Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
49864 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Iole de Freitas - Fazer o Ar
>>> Mês da Mulher: roda de conversa sobre trabalhos de cuidado com Bárbara Ipê e Tatiana Achcar
>>> Paço Imperial apresenta Casa Própria que celebra 10 anos de trajetória de Ana Hortides
>>> “Love to Johnny Alf”: Manu Le Prince revisita obra do ícone da Bossa Nova no Blue Note Rio
>>> Centro Cultural SESI Sorocaba apresenta a exposição J. Borges - O Mestre da Xilogravura
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
Colunistas
Últimos Posts
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
>>> Ratamahatta (1996)
>>> Santo Agostinho para o hoje
>>> Uma história da Empiricus (2025)
>>> Professor HOC sobre Trump e Zelensky
>>> All-In com John e Patrick Collison (2025)
>>> Jakurski, Stuhlberger e Xavier (2025)
>>> Naval Ravikant no All-In (2025)
>>> Fabio Seixas no TalksbyLeo
Últimos Posts
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia para descomplicar vida moderna
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Bananalização
>>> No palco da vida, o feitiço do escritor
>>> Este Congresso nos representa?
>>> Papo com Contardo Calligaris
>>> Caminhos entre o Jornalismo e a Literatura
>>> Pais e filhos, maridos e esposas
>>> Sombras Persas (VI)
>>> A Promessa da Política, de Hannah Arendt
>>> Cada um, cada um
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
Mais Recentes
>>> Livro Profecias de Nostradamus Até Outubro de 1999 "Fim dos Tempos" e de Outros Videntes de Marques da Cruz pela Pensamento
>>> Livro A Arte Da Guerra de Sun Tzu pela Hunter Books (2011)
>>> Um Enigma Chamado Endometriose Capa comum de Eleuze Mendonca pela Heaçth (1998)
>>> Ainda Sou Eu de Jojo Moyes pela Intrinseca (2018)
>>> 2 Hqs A Guerra de Luz e Trevas de Tom Veitch pela Globo (1988)
>>> Livro Moral Social Coleção Iniciação à Teologia de Frei André Luiz Boccato De Almeida pela Vozes (2021)
>>> 101 Lições A Serem Aprendidas Na Escola De Artes de Kit White pela Wmf Martins Fontes (2013)
>>> Depois De Você de Jojo Moyes pela Intrinseca (2016)
>>> Livro Mitologia Nórdica de Neil Gaiman pela Intrinseca (2017)
>>> Oxford Bookworms Factfiles: Stage 2: 700 Headwords Rainforests de Rowena Akinyemi pela Oxford University Press (1996)
>>> Entre Amigos - Ensino Religioso - 9ºAno de Lisabeth Bansi pela Moderna (2022)
>>> Livro Ilustrado Palavras e Imagens de Maria Nikolajeva, Carole Scott pela Cosac & Naify (2011)
>>> Como Eu Era Antes De Você de Jojo Moyes pela Intrinseca (2013)
>>> Instituicoes De Direito Publico E Privado: Introducao Ao Estudo Do Direito-Nocoes De Etica Profissional (Publicacao Atlas) (Portuguese Edition) de Ruy Rebello Pinho pela Editora Atlas (1991)
>>> Como Escolher A Pessoa Certa P/o Lugar Certo William S. Swan de por WILLIAM S. SWAN (Autor) pela Maltese (1992)
>>> Livro Crítica, Teoria e Literatura Infantil de Peter Hunt pela Cosac & Naify (2010)
>>> Morcego É Vampiro? de Lucia Maria Paleari pela Unesp (2002)
>>> The Fashion System de Roland Barthes pela University Of California Press (1990)
>>> O Que é Patrimônio Histórico (Coleção primeiros passos, 51) de Carlos A. C. Lemos pela Editora Brasiliense (2000)
>>> Hq Marvel Millennium Home Aranha Nº46 de Brian Michael pela Panini (2005)
>>> Mandado De Segurança de Maria De Fatima Vaquero Ramalho Leyser pela Wvc (2002)
>>> Livro Origem de Dan Brown pela Arqueiro (2017)
>>> Introdução À Administração de Eunice Lacava Kwasnicka pela Atlas (1995)
>>> A Farsa de Christopher Reich pela Sextante (2008)
>>> Escondido No Escuro Capa comum – 1 janeiro 2002 de por Dan Fesperman (Autor) pela Best Seller (2002)
BLOG

Quarta-feira, 25/7/2007
Blog
Redação
 
O jornalismo morreu

Alguns dizem: a crise não é do jornalismo, mas do modo de se fazer jornalismo. Nesse sentido, seria equivocado questionar o fim dos jornais impressos. Você concorda? A convergência entre mídias, como a aproximação entre a Internet e os impressos, pode resultar em algo diferente positivamente para os leitores e internautas?

Pode ser que os jornais não acabem, mas a partir do momento em que em dois anos teremos 2 bilhões de pessoas na Rede, e vendo que hoje se fazem 100 milhões de downloads do YouTube por dia, algo mudou e ainda está mudando.

Em 20 de agosto de 1994, a Folha de S.Paulo vendeu quase 2 milhões de exemplares com a inclusão aos domingos do Atlas Folha. Hoje você pode incluir até um iPod que nunca mais teremos esse "quase 2 milhões", no máximo se chega a 400 mil exemplares.

Cláudio Júlio Tognolli, entrevistado pelo Fabrício Marques, e citado pelo Jorge Rocha, no seu novo blog, que linca pra nós.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
25/7/2007 à 00h59

 
Purificada


arte: Jozz


[Comente este Post]

Postado por Elisa Andrade Buzzo
24/7/2007 às 14h44

 
Wayback Machine

Há pelo menos três anos, sempre que conheço um site que valha a pena, consulto o Wayback Machine para ter uma noção geral sobre sua trajetória. Para quem não o conhece, trata-se de um projeto do site Internet Archive que pretende armazenar perenemente todas as páginas da Internet. Ele o faz de forma regular e à surdina. (Quem tem acesso às estatísticas de seu próprio site poderá notar o robot da Alexa, que consome uma boa quantidade mensal de banda.) Uma das primeiras providências que tomei, ao tomar contato com esse projeto, foi redobrar minha atenção a tudo que publicava em meu próprio site, uma vez que, ainda que eu delete um texto do qual me arrependa, o mesmo continuará arquivado no banco de dados do Wayback. (Bom, é possível solicitar a retirada de páginas, mas isso é uma preocupação das mais chatas. Quem não quiser ver seu blog ou site arquivado fará melhor se colocar uma proibição de acesso para o robot da Alexa num arquivo robots.txt.)

Enfim, eis, por exemplo, o histórico do Yahoo (um dos portais mais antigos), o do Digestivo Cultural e o do primeiro site que fiz, em 1998 (e já desativado), mas que só entrou no Archive em 1999. Que vergonha do meu amadorismo internético daqueles tempos...

[Comente este Post]

Postado por Yuri Vieira
24/7/2007 às 07h14

 
Curso de Criação Literária AIC

Está aberta a temporada de matrículas para o programa anual de Criação Literária (Poesia, Ficção e Não-ficção) da Academia Internacional de Cinema.

O programa contém oficinas e seminários com editores e escritores como João Silvério Trevisan, Marcelo Rezende, Michel Laub e Wagner Carelli. Além disso, inclui também palestras e mesas redondas com escritores convidados, sarau e lançamentos de livros durante o ano. Confira o programa completo e biografia dos professores no site da AIC. As aulas começam no dia 6 de agosto.

[Comente este Post]

Postado por Marília Almeida
24/7/2007 às 03h16

 
Digestivo no Podcrer

clique e ouça

Às vezes eu esqueço há quanto tempo eu conheço o Vicente Tardin. Hoje ele me lembrou que já tem mais de cinco anos e que o Digestivo e o Webinsider - site que ele com muito brilho comanda - têm praticamente a mesma idade (!). Os dois começaram em 2000, mas o Vicente me ensinou tanta coisa, nestes anos todos, que eu guardo a terna impressão de que ele começou antes, muito antes.

O Vicente sempre me pareceu mais sábio do que todos nós - que viemos depois -, porque ele ainda pegou a lendária "bolha". Eu o invejava saudavelmente quando ainda estava no banco, porque ele passava o dia inteiro fazendo o que eu só podia fazer nas horas vagas: escrever, editar e publicar. Quando me contou, à época, que era um dos donos do CliqueMusic (site que, mesmo desatualizado, continua sendo o melhor em música), eu pensei: "Esse cara só pode ser famoso".

E atravessamos o pós-bolha juntos. Ele sempre um pouco mais à frente, para não perder a tradição. Resistimos sem ensaiar, claro, à velha tentação de virar papel (revista, no caso) - embora ele tenha participado do lançamento de um livro (de um colaborador seu) a partir do Webinsider. O Vicente ainda se lançou na área de cursos e - pelo que eu sei - dá aulas até hoje; eu já dei palestra, participei de mesa, fui entrevistado, mas ainda não me aventuro a ser professor...

Passadas essas turbulências todas - e mais aquelas idéias mirabolantes (para gerar receitas salvadoras) -, às vezes nos encontramos no MSN e, modéstia à parte, constatamos: "Não é que nós tínhamos razão?". Podemos falar de internet agora, e de tudo o que ela representa, sem parecermos completamente loucos. Até nos pagam por isso; não é insano? Hoje, o Vicente diz que eu estou na frente dele, porque o Digestivo tem um Editor-assistente... Mas ele provavelmente se esquece de que o Webinsider já teve o seu bem antes.

Assim, foi com muito prazer que eu participei do Podcrer, que é atualmente o podcast em português de que eu mais gosto. Quando termina minha rotina semanal de downloads, é o podcast que eu ouço primeiro. E sempre tem insights muito bons; do Vicente, do Michel Lent e dos convidados que eles chamam. Nesta edição, eu tentei acrescentar alguma coisa (acho que ficou relativamente bom, porque, senão, não tinha nem escrito este texto introdutório). Tentei prestar, no ar, minha homenagem ao Podcrer, mas eles foram muito modestos. (Fica aqui, então, o reforço.)

Falamos, pela ordem, do modelo editorial do Digestivo, dos modelos de receita em sites como os nossos, de publicidade em revistas eletrônicas, de anunciantes pequenos e médios (que nos ensinaram, e que aprenderam conosco, sobre essa ferramenta indomável que é a internet). O Vicente conduziu tudo como um maestro e o Michel fechou com boas conclusões. E foi, de certa maneira, emocionante participar da gravação, pelo Skype; tanto que, na minha inexperiência, eu atropelei bastante os dois. (Não estava me ouvindo direito mas acho que não soei de todo mal...).

Falamos, ainda, de como se colocar na posição do cliente (anunciante), de como - à maneira das pequenas agências - acabamos fazendo o "meio-de-campo", de como mostrar os resultados é importante; e voltamos para os modelos de colaboração, para a participação do leitor, e para o delicado papel do jornalista nestes tempos de blog. Encerramos com a "nova" mobilização política (proporcionada pela internet), e com outros tópicos mais prosaicos: como a cobertura da recente tragédia em Congonhas...

E eu pretendia entrevistar o Vicente Tardin, em algum momento, aqui no Digestivo - mas ele acabou saindo na minha frente, mais uma vez (!). E, ainda que ele tenha me entrevistado, continuo querendo ser como ele quando eu crescer. E confesso que já ficaria muito contente, também, em ter a metade dos contatos do Michel (e de falar com metade da segurança, dele, sobre os números da internet brasileira). Eles são os players; eu sou apenas um arrivista.

Para ir além
Digestivo no Podcrer

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
24/7/2007 à 00h12

 
Os Jornais Acabam? IV

O que é o tão falado jornal? Tradicionalmente, uma publicação em papel e diária, com conteúdo essencialmente jornalístico, produzido majoritariamente por jornalistas graduados, vendido por um preço baixo (mas inacessível para muitos) e sustentado por publicidade. Pois bem: desde o advento da comunicação de massa a periodicidade diária deixou de ser a regra. O "tempo real" atropela nossas coberturas, o que não significa que não possamos continuar nos organizando no ciclo diário. O conteúdo jornalístico há muito já não é especialidade dos "jornais" - além disso, jornalismo e entretenimento se misturam cada vez mais, independente do suporte. O monopólio dos jornalistas, que nunca foi benéfico para o interesse público, foi relativizado ainda mais pelas novas tecnologias e pelo crescente índice de alfabetização, especialmente em um país como o Brasil. Jornais pagos dão lugar aos gratuitos, ou quase isso, aproximando do texto escrito (ainda que em pequenas porções) um público acostumado apenas com imagens. Conseqüência: a circulação dos jornais em todo o mundo, inclusive no Brasil, cresce. Sustentados por publicidade cada vez mais. E o papel? Sinceramente, pouco me importa o papel. Espero ler matérias, reportagens, entrevistas, charges, artigos, crônicas e outros gêneros, em papel, monitor ou qualquer um dos inúmeros dispositivos que serão lançados nos próximos anos. O sagrado jornal, acredito, já nem existe mais. Pensando assim, terá vida longa...
Carlos d'Andréa
Belo Horizonte/MG


Creio que os jornais ainda terão uma sobrevida nas próximas décadas, posto que o hábito de leitura é secular e ainda temos um grande contingente de leitores e apreciadores do bom texto jornalístico e literário. Talvez a grande imprensa, por fazer parte da indústria cultural, se renda aos novos formatos e as novas mídias, mas a reflexão e o aprofundamento certamente têm tradição na imprensa escrita e por mais que queiramos nos render às novas tecnologias muitos leitores, como eu, se entusiasmam ao folhear um bom jornal, ao sentir o cheiro de tinta e o conforto de poder levar seu exemplar para qualquer lugar que seja. Não creio que os jornais acabarão tão cedo. E estou certo de que ainda estarei vivo e no final dos meus dias ainda vou ler as manchetes de jornal anunciando um novo mundo possível.
Osni Dias
Dourados/MS


O "Jornal de Papel e Tinta" sim, por razões econômicas. Um jornal tem duas fontes de receita: venda de exemplares (assinaturas e venda avulsa) e venda publicitária (publicidade e classificados). Classificados estão perdendo para os sites especializados, tipo Webmotors, Zap, etc. No site vão ser disponiblizadas matérias, anúncios, pod e videocast e será atualizado em tempo real. A receita da venda de exemplares não paga o custo marginal do exemplar (papel e tinta), sendo o jornal fortemente dependente da venda de publicidade para sobreviver. Ela não será suficiente, pois a internet e outros veículos, como revistas, competem pela mesma verba. Vão sobrar os jornais na internet, site + newsletter diária e, usando a tecnologia de e-print, vão ter as manchetes impressas, no escritório ou em casa, em 4 ou 6 páginas A4 ou letter, com chamadas para o site. A publicidade que vende vai estar nessas 4 páginas. Talvez uma edição impressa com poucas páginas, com um espaço destinado à publicidade maior e com chamadas para o site.
Francisco Camargo
São Paulo/SP


Para o jornalismo impresso, é visível que apenas uma remodelação de seus conceitos e técnicas trará os leitores e anunciantes de volta às suas páginas. Seu fim não está fadado enquanto houver a prerrogativa de mudança. É necessário a este meio a (re)convicção em aspectos tais como credibilidade, aprofundamento e imparcialidade e, sobretudo, é importante a esta mídia aprender uma lição com a irmã caçula no mundo midiático (a internet): há que se ter integração e interatividade dos leitores, seja através de reuniões de pautas nas quais estes participem, seja por meio de fóruns e canais abertos de discussão. Mas se este meio realmente quer se manter vivo para o leitor da próxima geração, uma coisa é fato: não há como prendê-lo somente com a coluna de cartas. E quem acreditar no contrário, este sim merece a morte de suas idéias.
Ana Júlia Muniz
Uberlândia/MG


Não considero que semelhante ocorra. O autor não considerou que historicamente as empresas passam por reformulações, assim como as instituições. O jornal como conhecemos percorre na atualidade ciclos de reciclagem com a chegada da era digital. Possuímos blogs jornalísticos de excelência, como muitos que devem ser desacreditados. A imprensa empresarial capitalista, como conhecemos, foi atingida em seu auge, surgindo, inclusive, a imprensa patrocinada e dirigida de distribuição gratuita na Europa, distribuída nos transportes públicos. Há algumas décadas estudei e publiquei ensaios sobre a dinâmica da imprensa nas comunidades interioranas do Brasil, como a região de Petrópolis. Até mesmo a publicação de livros foi acusada de estar em extinção! A sociedade possui hábitos cíclicos e condicionantes. Enquanto houver uma folha de papel, uma cópia a ser distribuída principalmente em comunidades, nunca se extinguirá a imprensa. Os panfletos foram o denominador político da imprensa revolucionária na França.
Oazinguito Ferreira da Silveira Filho
Petrópolis/RJ


[Feedbacks dos Leitores do Digestivo à Promoção]

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
24/7/2007 à 00h08

 
Combates culinários

"A melhor refeição do mundo, a perfeita, raramente é sofisticada ou cara."
Anthony Bourdain

Não possuo conhecimento de gastronomia, mas tenho apreço pelos sabores. Não ligo se uma comida tem gordura trans, açúcar em excesso ou asseio duvidoso no preparo se for saborosa. É por isso que não me conformo com certas invenções da indústria alimentícia, ou mesmo de culturas locais, que desvirtuam os objetivos de um bom alimento. Quantas pessoas saudáveis você não vê renunciando ao melhor para comer algo com gosto de palha só porque "é bom para a saúde"? Eu não vou me privar de manteiga, leite integral, azeite de dendê, carne vermelha e açúcar refinado enquanto ainda não for suicídio ingeri-los. Digo mais: se me for dado um ultimato do tipo moqueca de verdade com a morte ou moqueca sem dendê, sou bem capaz de optar pela primeira opção. Só vou pedir para caprichar no leite de coco. Nada contra quem queira "viver mais", mas eu me sinto obrigado a fornecer informação contrária à corrente. Não custa abrir os olhos de quem nunca provou certos sabores.

Margarina x Manteiga - "Creme vegetal aromatizado". A saborosa manteiga, feita do leite da vaca, foi substituída por uma gordura de soja, aromatizada por alguma essência à base de planta ou algum bichinho inimaginável. A margarina nunca tem o sal da manteiga, é sempre insossa. As "sem gordura trans" e "sem sal" então, Deus!, como alguém pode pôr aquilo no pão? É preferível comer pão molhado na água do que com margarina sem sal e gordura. Se tiram o sal e a gordura, o que resta, ora!? Pelo menos água é mais barata. Além do mais, toda semana tem uma pesquisa que desmente que margarina é melhor para a saúde. Na outra semana mentem de novo. Na dúvida, opte pelo sabor.

"Moqueca" capixaba x Moqueca baiana - Reza a lenda que três baianos viajavam para o Rio de Janeiro quando resolveram parar no meio do caminho para comer. Como estavam à beira-mar, pescaram uns peixes e cozinharam com os ingredientes que acharam naquele pedaço de terra. Não dava para fazer uma moqueca, já que não havia leite de coco nem azeite de dendê por perto. Os nativos comeram da comida oferecida pelos passantes e ficaram encantados. O cozinheiro do trio de baianos disse: "Isso que vocês não comeram uma moqueca!". Pois os nativos rezaram uma missa para os baianos, crendo que eles eram o Pai, o Filho e, o que tinha cozinhado, o Espírito Santo. Estava fundado um novo Estado brasileiro. Contudo, os capixabas de então entenderam errado, achando que o prato era uma moqueca de verdade, e assim chamam a iguaria até hoje.

Vegetarianismo x Onivorismo - Acho muito louvável que algumas pessoas queiram uma vida saudável e/ou sejam contra a matança de animais. Mas do ponto de vista do paladar, o vegetarianismo é uma afronta à diversidade de sabores. Imagine não comer churrasco, hambúrguer, torresmo, cachorro quente, moqueca, bacalhoada, galinha ao molho pardo. Para os vegetarianos, ovovegetarianos e similares, adianto que muitos produtos que julgamos livres de animais mortos têm ossos, tendões e peles de animais (balas e gelatinas), colágeno de peixes ou caracóis (cerveja), besouros triturados (corante usado em alimentos "sabor" morango e uva), gordura de porco (biscoitos) entre outros, como relata uma reportagem da Folha (para assinantes). Se vou comer animais de qualquer jeito, que eu coma os mais saborosos!

"Canjica" paulista x Mugunzá - Na Bahia chamamos de mugunzá um milho branco cozido em leite de vaca, leite de côco, açúcar, cravo e canela (uma pitada de sal vai bem). O resultado é um creme grosso, saboroso, para o café da manhã, a merenda da tarde ou mesmo para substituir o jantar. Aqui vejo esse mesmo milho branco cozido (me contaram que às vezes em água!), misturado a amendoim torrado (!!) e jogado num leite ralo e às vezes com leite condensado. Fraco e exageradamente doce desse jeito, só poderia mesmo ser servido como uma (medíocre) sobremesa. Deram o nome de canjica - o que na Bahia é o nome de outro prato de milho também muito mais gostoso. Quando for até lá (principalmente nessa época de festas juninas), peça mugunzá e canjica e note a diferença.

Poderia citar ainda outros combates em que um lado ganharia de lavada, como "leite" desnatado (água branca) versus leite integral ou peixe fresco versus peixe congelado. (Eu pensava que em São Paulo só se comia peixe no litoral. Fiquei chocado quando vi aquele monte de gelo sob animais de guelras marrons, em contraste com a Tarifa, em Porto Seguro, onde perguntamos diretamente ao pescador se o peixe está fresco e ele mostra as guelras vermelhas como sangue para provar que sim. Paciência, pior é ficar sem peixe.) Deixo a dica para que experimente também um bom requeijão, com a gordura escorrendo pelos buraquinhos e com aquela textura meio esfarinhada e o gosto salgado, meio defumado, difícil de explicar. É covardia comparar com a mussarela de supermercado. A vida é curta para todos e lembre-se, como diz um chef que não hesita em provar de tudo, que seu corpo não é um templo. Profane-o sempre que puder.

* * *

P.S. I - A lenda da criação do Estado do Espírito Santo e da moqueca capixaba foi totalmente inventada por mim. Os capixabas que não me levem a mal, foi só uma brincadeira bairrista. Nunca comi a moqueca deles e estou pronto para prová-la o quanto antes. Mas continuarei dizendo, por pura iplicância, que, se não tem dendê, não é moqueca.

P.S. II - Encontrei, na comunidade do Anthony Bourdain no Orkut, uma matéria de 2003, da Veja São Paulo, que relata uma degustação que o chef fez pela capital paulista de comidas populares como pastel de bacalhau, bauru e empada, e da qual tirei a epígrafe desse texto.

Nota do Editor
André Julião mantém o blog Um baiano em Campinas.

[3 Comentário(s)]

Postado por André Julião
23/7/2007 às 11h58

 
Maniqueísmo

Dois anos, duas Flips (com a minha participação) e muita decepção, para não falar tristeza, com parte da platéia desta feliz e sempre surpreendente festa literária.

Poxa vida, observei, tanto em 2006 quanto em 2007, o respeitável público vaiar autores pelo seu posicionamento político ou econômico. Isto é muito feio!

Uma das "tomatadas" aconteceu na mesa composta por Robert Fisk e Lawrence Wright, quando o primeiro ofendeu o segundo, ao asseverar que a questão postulada era idiota e, ainda, cutucou: "só podia vir de um americano".

Ato contínuo, a platéia apoiou Fisk e o resultado: vaias para Wright.

Assim foi que, imediatamente, me lembrei da mesa composta por Christopher Hitchens e Fernando Gabeira, na Flip de 2006, onde o mesmo aconteceu. Gabeira, como Fisk, achou que estava em um duelo. Conseqüência: tentou humilhar Hitchens. Pior, o respeitável público chancelou! Resultado: "ovos" em Hitchens.

Repito, nada pode ser mais feio do que ver pessoas esclarecidas, a maioria, acredito eu, jornalistas ou representantes da filosofia humanista, apoiarem tudo o que é contra os EUA, o maior vilão da história.

Por exemplo, Fisk, o adorador de carnificina (quem estava lá reparou na carga dramática que ele imprimiu na leitura de seu livro onde descreveu cenas horríveis de guerra), infantilizou a questão de Wright, demonstrando não só imaturidade frente à questões propostas, bem como deixou escapar com seu "pseudo-brilhantismo" o verdadeiro cerne da questão: discutir a cultura anti-americana e os motivos de uma guerra invisível.

Odiar todos os americanos não é meio maniqueísta? Por acaso todos os americanos assinaram uma "declaração" de quererem destruir o mundo, em especial o Brasil?

Será que não há uma pontada de ciúmes against EUA? Sei lá, pode ser sonho meu, mas será que não gostaríamos de ser os EUA?

Pois bem, a mim parece que o respeitável público repete a postura da juventude dos anos 60, esperneando chavões sem a menor contextualização fática, como a que o FMI é o único culpado pela crise brasileira (e não os nossos próprios governantes e o povo, por que não?) e que todo americano é burro e egoísta!

Vamos cair na real?

Desta forma, restam duas reflexões ao respeitável público, a primeira nas palavras de Sören Kierkegaard, "a inveja é admiração sem esperança" ou vaiar ratificando pensamentos tão antigos e retrógrados são a escusa intelectual de hoje em dia?

[4 Comentário(s)]

Postado por Daniel Bushatsky
20/7/2007 às 18h40

 
O fim de Harry Potter

Eu me pergunto do que os "potterofrênicos" gostam mais, do livro ou do filme.(...) Eu li os livros de J.K. Rowling ao longo dos anos e não acho nada genial, é uma narrativa de fórmulas fixas e bem linear.(...) O filme oscila entre a banalidade e os achados visuais. A partir de 21 de julho, a magia do mistério vai se desfazer e aí vamos ver o que acontecerá com os filmes. A heptalogia de J.K. Rowling vai virar um clássico, como Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien? Quem, em sã consciência adulta, consegue ler Tolkien sem rir? Os leitores vão crescer e olhar para trás, provavelmente achando graça do tempo em que eram maníacos por Potter.

Luís Antônio Giron, em seu blog Menta Aberta, que eu acabo de conhecer.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
20/7/2007 às 14h40

 
Os Jornais Acabam? III

Creio que ler jornal é uma cultura, não creio que acabe. O sistema de jornalismo impresso passa por uma crise, e precisa adequar-se. Diante da internet, os jornais parece que estão vivendo a impotência do conhecimento. Um jornal pode ser mais opinativo, muito mais de pesquisa e ter o seu lugar no contexto da imprensa escrita. Basta ousar.
Manoel Messias Pereira
São Jose do Rio Preto/SP


A notícia tem um padrão nos jornais impressos que a mídia eletrônica não alcança. O imediatismo e o discurso restrito das matérias corroem a beleza do texto, enxugam a informação e descaracterizam a notícia de fato.
Cybele Regina Fiorotti
Santo André/SP


Assim como o rádio e a televisão coexistem, o jornal impresso e o eletrônico vão conviver durante muito tempo ainda. Um não exclui o outro. São complementares. O jornal impresso, assim como o conhecemos, tem cheiro, tem textura, é fácil de ser transportado e, ainda, pode servir para enrolar ovos, para embrulhar objetos em uma mudança, para proteger o chão, quando se pintam as paredes e, em uma emergência, para salvar os desafortunados com problemas gastro-intestinais, na falta do papel convencional. Já o jornal eletrônico é mais impessoal. Você abre o site de determinado jornal, procura o assunto que lhe interessa, lê e fecha a página. Se quiser, pode enviar um artigo aos amigos que, geralmente, não o lêem, pois já escolheram o seu, ou então, salvá-lo em algum arquivo, que provavelmente não será aberto nunca. Porém, com a internet cada vez mais ágil e desenvolvida, o jornal eletrônico se torna um instrumento vital para aqueles que vivem em escritórios ou que não desgrudam nunca de seu laptop. O leitor também pode acessar jornais diversos, em pouco tempo, conferir as notícias e fazer a sua avaliação, por meio de fontes diferentes, o que é quase impraticável, da outra forma. Agora, o que faz um jornal sobreviver e outro desaparecer é como qualquer produto do mundo capitalista. Depende de estratégia, de marketing, do público alvo, e muito menos da qualidade, como deveria ser. Nesse caso, ambos, o impresso e o eletrônico, estão na mesma maré. E salve-se quem puder e navegue quem souber.
Adriana Godoy
Belo Horizonte/MG


Sim, se permanecerem do jeito que se apresentam atualmente: com textos frios, sem diferencial autoral e regados por uma ética cínica, aquela que usa de termos como "imparcialidade" para atuar de forma dirigida a vários interesses, entre eles o estético. No final, vemos textos padronizados e uma mesmice substituível por portais de internet, que são mais atualizados. A solução seria inovar no texto, tornando-o mais palatável e mais sensual ao leitor. Hoje, o que sustenta as assinaturas e vendas são os famosos fascículos e coleções de parafernálias; não o jornalismo em si.
Frederico Dollo Linardi
São Paulo/SP


Não, não acredito. De uma forma ou de outra o jornal irá sobreviver, assim como o teatro, o rádio, o próprio circo que agoniza, mas não morre. O jornal encontrará o seu próprio meio de sobrevivência.
José Gilberto Duarte
Itatiaia/RJ


[Feedbacks dos Leitores do Digestivo à Promoção]

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
20/7/2007 às 14h10

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro O Que O Dia Deve A Noite
Yasmina Khadra
Argumento
(2011)



Ariel Ou a Vida de Shelley
André Maurois e Manuel Bandeira Tradução
Record



Antologia de Contos
Assis Almeida (Org.)
Premius
(2006)



Uma Educação Mortal
Naomi Novik
Alta Novel
(2021)



Marcel Marien - Le Passager Clandestin
Xavier Canonne
Pandora Publisher
(2013)



Coaching - Desenvolvendo Excelência Pessoal, James Flaherty
Não Informado
Não Informada



A Idade da Razão
Jean-Paul Sartre
Abril
(1972)



Livro A Grande Esperança
Ellen G. White
Cpb
(2011)



50 Ways to Control Migraines
Ceabert J. Griffith
Contemporary Books
(2002)



A Academia do Fardão e da Confusão - a Abl e os Seus
Fernando Jorge
Geração Editorial
(1999)





busca | avançada
49864 visitas/dia
2,4 milhões/mês