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BLOG

Sexta-feira, 20/7/2007
Blog
Redação
 
Benditos Malditos

Em sua aula para os alunos do curso de criação literária da Academia Internacional de Cinema, o escritor e mestre em letras pela USP Nelson de Oliveira, reconhecido por ter organizado as antologias Geração 90: manuscritos de computador e Geração 90: os transgressores, publicadas pela editora Boitempo, apontou seis autores que possuem uma obra provocante. "Não recomendo levá-los para o campo", alerta. E complementa: "Esses autores sofisticados precisam de manual. É necessário conhecer sua vida e opinião antes de lê-los".

A lista é composta por dois portugueses: Herberto Helder e Alberto Pimenta. Seus outros quatro autores são brasileiros: Campos de Carvalho, Hilda Hilst, Roberto Piva e Maura Lopes Cançado. "Todos são egocêntricos e refinados, possuem inteligência literária e filosófica e nunca vão ser best-sellers. Alguns não são editados por causa de herdeiros, outros encontramos somente em sebos".

Nelson apresenta Alberto Pimenta como o poeta mais irreverente de Portugal. "Ele constrói pequenos enigmas, que não são sucesso em parte alguma". Já Herberto "tenta unir o cotidiano e promove um choque de linguagem coloquial". Sobre Roberto Piva, afirma ser um iconoclasta por excelência. "Ele se aproxima do elemento onírico e flerta com o erotismo através de uma escrita aleatória". E acredita que Campos de Carvalho é vanguardista; "O coloco como o terceiro maior prosador da segunda metade do século 20, após Clarice e Guimarães".

Com relação às vozes femininas, declara que Maura relata de forma crua seus surtos esquizofrênicos em um livro de memórias, Hospício é Deus. "Para mim, tem o mesmo valor que Clarice, pois é confessional e contemporânea". Por fim, fala da prosa onírica de Hilda, que "trata da vida e da morte com escatologia e é desbravadora, inventiva e contundente".

Nelson concluiu com seu ponto de vista sobre o ato de escrever. "Escrever prosa ou poesia é redentor, um momento transcedente que se duplica quando há leitura. A literatura não promete respostas e a criação é honesta até quando mente".

[1 Comentário(s)]

Postado por Marília Almeida
20/7/2007 à 00h44

 
A Origem das Espécies

Arnaldo Branco, agora também na Bizz (porque o Mau Humor é contemporâneo do Digestivo...).

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
20/7/2007 à 00h34

 
Contos cinematográficos

O maior conteúdo, dentro do menor quadro. Contos Indianos (Hedra, 2006, 112 págs.), do poeta francês Stéphane Mallarmé, traduzido por Dorothée de Bruchard e relançado em edição caprichada, de bolso, pela Editora Hedra, traz de volta uma prosa completa de ilustrações de um oriente místico e fundamental.

São quatro contos rescritos e adaptados - não apenas traduzidos - a partir da coletânea de histórias Contes et légendes de l'Indie ancienne, de 1878, organizada por Mary Summer, a partir de textos antigos e tradicionais da Índia. "O retrato encantado", "A falsa velha", "O morto vivo" e "Nala e Damayanti" revelam a moda oriental que varreu o século XIX e influenciou, dentre outros, Oscar Wilde e sua poesia dramática, e Arthur Schopenhauer, com sua arte como fuga da vontade e supremacia da inteligência. Os detalhes explodem como fogos de artifício em cada parágrafo: "Upahara distingue numa poeira de estrelas, prestes a revesti-la com deslumbrantes sandálias, a nudez de um passo." (trecho de "O retrato encantado").

Adverte-se aos curiosos que, em tempos de cinema espalhafatoso e melodramático, esta pequena obra de Mallarmé pode representar um contraponto à eleição do roteiro de cinema como gênero literário, pelo menos no contexto do mexicano Guillermo Arriaga, roteirista de Babel, que afirma entregar os roteiros ainda sem o final, já que sua escrita pode tomar diversos rumos durante a criação. Não para Mallarmé, autor desta pequena grande obra em que a linguagem prevalece sobre o destino (por ser rescrito?), ao contrário de Arriaga, em que a vontade prevalece sobre a forma (ou sobre a inteligência?). Vale conferir.

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Postado por Vicente Escudero
19/7/2007 às 16h20

 
Destaques do Anima Mundi

Quem viu, gostou. Quem perdeu, só poderá ver em 2008. O 15º Anima Mundi terminou no último fim de semana, em São Paulo, com destaque acalorado para os russos.

Alexandr Petrov, vencedor do Oscar do melhor curta de animação em 2000, por O velho e o mar (adaptação do clássico de Ernest Hemingway), levou a premiação pelo melhor filme eleito pelo júri profissional em 2007: Moya Lybov (Meu amor).

Absolutamente artesanal, o curta vencedor foi produzido em pedaços de vidro pintados a óleo e fotografados quadro a quadro. Petrov mergulhou os próprios dedos na tinta, imprimindo ao trabalho uma atmosfera impressionista, plenamente viva. Tarefa que consumiu três anos do artista.

Moya Lybov contraria todo o aparato digital disponível para a animação moderna, desde a padronização de traços e cores até a inserção de novos formatos, como o 3D. Embora o roteiro do curta fosse denso e bem amarrado, não foi o escolhido pelo júri popular, que preferiu outro russo como o melhor do Anima 2007: Lavatory love story, de Konstantin Bronzit.

O trabalho de Bronzit, outro mestre da animação, traz um roteiro mais espirituoso, característica que a platéia popular ainda privilegia, sem contar a originalidade e a expressividade visual. A própria linguagem da animação favorece esse clima humorístico ao grande público, deixando as impressões mais acuradas com os jurados profissionais.

E como já se previa, Até o sol raiá, curta brasileiro de Fernando Jorge e Leanndro Amorim, mostrou que a animação nacional está alcançando níveis superiores de maturidade e sofisticação - tanto na trama quanto no visual. Não por menos, o trabalho dos pernambucanos venceu dois prêmios: melhor curta brasileiro e melhor primeira obra.

Tantos outros agradaram mas não levaram, tamanha a diversidade de boas produções selecionadas nesta última edição. O festival cresce a cada ano e estimula os incentivos para a animação nacional. Não dá para perder.

[1 Comentário(s)]

Postado por Tais Laporta
19/7/2007 às 15h38

 
Os Jornais Acabam? II

Quanto mais tecnologia se tem, mais se fica vulnerável. Assim são os jornais eletrônicos, a mídia televisiva. Creio que por mais que se avance nas formas de apresentação, o jornal de papel, manuseado, riscado e cortado para se prender na agenda é quem resistirá. Além do mais, como fazer com as palavras cruzadas no Metrô ou mesmo nos banheiros?
Marly Spacachieri
Taboão da Serra/São Paulo


O Jornal é um meio e não um fim. A informação está atingindo o seu público por outros meios, mais baratos, menos prejudiciais ao meio-ambiente, mais rápidos e mais difusos. Não concordo com a alta credibilidade do jornal impresso. Podem derrubar presidentes, mas também podem elegê-los. Nem sempre defendem os interesses da população e a dispersão de todo este poder por outros meios, outras mentes e outros pontos de vista, é muito salutar para a democracia e para a montagem deste quadro tão nebuloso chamado de realidade-verdade. Prefiro que a maioria aprenda a duvidar do que lê, do que crer em tudo que tal jornal publicou, como se fosse sempre a única e inquestionável verdade. O jornal impresso não acabará, tornar-se-á apenas um meio menos influente, como o rádio, o cinema e a própria literatura. Pois todos estes meios e outros, como TV e internet, estarão lutando pelo mesmo público consumidor.
Everton Lodetti de Oliveira
Tagutinga/DF


Enquanto houver leitores, informação e análise crítica, existirão jornais, existirá a imprensa, não importa a mídia. É urgente que abandonemos este "romantismo" de "gostar de ler" jornais apenas impressos em papel e, por conseguinte, o mesmo ocorrerá com os livros. Papel é caro. A tinta, mais ainda. Assim como o CD sepultou o LP, o DVD sepultou a fita VHS, o jornal e o livro digital em breve farão parte de nossos eletrodomésticos. Já se consegue colocar imagens em 3D em lâminas flexíveis digitais, de modo que o ludismo de "pegar no jornal" será também possível, mesmo não sendo de papel. As operadoras de TV a cabo já comercializam telefonia. As operadoras de telecomunicações querem transmitir TV. Pela internet, as notícias são atualizadas dinamicamente. E, no dia seguinte, o jornal (de papel) de ontem continuará embrulhando peixe. Não tem volta. A minha geração (1963) pode até estranhar, mas a geração da minha filha (1992) não vê maiores problemas, até porque ela quer fazer Jornalismo e eu, que sou engenheiro, dou a maior força para ela seguir esta maravilhosa profissão de jornalista. Se queremos sobreviver profissionalmente, a regra não é apenas atender sua clientela atual... O segredo é antecipar o que sua clientela demandará nos próximos 10, 20 anos e, além disto, sua clientela consumidora será outra. A pergunta é: que leitor é esse? Que jornal é esse? Acredito que ambos estarão cada vez mais longe do papel.
AL-Chaer
Goiânia/GO


Avaliando no sentido das facilidades da internet em termos da enorme quantidade de informações disponíveis, e da velocidade de atualização deste veículo, penso que os jornais impressos podem realmente desaparecer, dando lugar a novos formatos, pois considerando o fator concentração de informações no mesmo espaço editorial, ou no mesmo site, aliado a entretenimento, a inovação, a responsabilidade, credibilidade, respeito, que constituem a qualidade e a possibilidade de influência de qualquer órgão ou profissional, acredito que os jornais continuarão existindo. A busca indiscriminada da internet, sem a garantia de qualidade, nos faz perder muito tempo, há a necessidade de retorno aos espaços considerados confiáveis, assim este órgão informativo pode permanecer, exigindo a formação de bons jornalistas, não apenas detentores de conhecimento, de criatividade, mas também de ética, responsabilidade social, por serem formadores de opinião e exercerem uma atividade de interesse público. Então a vida dos jornais está garantida, isso se estes conseguirem fazer com que os jovens se interessem mais pelo que ocorre aos seus semelhantes, em suas comunidades, em seus países, no mundo, largando um pouco os jogos e as conversas on-line que tanto lhes interessam.
Isabel Cristina Sampaio
Recife/PE


A geração "digit@l" está chegando a maturidade, crianças que cresceram familiarizadas com o mouse ensinam hoje aos pais como montar uma rede doméstica. São mais de 12 anos de existência da internet, quem desenvolve (programadores) são jovens, e as análises de mercado e projeções de impacto sócio-demográfico vêm de pessoas que não cresceram com esta realidade. Por isso tantas informações infundadas, perspectivas de "achômetro" e queda de vendas de mídias consagradas. A verdade é que não deve existir competição entre a internet e qualquer outro tipo de veículo, uma vez que o material on-line deve ser complementar e não essencial. Muitas vezes as notas são curtas, com erros gramaticais e fontes duvidosas. Os jornais não podem acabar, os grátis (Metro, Metronews e Destak) estão provando que a credibilidade do papel é inquestionável. Com o tempo todos perceberemos que assim como a luz não substituiu o fogo (em funções distintas), os bits não substituirão a celulose.
Hamilton Ricardo Frausto
São Paulo/SP


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Postado por Julio Daio Borges
19/7/2007 às 13h53

 
Onde fica o interruptor?

Nada pode ser mais irritante do que perder a intimidade com a casa. E não saber, por exemplo, onde fica o interruptor de luz da cozinha. Tudo que nos está automatizado traz uma agradável sensação de familiaridade.

Diferente, examente diferente, da que estamos experimentando aqui neste blog. Muita coisa é estranha, algumas incomodam, muitas podem ser modificadas e aprimoradas ao longo do tempo. Outras, talvez não. E por que não?

Mudar é saudável, faz bem, areja a cabeça. E nos ajuda a lembrar que tudo está o tempo todo em movimento.

Trata-se, portanto, de adaptar-se constantemente, mover-se em sintonia, aceitar o caminhar. E sobretudo não confundir quietude com paralisia, aceitação com submissão, movimento com ansiedade.

São limites tênues, eu sei. E pensar que escrevi tudo isso só para dizer que estou tentando aumentar a caixa de comentários e alterar o corpo do texto em que os comentadores podem escrever.

Carla Rodrigues, ex-NoMínimo, inaugurando um blog que já nasce lincando pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
19/7/2007 à 00h11

 
O endereço do livro em 2009


Beirute, Líbano

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Koichiro Matsuura, anunciou a escolha de Beirute como "Capital Mundial do Livro para 2009".

A Unesco reconheceu "o compromisso em favor do diálogo" da capital libanesa precisando que a cidade foi eleita "por sua participação em matéria de diversidade cultural, diálogo e tolerância, assim como pela variedade e o caráter dinâmico de seu programa".

Matsuura demonstrou alegria ao "ver a cidade de Beirute, confrontada a enormes desafios em matéria de paz e de coexistência pacífica, ser reconhecida por seu compromisso em favor de um diálogo mais necessário do que nunca na região" e pela possibilidade de que o "livro possa contribuir ativamente" para atingir esse objetivo.

A escolha de Beirute, numa reunião efetuada no dia 3 de julho passado na sede da Unesco, em Paris, contou com a participação das três principais associações profissionais do livro: a União Internacional de Editores (UIE), a Federação Internacional de Livrarias (IBF) e a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA).

Beirute é a nona cidade nomeada Capital Mundial do Livro, depois de Madri (2001), Alexandria (2002), Nova Delhi (2003), Antuérpia (2004), Montreal (2005), Turim (2006), Bogotá (2007) e Amsterdã (2008).

Fontes: Publico.pt e AngolaPress

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Postado por Luis Eduardo Matta
19/7/2007 à 00h10

 
Os Jornais Acabam? I

É difícil prever. Podemos dizer que "talvez". Se por um lado encontramos facilmente informação atualizada, rápida e de baixo custo na internet; por outro, ainda temos que peneirar, selecionar, buscar o melhor e o mais correto. Trabalho que o jornal já faz muito bem e nos traz em uma estrutura que também facilita a busca de informação. Enfim, é um futuro incerto. Tudo dependerá de como vamos encarar a informação nos próximos tempos.
João Paulo Ferreira Barbosa
Macaé/RJ


Acabar não acabam, mas terão que mudar de proposta, de formato, de periodicidade. Com a facilidade de ter o computador em casa ou no escritório e poder acessar informações do seu interesse - e também receber outras - está cada vez mais distante o ato de ir à banca ou assinar qualquer periódico.
Aurélio Prieto
São Paulo/SP


Esta me parece uma idéia remota, a despeito das estatísticas e previsões de especialistas e defensores da internet. Ainda existem, em todo o mundo, pessoas de uma geração que cresceu lendo e assinando jornais diários. Se os hábitos de procura por informações se deslocarão totalmente do jornal impresso para a internet, isso ocorrerá gradativamente, com a supremacia numérica de uma geração que prefira o segundo modelo. Estudei Jornalismo no tempo em que nossa sala de redação, na Cásper Líbero, era repleta de mesas com máquinas de escrever e a diagramação era feita na régua. Quando correspondente de um jornal diário, no interior de São Paulo, na década de 1980, enviava as matérias datilografadas e impressas, colocadas em envelope timbrado do jornal, por ônibus da Viação Cometa. Era a maneira mais rápida. E às vezes dava tempo da matéria ser publicada na edição do dia seguinte. As urgentes eram enviadas por fax ou telefone. Apesar disso, adaptei-me totalmente aos computadores quando chegaram comercialmente ao Brasil. Hoje não dispenso o computador para escrever um texto, não o troco pela caneta, mal anoto as informações dessa forma. Uso internet para todo tipo de comunicação, como se o modelo anterior não existisse. Recebo notícias de jornais eletrônicos gratuitamente diversas vezes ao dia e posso ler revistas inteiras em sua versão on-line. Ainda assim, prefiro abrir um jornal, tocar suas folhas, descobrir algo interessante ou bombástico atrás de uma página, no ritual do café da manhã. Da mesma forma que prefiro ler um livro numa tarde de inverno, deitada numa rede ao lado de uma boa caneca de chocolate do que fazê-lo na frente do computador. Moro numa cidade em que há uma semanário que completou noventa anos. Ainda tem alguns vícios do início do século passado, mas hoje tem sua versão na internet e seus arquivos são impressos e digitalizados. Nem por isso deixa de ser o campeão nos classificados e de esgotar nas bancas aos sábados. Dizem que ele é sempre igual, só muda a data, mas ninguém deixa de comprá-lo. As coberturas de baladas, colunas sociais jovens e matérias escritas por novos jornalistas e colunistas atraem, também para esse jornal, o público que nasceu com a internet. Diversas variáveis podem determinar a continuidade ou não do jornal impresso, principalmente sua capacidade de adaptação à forma de comunicação desses tempos pós-modernos. Há quem defenda a idéia de que os jornais podem fugir ao desafio da velocidade da informação, publicando análises, textos interpretativos mais longos, jornalismo investigativo e literário para concorrer com a internet. Pode ser. Hoje, as mesmas notícias publicadas durante a semana em jornais, são lidas nas revistas semanais. Mas, pensando nas cenas de filmes da década de 1950, em que meninos de calça curta, carregando pilhas de jornais gritam "Extra! Extra!", acredito, romanticamente, que os jornais jamais acabarão.
Sílvia Mello
São Roque/SP


Os jornais, como os conhecemos, vão acabar. Mas, o jornalismo continuará - na web, nos celulares e na TV digital. Com outras dinâmicas, outros formatos, outros interesses. Os jornais têm de acabar por motivos políticos, econômicos e - por que não? - ecológicos!!!
Jô Azevedo
São Paulo/SP


Os jornais podem acabar, sim. Não acho que é coisa a curto prazo, mas podem. O dodô acabou. Não fabricam mais pastilha tirosete. Tanta coisa boa que acaba. E o jornal nada mais é do que um hábito. A informação, não; ela pode vir de outras maneiras. Acontece que as pessoas atualmente têm cada vez menos tempo e quem sabe, no futuro, não prefiram receber apenas um e-mail com as manchetes, otimizando o tempo e só lendo as matérias de interesse... Como os americanos fazem desde sempre, com jornais e tudo, e mal sabem onde fica o Brasil...
Maria Rachel Lopes Cunha de Oliveira
Rio de Janeiro/RJ


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Postado por Julio Daio Borges
18/7/2007 às 14h56

 
Ainda sobre publicar em papel

Internautas estão cruzando alguns textos meus, aqui (1 e 2), com a minha matéria de capa no "Link", do Estadão, e tirando suas próprias conclusões. Parece haver alguma contradição no meu discurso como um todo e, antes que gere mais confusão, resolvi esclarecer - aqui, novamente - alguns pontos.

Em primeiro lugar, a matéria do Estadão. Eu sempre critiquei o mainstream e a imprensa convencional (e continuo criticando...), mas quando o [Alexandre] Matias me chamou - do mesmo jeito que o Daniel [Piza], uma vez, me chamou -, para publicar no jornal, eu não quis perder a oportunidade. (Você perderia?)

Eu confesso que às vezes acho que a grande mídia não tem mesmo solução, mas se eu tiver uma oportunidade (ainda mais, remunerada) de expor meus pontos de vista, por que não vou expor? Por que eu sou "contra" os impressos? Aí é que está: eu não sou contra os impressos, eu apenas acho que eles não são o futuro, portanto, que eles não são a salvação (livros, aí, inclusos).

Voltando ao Estadão. Eu sempre quis contar a história da minha geração - a primeira da internet - em algum grande veículo (ou em algum veículo "tradicional"), à minha maneira. Essa oportunidade surgiu no caderno "Link", do Estadão. E eu aceitei o convite, como aceitaria de novo. Correspondeu, sei lá, a 90% das minhas expectativas (eu acho uma porcentagem alta).

Prosseguindo com o negócio da minha geração. Surgiram críticas, aqui e ali, no sentido de que havia escritores mais novos (ainda) do que aqueles que eu citei na matéria. Claro que havia; sempre há. Eu descobri recentemente, por exemplo, a Gabriela Vargas e ela tem dezesseis (16) anos. E você entra no blog dela e descobre que ela conhece uma outra autora, mais nova ainda, de onze (11!) anos. Ou seja: é infinito.

Eu usei como corte a minha geração, os livros que eu li, ou conheci, e sabia que eram importantes (mesmo não tendo, à época, gostado de todos - basta pesquisar os nomes dos autores citados, nos arquivos do Digestivo, e comprovar). Eu não poderia, por exemplo, citar a Olivia Maia, nem o Luiz Biajoni (que criticou a minha matéria) e nem o Alex Castro, porque não li seus livros e porque não conheço, tanto assim, seus trabalhos.

E o Matias também participou da seleção, sugerindo alguns nomes. Quem me lê com alguma freqüência, sabe exatamente quem eu chamei e quem eu não chamei (ou não chamaria) - eu não chamaria ninguém da Geração 90, por exemplo, porque, no meu entender, eles não surgiram na internet. Mas aí o Matias queria autores com blogs; e alguns da Geração 90 acabaram entrando...

Reclamaram, ainda na Web, de eu "consagrar" livros que encalharam. Não era essa, obviamente, a intenção - mas aconteceu assim por, pelo menos, dois motivos. Primeiro, como eu disse, porque eu queria fazer justiça à minha geração (ao que eu li etc.) - então, como os blogs demoraram cinco (ou mais) anos para serem reconhecidos pela grande imprensa, alguns livros demoraram esse tempo todo para sair no Estadão. Fazer o quê, se me chamaram só agora (e, não, no início dos anos 2000)?

E, segundo, porque eu não tenho culpa se os livros não venderam, se as editoras não continuaram existindo ou, simplesmente, tiraram certos títulos de circulação. Eu estava falando de livros que foram importantes para a literatura e para a internet brasileiras - como a minha geração pegou um pouco do "limbo" do pós-bolha, sofreu com o ostracismo (e com a falta de sucesso material), mas isso não significa que não fez coisas importantes. Então o espírito da matéria, no "Link", era esse.

Vale reforçar - para quem ainda não percebeu - que eu continuo acreditando no conceito de livro. Apenas não acho - e continuo não achando, mesmo depois do "Link" - que publicar em papel, simplesmente por isso, vá resolver a vida de alguém, que vá melhorar alguém como escritor e que vá diferenciar essa pessoa de quem já publica na internet. As últimas reclamações dos novíssimos autores (e seus livros) - vamos dizer assim -, sobre o mercado editorial, só confirmam o que eu já disse antes.

Se eu pudesse tirar portanto uma conclusão, eu diria que a minha geração - a primeira da internet -, com algumas raríssimas exceções (Daniel Galera, talvez?), falhou em publicar em livro (papel). Falhou no sentido de que não "alavancou" a carreira como a Geração 90, por exemplo. E, seguindo meu raciocínio, a geração de meados dos anos 2000 (Olivia, Biajoni, Alex) vai "alavancar" menos ainda (nesse sentido "Geração 90" que antes conhecíamos...).

A grande ironia, contudo, está no fato de que eu acredito - acredito, vejam bem, não posso comprovar ainda - que a literatura brasileira, como um todo, avança, na medida inversa do "sucesso" dos livros. Traduzindo: a Geração 00 (a do início dos anos 2000, a "minha") é melhor do que a Geração 90 - e a Geração "05" (de meados dos anos 2000) tem grandes chances de ser melhor do que a "00". É um feeling; uma aposta - como eu disse, não posso comprovar (ainda).

Outro dia, num Encontro do Digestivo, um amigo me provocou: "Mas e você, Julio, se quiser escrever um livro agora - como é que vai fazer?" E aí vai meu conselho para quem, neste momento, está perdido: quando eu tiver uma boa idéia para um livro, vou realizar, ué. Hello, moçada, o "formato" livro continua - os livros continuarão sendo escritos. Como vamos "publicá-los", ou o que vai acontecer com eles (e com a gente) depois de publicados, é outra questão. E se me chamarem para publicar em papel, eu vou publicar, ué. (Você não publicaria?)

[6 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
18/7/2007 às 09h20

 
Escrever não é para amadores

"Escrever não é para amadores. Tem que ter um olhar humano, angústia. E não é só vaidade. Escrevo para me vingar de algo. Escrevemos para estarmos abertos à possibilidades. Dizem que a voz do escritor somente aparece na fase adulta. Que voz é a sua? Onde se situa? Ao encontrá-la, você envereda no mistério", conclui o escritor Marcelino Freire, autor de Contos Negreiros, livro ganhador do Prêmio Jabuti (categoria contos, em 2006).

Os alunos do curso de criação literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo ouviram atentos às suas dicas. "Mensagem é para livro de auto-ajuda. Se tiver preocupado com isso, desista. O texto tem que ser uma verdade que pode ser falada ao ouvido". Para ele, não existe discurso sem conversa com leitor e eficiência por eficiência não diz nada. "O restante é um vôo no escuro. Tem foco no que quer escrever? Continue para ver se isso é verdade".

Sobre seu ritual na hora de escrever, afirma detestar pesquisar, mas procura sempre envolver novas palavras ao seu vocabulário. "Não gosto do conhecimento, mas das palavras. O ouvido aberto é importante". Marcelino também declara que não tem história para contar, apenas frases. "Encanto com faíscas. Se não termino um conto, perderia uma música. Escrevo e depois coloco elemento narrativo. Ajo dessa maneira porque não consigo ser linear. Tenho essa deficiência".

Conta ainda que gosta de reunir textos pelo que há de homogêneo neles, pois acredita que um livro não seja um depósito. "Contos Negreiros é sobre alguém que está chegando na cidade, para desabientados. Escrevo somente para eles", conclui. Já BaléRalé são contos com temática homossexual. "Me cerquei de livros sobre o tema". Angú de Sangue virou peça de teatro montada em Recife. Porém, Marcelino afirma ter sido uma exceção. "Escrevo pontuado, mas não me peça para adaptar. Não vou virar roteirista ou dramaturgo. Sou escritor".

Sobre o tema de seus livros em geral, revela que se trata apenas de um: da doença da comunicação, do cada um por si, do mundo da cidade. "Meus personagens são fudidos. Não dialogam. Não é angústia do que sou, mas dos outros, em busca de afeto".

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Postado por Marília Almeida
18/7/2007 à 00h59

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A Maior História de Todos os Tempos a Vida de Cristo Encadernado
Fulton Oursler
Melhoramentos
(1980)



Redação Oficial e de Expediente
Jonas Rodrigo Gonçalves
Vestcom
(2007)



Bebê Bruxo
Luiz Antonio.
Brinque Book.
(2002)



Livro História Geral Tiahuanaco 10.000 Anos de Enígmas Incas
Simone Waisbard
Hemus
(1971)



Rio 2 as Aventuras de Blu na Amazonia
Blue Sky
Astral



Os últimos soldados da guerra fria
Fernando Morais
Companhia das Letras
(2011)



garimpo da vida
Antonio Campos Guimarães
minas gráfica



O Futuro da Sociedade Humana
E. Modrjinkaia Ts. Stépanian
Prelo
(1976)



O Novo Sabidinho - Alfabetização
Maria Tereza Miranda de Oliveira
Edc



Livro Fun With Animals A Spinning Wheel Books
Ron e Atie Van Der Meer
Putnam
(1990)





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