Eu não poderia, por exemplo, citar a Olivia Maia, nem o Luiz Biajoni (que criticou a minha matéria) e nem o Alex Castro, porque não li seus livros e porque não conheço, tanto assim, seus trabalhos.
E o Matias também participou da seleção, sugerindo alguns nomes. Quem me lê com alguma freqüência, sabe exatamente quem eu chamei e quem eu não chamei (ou não chamaria) - eu não chamaria ninguém da Geração 90, por exemplo, porque, no meu entender, eles não surgiram na internet. Mas aí o Matias queria autores com blogs; e alguns da Geração 90 acabaram entrando...
Reclamaram, ainda na Web, de eu "consagrar" livros que encalharam. Não era essa, obviamente, a intenção - mas aconteceu assim por, pelo menos, dois motivos. Primeiro, como eu disse, porque eu queria fazer justiça à minha geração (ao que eu li etc.) - então, como os blogs demoraram cinco (ou mais) anos para serem reconhecidos pela grande imprensa, alguns livros demoraram esse tempo todo para sair no Estadão. Fazer o quê, se me chamaram só agora (e, não, no início dos anos 2000)?
E, segundo, porque eu não tenho culpa se os livros não venderam, se as editoras não continuaram existindo ou, simplesmente, tiraram certos títulos de circulação. Eu estava falando de livros que foram importantes para a literatura e para a internet brasileiras - como a minha geração pegou um pouco do "limbo" do pós-bolha, sofreu com o ostracismo (e com a falta de sucesso material), mas isso não significa que não fez coisas importantes. Então o espírito da matéria, no "Link", era esse.
Vale reforçar - para quem ainda não percebeu - que eu continuo acreditando no conceito de livro. Apenas não acho - e continuo não achando, mesmo depois do "Link" - que publicar em papel, simplesmente por isso, vá resolver a vida de alguém, que vá melhorar alguém como escritor e que vá diferenciar essa pessoa de quem já publica na internet. As últimas reclamações dos novíssimos autores (e seus livros) - vamos dizer assim -, sobre o mercado editorial, só confirmam o que eu já disse antes.
Se eu pudesse tirar portanto uma conclusão, eu diria que a minha geração - a primeira da internet -, com algumas raríssimas exceções (Daniel Galera, talvez?), falhou em publicar em livro (papel). Falhou no sentido de que não "alavancou" a carreira como a Geração 90, por exemplo. E, seguindo meu raciocínio, a geração de meados dos anos 2000 (Olivia, Biajoni, Alex) vai "alavancar" menos ainda (nesse sentido "Geração 90" que antes conhecíamos...).
A grande ironia, contudo, está no fato de que eu acredito - acredito, vejam bem, não posso comprovar ainda - que a literatura brasileira, como um todo, avança, na medida inversa do "sucesso" dos livros. Traduzindo: a Geração 00 (a do início dos anos 2000, a "minha") é melhor do que a Geração 90 - e a Geração "05" (de meados dos anos 2000) tem grandes chances de ser melhor do que a "00". É um feeling; uma aposta - como eu disse, não posso comprovar (ainda).
Outro dia, num Encontro do Digestivo, um amigo me provocou: "Mas e você, Julio, se quiser escrever um livro agora - como é que vai fazer?" E aí vai meu conselho para quem, neste momento, está perdido: quando eu tiver uma boa idéia para um livro, vou realizar, ué. Hello, moçada, o "formato" livro continua - os livros continuarão sendo escritos. Como vamos "publicá-los", ou o que vai acontecer com eles (e com a gente) depois de publicados, é outra questão. E se me chamarem para publicar em papel, eu vou publicar, ué. (Você não publicaria?)
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Julio Daio Borges
18/7/2007 às 09h20
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Escrever não é para amadores
"Escrever não é para amadores. Tem que ter um olhar humano, angústia. E não é só vaidade. Escrevo para me vingar de algo. Escrevemos para estarmos abertos à possibilidades. Dizem que a voz do escritor somente aparece na fase adulta. Que voz é a sua? Onde se situa? Ao encontrá-la, você envereda no mistério", conclui o escritor Marcelino Freire, autor de Contos Negreiros, livro ganhador do Prêmio Jabuti (categoria contos, em 2006).
Os alunos do curso de criação literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo ouviram atentos às suas dicas. "Mensagem é para livro de auto-ajuda. Se tiver preocupado com isso, desista. O texto tem que ser uma verdade que pode ser falada ao ouvido". Para ele, não existe discurso sem conversa com leitor e eficiência por eficiência não diz nada. "O restante é um vôo no escuro. Tem foco no que quer escrever? Continue para ver se isso é verdade".
Sobre seu ritual na hora de escrever, afirma detestar pesquisar, mas procura sempre envolver novas palavras ao seu vocabulário. "Não gosto do conhecimento, mas das palavras. O ouvido aberto é importante". Marcelino também declara que não tem história para contar, apenas frases. "Encanto com faíscas. Se não termino um conto, perderia uma música. Escrevo e depois coloco elemento narrativo. Ajo dessa maneira porque não consigo ser linear. Tenho essa deficiência".
Conta ainda que gosta de reunir textos pelo que há de homogêneo neles, pois acredita que um livro não seja um depósito. "Contos Negreiros é sobre alguém que está chegando na cidade, para desabientados. Escrevo somente para eles", conclui. Já BaléRalé são contos com temática homossexual. "Me cerquei de livros sobre o tema". Angú de Sangue virou peça de teatro montada em Recife. Porém, Marcelino afirma ter sido uma exceção. "Escrevo pontuado, mas não me peça para adaptar. Não vou virar roteirista ou dramaturgo. Sou escritor".
Sobre o tema de seus livros em geral, revela que se trata apenas de um: da doença da comunicação, do cada um por si, do mundo da cidade. "Meus personagens são fudidos. Não dialogam. Não é angústia do que sou, mas dos outros, em busca de afeto".
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Marília Almeida
18/7/2007 à 00h59
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Sobre Paraíso Tropical
"Quem não está vendo Paraíso Tropical? O título já é de uma originalidade marcante. Mas vejam o salto dado em termos de complexidade da trama. Normalmente, numa boa novela brasileira, dois homens, pai e filho, por exemplo, disputam uma mesma mulher. Na novela seguinte, dá-se uma reviravolta criativa: duas mulheres, mãe e filha, disputam o mesmo homem. Em Paraíso Tropical, num golpe genial de criatividade, a mesma mulher disputa os mesmos homens consiga mesma. Não é fantástico? A boa e a má, ambas igualmente gostosas, lutam pelo galã. Imaginem o que isso permite em termos de combinações. Antes, a mocinha só podia ser mostrada em cenas picantes com o seu par romântico. Isso era decepcionante, pois reduzia em muito as possibilidades que incendeiam a imaginação dos telespectadores. Agora, graças a essa sacada original, a mesma gostosa pode competir consigo mesma e cair nos braços do mocinho, do bandido, do jovem, do velho, do rico, do pobre, de tudo mundo. É uma grande festa combinatória."
Tia Cris, citando Tio Jurema, e lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
18/7/2007 à 00h52
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Bate-papo com Rodrigo Capella
1. Rodrigo, por que poesia não vende?
Temos, atualmente, um ciclo vicioso. As editoras publicam poucos livros de poesia, quando essas obras chegam nas livrarias, elas ficam escondidas. O público não encontra e acaba não comprando. O ciclo volta para as editoras, que não publicam poesia. É uma vergonha, ninguém quer saber de publicar esse gênero, ninguém quer saber de reverter esse quadro. A poesia brasileira está na beira do abismo, mais um passo caímos dentro dele. A sociedade, o governo, os editores e as livrarias precisam se unir e reverter, rapidamente, esse quadro. Espero, algum dia, nem que seja daqui a 50, 80, 90 anos, escrever um livro chamado Poesia vende, sim!.
2. Você tem alguma solução para esse impasse?
Muitas e já estou colocando algumas em prática. Quando se propõe algo audacioso, não se pode esperar a ajuda de ninguém. A primeira solução é, sem dúvida alguma, a adoção do conceito de "letramento poético" nas escolas, ou seja, já nos primeiros meses de aprendizado as crianças têm contato com a poesia e, aos poucos, vão fazendo atividades a partir de um verso literário, tais como desenhos, pequenas frases e, mais tarde, no decorrer da adolescência, pequenas peças teatrais. Outra medida é promover uma "educação poética" nos lares brasileiros. As atuais gerações já estão perdidas. Temos que apostar nas futuras. Os adultos devem incentivar a leitura de poesia nos lares, através de leitura coletiva, de atividades diferenciadas. Uma terceira medida é uma reformulação da grade curricular. O professor chega pro aluno e diz: "Pessoal, semana que vem tem prova desse livro de poesia. Estudem!". Isso é chato pra caramba. Ninguém merece. O professor deve incentivar a leitura e não obrigar o aluno a ler um livro. O que vai fazer o aluno? Vai jogar videogame. Tá tudo errado!
3. Como é escrever sobre animais de estimação, depois quase um thriller e, por último, poesia?
Não existe apenas escritor de prosa ou de poesia, existe escritor. Agatha Christie e Machado de Assis também escreveram poesia. Escrever sobre meu cachorro é igual escrever sobre um assassinato em um navio: exige técnica, paciência e uma busca constante de novos elementos. E poesia? Poesia é sentimento, harmonia, alegria e um estado intelectual único. Por isso, ele dever ser mais valorizada. Meu cachorro Brutus me inspirou a criar o livro Como mimar seu cão, Agatha Christie me inspirou a criar Transroca, o navio proibido e um leitor, que acessa constantemente o meu blog, me sugeriu a criação de um livro poético. Sempre quis escrever poesia e acho que agora chegou a hora. O escritor precisa estar sintonizado com duas coisas: leitor e o gostar de escrever. O resto não tem a menor importância e deve ser esquecido.
4. Aliás, como está seu livro sobre atores e atrizes do cinema brasileiro (a sair pela Imprensa Oficial)?
Está na fase de finalização. Já terminaram a capa, fizeram a diagramação, já tem até "boneco", agora é esperar a hora do lançamento, que ocorre ainda este ano. Lançar pela I.O. vai ser, com certeza, uma boa experiência. Chega um momento de sua carreira no qual você precisa lançar por uma grande editora, isso faz parte, mas deve vir natural, como ocorreu com Rir ou chorar: o cinema de sentimentos. Esse livro vai narrar histórias curiosas do cinema brasileiro e revelar alguns segredos das várias funções que existem atrás dos bastidores do cinema. O livro é, na verdade, uma biografia do cineasta Ricardo Pinto e Silva, que dirigiu Sua Excelência, o Candidato e Querido Estranho. Foi ele quem forneceu as informações para a obra. Vamos trazer novidades, no formato e no conteúdo.
5. É difícil ser jovem escritor no nosso País? Por quê?
Não; acho até fácil demais. Não há mistério: é só escrever e enviar para alguma editora. Elas vão ler e decidir se bancam o projeto ou não. É necessário uma grande inspiração. São Paulo, por exemplo, não me inspira e nunca me inspirou. Então, o que eu faço? Viajo pelo Brasil em busca de elementos, personagens e situações diferentes. Viajo em busca de equilíbrio! Quando você encontra ele, tudo pode ocorrer, tudo fica mais fácil e a publicação do livro sai de maneira natural e irresistível. Publicar um livro é tão gostoso quanto ter um orgasmo! Eu adoro!
6. E como você concilia sua atividade literária com o jornalismo?
Eu, sinceramente, adoro escrever, não necessariamente no computador, mas muitas vezes em um pedaço de papel, enquanto ando pelas ruas. Sou um jornalista-escritor e o jornalismo me ajuda na escrita dos livros. Devo muita coisa ao jornalismo, inclusive a técnica que utilizo. Sem o jornalismo, eu seria um escritor medíocre! Não há conflitos em conciliar jornalismo e literatura, um depende do outro, um é amigo do outro. É uma situação natural e simples. Atualmente, eu escrevo para vários jornais, sites e revistas ao redor do Brasil, de Norte a Sul, e estou sempre escrevendo livros em perfeita harmonia. É um momento único, especial e irresistível.
7. Acha que a internet ajuda em todos esses projetos? Como?
Sem dúvida, muitos escritores têm sensibilizado editoras através de blogs e sites. Há muita gente boa na Internet. Mas, também, há muita porcaria. É preciso separar o bom do ruim e ler os melhores conteúdos. Visito diariamente muitos blogs e recomendo, principalmente, os de poesia, que são os melhores. Há muito sentimento, harmonia, criatividade e, principalmente, esperança de um Brasil melhor. Alguns escritores têm sites pessoais, nos quais disponibilizam informações. Isso é sensacional! Eu tenho um site, no qual eu publico informações sobre a minha carreira, livros, trabalhos e biografia. Ele recebe, aproximadamente, 3 mil visitas por mês, dos mais variados cantos do Brasil, e me ajuda a entrar em contato com os leitores, a ouvi-los e saber o que eles gostariam de ler no meu próximo livro. Isso é fantástico! Temos momentos de interatividade, de contato direto com o leitor, de encontro de novos poetas, de encontro de novos e bons poetas. A Internet oferece tudo isso!
8. Mudando de mídia, de novo: como está a adaptação de um dos seus livros para o cinema? (Você, como autor, também dá os seus pitacos)?
Transroca, o navio proibido está sendo adaptado para o cinema pelo diretor gaúcho Ricardo Zimmer. Ele está na fase de captação de recursos e já está selecionando alguns atores. Vai ter elenco de peso. O Ricardo já me mostrou uma parte do roteiro e eu estou adorando. Às vezes, conversamos sobre um aspecto ou outro, mas deixo o Ricardo decidir tudo. Afinal, é a visão dele da história, é ele quem vai dirigir, por isso o filme Transroca, o navio proibido deve ter os pensamentos e as idéias do Ricardo. Eu sou apenas um escritor, não sou roteirista, não sou diretor.
9. Como vê o futuro da literatura brasileira em geral?
Nossa literatura está melhorando. Bons escritores estão surgindo, bons temas estão sendo debatidos. Acredito que, em breve, vamos ter uma revolução poética impulsionada pelo livro Poesia não vende! Todo escritor tem uma missão, a minha é a de propagar a poesia pelo Brasil. Já tivemos um lançamento em São Paulo e outro em Florianópolis. Temos mais alguns agendados e, neste ano, vamos percorrer o Brasil levando "poesia, alegria e harmonia". É esse o meu destino: sou um escritor do povo, vou atrás do povo e fico em contato com o povo.
10. Algum conselho para quem está pensando em se lançar como escritor/autor (publicar etc.)?
Sugiro um exercício: procure um verso novo em um poema antigo. Aí está a essência do escritor, ele é um revolucionário, um ser que deve propor obras inovadoras, deve trazer harmônica. Sugiro também a leitura de, pelo menos, cinco livros a cada dez dias e também que o futuro escritor bata a cabeça na parede e faça o cérebro dançar. Todo escritor deve ser meio desmiolado (risos).
Para ir além
Site e Blog
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Julio Daio Borges
17/7/2007 às 12h43
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Primeiro post:uma apresentação
Ainda não estou bem certo sobre o que fazer em um blog. A princípio, o que me anima é a vontade de exercer certa consciência crítica sobre a atualidade, reunir neste espaço opiniões e impressões sobre o que vejo acontecer. Sem dúvida, para mim poderá ser um bom aprendizado. Espero que também seja útil ou agradável para os eventuais leitores.
Thiago S. França, em seu blog, que já começa lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
17/7/2007 à 00h49
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Crônica: o novo jornalismo?
"Colunas, articulistas e crônicas não são muito importantes, um exotismo em um jornal, mas gosto de ler. O sério do jornal não considero sério, pois conheço seus bastidores. Hoje, me informo pela crônica", afirmou o jornalista Nirlando Beirão, autor da coluna Estilo da revista Carta Capital, em sua aula no curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo.
Ele lembra que José de Alencar foi o primeiro grande cronista brasileiro e que Machado de Assis começou constrangido como critico de teatro para depois passar a ser o maior cronista, jornalista e escritor do país, com textos ricos em detalhes e grande faro de repórter. Um século depois viria o mestre Rubem Braga, que fala do pequeno com dimensão poética. Além disso, Nirlando cita Nelson Rodrigues e suas crônicas esportivas; Fernando Sabino e João do Rio, com seus retratos da vida carioca, além de Ignácio de Loyola Brandão.
Nirlando ainda rememora que o carnaval e o futebol se popularizaram na imprensa por meio de crônicas. "O Brasil tem tradição no gênero, que possui vitalidade aqui. Crônica, ao contrário do jornalismo, tem emoção". Porém, lembra que o gênero ainda é muito desprezado. "Marcelo Rubens Paiva é um exemplo. Sua crônica sobre o resgate do engenheiro Vasconcelos, em 2006, no Iraque, concluiu o que muitas matérias não fizeram e de forma impecável. Mas nem o editor deve ter lido".
E sentencia: "Não liguem para hierarquias. E blogueiro, não desista". O jornalista acredita que o que vai restar do jornal com o advento da Internet é a opinião, a coluna e a crônica. "Senão, será péssimo para todos nós, pois todas as outras mídias são fragmentadas". Ele aceita que o jornalismo literário ficou no passado, nas mãos de Gay Talese, Tom Wolfe e Hunter Thompson. "Mas é bem possível que haja um Tom Wolfe escrevendo um blog por aí".
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Marília Almeida
16/7/2007 às 16h43
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Fotos Flip 2007 Rafa Rodrigues
Dia 1: Carol, Kassin e Eu, depois do show da OI
Dia 2: Rafa, Marília, Eu e Carol, no dia do aniversário do Rafa
Dia 3: Rafa, Eu, Carol, Cacá e Edu, quando a luz acabou...
Dia 4: Eu, Rafa, Sérgio Rodrigues e Edu Carvalho: a melhor cobertura...
Fotos da máquina do Rafa Rodrigues, que inaugura novo blog.
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Julio Daio Borges
16/7/2007 às 09h31
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Na praia
Quando se beijaram, ela sentiu imediatamente a língua dele, retesada e robusta, avançar entre seus dentes, como um rufião abrindo caminho à força até um quarto. Entrando nela. A sua própria língua se dobrou e retraiu numa aversão automática, dando ainda mais espaço à de Edward. Ele sabia muito bem que ela não gostava desse tipo de beijo, e nunca fora tão impositivo. Com os lábios firmemente pregados nos dela, devassou-lhe o fundo carnudo da boca, e em seguida fez um movimento circular por trás dos dentes da arcada inferior até o vazio onde três anos antes um dente de siso crescera torto, para acabar removido sob anestesia geral. Era nessa cavidade que a língua dela normalmente se perdia, quando ela própria estava perdida em pensamentos. Por associação, tinha mais a ver com uma idéia do que com uma localização, era mais um lugar privado e imaginário do que um vão na gengiva, e a ela parecia estranho que outra língua também pudesse ter a permissão de chegar até lá. Era a ponta aguçada e dura desse músculo alienígena, vivo e palpitante, que a repugnava. A mão esquerda dele estava espalmada acima das omoplatas dela, logo abaixo do pescoço, alavancando a cabeça dela contra a dele. A claustrofobia e a falta de ar se igualavam quando ela decidiu que não suportaria ofendê-lo. Ora ele estava sob a língua dela, empurrando-a para cima, contra o céu da boca, ora sobre a língua, empurrando-a para baixo, e depois deslizando com suavidade pelos lados e em círculo, como se achasse que podia dar-lhe um nó simples. Queria enredar a língua dela em algum tipo de atividade própria, induzi-la a um abominável dueto mudo, mas ela só conseguia se encolher e se concentrar em não reagir, não ter engulhos e não entrar em pânico. Se vomitasse na boca dele - e esse era um pensamento desvairado -, o casamento estaria terminado num instante, e ela teria de voltar para casa e explicar aos pais. Entendia perfeitamente que esse negócio de línguas, essa penetração, era uma representação em escala menor, um ritual do que ainda estava por vir, como um tableau vivant, o prólogo de uma velha peça que anuncia tudo o que acontecerá em seguida.
Ian McEwan, no blog do Sérgio Rodrigues, que continua sem o NoMínimo (e que linca pra nós...).
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Julio Daio Borges
16/7/2007 à 00h11
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Macromedia Flashpaper
Você conhece o Macromedia Flashpaper? Achei esse programa simplesmente genial. Você pode embutir um livro inteiro em seu site ou blog. A barra de ferramentas permite que o texto seja ampliado até ocupar toda a tela do navegador, que ele seja impresso, permite buscas por palavras e assim por diante. Uma mão na roda.
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Yuri Vieira
14/7/2007 às 18h49
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E o Pan chegou
O Pan chegou. Junto com engarrafamentos, aumento de preço de tudo, e todo mundo orgulhoso da belíssima Rio de Janeiro. A abertura do Pan foi uma das melhores de todos os Pans, fugindo de lugares-comuns com uma cara bem carioca. O Lula foi vaiado durante o evento, apesar de 60% dos cariocas terem votado nele, a ponto dele ser substituído aos 45 do segundo tempo pelo Carlos Arthur Nuzman. Onde o Nuzman está metido, alguma coisa acontece. Um dos principais responsáveis pelo altíssimo nível do vôlei brasileiro atual. Só vi um dos locais de competição, o Riocentro, lindíssimo e moderno. Por que não temos este mesmo compromisso com todas as outras coisas no nosso país?
O comentarista da tevê ficou dizendo que tudo foi feito como resposta pela humilhação olímpica a que o país foi submetido, como se fosse uma grande humilhação ouvir um "não" (para o Brasil sediar uma olimpíada). Eu acho que, em parte, pode ser. Mas em parte valeu muito a força de vontade de algumas pessoas, para tornar o evento realidade na cidade: o prefeito, o Nuzman, e todos operários que participaram das obras, em tempo recorde. Agora é torcer por medalhas do Brasil (e estou torcendo muito pelo nosso atletismo e pela ginástica olímpica), apesar de uma pontinha de melancolia: se podemos fazer tudo isso por uma competição esportiva, por que nossa sociedade está no lodo?
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Postado por
Ram Rajagopal
14/7/2007 às 07h59
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