BLOG
Quinta-feira,
17/10/2002
Blog
Redação
|
|
|
|
|
Intellectual tragedy
Philip Roth é certamente um dos maiores escritores vivos. Em 1999, registrei o impacto que me casou a leitura de American Pastoral (Pastoral Americana). Depois dele, vieram I Married a Communist (2000, não me ocorre neste momento a tradução em português), The Human Stain (2001, agora pela Companhia das Letras, como A Marca Humana) e The Dying Animal (2002, lançado logo após o 11 de setembro).
Graças a um providencial link do Pedro Dória, descobri uma recente entrevista de Roth para o jornal Independent. Nela, ele fala de Norman Mailer e do tal "romance americano", de sua trilogia, de Nova York e dos Estados Unidos pós-11 de setembro e, claro, da tragédia intelectual promovida pelo academicismo, pela ideologia, pelo politicamente correto e até pelas novas tecnologias. Ouvi-lo e lê-lo é ter renovadas algumas esperanças.
"To me, New York had become interesting again, because it had once again become a city in crisis, particularly in the weeks that followed [September 11], with everybody waiting for the next explosion. And then there was ground zero, which wasn't called that yet, which was drawing lots of visitors.
"Oh, everything revolts me! Not out of my superiority, and I hope not out of righteousness, but language is always a lie, especially public language. And that's why Norman Mailer and myself and others are trying to counter the untruths, the lies in our writing. Our writing scratches the surface and reveals what's underneath. [...] As regards Bush, the ventriloquists make him speak. His speeches are like an advertising campaign, but I don't know if it's going to work.
"[The realism, or naturalism, in your book is Zolaesque.] Good! But what you're talking about is an integral part of the rehashing in American literature. That's the power of the American novel. Take Norman Mailer, his book The Executioner's Song - a monument - or The Naked and the Dead, where he adopts the great American realist tradition. And without Faulkner and his contorted prose, how could we have imagined the South as it really is? The strength of the American novel is its enormous capacity to bear witness to the place and the moment.
"What I'm trying to bring home is the total absence of intellectual rigour. Students have no idea what it is to think. And what they are taught is absurd. In general, the problem boils down to the way English literature is taught. It's scandalous. Any desire to read that hasn't been destroyed by popular culture, television, films or computers, literature courses have taken care of! It's an intellectual tragedy. All these ideological methods represent is careerism and vanity. There are guys going into their first year at university, they haven't learnt anything in high school, don't even know when the Second World War was, and they get a professor who gives them Foucault to read!"
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
17/10/2002 às 14h00
|
|
Alien
Neste semana, estou para imagens. Essa é obra de HR Giger, criador do Alien (alguém ainda se lembra? alguém ainda se importa?).
Enfim, há mais neste link (meio difícil de encontrar porque em Flash). HR Giger também concede entrevista ao Le Monde (em francês, clique aqui para ler).
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
17/10/2002 às 11h49
|
|
Preto no Branco
Esse cara também é bom e é outro que eu, de vez em nunca, visito; mas visito. O nome é Allan Sieber e ele vive fazendo tiras auto-biográficas (como essa aí de cima).
Para dizer que não é blog (pois tudo é blog hoje em dia), vinga-se, como Nélson Rodrigues, em suas crônicas sobre o dia-a-dia. Tem um traço bastante underground e lembra os gibis que eu lia quando era um adolescente cheio de espinhas.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
15/10/2002 às 21h13
|
|
Kenaum Veste
Eu queria indicar esse sujeito há um bom tempo. O blog dele é uma bobagem; mas na categoria "bobagem" é um dos mais divertidos.
Enfim, o sujeito tira fotos de si mesmo e, em vez de escrever um diário, publíca-as. É bastante criativo e, às vezes, até engraçado. As descrições das cenas são muito importantes (favor lê-las com atenção).
Talvez você nao ache a menor graça. Talvez só ache o sujeito infantil e até meio maricas. Volte, então, outro dia - e depois me diga.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
15/10/2002 às 20h55
|
|
Blogs pensantes
"Este é um dos tais 'blogs pensantes', o q significa q vc deve colocar a mão no queixo quando estiver lendo e assumir que todo e qualquer erro de ortografia é proposital. e-mails e comentários estilo 'eu sou o senhor da verdade e vc está falando merda' também só vão fazer vc parecer ridículo. pq, como todos sabem, o senhor da verdade sou eu, e o meu hábito de me contradizer é só mais uma prova disso. Minhas opiniões às vezes mudam; não o fato de que eu estou sempre certo."
Mais do blogueiro-filósofo (aquele, velho conhecido de vocês; inspiração para as horas em que o Blog trava; como agora).
[E ele insiste em não mandar textos para o Digestivo Cultural...]
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
15/10/2002 às 20h45
|
|
Minha pátria é minha língua
"Por mais que se reconheçam o carisma, a liderança inata e outras inegáveis qualidades naturais de Lula, forçoso é reconhecer, também, que jamais existiu outra figura pública, no Brasil, que desfrutasse de tamanha condescendência crítica por parte dos profissionais da comunicação.
"Se no início, por exemplo, era até justificável que se dispensasse o líder metalúrgico de falar o português correto, com o correr do tempo e de seu grande sucesso, na carreira de líder político, era obrigação da mídia exigir-lhe a aquisição de um preparo correspondente a suas justas ambições de poder.
"Porque há muito tempo, independentemente de formação escolar, com as facilidades oferecidas por novos métodos de aprendizado de línguas, com os sofisticados sistemas audiovisuais, com os inúmeros processos de leitura dinâmica e uma vastíssima oferta de informações culturais, facilmente obteníveis, só se fala mal português por desleixo, preguiça mental ou solene desprezo pelo idioma nacional, consagrado no artigo 13 da nossa Constituição - desprezo esse que, convenhamos, tratando-se de importantes pessoas públicas, constitui um desestímulo ao esforço de aprendizado da juventude em relação à lingua pátria.
"Diga-se o mesmo quanto à nula experiência de Lula em administração pública, o que poderia ser bem diferente se, nestes anos todos, a mídia lhe tivesse cobrado alguma prática administrativa, a ser exercida nos governos e prefeituras petistas que sempre estiveram à sua disposição."
Na primeira parte deste artigo, Mauro Chaves, no Estado de S.Paulo de hoje, se bate contra um aspecto que os eleitores de Lula têm rejeitado veementemente (como desimportante) ou então considerado infundado por ser uma mera cobrança das "elites": o manejar sofrível que o candidato faz da língua. Há semanas, venho tendo embates com Leitores por essa e por outras questões - que particularmente considero fundamentais (eles, não).
O mesmo Mauro Chaves, aliás, conclui com muita propriedade: "Do jeito que vai, daqui a pouco a simples menção às palavras idioma ou diploma, neste país, pode dar cadeia..."
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
12/10/2002 às 11h10
|
|
Tomar o poder
Mais um da minha coleção de guardados. Também de setembro (ó Leitor, me desculpe se hoje estou muito out of date). O assunto agora é "hackerismo" (ou o que quer que isso signifique). A página a qual me refiro vem com uma manchete alarmante: "E se os hackers se unirem e tomarem o poder?".
Primeiro que não vão se unir. Segundo: qual interesse que eles têm em "tomar o poder"? É como perguntar ao pichador se ele quer ser dono do muro o qual acaba de grafitar; ou então da casa, do prédio, do imóvel que recebeu sua assinatura [prometo que é o último itálico que coloco].
Mexe um pouco também com as utopias nas quais pessoalmente não acredito. Há algumas semanas, critiquei os movimentos típicos do "underground internético" e alguns MetaFóricos ficaram bravos comigo. Acho que uma revolução - se houver - não passa por aí.
Pepare o estômago:
"Os hackers atuais organizam-se em milícias, prontas para promover uma guerra contra a Web. Na verdade, essa nova tribo de hackers tem em mente algo mais do que somente manipular mensagens do Hotmail ou brincar com os artigos do jornal USA Today.
"Hackers maldosos estão apropriando-se de contas de usuário no site eBay e promovendo leilões falsos. Piratas desonestos estão invadindo bancos de dados do governo e roubando números de inscrição de previdência social de funcionários federais.
"Obviamente, os hackers mais assustadores não são adolescentes com espinhas no rosto tentando faturar uns trocados a mais para comprar tabletes de chocolate e tubos de Acnase. Os piores mesmo são os radicais, cujo objetivo é desmantelar a própria estrutura da Internet."
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
10/10/2002 às 14h05
|
|
Have a Book in You?
Joseph Epstein escreveu no New York Times que mais de 80% dos norte-americanos deseja ardentemente publicar um livro. Em vez de encorajá-los, como todo bom escritor, fez justamente o contrário: tentou convencer seus leitores de que o desejo é apenas uma tentação fácil de se resistir. (Pena que seus argumentos sejam fracos e ele se repita muito...)
O artigo intitula-se "Think You Have a Book in You? Think Again" [Pensa que tem um livro dentro de você? Pense mais uma vez]. E digamos que essa é uma das melhores coisas do texto. Outra é a lembrança a Samuel Johnson: 'There, in every human heart, a desire of distinction, which inclines every man to hope, and then to believe, that nature has given himself something peculiar to himself.' [Há, no coração humano, um desejo de distinção, que inclina todo homem para a esperança, e para a crença, de que a natureza lhe conferiu algo de especial.]
"Why should so many people think they can write a book, especially at a time when so many people who actually do write books turn out not really to have a book in them - or at least not one that many other people can be made to care about? Something on the order of 80,000 books get published in America every year, most of them not needed, not wanted, not in any way remotely necessary.
"The search for personal significance was once nicely taken care of by the drama that religion supplied. This drama, which lived in every human breast, no matter what one's social class, was that of salvation: Would one achieve heaven or not? Now that it is gone from so many lives, in place of salvation we have the search for significance, a much trickier business. If only oblivion awaits, how does one leave behind evidence that one lived? How will one's distant progeny know that one once walked the earth? A book, the balmy thought must be: I shall write a book."
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
10/10/2002 às 13h33
|
|
Ego Surfing
Foi assunto da coluna do Dr.Ink, no Poynter.org. Atire a primeira pedra quem nunca praticou ego surfing. Trata-se do ato de visitar a página de um mecanismo de busca qualquer (digamos, do Google) e digitar o próprio nome para ver o que acontece.
Por enquanto, não tem nenhuma contra-indicação. Embora possa viciar. Antes de saber que o termo já existia, eu costumava procurar as referências ao Digestivo Cultural através desse método. (Aqui há um exemplo do que acontece. Acredito que funciona melhor entre aspas.)
"One of Dr. Ink's favorite stories comes from Greek mythology. In the story, Narcissus rejects the love of Echo. Instead, he spends his time admiring the beauty of his own reflection. The gods turned him into a flower, which still bears his name. An online form of narcissism has taken shape. According to Doc's friend and colleague, the modest Chip Scanlan, it is called 'Ego Surfing.'
"Unlike Libido Surfing, which provides instant gratification, Ego Surfing takes time and patience. Many links are repetitive, misleading, out-of-context, lapsed, or inaccurate. But there are also great surprises, as when [my friend] Clark learned that his '30 writing tips' had been translated into Italian, or that a group of Latin teachers were sharing one of his essays."
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
10/10/2002 às 13h24
|
|
No TV
Ainda vai chegar o dia em que, como os fumantes, as pessoas vão tentar parar de assistir televisão. Seus filhos, então, perguntarão (exatamente como seus pais perguntaram a seus avós fumantes): - Mas se vocês sabiam que isso não prestava, que fazia mal e tal, por que se deixaram viciar? / - Ah, naquela época ninguém sabia que fazia mal. Era uma brincadeira, uma coisa boba...!
Pois é, Steven Spielberg e Tom Cruise decidiram se antecipar um pouco. Estão apoiando o movimento "No TV" e restringindo as horas de televisão de suas respectivas proles. Até faz sentido execrar a tevê que, como todo mundo sabe, é uma porcaria mesmo - mas impor cotas? Lembra mais o velho paternalismo de querer isolar os filhos do mundo real, dos problemas, das contrariedades:
"Cruise, de 40 anos, que - juntamente com Nicole Kidman - adotou dois filhos, Isabella e Connor, em meados da década de 1990, afirmou que impõe limites rigorosos às ciranças. 'Realmente não gosto que meus filhos vejam muito televisão. Eles podem assistir à TV três horas e meia por semana, mas somente se estiverem indo bem na escola. Nós nos concentramos na leitura, muita leitura', disse ele.
"Spielberg disse que sua casa, em Pacific Palisades, a oeste de Los Angeles, freqüentemente fica cheia de crianças - ele e a atriz Kate Capshaw têm cinco filhos - mas a regra continua a mesma para todos: 'Uma hora de TV por dia, mas somente se eles cumprirem as condições', disse o mais bem-sucedido diretor de entretenimento para crianças de Hollywood, inclusive o filme ET."
Deu hoje, no Estadão.
[Comente este Post]
Postado por
Julio Daio Borges
8/10/2002 às 17h05
|
Mais Posts >>>
Julio Daio Borges
Editor
|
|