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BLOG

Segunda-feira, 1/10/2007
Blog
Redação
 
Cada um, cada um

Antes da dissertação, uma pequena história:

Estava eu no Tuca, teatro da Puc, discutindo sobre dívida da instituição, de mais de 80 milhões de reais, com o banco Bradesco e com o banco Real, com meus colegas, quando uma menina (maior e capaz), da minha classe, ou seja, que estuda Direito comigo, pega o microfone e diz: "a culpa da Puc estar neste buraco é do FMI e do BIRD".

Metade da platéia aplaudiu, a outra metade consentiu! Me senti um idiota! Como é que a culpa poderia ser do FMI e do BIRD? Em primeiro lugar, eles sabem que a Puc existe? Eles ajudaram no desvio de dinheiro da universidade? Já sei, houve a formação de uma quadrilha: o Reitor, o Bird e FMI bolaram juntos o plano. Até porque 80 milhões de reais é muito dinheiro para FMI!

No ventre desta história está o que eu vou levar da faculdade. Você entra na faculdade achando que o mundo é pequeno: seu colégio, o clube e quiçá o cursinho, mas não é! As pessoas têm histórias de vida diferentes. Acreditam em coisas diferentes, mas principalmente possuem medo de crescer!

Digo isto, porque a garota ao repetir o discurso de que a culpa é do FMI faz o mesmo que a criança que não vai ao banheiro à noite porque tem medo do monstro embaixo da cama: não enfrenta a realidade.

Não sejamos ingênuos: o FMI não está nem aí com a Puc. Esta precisa de seriedade no ensino, transparência na prestação de contas e, principalmente, moralidade administrativa em todos os atos! Se você acha que não é só a Puc que precisa disto, não é mera coincidência.

A Puc é um retrato do Brasil em pequena escala! Pessoas querendo levar vantagem, pessoas levando vantagem e, óbvio, esquemas de corrupção. Mas nem tudo está perdido: há bons professores e cursos reconhecidos. Como em qualquer lugar, há pessoas que defendem idéias retrógradas porque não querem enfrentar a realidade.

A redoma da infância ainda não desapareceu.

Se há pessoas que acham que o Lula não sabia da corrupção em seu governo, qual é o problema de estudantes acharem que a Puc está falida porque o FMI quer?

Na verdade este é o problema do Brasil: desculpas tangentes, de pessoas intelectualizadas, que em vez de enfrentarem os problemas, se escondem embaixo da saia da mamãe.

Ora, estudem, entendam de economia e administração de empresas para ver como tanto a Puc, quanto o Brasil podem desenvolver políticas econômicas ou sociais sustentáveis com a realidade fática!

Criticar é fácil. Criticar citando frases dos anos 60, mais ainda! Nem criatividade, você teve!

Por outro lado, a diversidade cultural tem seu lado extremamente positivo. As pessoas têm idéias diferentes de sucesso, status e o contraste sócio-econômico pode te ajudar a perceber que determinados comportamentos tidos como normais para você não o são em outras famílias.

O choque da realidade pode te fazer acordar para a dificuldade de atingir seus sonhos ou te fazer sair do conto de fadas que você vivia! Enfim, amadurecer.

No mesmo sentido, o grande aprendizado será aprender de uma vez por todas a respeitar o diferente. As idéias contrastantes das suas não são necessariamente incorretas! Mas cuidado, conforme colocado no início deste artigo, há muita gente defendendo frustrações de décadas passadas.

Mas, o mais importante, é notar que cada um, é cada um. Respeite e tire o seu melhor.

[3 Comentário(s)]

Postado por Daniel Bushatsky
1/10/2007 às 12h49

 
Minhas vozes

Nunca tive diário. Na adolescência gostava dos números, de matemática, química, física. O mundo pra mim era outro e eu me achava mais ou menos normal; talvez já houvesse alguma desconfiança de que não, mas tentava ser como os outros. Só depois dos vinte anos meu olhar mudou e descobri a importância, o poder da escrita...

Cristina Sampaio, no blog que acaba de inaugurar, e que linca pra nós.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
1/10/2007 à 00h52

 
About Writing

[Do you find it easy? Has it become easier over time?] Some days it flows and it's wonderful and you can't imagine doing anything else. Other days it's like carving granite with a teaspoon. And the more you learn about the craft and technique, the harder it gets.

Val McDermid

* * *

[What was your favourite book as a child?] I didn't have a favourite book as a child - I never have. I think there's something rather weird about people that do.

Will Self

* * *

[What advice would you give to new writers?] Stop emailing me. I'm warning you.

Conn Iggulden

(Todos no Guardian, em "Why I write", dica do novo blog da Estante Virtual...)

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Postado por Julio Daio Borges
28/9/2007 à 00h49

 
O célebre Ernesto Nazareth

Depois de analisar, ouvir e estudar a canção (aqui e aqui), crítica musical, a poesia nas letras de música , Chico Buarque, Racionais MC's e João Gilberto, a última aula do curso de MPB do Espaço da Revista Cult viajou ainda mais longe no tempo. O músico e historiador Cacá Machado analisou a obra de Ernesto Nazareth e seus desdobramentos na história da música brasileira. O pianista, compositor de tangos brasileiros, viveu entre 1863 a 1934 e suas composições contribuíram na formação do que hoje é conhecido como chorinho.

Inspirado pelo conto de Machado de Assis, "O homem célebre", o historiador fez um estudo sobre a relação entre a vida de Nazareth e a do pianista fictício do texto, o Pestana. A análise deu origem ao livro O enigma do homem célebre. Ambos sonhavam em ser concertistas, mas o sustento e o sucesso vinham de composições mais populares (polca e maxixe). Nazareth, o entanto, foi muito mais além por ter criado um gênero a partir do maxixe: o tango brasileiro.

Cacá Machado apresentou três músicas para exemplificar as transições que Ernesto Nazareth fez entre um gênero e outro. "Você bem sabe" (1878), primeira composição do pianista, feita quando tinha apenas 13 anos, é uma polca tradicional. Dez anos mais tarde, compôs "Beija-flor", típica polca de salão (mais rápida e dançante) e em 1892 escreveu "Rayon D'or", considerada um marco, por ser uma polca-tango e apresentar um ritmo sincopado, depois classificado como "brasileirinho".

Nazareth é uma dessas figuras que depois que morreu se tornou um clássico, tanto na MPB quanto na música erudita. Isso aconteceu porque ele conseguiu entrar no repertório de concertistas ao mesmo tempo em que foi precursor de gêneros populares. "No Brasil, essa questão [entre música popular e erudita] é um nó cego e tenso, mas no sentido positivo. Acho bom ter esse nó e ele tem que se manter tenso, porque é daí que saem as coisas mais criativas da música. Mas eu particularmente não acredito nessa divisão", opina o historiador.

Mesmo reconhecendo a existência das diferenças entre um e outro, Machado acha que no Brasil os dois estilos se fundiram e se influenciaram muito, ao contrário do que ocorreu em outros países na mesma época. O maior exemplo da peculiaridade da história da música brasileira é o que se deu com a polca. Nazareth foi introduzindo um suingue, um ritmo sincopado nas polcas que compunha, aproximando-as do maxixe, até transformá-las em tangos. E o que veio em seguida foi o choro, o samba... Gêneros genuinamente brasileiros.

Para ir além
Espaço da Revista Cult

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Postado por Débora Costa e Silva
27/9/2007 às 18h53

 
A internet e as crianças

Hoje, com a difusão de imagens pela internet, nada mais está protegido. Crianças de 3 ou 4 anos são expostas de imediato a todo tipo de violência, ao sexo e a tudo mais que existe no mundo. Desafio qualquer pai a conseguir limitar um filho na internet. É, antes, o contrário - os filhos é que nos poderiam censurar, se quisessem. E não há meio de parar isso.

Giuliano da Empoli, que eu acabei de descobrir, na última Revista da ESPM.

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Postado por Julio Daio Borges
27/9/2007 à 00h33

 
O blog do Fernando Meirelles

O Pedro Novaes me enviou o link do blog Blindness, uma espécie de "diário de viagem" do diretor Fernando Meirelles pelas entranhas da produção de seu filme mais recente, uma adaptação do romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Em geral, quando leio textos de pretensos diretores de cinema, me lembro daquela sentença do Fernando Pessoa na boca de Bernardo Soares: "Ofende-me o entendimento que um homem seja capaz de dominar o Diabo e não seja capaz de dominar a língua portuguesa". Aqui, Pessoa se referia a um livro sobre ocultismo pessimamente escrito. Mas fico particularmente irritado quando alguém tenta dominar o diabo da técnica cinematográfica sem antes dominar a escrita. O Fernando Meirelles prova que não é um desses: o cara manda bem.

Para quem tem interesse nos bastidores de uma produção cinematográfica, para quem trabalha ou quer trabalhar com cinema, o blog é uma mão na roda. Aliás, uma amiga que trabalhou durante dois anos na produtora O2 me disse que, lá, o Meirelles é visto como uma espécie de guru interno. Já um de seus sócios, segundo ela, é o mauzão da área. (Parece que as demais sócias são mulheres.) Ao fim e ao cabo, os caras são espertos e sabem que não são apenas as duplas policiais que devem ter um cara que bate e um que fala manso. Cinema também é diligência.

Com relação a diretores que sabem escrever, sugiro ainda os livros/textos de Andrei Tarkovsky, Andrzej Wajda, Glauber Rocha e François Truffaut.

[4 Comentário(s)]

Postado por Yuri Vieira
26/9/2007 às 17h32

 
Literatura e internet

Considero um total equívoco dizer que a internet faz com que os jovens escrevam de forma errada. No Brasil, por exemplo, saímos de uma era da televisão, que era totalmente ágrafa (vendo televisão, você não vê uma palavra escrita, só ouve). Nos anos 70 aos 90, a televisão foi o grande agente civilizador do Brasil. E a televisão é a cultura da oralidade. O advento da internet foi uma explosão brutal no sentido contrário - qualquer página que você abre na internet está cheia de coisas escritas. Ou seja, a palavra escrita voltou para o palco. As pessoas estão voltando a escrever - chats, e-mails, blogs, etc. A escrita passou a ser o mediador de toda a comunicação, de todo o processo de informação. A palavra escrita voltou com toda força. É um absurdo encarar a internet como um problema. É como se fôssemos acabar com a internet, proibi-la. Isso não tem sentido. Temos de pensar o que há de positivo em todo este fenômeno. Na minha experiência ao corrigir redações do vestibular da UFPR, em mais de 20 mil textos, não se encontra sequer uma abreviatura utilizada na comunicação na internet. O aluno não é burro. Ele sabe perfeitamente a diferença entre escrever num chat e uma redação para a escola. Ele sabe distinguir os registros. Então, nesse aspecto, eu sou otimista. Acho que a internet está exigindo que as pessoas tenham de escrever cada vez melhor. Elas têm de praticar. A escrita voltou a ser um valor social. E quando isso acontece, todas as forças começam a trabalhar nessa direção.

Cristovão Tezza, em entrevista, no último Rascunho.

[13 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
26/9/2007 à 00h18

 
Você come escondidinho?

Ontem foi dia de aula de gastronomia brasileira no Mercado Municipal de São Paulo. O chef Carlos Ribeiro coordena bravamente o projeto de valorização da cozinha nacional, arrebanhando chefs voluntários de vários cantos do Brasil para dar as aulas. Agora que estamos perto do Dia das Crianças, a platéia contribuiu a título de ingresso com a doação de brinquedos para as crianças do Lar Novo Mundo.

Os temas nesta segunda-feira, com direito a degustação, foram a cozinha capixaba e a da Paraíba. Uma das coisas que eu mais gosto em aulas de culinária é de entrar na sala e já sentir o perfume dos pratos sendo preparados. No caso, era o cheiro da torta capixaba, prato servido na Semana Santa e feito com bacalhau desfiado, carne de siri e camarão, unidos por ovos batidos, cobertos com claras em neve e temperados com cebolinha e... coentro.

Ah, coentro, a minha diferença na cozinha. Mas, parecendo ler o pensamento da platéia paulista, o chef Carlos Ribeiro diz: "Sim, vai coentro. É preciso aprender a respeitar o coentro. Não, não dá para substituir por salsinha. Não fica o mesmo prato". Certo, farei um esforço. Acho que meu trauma com coentro vem da primeira vez que senti seu sabor, numa salada esdrúxula no refeitório da empresa onde trabalhava: acelga com coentro. Toneladas de coentro. Tinha gosto de sabão. Mas, isso é passado. Preciso lutar para superar o trauma. Após a execução e explicações da chef Mônica Meneghel, a torta vem para nossas mesas e é impecável. Sem querer fazer média, o coentro, colocado em proporções adequadas, cai muito bem.

A moça que divide a mesa comigo não prova. Ouço comentar que é estudante de gastronomia, mas não gosta de tomate, nem de cebola, nem de nenhum tipo de peixe ou fruto do mar. Faz lembrar uma estudante de jornalismo que conheci que não gostava de fazer entrevista. Em outras mesas, felizmente, o papo é outro. Bastante entusiasmo e ansiedade de ver as dúvidas serem resolvidas pela chef. Depois da torta, ela ensina a executar a autêntica moqueca capixaba que, diferentemente da baiana, não leva nem leite de côco, nem dendê, nem pimentão e deixa a pimenta à parte para que cada comensal decida a quantidade que quer colocar. Para finalizar, provamos o seu doce de laranja sidra em calda de açúcar.

O segundo convidado do dia foi Jackson K., proprietário do restaurante Vila Cariri, da Paraíba, que tem um site tão delicioso quanto o o prato que aprendemos. A receita apresentada foi carne de sol com cuscuz e creme de queijo de coalho. Cuscuz, é óbvio, do tipo nordestino, que é bem diferente do cuscuz paulista e do cuscuz da moda agora, o marroquino. Muito saboroso, temperado com manteiga de garrafa. De sobremesa, espetinho de queijo coalho e abacaxi com mel de engenho (melado de cana).

Falando em comida brasileira, outro dia minha sogra me perguntou se eu gostava de comer "escondidinho", que vem a ser creme de mandioca recheado com carne seca (ou com carnes de aves e peixes, já são muitas as variações existentes sobre o mesmo tema). Francisco, 4 anos, já com pós-graduação em semvergonhice, prontamente respondeu: "Eu gosto, vovó. Eu pego chocolate antes do almoço e como escondidinho da mamãe".

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Postado por Adriana Carvalho
25/9/2007 às 13h50

 
Cabelo solto

"Escrevo desde que amei pela primeira vez."

Paula Cajaty, no seu site, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
25/9/2007 à 00h30

 
Polícia para quem precisa...

Arrombaram minha casa. Tudo bem que eu ainda não moro lá. É ainda uma obra, mas em estágio avançado. Meio casa velha, meio casa nova. Uma reforma que desafia toda a minha valentia. E aí um vagabundo entrou lá esta madrugada. Pelos sinais deixados, parece-nos o mesmo malandro que já estivera lá antes. O maldito rouba sempre as mesmas coisas: fios e todas as ferramentas dos pedreiros. Espátulas, talhadeiras, colheres, pás, níveis, prumos, serrotes, arcos de serra, martelos, marretas e outras bugigangas mais. Somando tudo, quase 2/3 de salário mínimo. Mas o que me doeu mais foi o que ele fez com a janela. Com um caibro, sobra do telhado, arrancou as grades incorporadas à janela de aço, de boa marca (ao menos era o que dizia o vendedor). A janela inteira ficou estragada, perdida mesmo. Dois salários mínimos. Pelas contas do pedreiro, o malandro vende o ferro velho roubado por não mais do que trinta reais. Raiva barata. Maconha? Há quem diga que é isso. Detonou mais dois cadeados, empenou as lingüetas dos portões e torceu, com a mão, uma travessa de uma porta interna. Tudo para sair com uma sacola de ferramentas.

Chamei a polícia. A famosa polícia militar mineira. Queria um BO para constar nalgum banco de dados que houve arrombamento naquele bairro. A polícia veio. Mal desceram do carro e me perguntaram a que horas havia sido o "evento". Talvez no domingo, pelo menos foi o que apuramos junto aos vizinhos. Então o policial deu meia volta. Não podem entrar. Só registram ocorrência se for fato fresquinho, como jornal do dia. Se foi antes, então eu que me dirija à delegacia mais próxima. E ainda me deu, solicitamente, o endereço uns cinco bairros adiante. Não, obrigada, moço. Deixa pra lá. Bobagem ocupar vocês com isso, não é mesmo?

A vizinhança toda ouviu os barulhos das pancadas do caibro na janela novinha em folha. Ninguém fez nada. Disseram que pensaram que fôssemos nós mesmos, às 5h da manhã, batendo pino. Só se for. E em todas as casas há uma plaquinha escrito assim: "Residência monitorada. Vizinhança Protegida". Diz que a polícia acorda com os vizinhos que cada um tomará conta de si e de todos. Aquele discurso do comunitário, da coletividade resolvendo o problema da segurança pública e tal e coisa. Cada um pagou 8 reais para ratear o custo das plaquinhas. E também cada um comprou um apito. Quando rola coisa suspeita na rua, alguém apita e todo mundo apita. Mas quando ouviram o barulho na minha casa, interpretaram tudo de um jeito bem menos trabalhoso.

Mas aí a vizinhança desprotegeu e a polícia não quis lavrar o BO, naquela linguagem tão peculiar. E eu fui buscar o serralheiro da família para ver se ele me dava um diagnóstico da janela e me sugeria umas grades, umas lingüetas e uns cadeados mais potentes. Ele veio. Quando eu ia levá-lo para casa, cruzei na rua com uma viatura da mesma PM que não pôde me atender. Não aquela mesma que eu havia chamado, mas outra, também com uma dupla de tiras. Eu andava devagar pelas ruas do bairro onde nasci, onde meus avós vivem até hoje, há mais de meio século. E de repente, quando olhei melhor pelo retrovisor, a viatura estava atrás de mim, armada como uma aranha, com os policiais aos berros, apontando um revólver na minha cara. Eu custei a acreditar na cena. Enfiei a cabeça pela janela para ver se a cena era real. Com essa mania de telas pequenas, fiquei desconfiada do meu retrovisor. Tive que descer do carro com as mãos para cima, pedindo pelo amor de Deus por uma explicação. O serralheiro não desceu. Como é mais escuro do que eu, teve medo de apanhar. Depois que eu consegui que os tiras me dissessem qualquer coisa, pedi que o meu parceiro do crime descesse também. Com armas em riste, os PMs fizeram menção de revistá-lo, não a mim. Depois vieram com uma explicação sobre riscos, moças indefesas seqüestradas, suspeitas de assalto a senhoras que dirigem, etc. Aproveitei para perguntar se eles também não estavam dispostos a lavrar um BO de arrombamento, já que os colegas de mais cedo não puderam fazê-lo. Nem fizeram caso da minha pergunta. É isso aí. Vizinhança protegida. Tomara que funcione assim se um dia eu realmente estiver em perigo.

[2 Comentário(s)]

Postado por Ana Elisa Ribeiro
24/9/2007 às 23h13

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