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Sábado,
12/10/2002
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Redação
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Minha pátria é minha língua
"Por mais que se reconheçam o carisma, a liderança inata e outras inegáveis qualidades naturais de Lula, forçoso é reconhecer, também, que jamais existiu outra figura pública, no Brasil, que desfrutasse de tamanha condescendência crítica por parte dos profissionais da comunicação.
"Se no início, por exemplo, era até justificável que se dispensasse o líder metalúrgico de falar o português correto, com o correr do tempo e de seu grande sucesso, na carreira de líder político, era obrigação da mídia exigir-lhe a aquisição de um preparo correspondente a suas justas ambições de poder.
"Porque há muito tempo, independentemente de formação escolar, com as facilidades oferecidas por novos métodos de aprendizado de línguas, com os sofisticados sistemas audiovisuais, com os inúmeros processos de leitura dinâmica e uma vastíssima oferta de informações culturais, facilmente obteníveis, só se fala mal português por desleixo, preguiça mental ou solene desprezo pelo idioma nacional, consagrado no artigo 13 da nossa Constituição - desprezo esse que, convenhamos, tratando-se de importantes pessoas públicas, constitui um desestímulo ao esforço de aprendizado da juventude em relação à lingua pátria.
"Diga-se o mesmo quanto à nula experiência de Lula em administração pública, o que poderia ser bem diferente se, nestes anos todos, a mídia lhe tivesse cobrado alguma prática administrativa, a ser exercida nos governos e prefeituras petistas que sempre estiveram à sua disposição."
Na primeira parte deste artigo, Mauro Chaves, no Estado de S.Paulo de hoje, se bate contra um aspecto que os eleitores de Lula têm rejeitado veementemente (como desimportante) ou então considerado infundado por ser uma mera cobrança das "elites": o manejar sofrível que o candidato faz da língua. Há semanas, venho tendo embates com Leitores por essa e por outras questões - que particularmente considero fundamentais (eles, não).
O mesmo Mauro Chaves, aliás, conclui com muita propriedade: "Do jeito que vai, daqui a pouco a simples menção às palavras idioma ou diploma, neste país, pode dar cadeia..."
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Julio Daio Borges
12/10/2002 às 11h10
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Tomar o poder
Mais um da minha coleção de guardados. Também de setembro (ó Leitor, me desculpe se hoje estou muito out of date). O assunto agora é "hackerismo" (ou o que quer que isso signifique). A página a qual me refiro vem com uma manchete alarmante: "E se os hackers se unirem e tomarem o poder?".
Primeiro que não vão se unir. Segundo: qual interesse que eles têm em "tomar o poder"? É como perguntar ao pichador se ele quer ser dono do muro o qual acaba de grafitar; ou então da casa, do prédio, do imóvel que recebeu sua assinatura [prometo que é o último itálico que coloco].
Mexe um pouco também com as utopias nas quais pessoalmente não acredito. Há algumas semanas, critiquei os movimentos típicos do "underground internético" e alguns MetaFóricos ficaram bravos comigo. Acho que uma revolução - se houver - não passa por aí.
Pepare o estômago:
"Os hackers atuais organizam-se em milícias, prontas para promover uma guerra contra a Web. Na verdade, essa nova tribo de hackers tem em mente algo mais do que somente manipular mensagens do Hotmail ou brincar com os artigos do jornal USA Today.
"Hackers maldosos estão apropriando-se de contas de usuário no site eBay e promovendo leilões falsos. Piratas desonestos estão invadindo bancos de dados do governo e roubando números de inscrição de previdência social de funcionários federais.
"Obviamente, os hackers mais assustadores não são adolescentes com espinhas no rosto tentando faturar uns trocados a mais para comprar tabletes de chocolate e tubos de Acnase. Os piores mesmo são os radicais, cujo objetivo é desmantelar a própria estrutura da Internet."
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Julio Daio Borges
10/10/2002 às 14h05
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Have a Book in You?
Joseph Epstein escreveu no New York Times que mais de 80% dos norte-americanos deseja ardentemente publicar um livro. Em vez de encorajá-los, como todo bom escritor, fez justamente o contrário: tentou convencer seus leitores de que o desejo é apenas uma tentação fácil de se resistir. (Pena que seus argumentos sejam fracos e ele se repita muito...)
O artigo intitula-se "Think You Have a Book in You? Think Again" [Pensa que tem um livro dentro de você? Pense mais uma vez]. E digamos que essa é uma das melhores coisas do texto. Outra é a lembrança a Samuel Johnson: 'There, in every human heart, a desire of distinction, which inclines every man to hope, and then to believe, that nature has given himself something peculiar to himself.' [Há, no coração humano, um desejo de distinção, que inclina todo homem para a esperança, e para a crença, de que a natureza lhe conferiu algo de especial.]
"Why should so many people think they can write a book, especially at a time when so many people who actually do write books turn out not really to have a book in them - or at least not one that many other people can be made to care about? Something on the order of 80,000 books get published in America every year, most of them not needed, not wanted, not in any way remotely necessary.
"The search for personal significance was once nicely taken care of by the drama that religion supplied. This drama, which lived in every human breast, no matter what one's social class, was that of salvation: Would one achieve heaven or not? Now that it is gone from so many lives, in place of salvation we have the search for significance, a much trickier business. If only oblivion awaits, how does one leave behind evidence that one lived? How will one's distant progeny know that one once walked the earth? A book, the balmy thought must be: I shall write a book."
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Julio Daio Borges
10/10/2002 às 13h33
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Ego Surfing
Foi assunto da coluna do Dr.Ink, no Poynter.org. Atire a primeira pedra quem nunca praticou ego surfing. Trata-se do ato de visitar a página de um mecanismo de busca qualquer (digamos, do Google) e digitar o próprio nome para ver o que acontece.
Por enquanto, não tem nenhuma contra-indicação. Embora possa viciar. Antes de saber que o termo já existia, eu costumava procurar as referências ao Digestivo Cultural através desse método. (Aqui há um exemplo do que acontece. Acredito que funciona melhor entre aspas.)
"One of Dr. Ink's favorite stories comes from Greek mythology. In the story, Narcissus rejects the love of Echo. Instead, he spends his time admiring the beauty of his own reflection. The gods turned him into a flower, which still bears his name. An online form of narcissism has taken shape. According to Doc's friend and colleague, the modest Chip Scanlan, it is called 'Ego Surfing.'
"Unlike Libido Surfing, which provides instant gratification, Ego Surfing takes time and patience. Many links are repetitive, misleading, out-of-context, lapsed, or inaccurate. But there are also great surprises, as when [my friend] Clark learned that his '30 writing tips' had been translated into Italian, or that a group of Latin teachers were sharing one of his essays."
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Julio Daio Borges
10/10/2002 às 13h24
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No TV
Ainda vai chegar o dia em que, como os fumantes, as pessoas vão tentar parar de assistir televisão. Seus filhos, então, perguntarão (exatamente como seus pais perguntaram a seus avós fumantes): - Mas se vocês sabiam que isso não prestava, que fazia mal e tal, por que se deixaram viciar? / - Ah, naquela época ninguém sabia que fazia mal. Era uma brincadeira, uma coisa boba...!
Pois é, Steven Spielberg e Tom Cruise decidiram se antecipar um pouco. Estão apoiando o movimento "No TV" e restringindo as horas de televisão de suas respectivas proles. Até faz sentido execrar a tevê que, como todo mundo sabe, é uma porcaria mesmo - mas impor cotas? Lembra mais o velho paternalismo de querer isolar os filhos do mundo real, dos problemas, das contrariedades:
"Cruise, de 40 anos, que - juntamente com Nicole Kidman - adotou dois filhos, Isabella e Connor, em meados da década de 1990, afirmou que impõe limites rigorosos às ciranças. 'Realmente não gosto que meus filhos vejam muito televisão. Eles podem assistir à TV três horas e meia por semana, mas somente se estiverem indo bem na escola. Nós nos concentramos na leitura, muita leitura', disse ele.
"Spielberg disse que sua casa, em Pacific Palisades, a oeste de Los Angeles, freqüentemente fica cheia de crianças - ele e a atriz Kate Capshaw têm cinco filhos - mas a regra continua a mesma para todos: 'Uma hora de TV por dia, mas somente se eles cumprirem as condições', disse o mais bem-sucedido diretor de entretenimento para crianças de Hollywood, inclusive o filme ET."
Deu hoje, no Estadão.
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Julio Daio Borges
8/10/2002 às 17h05
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Who whatches the watchers?
Trata-se de uma indicação do Edu Carvalho (clique aqui para aumentar). Ilustra perfeitamente a minha teoria sobre blogs: se todo mundo se meter a escrever, quem vai estar do outro lado para ler? Ou na tradução do título (acima): "Quem observa os observadores?"
O autor da piada é, me informa o Edu, Tom Tomorrow, responsável pela back page da New Yorker. Ironicamente, isso saiu de um blog: This Modern World.
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Julio Daio Borges
8/10/2002 às 16h50
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Cubo Branco
O Cubo Branco indica o Digestivo Cultural em sua lista de recomendados, na categoria "projetos, sites de arte e galerias":
"O CUBO BRANCO nasceu em 1996, um tempo em que sites de arte no Brasil eram praticamente inexistentes, com o objetivo de divulgar o trabalho de novos artistas contemporâneos brasileiros, tanto na rede, quanto fora dela. Até 1998, abrigou projetos de arte exclusivos para a internet, e ajudou a criar sites de artistas e grupos de artistas.
"Diferente de quando foi criado, o CUBO BRANCO agora não pretende ser imparcial - muito pelo contrário! Acredita que é fundamental assumir e defender um ponto de vista, privilegiando aquilo que valoriza. Qualquer projeto similar, por mais que se declare abrangente e imparcial na seleção dos assuntos / artistas apresentados, acaba sendo sempre apenas uma amostragem parcial (e muitas vezes tendenciosa) de um universo enorme de possibilidades. O que vocês verão aqui será desde o início assumidamente parcial, sendo esta seleção guiada exclusivamente pela nossa opinião."
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Julio Daio Borges
8/10/2002 às 16h43
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Filas
Gastei mais de duas horas para votar. É um absurdo que o voto seja obrigatório, e mais absurda ainda a falta de estrutura. Muitas pessoas que não tinham a menor idéia em quem votar. Prato cheio para a boca de urna. E algumas pessoas demoravam até dez minutos para votar. Sinceramente, eu gostaria muito de ver os políticos e juízes esperando na fila, em pé, como eu, durante mais de duas horas. O tempo todo eu me lembrava do filme Salvador, o martírio de um povo. Na película, um jornalista norte-americano que uma democracia em que as pessoas são obrigadas a votar não é democracia...
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Gian Danton
6/10/2002 às 17h02
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Cidade de Deus
Acabei de assistir ao filme Cidade de Deus. O filme é tudo que dizem, e um pouco mais. Certamente o melhor filme nacional que já assisti (e olhem que gosto de filmes nacionais). A direção é fantástica, assim como o roteiro. Um roteiro perfeito, em que tudo se encaixa nos mínimos detalhes. E, ao contrário do que eu imaginava, não é um filme deprê. É até divertido. Vale a pena ver.
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Gian Danton
5/10/2002 às 22h01
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Internauta marqueteiro
A campanha eleitoral nos resumiu, brasileiros, a meros consumidores de candidatos e às suas quinquilharias eleitoreiras, vendeu-se de tudo neste moderno Vietnã eletrônico, de candidatos e intensa pregação politico-partidária a bonés.
Trechos:
"No site do PT, também foi destaque a Lojinha virtual, que vende bonés, brincos, camiseta, estrelas e outros produtos ligados à campanha, e os cartões eletrônicos. "Trouxemos para o site alguns conceitos que já são vitoriosos na internet comercial. Essa foi uma forma bacana de espalhar material pelo país e fazer uma panfletagem virtual", afirmou um coordenador do site de Lula".
"Com mais espaço e agilidade que outros veículos, a rede foi transformada pelos marqueteiros políticos em um laboratório para novas experiências e em mais um campo de batalha das campanhas".
Leia a íntegra por Eduardo Cucolo para a Folha Online.
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Waldemar Pavan
4/10/2002 às 23h33
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