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Sexta-feira,
10/8/2007
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Redação
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Um jornal que pensa ão?
Alexandre Inagaki, em mais uma campanha de utilidade pública, lincando pra nós (porque eu também já falei sobre isso aqui...)
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Julio Daio Borges
10/8/2007 às 18h12
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Paisagens de Eustáquio Gomes
Li por esses dias o livro Paisagem com neblina e buldôzeres ao fundo (Geração Editorial, 2007, 151 págs.), de Eustáquio Gomes. Já soubera antes da existência de livros com o que podem ser contos disfarçados de capítulos de um romance, e também de romances fragmentários, romances autobiográficos, mas nunca havia lido um romance autobiográfico com alguns capítulos passando-se muito bem por contos, outros por crônicas, um sendo trechos de diário, e outros (e todos), finalmente, por capítulos de um romance autobiográfico. Graças a Eustáquio, pude ter essa experiência.
Quando falo de capítulos que muito bem poderiam ser contos, tenho em mente, por exemplo, aquele "Sabiá na madrugada" que começa à página 71, do mesmo jeito que uma crônica-capítulo seria "Pânico", que vem imediatamente após o conto-capítulo. Ou seriam capítulo-crônica e capítulo-conto? Tanto faz? Porque esse livro de "cromos" - como o autor mineiro lotado em Campinas denomina as peças do romance - tem desses mistérios, e faz a gente pensar até que limites uma obra ficcional ou autobiográfica pode ir.
Paisagem..., quarto romance de Eustáquio, é dividido em quatro partes. A primeira, são os causos da infância do narrador-autor no povoado mineiro de Campo Alegre. A segunda, sua juventude em Campinas, onde lemos como aquele personagem, com a cara e a coragem, disse a um editor que havia escrito um livro de contos e queria publicá-lo, sendo que na verdade não tinha escrito nenhuma linha, e quando o editor lhe deu quinze dias para apresentar a obra, teve que, nesse período, escrever um conto por dia - o que resultou no livro Mulher que virou canoa (1978); suas saudades de aspectos da infância; seu emocionante diário em quatro páginas que acompanha o definhamento e a morte da mãe.
A terceira parte, "Fragmentos de um romance de juventude", é exatamente o que diz o título, e traz Nico Pereira, alter ego de Eustáquio, que em Campinas trabalha numa sorveteria, num bar e tem a primeira experiência sexual (no bar, aliás). A última parte é "A viagem de volta", para rever personagens e locais da infância, em Campo Alegre. Mas é uma viagem rápida essa, quase uma escala, ainda assim deliciosa de se ler.
Eustáquio é uma das descobertas mais agradáveis que já fiz no campo da literatura brasileira. Coloco com muita tranqüilidade seu livro ali na estante, ao lado de Graciliano Ramos, Dyonelio Machado, Caio Fernando Abreu, Milton Hatoum e outros. É muito bom ser um contemporâneo seu. No futuro, os brasileiros que ainda terão algum tempo para desperdiçar com literatura dirão como teria sido bom ser contemporâneo de bons escritores como Eustáquio Gomes e Milton Hatoum. Da mesma forma que, mundo afora, dirão, como deve ter sido excitante viver nos mesmo dias que Coetzee e Philip Roth, e ter a chance de ler seus livros tão logo eram publicados.
Não vejo a hora de ter em mãos A febre amorosa, romance de 1984 desse sujeito que, como define, "comete livros". No ano em que eu estava nascendo, ele aparecia com o que alguns consideram um dos melhores romances brasileiros do século passado, e que mereceu uma tradução na Rússia. Não vejo a hora.
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Paisagem com neblina e buldôzeres ao fundo
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Daniel Lopes
10/8/2007 às 16h36
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Os Jornais Acabam? VI
Acho que os jornais podem acabar, principalmente pelo fato de terem se tornado uma indústria cheia de "compromissos" econômicos. O que mais me preocupa é a função. O jornalismo irá sobreviver onde? Espero que a internet e as novas tecnologias avancem como meio e ambiente onde ainda seja possível um jornalismo livre, independente, mais compromissado com a verdade do que com os anunciantes e patrocinadores.
Gildemir Paixão Lima
Belo Horizonte/MG
Não acredito que os jornais impressos tendam a acabar, ainda mais se considerarmos que a sua importância aumenta à medida em que aumenta o nível de escolaridade da população. Ainda que, momentaneamente, no caso brasileiro, estejamos experimentando um decréscimo nas tiragens dos meios impressos de comunicação e, também, a concorrência dos meios eletrônicos seja uma realidade que vá inclusive se ampliar, em um futuro mais imediato, creio que a permanência dos jornais e dos meios impressos em geral estará garantida. Ainda mais num futuro - que esperamos que não esteja ainda tão distante - de expressiva melhoria do nível socioeconômico e educacional da população brasileira. O fato é que o meio impresso de comunicação (jornal, revista, etc.) cumpre um papel insubstituível para quem deseja um maior aprofundamento da informação, tantas vezes mal apurada e pouco confiável, produzida pelos meios eletrônicos (televisão, internet), até pela necessidade, característica destes últimos, de competir em velocidade e agilidade de informação. Estas mídias (impressa e eletrônica) são, portanto, complementares, e o serão ainda mais num futuro de aprimoramento intelectual e educacional da população, em que, provavelmente, caberá aos meios eletrônicos a primazia do "furo", da notícia em primeira mão, da agilidade jornalística, enquanto aos meios impressos será cada vez mais reservado um papel analítico da informação, de aprofundamento da reflexão e do debate, indispensáveis à ininterrupta evolução socioeconômica, política e cultural das sociedades humanas.
Rodrigo Carneiro Campello
Rio de Janeiro/RJ
O jornal não desaparecerá, assim como o rádio e o cinema não desapareceram com a televisão. Mas, obviamente, o jornal terá de se adaptar aos novos tempos. É claro que ele perderá, como está perdendo, a agilidade e a atualidade da informação. Porém, poderá - e deverá - aprofundar-se mais nos temas, contar com profissionais mais qualificados e mais bem remunerados. Não se pode esquecer que o jornal comercialmente ainda é mais viável que a internet, por exemplo. Ele atrai um volume bem maior de patrocínio. Por quê? Pela sua forma, pela facilidade de manuseio. Pela não necessidade de energia para fazê-lo "funcionar". Você passa de uma página a outra, de uma imagem imensa a outra em centésimos de segundo. E ainda é mais prático. No dia em que você vir um sujeito levando o laptop para o banheiro para ver as notícias, aí os jornais começarão a correr perigo. Como faturam mais, os jornais podem pagar mais e atrair os profissionais mais destacados. Bem, esse ainda é o quadro.
Odir Cunha
São Paulo/SP
A resposta é SIM. É claro que os jornais, como existem hoje, podem acabar. Os jornais são simplesmente um veículo de transmissão de informação em massa para os humanos. Nas próximas décadas deste século XXI, não é ficção científica contemplar nanodispositivos que estarão implantados em nossas regiões sensoriais e que proporcionarão conexão sem fio com a Internet, disponibilizando uma vasta quantidade de informação em massa com um gasto MUITO menor de energia do que os processos que hoje produzem os jornais (papel, tinta, energia para tocar as impressoras, etc.). Portanto, por um critério simplesmente evolutivo, obteremos mais e melhor informação com um gasto menor de energia, e as novas tecnologias de transmissão tornarão as atuais obsoletas. Quando essas "singularidades" ocorrem, o "pulo" para a próxima "curva em S" em qualquer processo evolutivo, é comum encontrar resistências saudosistas daqueles que lucram com o status quo... Se quiserem um exemplo real e atual para comparação, pensem na transmissão de informação em formato de música, e considerem o LP, depois a fita cassete, depois o CD, e agora o MP3 e formatos similares, o iPod, entre outros, como mecanismos (e tecnologias) de transmissão... Acho que o paralelo é auto-explicativo e contundente! Obrigado ao Digestivo Cultural e à Editora Contexto pela oportunidade de opinar.
Claudio P. Spiguel
Guaxupé/MG
Como poderia responder apenas sim ou não? É comparar um equipamento eletrônico com uma peça artística... Ano após ano, o "jornal de papel sujo" se mantêm artesanal (e vendável), sem perder o compromisso com o conteúdo. Interessante, não? Apesar disso, há muitos funcionários de jornais desesperados, pelo simples fato de que tudo é possível e por isso há chance dos impressos desaparecerem, mas será que o medo não aumenta a possibilidade? Ora! Faça cada um a sua parte, aprimore sempre o produto pensando no público-alvo e, talvez assim, as novas mídias sejam apenas "concorrentes" ou "aliadas" do veículo. Sou "meio romântica" e, portanto, da opinião de que nada é completamente substituível. No caso dos jornais, acredito que ainda não existe novidade que acabe com as bancas, ou seja, tão charmosamente rústicas, a ponto de findar como este, cada vez mais rotundo e colorido, bloco de informações. Mas, veremos!
Juliana Oliveira
Petrópolis/RJ
[Feedbacks dos Leitores do Digestivo à Promoção]
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Julio Daio Borges
10/8/2007 às 14h35
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Papo com Alessandro Martins
Em foto de Alicia Ayala
"Hoje a internet brasileira é uma internet de quermesse: tem o padre, o louco da praça, as beatas, o prefeito. Todo mundo se conhece e ninguém solta um 'pum' sem que o outro saiba. Na Web brasileira ainda somos uma província. Se uma cidade é pequena, a economia dela é pequena também; o mesmo vale para a nossa internet. Não que não haja muitos usuários nela: são milhões deles. Mas os que fazem um uso realmente ativo da Web, aproveitando boa parte de seus recursos, ainda são poucos."
1. Como é tocar três (ou mais, eu não sei) blogs ao mesmo tempo?
É divertido. Só escrevo sobre o que gosto. Atualmente tenho quatro blogs.
O primeiro foi o Cracatoa Simplesmente Sumiu, desdobramento do site original que terminou e onde escrevo minhas crônicas. Um projeto mais literário.
Depois veio o Alessandro Martins - Livros e afins, que começou sem uma vocação específica, mas que acabou se especializando em livros. Creio que esse tem agradado bastante porque não falo de literatura especificamente, mas do relacionamento que as pessoas têm com os livros. E é um relacionamento que gera muitas paixões. De todos os tipos.
A seguir, criei o Um investidor Iniciante na Bolsa de Valores, pois achei legal compartilhar meu aprendizado nesse tipo de investimento ao mesmo tempo em que gero renda com o blog. Aprendo, metabolizo e registro o que aprendi, ensino e lucro.
O mais recente é o Queroterumblog.com!, em que pretendo falar desse assunto tão interessante que são os blogs, ajudando velhos e novos editores. Esse é uma parceria com a empresa de comunicação Ideal Case.
Apesar de ser divertido, escrever nestes quatro blogs exige disciplina. Tenho um compromisso comigo mesmo de publicar pelo menos um artigo a cada dois dias em cada um deles. Mas tenho conseguido dar conta do recado tranqüilamente e, julgo, com alguma qualidade.
Mas você deve saber que cuidar de um blog não é apenas publicar. Você precisa interagir com os comentaristas, participar de discussões em outros blogs, ler muito, cuidar da arrecadação, das estatísticas. É um trabalho e tanto, mas muito prazeroso por se tratar de uma coisa sua.
Por isso, mesmo com todos esses blogs, ainda quero lançar um outro, com conteúdo adulto. Primeiro porque é um mercado que movimenta muito dinheiro no exterior e logo vai ser assim por aqui também. Quem chegar na frente com seriedade só tem a ganhar. E segundo porque é um assunto de que gosto e com o qual me divertirei bastante.
2. Você é sério candidato a se tornar o primeiro blogueiro profissional do Brasil?
Creio que muitos outros blogueiros podem reclamar este posto para si. Dependendo do critério que você usa, será um ou outro. Até a Bruna Surfistinha. Afinal, o blog dela deve ter rendido, direta ou indiretamente, muito dinheiro.
Porém, eu estou longe de ser um editor profissional de blog. Minha postura é profissional, mas o rendimento ainda não é. Digamos que estou no meio do caminho que há entre o ponto em que os blogs se pagam com muita sobra e o ponto em que eles garantem o meu sustento, da minha casa e da minha família. Mas tenho certeza de que vou chegar lá.
Para os meus critérios, no entanto, o primeiro blogueiro profissional do Brasil é o Bruno Alves. Além de ter uma parte significativa de seus rendimentos vindos do blog BrPoint, ele tem uma postura profissional, com responsabilidade pela informação e atenção aos leitores.
3. Blog dá dinheiro? (O que acha desse pessoal que vive dizendo que não dá?)
Blog dá dinheiro. Porém, o pessoal que diz que não dá dinheiro está momentaneamente certo.
Hoje a internet brasileira, a em língua portuguesa, é uma internet de quermesse ainda. Tem o padre, o louco da praça, as beatas, o prefeito. Todo mundo se conhece e ninguém solta um pum sem que o outro saiba. Ainda somos uma província. Se uma cidade é pequena, a economia é pequena. O mesmo vale para internet brasileira. Não que haja tão poucos usuários assim. Mas milhões deles. Os que fazem uso ativo dela, aproveitando boa parte dos recursos que ela oferece, são poucos.
O reflexo disso se vê na publicidade. É só dar uma pesquisada no AdWords e ver a diferença entre o preço de anúncios de palavras-chave em português e o de palavras-chave em inglês. Fica bem claro. Uma publicidade de melhor retorno para o anunciante e para os sites depende do crescimento de um público que saiba usar a internet.
Tinha uma praça aqui em Curitiba onde, de madrugada nos fins de semana, barraquinhas de cachorro-quente, dezenas delas, vendiam para quem passava por ali. Mas eram poucos clientes para muitas barraquinhas. Eu e um amigo chegamos à conclusão de que elas vendiam umas para as outras, para não ir à falência. Não chega a tanto, mas estamos quase assim na internet brasileira.
Mas é bobagem pensar que isso não vai mudar e que o mercado de publicidade na internet não vai crescer. Aí o pessoal que diz que blog não dá dinheiro vai ficar com a mesma cara do sujeito que quase empresariou os Beatles ou a daqueles que ficaram tirando sarro dos primeiros caras que foram para o Klondike atrás de ouro, imaginando o que aquele povo iria fazer naquele frio. Pioneirismo tem disso. Sempre tem os que preferem dizer que não vai dar certo.
4. O Interney Blogs, e o seu objetivo de remunerar os blogueiros do portal, foi um marco nesse sentido?
Foi um marco para a produção de crônicas em primeiro lugar. Todos os blogs escolhidos pelo Inagaki, parceiro do Edney de Souza na idéia, são de excelente qualidade. Todos eles já tinham seu público formado e em crescimento e creio que, juntos, estão mais fortes. Talvez alguns dos autores nem tivessem a idéia de remunerar, merecidamente, seus escritos. Talvez eles venham de um período mais romântico dos blogs, de cinco ou mais anos atrás. Os textos são mais pessoais, em um sentido literário. Por experiência com o Cracatoa Simplesmente Sumiu eu sei que esse tipo de produção é mais difícil de se remunerar, seja lá qual o método de arrecadação que se adote. Então eles ganharam todos. O Edney por ter conteúdo de qualidade e por associar seu site a algo tão nobre quanto a crônica e a bons autores de internet. E os blogueiros por estarem agora em um site que os paga e lhes dá ainda mais visibilidade.
Porém, acredito que o maior marco na relação que há entre dinheiro e blogs foi a descoberta do AdSense pelos blogueiros. Isso mudou em muito o perfil dos blogs nacionais. Basta ver um ranking qualquer. Por exemplo o do BlogBlogs. Veja quantos dos blogs listados entre os primeiros são de crônicas ou pessoais. Os que há são os do Interney, se tanto, e outros gatos pingados. De resto, a maioria são de blogs mais agressivos do ponto de vista técnico, seja no que diz respeito à especialização, seja no que diz respeito ao uso de técnicas para melhorar a posição nos sites de busca como o Google. Eu tinha dúvidas quanto à legitimidade delas, mas como diz um amigo meu, no xadrez não se pode deixar de usar o cavalo só porque ele anda em L. É a regra do jogo.
5. Quando você comecou a blogar? E como foi a sua trajetória até se tornar conhecido na blogosfera?
Eu comecei a editar blogs em 2001. Eu criei um blog chamado Cracatoa Simplesmente Sumiu, no brasileiro Weblogger. Mudei para o Blogspot e depois criei uma conta no Livejournal. E eram blogs pessoais mesmo. Eu nem imaginava as possibilidades dessa ferramenta. Hoje é tão óbvio que chega a ser absurdo. E fui levando assim. Até que, em 2004, o Paulo Polzonoff Jr. me convidou para escrever uma coluna no blog dele. Passei a levar mais a sério e com mais disciplina o ato de escrever. Finalmente, incentivado pela fotógrafa Alicia Ayala - que em contrapartida incentivei a fotografar - criei o site Cracatoa Simplesmente Sumiu (do qual mantenho o conteúdo antigo). Note que fazíamos questão de enfatizar que não se tratava de um blog. Não gostávamos da idéia. Achávamos que blogs eram coisas menores. Enfim, o site - que gerenciávamos com Movable Type, ferramenta notoriamente de blogs - acabou e hoje o endereço é um blog. E a ele se juntaram outros três. Por enquanto. Até o momento, o meu site mais conhecido é o Alessandro Martins - Livros e Afins, que, por ter nascido como blog, rapidamente superou o site Cracatoa. A Alicia, por sua vez, é hoje uma das editoras da revista de fotografia, ilustração e design IdeaFixa.
6. Quais são os numeros dos seus empreendimentos? Você pode revelar alguns (visitantes, pageviews, e-mails, comentários etc.)?
Creio que o número que mais revela a saúde de um blog é o número de comentários. Se seu site tem bom número de visitantes, boa arrecadação, mas poucos comentários, creio que há alguma coisa de errada com ele. No futuro, você pode ter problemas. E é desse número que mais me orgulho no momento. Recebo comentários não só para os posts novos, mas também para artigos antigos. Isso indica que quem chega através dos mecanismos de busca gosta do que vê. Esse tipo de leitor gera mais links, que gera mais resultados de busca, que geram mais arrecadação. Algumas vezes são quarenta comentários por dia somando todos os sites. Nunca menos que vinte. Isso me dá um certo trabalho, pois mantenho a política de responder a todos.
7. Não acha que existe uma pressão meio velada, hoje, para se postar cada vez mais?
Existe, mas acho que essa histeria vai ser superada rapidinho, assim que os editores perceberem que o principal é produzir material original e de qualidade. Não basta reproduzir a notícia do momento para ter sucesso ou pinçar coisas do Digg ou do del.icio.us. Tem que ter ponto de vista, experiência pessoal, tempero e substância, conversa com o leitor. E fazendo isso com constância e disciplina, sabendo divulgar o seu trabalho, basta um post por dia. Ou a cada dois dias. E, depois, ninguém tem tempo de ler tanta coisa. Acho que essa regra só muda para os sites especializados em gadgets ou em alguma outra categoria em que haja profusão de novidades.
8. Quais são os principais defeitos dos blogueiros brasileiros? (Em outras palavras: por que você se destacou e muitos outros, não?)
O blogueiro brasileiro precisa aprender a responder os seus leitores e a usar os links com inteligência. Além das características já codificadas dos blogs - por exemplo, entradas em ordem cronológica inversa - creio que as principais são a possibilidade de diálogo através dos comentários e a presença de links nos artigos, trackbacks ou não. É preciso saber usar os links com inteligência. Um artigo sem link é um artigo em que a energia da internet - a informação - fica estagnada. O leitor quer ser jogado à frente. Ele não quer desligar o computador e ver novela. Ele quer ver o que há por detrás do clique, como aquela história das bonecas russas, uma dentro da outra. E não basta fazer um link para um blog apenas porque ele está entre os mais conhecidos ou escrever um artigo apenas para "oportunizar" esse link esperando a retribuição. Esperar retribuição de links é a maior bobagem. É mais negócio ter convicção do que você está escrevendo e fazer o link para um blog menos conhecido mas que vá acrescentar algo para o seu leitor. Em geral, a retribuição não vem de quem recebeu o link, mas de quem lê o seu artigo. Outra coisa importante é nunca deixar de comentar em outros blogs. E, claro, como blogueiro, desenvolver uma inteligência de comentarista, nunca perdendo uma oportunidade de ficar quieto quando não há nada a dizer. Quem adotar práticas como essas vai sair na frente. A blogosfera brasileira está só no começo. É o momento.
9. Quem são suas admirações na blogosfera em geral, e por quê?
O Bruno Alves pelos motivos que citei acima e o Paulo Polzonoff Jr. por sua atual reserva e qualidade habitual. Depois deles, eu poderia citar uma lista enorme de gente de que eu gosto...
10. Pensa que a blogosfera pode, um dia, substituir a midia estabelecida? (Nem em termos de audiência? Como o New York Times compete com milhões de blogs?)
É difícil dizer o que vai acontecer. Mas podemos esboçar um panorama usando o seguinte raciocínio: As pessoas absorvem informação de acordo com certos hábitos. Hábitos se formam na juventude. Vamos chutar números: Entre os 10 e os 20 anos de idade. Antigamente, as pessoas estavam habituadas a receber informações através dos jornais, revistas e, mais recentemente, portais da internet. Em algum momento de sua vida essas pessoas se habituaram a isso e levarão esse hábito até o fim de seus dias. Acontece que hoje em dia não vejo muitas pessoas entre 10 e 20 anos de idade lendo jornais ou revistas. O que eles estão lendo? O que eles estão vendo? Responda essas perguntas e você começa a matar a charada de como vai estar essa história...
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Julio Daio Borges
10/8/2007 às 12h34
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Nasceu
Das cinzas. Quando deixei a Estante de Livros definhar, pensei que estivesse fazendo um bem para mim. Mas, na semana passada, comecei a tramar um novo blog. 5 anos depois do primeiro post da Estante. Vou te contar, hein? Remendo é o que mais se faz neste país. Talvez com as palavras eu ainda seja boa de costura. Blog de mulherzinha?
Ana E, no seu remendo, que, claro, linca pra nós.
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Julio Daio Borges
10/8/2007 à 00h39
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Auto-afogando-se em números
Na coluna anterior, fiz revelações bombásticas sobre o meu hábito de leitura. Digo que as revelações foram bombásticas porque a reação de amigos, familiares e conhecidos me deu bons motivos para risadas durante essa semana. Uns me olharam torto por acharem que não meti pau na literatura de auto-ajuda como deveria. Outros por acharem que meti pau mais do que deveria. E outros ainda decepcionados por eu assumir que leio livros de auto-ajuda. Talvez eu até tenha perdido alguns pontos aí. Acho isso uma bobagem tremenda. Mais importante do que o título do livro que se lê é o que se faz com essa leitura, seja ela de tratados gastronômicos, cânones da literatura ou da Seleções do Reader's Digest (que, aliás, eu detesto).
Sim, confesso, eu leio auto-ajuda. Leio auto-ajuda, teorias acadêmicas, histórias em quadrinhos, pesquisas científicas, literatura e o que mais cair nas mãos e tiver um primeiro parágrafo instigante. Como diria um velho sábio chinês, "eu não tenho preconceitos, odeio a todos igualmente". Mas antes de odiá-los, eu pago para ver. Ou melhor, não pago. E aí vai outra confissão: eu leio livros de auto-ajuda, mas nunca tive coragem de gastar dinheiro com um. Caiu na mão, eu leio, mas não contribuo com a auto-ajuda financeira do editor.
O fato é que certo dia eu acabei me embarafustando na livraria de um shopping perto da minha casa. Não estava a fim de um livro de auto-ajuda, mas de literatura mesmo. Saí sem livro nenhum e com um embrulho no estômago ao me dar conta de que não há mais prateleira de auto-ajuda ali. A livraria inteira é uma prateleira de auto-ajuda.
A livraria, no caso, é a Leitura, do shopping Del Rey. A Leitura sempre foi uma das maiores livrarias de BH, e depois que outras livrarias de grande porte sucumbiram na capital mineira, ela tinha tudo para sobressair em termos de qualidade de títulos. Mas não foi isso que aconteceu. Mesmo com uma megastore em outro shopping da cidade, a Leitura afogou-se em números e entregou-se, como outras grandes livrarias do Brasil, à distribuição editorial de auto-ajuda. Na loja em que entrei, encontram-se todo o tipo de item de papelaria e bugigangas, além de estandes e mais estandes de livros dessa linha.
No primeiro estande, pode-se escolher entre vinte títulos de auto-ajuda internacional. São Josephs, Dorotys, Johns, Toms e toda a nação norte-americana com seus aprendizados vazios e ensinamentos de vida.
Já o segundo estande é destinado à auto-ajuda empresarial. E aí você pode aprender a se tornar um líder, fazer amigos, conquistar seu chefe, liderar equipes, vencer no trabalho e na vida, enriquecer juntos e por aí vai.
O terceiro estande é destinado à fofoca de auto-ajuda, ou às histórias de vida pitorescas e inúteis: uma prostituta de alta sociedade que faz sucesso no mundo virtual, a mulher que conta como perdeu o marido para a referida prostituta, a gordinha que se assume para a mãe, a mulher de 30 anos que não casou, a mulher que perdeu o filho, o filho que perdeu a mãe, o filho da mãe que... ops.
Quanta originalidade!
E depois de conseguir passar por todos esses estandes sem ser engolida, ainda encontro, mais à frente e finalmente, uma estante com a plaquinha "auto-ajuda". Valha-me! E os outros todos eram o quê, então?
Continuemos a saga: a estante era enorme. Interminável. E os itens ali eram de auto-ajuda espiritual e religiosa. Ou seja, chegou o momento em que o volume de títulos de auto-ajuda é tão grande que é preciso subdividi-los em categorias.
Eu não nego o lugar dos livros de auto-ajuda. Só reivindico a estante da literatura brasileira que, no caso desta livraria, é minúscula e muito mal organizada. Difícil é encontrar livros de novos autores brasileiros ali.
Não é possível que os títulos de auto-ajuda engulam todo o resto de uma livraria e de um mercado editorial. E aqui, eu repito o que disse antes, o problema não está nos livros, mas no leitor. É ele quem deve diversificar a própria leitura e cobrar essa diversidade de títulos das livrarias e das editoras também.
Enfim, pelo menos há, em Belo Horizonte, a livraria Ouvidor e outras menores, do tipo "livraria-café", como a Dom Quixote e a Travessa, para acolherem essa minoria étnica que são os que compram livros de literatura. E os que não gostam de best-sellers, como eu.
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Postado por
Pilar Fazito
9/8/2007 às 19h08
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Admirável mundo novo — teatro
Eis uma matéria no Correio Brasiliense sobre a peça que estou adaptando com a diretora teatral Míriam Virna — Admirável e só para Selvagens — a partir do romance Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. Hoje, em Brasília, rolará a primeira leitura pública.
Para mais informações, clique aqui.
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Yuri Vieira
9/8/2007 às 09h12
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Um blog sem conteúdo
Fico intrigada com a tal da "respeitabilidade" do papel, por mais que saiba que isso é a pura realidade... E a Olivia fala da "ergonomia" do ato, que ler em papel é mais confortável... Acho que ando passando muito tempo em frente ao micro... Penso também no alcance do papel, que chega nos cafundós, vai de correio, sedex etc. Mas como eles ficam sabendo do livro sem a Web? Complicado.
Charô, que comenta no Branco Leone, que linca pra nós.
[1 Comentário(s)]
Postado por
Julio Daio Borges
9/8/2007 à 00h33
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Cursos livres para jornalistas
"Técnicas e Planejamento em Assessoria de Imprensa (Módulo Avançado)"; "Como elaborar e apresentar propostas e contratos - Assessoria de Imprensa"; "Jornalismo On-line"; "Redação Criativa" e "Assessoria de Imprensa (Módulo Básico)" são alguns dos cursos de aprimoramento profissional oferecidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), criados a partir de sugestões dos próprios profissionais da imprensa, que, ao final de cada curso, respondem a um questionário de avaliação.
Seu Departamento de Formação tem parcerias com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), a Escola de Comunicações e Artes da USP, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o IPSUS - Instituto Pró-Sustentabilidade, Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico e Ação Educativa. Nesse mês, ainda é possível se inscrever nos cursos "Como elaborar e apresentar Propostas e Contratos - Assessoria de imprensa", " Técnicas e Planejamento em Assessoria de Imprensa (Módulo Avançado - Noturno)" e "Introdução à Assessoria de Imprensa (Módulo Básico)".
O curso "Assessoria de Imprensa (Módulo Básico)" se inicia no dia 25 e termina no dia 06 de outubro. Serão 30h de aulas aos sábados, das 8h30 às 14h00, destinadas à jornalistas e estudantes do curso. A professora Marli dos Santos, publicitária, jornalista, mestre em Comunicação Social pela UMESP (Univ. Metodista) e doutora em Ciências da Comunicação, núcleo de Jornalismo e Linguagem pela ECA/USP, oferecerá aos participantes um panorama geral da Assessoria de Imprensa nas organizações, capacitando-os para atender seus assessorados e expectativas dos veículos.
O objetivo é analisar o desenvolvimento da assessoria de imprensa no país e refletir sobre a sua importância para assessorados e a colaboração que presta para veículos, discutir conceitos gerais da atividade e a relação do assessor de imprensa com o cliente e com o jornalista de veículo e também falar sobre formação e o perfil do profissional segundo exigências comuns do mercado. Além disso, a rotina de trabalho desse profissional será apresentada assim como ferramentas comuns para o desenvolvimento das suas atividades. O curso é complementando pela simulação de situações e desenvolvimento de atividades práticas.
Para ir além
Site do SJSP.
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Postado por
Marília Almeida
8/8/2007 às 20h00
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O que é canção, por Luiz Tatit
Para entender, analisar e mergulhar de cabeça no universo da música popular brasileira, nada melhor do que começar pelo começo, pela raiz: O que é canção? Ora, uma pergunta aparentemente fácil de responder, mas que chega a confundir quem pensa que é sinônimo de música. O cantor, compositor e professor titular do Departamento de Lingüística da USP, Luiz Tatit, discorreu ontem sobre a complexidade que existe na criação de uma canção, na primeira aula do curso de MPB do Espaço da Revista Cult. Essa questão já foi até tema de um livro publicado pelo próprio Tatit.
A combinação entre letra, melodia e harmonia não é tão antiga quanto se parece. Aqui no Brasil, a canção nasceu na década de 1920, com a invenção do gravador. Até então, as músicas feitas na época eram muito improvisadas, não havia nada fixo para que todos decorassem e cantassem. Era até freqüente os compositores não decorarem a própria composição, apenas o refrão, o que Tatit chama de "gravador natural", por ser repetido muitas vezes.
Com a possibilidade de gravar, começou uma verdadeira corrida para ver quem fazia a melhor música. "A primeira gravação, 'Pelo Telefone', do Donga, era na verdade vários refrãos que juntaram em uma mesma música. Eram brincadeiras de aliteração, isso jamais poderia ser um modelo de canção", conta. Durante toda década foram feitas tentativas de se chegar a um formato e daí que começou a surgir uma divisão de partes nas músicas, as estrofes e o refrão, e a ser estabelecido esse modelo. "A canção já surgiu como comércio. Com um modelo já definido, começou uma produção em série." Os cantores da época encomendavam as músicas para os compositores, que recebiam por canção.
Luiz Tatit, durante a aula do curso de MPB
Mas o grande "xis" da questão, o que faz uma música ser considerada uma canção, nas palavras de Tatit, é a fala por trás da melodia. Tanto a letra quanto a melodia devem passar a mesma mensagem, como na época em que surgiram as primeiras canções, em que pareciam recados: amorosos, uma bronca ou até uma exaltação. Além disso, canção é diferente de música ou de poesia, pois "não adianta fazer poesia, porque, se ela não puder ser dita, não vira canção. E você pode ter também uma música extremamente elaborada, mas se ela não suscitar uma letra, não tiver entoação, também não é canção". Por isso o termo "cancionista", aplicado naqueles que não são músicos profissionais, mas que sabem compor canções.
Além da entoação e do "sobe e desce" presentes na fala, a melodia recebe influência forte também do ritmo e da letra da canção, estabelecendo uma relação direta com as vogais e consoantes. "A gente tem uma música na fala porque existe vogal. Pode durar mais ou menos tempo, mas são elas que determinam a altura do som, são as vogais que afinam", explica o compositor. Já a consoante representa o corte - da vogal e do sentimentalismo da canção. "Quando a canção é romântica, as vogais duram mais, justamente para você sentir a vibração de cada nota que o cantor está cantando. Uma canção mais rítmica não precisa alongar tanto as vogais, ela quer provocar estímulos de dança."
Se em uma música a vogal dura bastante, esse efeito traz a sensação de que há uma busca e uma distância entre o sujeito e o objeto, por isso simboliza perda, um dos temas mais recorrentes de músicas de amor. Já naquelas canções com uma melodia mais acelerada, sem vogais prolongadas, os trajetos são condensados e não há falta nem necessidade de nada. Daí a razão de as canções com ritmo mais rápido passarem a sensação de alegria e festividade.
O samba é um dos estilos musicais que mais respeita a entoação da fala, pois tem um ritmo quebrado, ou seja, que não se encaixa nos compassos quadrados de uma música convencional, se assemelhando ao que é a fala, que não respeita nenhum padrão, pois é natural. E o rap, pode ser considerado uma canção? Ao contrário dos que dizem que o rap simboliza o final dos tempos na música, Tatit polemiza ao dizer que é uma canção pura. "É como se a canção chegasse em sua raiz, pois é alguém falando, com algumas organizações de métrica. O rap quer passar mensagens e, para isso, é necessário aproximar ao máximo da fala", justifica.
Apesar de existir um modelo, um padrão de canção, vem à tona uma pergunta: existe alguma fórmula para compor? Bom, não há uma regra, mas Tatit defende a criação de uma faculdade de canção, ou pelo menos de algum departamento específico dentro de uma faculdade de música ou de letras, que, segundo ele, não contribuem na formação de cancionistas. Mas, além da teoria, seria necessário treinar o ouvido e a sensibilidade musical dos alunos. A aula termina com um desafio: "Todos nós podemos ser compositores, afinal, todos nós falamos. Só depende da nossa habilidade de fixar a canção na memória."
Para ir além
Curso de MPB do Espaço da Revista Cult
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Postado por
Débora Costa e Silva
8/8/2007 às 18h13
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