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Segunda-feira,
17/9/2007
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Redação
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Psicodelia à brasileira
Aqui estão os bastidores de um livro que está sendo escrito, um TCC sobre a psicodelia brasileira - o rock setentista que começou depois da Tropicália e que, até hoje, permanece desconhecido para muita gente.
Na obra, será documentada a trajetória de algumas bandas que coloriram o cenário musical da época - e, aqui, estão algumas entrevistas, trechos do livro, resenhas e os bastidores da confecção do trabalho.
Dúvidas? Reclamações? Sugestões? Conselhos?
Um mergulho na geração bendita, mais um blog que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
17/9/2007 à 00h12
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The Hoax
Mais uma história absurda, mais uma história real. É difícil acreditar que Clifford Irving realmente tenha existido (e exista ainda, aliás) e tenha enganado centenas de pessoas ao se fazer passar pelo biógrafo autorizado do bilionário excêntrico Howard Hughes, e que, no final das contas, acabou até influenciando na renúncia do presidente Nixon. Claro que o fato de Hughes ser um recluso que não falava à imprensa havia 15 anos ajuda a dar credibilidade ao canastrão Irving, mas como explicar tantos golpes de sorte, tantas felizes coincidências que levam a história adiante é algo que o filme não tenta explicar.
Aliás, o filme do diretor Lasse Hallström não vai muito além do básico feijão com arroz do filme de golpista: um sujeito talentoso, mas sem sorte, tem uma idéia mirabolante, envolve alguns amigos (que acabam se machucando no percurso), se torna obcecado pela própria mentira, tem crises existenciais e busca redenção. Mas este é o roteiro. Como buscar inovação numa história real? Spielberg conseguiu, poucos anos atrás, injetar vida num de seus menores (e mais divertidos) filmes: Prenda-me se for capaz. As duas histórias têm muito em comum: são histórias reais sobre golpistas entre os anos 60 e 70 (trívia-relâmpago: Leonardo DiCaprio, protagonista de Prenda-me se for capaz foi o próprio Howard Hughes em O Aviador). O problema está nas diferenças: Spilberg fez um filme rápido e leve, mas que ainda assim traz o protagonista para muito perto do espectador. É muito fácil gostar de Frank Abagnale Jr. Por outro lado, em The Hoax, nunca nos identificamos muito com Clifford Irving. Ele não parece tão fascinante. Essa falta de empatia não tem tanto a ver com a escolha do elenco (afinal, Richard Gere com nariz postiço ainda é melhor que o astro de Titanic), mas sim com as opções do próprio diretor em como contar a história. Exceção seja feita quando enxergamos o processo mental de como Irving "seleciona" as mentiras que vai contar, mas infelizmente o diretor não leva isso muito adiante. O elenco ainda tem um ótimo Alfred Molina como o amigo e comparsa, num personagem mais cativante que o próprio Irving.
O sueco Lasse Hallström está em Hollywood há bastante tempo. Deixou a terra natal onde fez fama com clipes e um semi-documentário sobre o ABBA para dirigir Johnny Depp e a estréia de Leonardo DiCaprio (ele outra vez!) em What's Eating Gilbert Grape. Fez ainda Chocolate e, mais recentemente, foi indicado ao Oscar por Regras da vida (The Cider House Rules).
O saldo geral do filme é positivo, com boas atuações e uma história que não se perde em si mesma, mas não espere se surpreender muito, principalmente se você já viu Prenda-me se for Capaz e Confissões de uma mente perigosa.
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David Donato
14/9/2007 às 16h35
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Alma Barroca em BH
Para aqueles que estão em Belo Horizonte e são fãs da boa música que vai de Pixinguinha à Bach, a boa da noite do próximo dia 19 de setembro, quarta-feira, é a turnê Alma Barroca.
A turnê conta com a saxofonista mineira Maria Bragança, recém-chegada da Alemanha, onde reside há mais de uma década; o percussionista mineiro Paulo Santos (do grupo Uakti) e o fluminense radicado em São Paulo, André Mehmari.
O repertório conta com obras de Villa-Lobos, de J.S. Bach, Pixinguinha e composições própias, de Maria Bragança. A turnê Alma Barroca mescla elementos do antigo e do conteporâneo, explorando sutilezas entre o erudito e popular. De acordo com os músicos, o trabaho do trio resulta em uma musicalização única entre o jazz com sotaque brasileiro e o jazz europeu, cujos estilos clássico e o indispensável popular se harmonizam.
A turnê que passou por Porto Alegre e Rio de Janeiro, faz única apresentação no Grande Teatro Palácio das Artes, dia 19 de setembro, às 21 horas, com entrada franca.
Para ir além
Concerto Alma Barroca - 19 de setembro, às 21h - Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro) - Tel. (31) 3236-7400 - Entrada franca, com retirada de ingressos, antecipada, na bilheteria do teatro.
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Camila Martucheli
14/9/2007 às 11h38
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Xilogravura na Graphias
gravura: Francisco Maringelli
A Graphias não é apenas um espaço expositivo bem idealizado, nem uma mera loja de gravuras. É tudo isso e também um verdadeiro ateliê que contempla diversas técnicas da gravura. Mauro Vaz e a artista plástica Salete Mulin comandam com simpatia e competência o espaço, um charmoso sobrado na Vila Mariana.
A nova mostra a ser aberta neste sábado contempla a xilogravura com variações desta técnica proposta por três artistas. Francisco Maringelli com gravuras sobre objetos de ateliê, bonecos-manequins e auto-retratos, Luise Weiss com 25 novas obras e Rubem Grilo apresenta 13 trabalhos de 2006, assim como dez de sua produção anterior. Uma conversa com os artistas está programada na abertura às 16h.
Para ir além
Xilogravura: Francisco Maringelli, Luise Weiss e Rubem Grilo - Graphias - Casa da Gravura - Rua Joaquim Távora, 1605 - Vila Mariana - Abertura dia 15 de setembro, às 14h - Exposição de 17 de setembro a 20 de outubro - Horários e dias de visitação: quintas e sextas-feiras das 13h30 às 19h.
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Elisa Andrade Buzzo
13/9/2007 às 17h11
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Os manos Racionais
Uma aula sobre o rap em um curso de Música Popular Brasileira parece estranho, não é? Mas não, faz muito sentido. A desigualdade social que o Brasil vive é cada vez maior e não encontra em nenhum outro estilo musical uma representação mais fiel dessa realidade cruel. Alguns podem considerar que o rap não é canção, sequer música, por ser tão falado. Mas não há como negar a poesia presente nas letras e o poder que elas exercem por serem tão verdadeiras, diretas e reveladoras. Se é MPB, isso eu já não posso afirmar, mas o rap tem uma importância fundamental na história da música brasileira.
A psicanalista Maria Rita Kehl falou sobre o esforço civilizatório dos Racionais MC's na última terça-feira no curso de MPB do Espaço da Revista Cult. O que chama atenção de início é como surgiu o interesse pelo rap. Ela contou que o primeiro contato com o grupo foi em um comício do PT no Vale do Anhangabaú. "O público era muito diferente da militância petista tradicional. Era uma moçada de boné, bermuda larga, cabelo raspado, que não via nenhum problema em subir em bancas e postes para ver melhor o show", lembra. Mas não viu ali nenhuma agressividade, como aconteceu neste ano na apresentação do grupo na Virada Cultural na Praça da Sé.
"Me atentei ao fato de eles se chamarem de mano e me interessei por conta da questão do fraterno, que na psicanálise está muito ligada à idéia de que somos todos filhos de Deus", explica. De fato, essa fraternidade existe entre os jovens da periferia, pois se sentem representados pelos rappers. "Cada um deles se sente capaz de contar sua vida nesse ritmo, eles se consideram um rapper em potencial, não um tiéte", avalia.
Segundo ela, isso acontece porque os Racionais não posam de pop stars, não se distanciam do público. Eles usam o rap como alternativa para sair da exclusão social, mas não usam o trabalho para se oferecerem como objeto de adoração e de consolo para a grande massa de fãs. "Os rappers se dirigem ao contrário, a partir do local do semelhante. É muito horizontal e é por isso que eles não se relacionam com a mídia."
Além de se recusarem a falar com a imprensa, os Racionais também não fazem questão de ter o reconhecimento da classe média, mesmo tendo fãs nesse grupo social. São os jovens da periferia, negros e pobres que constituem seu público-alvo. "Eu não me preocupo com a classe média, porque se você se preocupar com a classe média, você vai começar a xingar muito para ofender. O rap não apavora ninguém, a classe média já é apavorada por natureza. O rap é só a trilha sonora do mundo que a gente vive. Esse mundo é que é apavorante", declarou Mano Brown para a revista RAÇA, em uma das poucas entrevistas que cedeu.
O esforço civilizatório dos Racionais a que a psicanalista se refere é a grande missão do grupo. "Eles têm uma idéia da revolução que eles querem fazer, a começar pela arma que eles se utilizam, que é a palavra." Com a palavra, eles querem promover consciência e atitude nos jovens negros. "Orgulho da raça negra e atitude de lealdade com os manos que são negros e pobres como eles", resume. Quanto a negação do público da classe média, Maria Rita acredita que isso representa um limite a esse esforço civilizatório, mas está de acordo com a filosofia que pregam.
Uma outra polêmica que envolve os Racionais MC's vem geralmente de quem não conhece a fundo as músicas, que é o pré-julgamento das letras como violentas ou apologéticas ao crime. De acordo com a psicanalista, a estética da violência é utilizada para impressionar o ouvinte e mostrar a ele como a realidade é horrível e violenta para que ele tente seguir outro caminho. O próprio Mano Brown, líder do grupo, já explicou uma vez: "Se você vender aquilo ali que é miséria ninguém compra, você vai ter que transformar. Por que o cara gosta do rap? Tem rima, tem balanço, fala umas palavras que no dia-a-dia o cara nunca ia imaginar que ia virar um rap. É tudo magia".
Para ir além
Espaço da Revista Cult
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Débora Costa e Silva
13/9/2007 às 15h13
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Pizzaria Brasil
Acaba de chegar às livrarias mais uma coletânea de charges. Porém, Pizzaria Brasil: Da abertura política à reeleição de Lula — do chargista Cláudio, do jornal Agora São Paulo — não é "apenas" um livro de charges. Trata-se, na verdade, de um livro de história, porém contado de maneira muito mais divertida. Em seus quase trinta anos de profissão, o autor deixa evidente a evolução de seu trabalho ao longo dos tempos. Nota-se claramente em seus primórdios uma forte influência do traço do Henfil, o que mostra um ótimo gosto ao escolher seus mestres. Quem tiver mais sensibilidade poderá encontrar também alguns fragmentos de J. Carlos e até de seu contemporâneo Amorim em seus desenhos, mostrando que Cláudio experimentou bastante seu traço, sem medo de arriscar novas abordagens e linguagens, mas sempre com sua marca e personalidade própria.
O autor também foi fundo em suas pesquisas e esmiuçou o Brasil desde o governo militar. Cada situação política que o país viveu nesses últimos 40 anos vem acompanhada de charges que funcionam como vinhetas para os pequenos textos que situam o leitor de maneira bem didática dentro de cada cenário. A área econômica não foi esquecida e as estatísticas e dados do IBGE indicam ao longo do livro as taxas de juros, inflação, salário mínimo correspondente a cada época. Nesses tempos estranhos em que só se compara o governo atual com os anteriores, Pizzaria Brasil é (com trocadilho) um prato cheio.
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Diogo Salles
13/9/2007 às 12h43
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Klaatu barada nikto!
Durante a semana passada, repeti muitas vezes a frase misteriosa: "Klaatu-barada-nikto". Estava assistindo o filme O dia em que a Terra parou (Day the Earth Stood Still, EUA, 1951), uma ficção científica nos moldes dos anos cinqüenta, em preto e branco, na qual o personagem Klaatu, um sujeito que veio do espaço (o ator Michael Rennie, com aquela cara de balconista de loja de senhoras), paralisa todas as máquinas terrestres para protestar contra a irresponsabilidade humana, que ameaça, nada mais, nada menos, que a galáxia inteira (!).
Em determinado ponto do filme, ele comanda seu robô gigante com essas palavras malucas, "Klaatu-barada-nikto", palavras indecifráveis até hoje, e que podem significar qualquer coisa, desde "destrua esses terráqueos" a "como é mesmo o telefone daquela loura?".
Eu assisti a esse filme pelo menos uma vez por dia, durante toda a semana passada. E descobri que a frase misteriosa poderia ser apenas uma imprecação, tipo: "esses terráqueos são uns melecas!"; algo assim (para não cair nos baixos calões, vocês me entendem). Vendo esse filme, todos os dias, vi que isso fazia o maior sentido.
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Guga Schultze
10/9/2007 às 14h54
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A obra de Chico Buarque
"Vida, minha vida. Olha o que é que eu fiz". Como na música "Vida", o jornalista Fernando Barros fez os alunos do curso de MPB do Espaço da Revista Cult olharem para o que Chico Buarque fez durante sua vida. Na última terça-feira, o autor do livro Chico Buarque - Folha Explica analisou a obra do cantor e compositor carioca, intercalando músicas, histórias, análises e curiosidades. O artista, quase unanimidade entre público e crítica, tem cerca de 40 álbuns, três romances e quatro peças de teatro. Um prato cheio para discussões, pena que num espaço tão curto de tempo. Afinal, são mais de 40 anos de carreira para serem relembrados em duas horas de aula.
Mesmo assim, o panorama traçado por Barros englobou várias questões. Uma delas foi a própria análise que a mídia e os estudiosos acadêmicos fazem da obra do cantor. O jornalista comentou sobre uma das principais tendências que o mercado e a academia seguem: dividir a obra, seja em épocas, fases ou temas. É muito comum ver CDs com coletâneas de canções que falam de uma só temática ou estudos que abordam determinada fase do artista.
Mesmo reconhecendo o quão difícil é lidar com toda a obra de Chico, que além de complexa é extensa, Barros critica algumas dessas clivagens. Uma das tendências desaprovada por ele é privilegiar o período de confronto do regime militar. Para o jornalista, isso ocorre porque o compositor ficou mais famoso nesta época. "Ainda hoje sua imagem é refém da caricatura que se construiu no auge da ditadura. O combate à ditadura não é a tônica da obra dele e a interpretação da obra ainda está muito viciada nesse viés", afirma.
No entanto, uma das principais teorias defendidas durante a aula foi justamente o contraste existente entre a produção musical feita até os anos 80 e o que foi feito depois. De acordo com o jornalista, nos anos 70 há um predomínio de expressões artísticas (peças e músicas) que tratam de temas coletivos, que solicitam o engajamento e a participação das pessoas em alguma causa, talvez por conta da situação política em que vivia o Brasil.
"A partir dos anos 80 o Chico é mais recluso, tanto na música quanto na literatura. A obra fica menos óbvia. O antigo inimigo, a ditadura, não está mais lá", explica. Segundo Barros, as canções e os romances são mais introspectivos. Mas por quê? "A obra dele é muito reveladora. Ele percebeu muito antes como seria frustrante nossa redemocratização, pois ela não cumpre o que prometeu", avalia.
Um dos temas mais freqüentes dessa nova fase é o papel do artista na sociedade, a sua função, propósitos, frustrações e a relação com a mídia. "Na carreira" e "Mambembe" foram as canções que Barros utilizou para exemplificar essa temática freqüente na obra de Chico. Na literatura, isso pode ser observado no livro Budapeste, que fala, entre outras coisas, sobre a relação do escritor com a indústria cultural.
Se tem algo que explica o porquê de toda a genialidade de Chico Buarque é o fato de que em suas canções ele fala de temas universais por meio do retrato do cotidiano dos brasileiros. O jornalista até cita uma frase, tirada de um ensaio de José Miguel Wisnik e Guilherme Wisnik, que resume essa idéia: "Chico Buarque faz como se virasse uma canção a página da história". Para Barros, Chico é o segundo maior poeta modernista do Brasil, sendo o primeiro Carlos Drummond de Andrade.
"Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz"
Chico realmente tocou na ferida, nos nervos, nos fios e nos olhos de muitos homens e mulheres com sua música. Por isso tem se dedicado a escrever canções inspiradas no ofício do artista, tentando talvez entender a própria obra.
Para ir além
Espaço Revista Cult
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Débora Costa e Silva
7/9/2007 às 20h19
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Bill Murray vs. Steve Martin
"Bill Murray versus Steve Martin", que eu descobri graças ao Mahalo...
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Julio Daio Borges
5/9/2007 às 12h47
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A moça do vidro
Não consigo compreender o mundo que me cerca. Ele está velado para mim. Não consigo me relacionar com ninguém. Sou tida como esquiva, com pensamentos ingênuos e altruístas. Não gosto de comprar nada, de consumir nada. Vivo em paz com meus livros, e não em paz comigo mesma. Mesmo as palavras companheiras não podem ser tomadas ao pé da letra, pois nesse caso o mundo se transformaria no verdadeiro hospício. Busco a minha redenção e não consigo encontrá-la, em livro ou em meu semelhante. Sinto-me despedaçada. Formada de milhares de pedaços que não conheço, e que procuro ao longo desses meus poucos dias tirar para fora, através da palavra. Consigo compreender que, por não gostar de mim, procuro gostar do meu interlocutor, fazendo tudo, absolutamente tudo, que o agrade. Cada um deles tem uma parte de mim. Cada um deles tem um dos meus defeitos. E é essa a minha devassidão. Ou melhor: a minha divisão. Devassa dividida buscando, no pouco tempo de uma vida, encontrar uma alma gêmea, como um irmão siamês, aquela outra parte do meu ser que foi um dia indistinta e que hoje está inexoravelmente separada.
A Ana, no blog do Djabal, que está cada vez melhor.
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Julio Daio Borges
4/9/2007 à 00h27
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