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Segunda-feira,
8/10/2007
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Redação
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Palavra na Tela – Blogs
Esquerda para a direita: Julio Daio Borges, Alexandre Inagaki, Marcelo Tas e Pedro Dória
Muita gente lamentou não estar em São Paulo na última quinta-feira (04/10), quando três dos blogueiros mais lidos do país (Marcelo Tas, Pedro Doria e Alexandre Inagaki) abriram o primeiro debate do ciclo A Palavra na Tela: Jornalismo, Literatura e Crítica Depois da Internet, organizado pelo Digestivo Cultural. Com mediação de Julio Daio Borges, eles deram uma aula magna sobre a blogosfera na Oficina da Palavra - Casa Mário de Andrade.
Pelo rumo da discussão, ficou claro que o "bom blogueiro" domina diferentes ferramentas: a administração dos blogs (como se fossem micro-empresas), a criação de conteúdos atraentes, a delicada relação com os leitores, e a quebra de fronteiras da informação. O papo fluiu com tanto gosto que saiu da blogosfera e foi cair na Wikipedia, no Google e em toda a Web 2.0. Até que desviou para o curral eleitoral do Sarney, para o filme Tropa de Elite e até para a sofrida Birmânia. Mesmo com a mudança de foco, foi visível que ninguém se incomodou.
Uma conversa entre blogueiros, cara a cara, é tão informal quanto na blogosfera. Com a diferença de que poucos centímetros separam cada um. Fora isso, o debate na Casa foi como um chat virtual, sem aquele "empurrão" para alguém tomar a dianteira, típico das mesas redondas. Não faltou conhecimento de causa (Tas inaugurou o primeiro blog do UOL, em 2003; Doria já acompanhava a onda nos anos 90; e Inagaki assistiu, desde o começo, a evolução da blogosfera). Também sobrou repertório para consonâncias e uma amigável guerra de idéias nos tópicos debatidos.
Na intenção de tirar proveito do encontro, segue uma compilação dos "melhores momentos", sem obedecer, necessariamente, uma ordem cronológica - porém priorizando pontos altos com links entre si. Você pode ouvir a íntegra aqui, e obter informações sobre os próximos bate-papos na casa em que Mário de Andrade viveu longos anos.
Quem dá o furo
"Leio no jornal o que li ontem nos blogs". A frase de Doria é, no mínimo, provocante. Sugere que a informação corre numa velocidade surpreendente pelo boca-a-boca da internet. Ele também vê um "algo mais" que não está presente na mídia convencional. Depois de ler a Folha ou o Estado, Tas só sacia a sede por informação na blogosfera, como se ela fosse um complemento à notícia. No que os blogueiros ainda deixam a desejar em criatividade (assim lamenta Inagaki), não perdem em agilidade para informar, garante Doria.
Falta apuração
Uma crítica do Inagaki: há pouca investigação de verdade nos blogs jornalísticos. Falta ir às ruas e sujar a sola do sapato atrás de informação. O editor do Interney Blogs sente falta de mais consistência na notícia. Para piorar, Doria acrescenta que os blogs americanos e franceses são (bem) mais pró-ativos que os nossos. Mas também pondera. Para ele, não é sair a campo que faz a diferença, mas ter boas sacadas na própria internet. Significa conseguir destilar uma notícia fria de jornal, pesquisar informações adicionais e curiosidades para, assim, fisgar o leitor. Aí entra a tal da criatividade que Inagaki sente falta. Blogs que se limitam a fazer um copydesk dos jornais não vão muito longe.
Jornalistas?
Para Tas, no fim das contas, não faz diferença tentar classificar o jornalismo nos blogs. O que interessa, para o blogueiro do UOL, é a história que o cara conta, até porque as fronteiras profissionais não existem mais. "Ele vai praticar, no blog, o bom ou mal jornalismo que sempre praticou", acredita. E complementa que os blogs não validam o talento de ninguém. Mas bem que, na opinião de Tas, muitas feras do jornalismo tradicional, como Clóvis Rossi, teriam todos os atributos para fazer sucesso na blogosfera. O feedback do seu editorial na Folha de S. Paulo seria instantâneo.
O que escrever hoje?
Todo blogueiro tem uma série de preocupações paralelas. Precisa dominar as técnicas para ser bem lido, entender a melhor distribuição de anúncios, saber criar um titulo interessante, entre outros macetes para obter o melhor retorno com a empreitada. Mas a maior preocupação é outra. "O que eu vou escrever hoje?", questiona Doria. A falta de assunto é um problema sintomático quando há leitores, até porque os mais fiéis exigem periodicidade religiosa. A dica dos profissionais para se pautar bem é estar sempre atento aos noticiários.
Segmentação
"Tem blog sobre tudo que você possa imaginar", lembra Inagaki. Não precisa ser conhecedor para concordar com o editor do Interney, já que a blogosfera é ultra-democrática: aceita do jornalismo sério ao diário da pré-adolescente. Até as empresas que já possuíam um site próprio estão incluindo essa rota alternativa para criar uma relação mais direta com a clientela. Fora a vantagem de que o custo de um blog é bem mais baixo.
Blogs multimídia
A diversidade da blogosfera não está apenas na temática, mas na forma. Significa que, quando se fala em blogs, não é somente texto que vem à mente. Vídeo e áudio são ferramentas (possíveis) amplamente incorporadas nos melhores endereços. O próprio Inagaki é um dos que usam e abusam da convergência das mídias no seu espaço. Outras iniciativas pioneiras, como o grupo teatral Barbixa's produz vídeos e veicula, inclusive, publicidade por meios ainda não-convencionais.
O mercado está de olho
Para quem acredita que publicidade não combina com internet, Inagaki manda um recado. "O mercado publicitário está percebendo o valor dos blogs. Viu que eles formam opinião, têm um carisma, um vínculo forte com o público", analisa. As campanhas das agências já chegaram com força no Kibe Loco e no Jacaré Banguela, blogs humorísticos com audiência considerável.
Imprensa na internet
Os três blogueiros concordam que a imprensa está - finalmente! - prestando mais atenção aos blogs. Inclusive, já cuidou de inclui-los em seus portais, a exemplo do Estadão. Mas Tas lembra que muitos jornais, "na pré-história dessa consciência", ainda fecham seu conteúdo virtual. Exemplo contrário, para o ex-apresentador do Vitrine, é o site do The New York Times, que agora oferece todo seu conteúdo gratuitamente. Um pioneiro, também, na interação com blogs, vídeos e podcasts. "É a maior audiência da internet", comemora Tas, com um ar de "não deve ser à toa". E essa abertura vai refletir, na opinião do blogueiro, numa mudança de mentalidade.
Profissionalização
"O termo 'blogueiro profissional' vai funcionar um dia?" A pergunta do Julio deixou respostas em aberto. Inagaki acha que é cedo para definir, dando a entender que pouco importa se blogar é profissão. Para Tas, é difícil, e até desnecessário, definir papéis na rede. Ele nem gosta do termo "blogosfera brasileira", porque seria uma contradição à universalização dos blogs. Contudo, não veio à baila a questão dos "blogs de Babel": a diversidade de línguas é uma barreira para que blogs em russo ou português, por exemplo, tenham a mesma visibilidade que os de língua inglesa.
Alcance dos blogs
Tudo começou porque Inagaki afirmou que a internet tem pouco alcance no Brasil e, portanto, os blogs (um grão de areia na rede) são menos acessados do que poderiam ser. De imediato, Tas disparou uma artilharia de informações - com o apoio do Doria - para demonstrar que inclusive as classes mais baixas, na periferia e nas favelas, já estão conectadas. O problema não seria o acesso em si, mas o uso que se faz das possiblidades oferecidas. A maioria ainda está na superfície, navegando em sites de busca e em mediadores de relacionamento, como o Orkut. Nos blogs mesmo, uma seleta minoria. Ainda assim, os blogueiros consideram que a internet está proporcionando uma silenciosa revolução educacional às gerações mais jovens, capaz de desenvolver o aprendizado como nunca. E ela pode ser a responsável por uma mudança de comportamento nos próximos anos.
Wikipedia
Os blogueiros lamentaram a onda do "CtrlC + CtrlV" (copia e cola) na internet. Admitiram o quanto é cômodo roubar o conteúdo de alguém, apagar a autoria e tirar proveito disso. Nesta linha, o ex-editor do No Mínimo aproveitou para dizer que a Wikipedia não é confiável (o Digestivo já tratou disso em um Especial). Novamente, os ânimos de Marcelo Tas incendiaram. Discordou do colega, com o argumento de que um recente estudo científico comparou a Wikipedia com a respeitável Enciclopédia Britânica e concluiu que o índice de erros é o mesmo. Mas, segundo Doria, é preciso tomar cuidado com o aspecto tendencioso da colaboração coletiva. "O verbete do Papa pode ter sido editado pelo Vaticano", argumenta. Ainda assim, é preferível, nas palavras de Tas, acreditar no próprio discernimento e senso crítico ao pesquisar uma informação.
Googlemania
A crítica que Doria faz à Wiki, Tas faz ao Google. É um perigo sem tamanho, segundo ele, que os jornalistas confiem cegamente nas buscas da mega-empresa ao pesquisar informações. Seria uma fonte duvidosa e viciada, já que a hierarquia das buscas é editada automaticamente, por razões que fogem do alcance de quem pesquisa.
Moderar faz diferença?
Cada blogueiro decide se deve autorizar a entrada de comentários ou se deve deixar que o leitor se expresse como bem entender. Vale a pena moderar? Devido à grande quantidade de mensagens, Doria afirma que seria inviável controlar tudo o que chega. Ele se limita a excluir os spams e a apagar comentários que considera ofensivos, racistas ou discriminatórios. No começo, Tas apoiava a livre expressão, mas quando o clima começou a ficar pesado, ele passou a moderar. Para surpresa do jornalista, o blog deu um "salto de qualidade". Já Inagaki não só modera, como também gosta de responder a todos os comentários. O consenso foi de que moderar dá trabalho, mas faz diferença, sim.
Não é só jornalismo
A certa altura do debate, alguém instigou os blogueiros a lembrarem dos blogs não-jornalísticos. E os blogueiros concordaram que esquece-se que há vários outros campos de interesse na blogosfera. O jornalismo é apenas um deles.
Para ir além
"A Palavra na Tela"
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Tais Laporta
8/10/2007 às 12h10
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De volta...?
Não tenho sentido vontade de escrever nada e isso, para um blog, é o início do fim, mas c'est la vie! Teria quilos de palavras para despejar aqui se quisesse, mas não quero... e não devo. Como faz o escorpião, vou me esconder nas sombras e esperar o momento certo, ou não, e aprender a convier com a irregularidade dos meus atos... Foda-se!
Mauro VSS, no Sujeit'Oculto, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
8/10/2007 à 00h01
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Na Casa Mário de Andrade
Grande noite ontem no encontro com colegas de blog Pedro Doria e Alexandre Inagaki na Casa Mário de Andrade(...).
De um encontro desses percebe-se o quanto a história tecnológica recente, digo dos últimos 15 anos, ainda não foi suficientemente interpretada e digerida.(...)
Concluiu-se que o melhor da história ainda está por vir, já que ainda vivemos na "bolha" da modinha de ser blogueiro. E muita gente boa começa a descobrir e perder o preconceito contra o veículo.
E o papo ainda extravasou e muito o assunto blog e tecnologia: jornalismo tracional versus jornalismo digital, campanha do Estadão, duelo Tas versus Doria sobre Wikipedia, Birmânia, sexo, putas de Copacabana, 11 de Setembro e ainda sobrou um pau no Sarney, claro.(...)
Ah, e ainda tive que conviver com essa emoção: o debate foi no mesmo auditório onde eu dancei pelado com meu grupo de "expressão corporal" na Casa Mário de Andrade, bem no iniciozinho dos inesquecíveis anos 80 (aqui).
Marcelo Tas, no seu blog, porque a íntegra do áudio já está disponível...
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Julio Daio Borges
5/10/2007 às 14h07
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Um webjornalista deve saber...
1. Ler muito, inclusive em inglês.
2. Escrever bastante.
3. Pesquisar na internet e relacionar as informações encontradas.
4. Operar planilhas e editores de texto.
5. Operar programas de e-mail e messengers.
6. Participar de diversos fóruns e listas de discussão.
7. Fotografar, manipular as fotos em programas específicos, distribuir as fotos em fotologs.
8. Fazer e editar vídeos em celular ou câmeras domésticas, publicar e embutir estes vídeos em páginas Web.
9. Gravar entrevistas com seu MP3 player ou celular.
10. Editar áudio digital e fazer podcast.
11. Contratar e instalar serviços em hospedagem internet (CMS, blogs, sistemas de workgroup, fóruns, galerias de fotos).
12. Gerenciar um sistema gerenciador de conteúdo (CMS), blog, fórum [de novo].
13. Conhecer HTML o suficiente para fazer links ou modificar templates e skins.
14. Usar sistemas de anúncios tipo AdSense.
15. Assinar e gerenciar uma enorme lista de feeds RSS sobre sua especialidade.
16. Trocar arquivos em sistemas peer-to-peer ou de troca de grandes arquivos.
17. Fazer mashups, mapas e modelos 3D com Google Maps, Google Earth e Google SketchUp.
18. Gerenciar, com diplomacia, comunidades de leitores.
19. Resolver pepinos e abacaxis em seu computador.
20. Estar sempre antenado com as tendências das mídias digitais.
José Antonio Meira da Rocha, em entrevista a Jorge Rocha, que, também no urgente, linca pra nós.
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Julio Daio Borges
5/10/2007 à 00h43
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Toupeira, ph.D
Dra. Toupeira
Sou uma toupeira, certo?
Então, enquanto toupeira, a nível da exo-latência que resgata a intercondição individual, postulando já o pós-enfrentamento condicional e, por quê não, inserindo-me num projeto metafísico, ainda que subterrâneo, motivado exclusivamente pelas incessantes demandas de um extrato coalescente, seguindo e segundo o modelo primacial do pós-condicionamento imposto e ex-posto das hiperestesias agônicas, da re-ausência das inorganizações latentes no tecido íntimo do quorum pré-kantiano, posso afirmar, aludindo à própria indicação dos símbolos, enquanto geradores de sigmas completos:
sou chegada numa cenoura.
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Guga Schultze
4/10/2007 às 10h49
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Edney entrevista InterNey
Em janeiro de 2005 eu já ganhava mais com o meu site do que com o meu emprego, mas eu ainda não sabia o que fazer com as horas adicionais caso eu me dedicasse apenas ao site. Passei meses pensando nisso. Durante esse tempo, cada vez que eu passava por uma situação estressante no trabalho, eu pensava em pedir as contas. Quase todo mês eu aparecia em algum jornal ou revista, por isso o presidente [da empresa] me chamou na sala dele para conversar. Disse que sabia do meu negócio, que gostava muito de mim, mas que precisava saber se eu estava me dedicando 100%, pois eu tinha que tomar uma decisão: se eu queria ser empresário ou executivo. Depois de mais uma situação estressante com os funcionários, minha diretora pediu para eu descansar uma semana em casa. Durante essas miniférias, eu decidi o que queria fazer: ser empresário. Voltei e pedi as contas.
Edney Souza, contando a história do Interney, em uma auto-entrevista.
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Julio Daio Borges
4/10/2007 à 00h38
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O chá do imperador
Faltam só vinte minutos para as oito. Nove de Julho, parada. Cidade Jardim, parada. Todas as vias estão entupidas e o taxista continua desfiando sua lista de "celebridades" femininas que a seu ver "são todas umas....". Não lembro como ele entrou nesse assunto. "Inclua aí a Mônica Veloso", disse eu. "Ih, essa não conheço. É bonitona, é? E é uma ... também?". Decido descer e ir a pé. Se eu contar para ele que estou atrasada para uma cerimônia do chá que começará niponicamente no horário, ele não vai entender nada. Saio desembestada, mas consigo chegar a tempo.
Dentro do Shopping Iguatemi, o som do kotô, a harpa japonesa, dissonante com o burburinho comercial, começa a acalmar o espírito e é meu guia para chegar até A Loja do Chá. A franquia alemã hospedou a cerimônia conduzida pelo Centro de Chadô Urasenke do Brasil, que tem sede no bairro da Liberdade e ministra aulas sobre etiqueta e rituais japoneses. Antes de começar, os participantes são convidados a escolher uma peça da ceramista Hideko Honma, na qual será servido o chá. Um senhor explica a diferença das cores no fundo das cerâmicas: esta foi feita com cinzas de casca de banana, esta com cinzas de arroz, esta com cinzas de um pedaço de jatobá centenário que caiu no Japão e foi trazido para cá.
A cerimônia começa. Como a própria A Loja do Chá alertou no convite, tradicionalmente ela é realizada em ambientes reservados, com jardins à volta, e inclui rituais de preparação dos convidados. Ainda assim, é única a oportunidade de experimentar um autêntico matchá, oriundo das plantações do imperador Akihito. Matchá, uma das senhoras do Centro Urasenke explica, é o chá verde que utiliza as folhas mais novas da planta. O Banchá, mais popular entre nós é, por sua vez, o chá verde feito com as folhas mais velhas, colhidas entre o verão e o outono.
Enquanto nossa anfitriã começa os procedimentos de purificação dos utensílios que serão utilizados na preparação do chá, somos servidos com uma duplinha de doces japoneses, pequeninos, delicados e coloridos, feitos à base de feijão branco pela chef patissière Cristina Makibuchi. Ela explica que o motivo de tantas cores é porque entramos na primavera e a escolha dos docinhos na cerimônia do chá é sempre pautada nas estações do ano. Como o chá verde é amargo, o objetivo de servir os docinhos é adoçar a boca antes. Logo depois, o chá é servido e é uma surpresa para os olhos. Espumante, porque é batido com utensílio que se assemelha a um batedor de ovos, só que pequeno. E de um verde intenso, cor de esmeralda. Por ser feito com folhas novas, tem um sabor também muito fresco. Para quem ainda acha que gastronomia não é arte, é bom ressaltar que o chadô, ou caminho do chá, é considerado pelos japoneses um dos muitos caminhos de expressão artística, assim como outros que também utilizam o sufixo "dô": gadô (pintura), kabukidô (drama), tôgeidô (cerâmica), etc.
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Adriana Carvalho
3/10/2007 às 16h05
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Richard Dawkins no YouTube
Richard Dawkins, respondendo a perguntas, sobre Deus, um delírio.
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Julio Daio Borges
3/10/2007 à 00h13
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J. Toledo se despede
O escritor e artista plástico paulista J. Toledo, com quem costumava conversar ao telefone menos do que deveria, faleceu sábado passado. Eu o conheci quando eu ainda morava com a escritora Hilda Hilst, na Casa do Sol (1998-2000). Naquela época, falávamos quase todas as manhãs. Cheguei inclusive a contribuir com alguns dos verbetes de seu Dicionário de suicidas ilustres, editado pela Record. (Ele também publicou livros de crônicas e uma biografia sobre o artista plástico Flávio de Carvalho, a quem conheceu, e que traz um prefácio de Jorge Amado.)
Toledo era um amigo extremamente atencioso e tinha um excelente senso de humor. Aliás, como costumo dizer, ele ainda o é e ainda o tem. Está vivo em algum lugar, dando risadas com a Hilda.
Logo mais colocarei em meu podcast uma gravação que fizemos juntos por telefone. Nada de mais, apenas para dar uma idéia de sua personalidade.
Vaya con Dios, hermano!
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Yuri Vieira
2/10/2007 às 20h25
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Rush - Snakes and Arrows
O Rush está de volta. E em grande estilo. Após a quase decepção com Vapor Trails (2002), chegou ao mercado o novo álbum do trio canadense, intitulado Snakes and Arrows. Não que Vapor Trails fosse ruim, mas não era assim, digamos, tão "Rush". Era excessiva e desproporcionalmente pesado e o guitarrista Alex Lifeson fez uma opção arriscada (e duvidosa) na época: não solou em nenhuma música. O Rush que soa neste novo trabalho é o que alia o peso à técnica de maneira mais harmoniosa, como fizeram no excelente Test for Echo (1996). O próprio Alex Lifeson deve ter reconhecido seus exageros e voltou a se utilizar dos violões, que aparecem com destaque no disco. Arriscou-se, também, em instrumentos mais exóticos como mandola, mandolim e bouzouki. Com isso, o guitarrista proporcionou um caráter mais acústico e experimental ao disco. Ah, e voltou a solar muito bem, obrigado.
Alex Lifeson, aliás, é um caso a se estudar, pois, apesar de seu talento, sempre foi subestimado como guitarrista. Ora ofuscado pela pirotecnia multifacetada do vocalista/baixista/tecladista Geddy Lee, ora pelo brilhantismo hors-concours do baterista (e letrista) Neil Peart, o guitarrista foi, injustamente, relegado ao posto de anticlímax da banda - o que é uma heresia em se tratando de uma banda de rock. Ao contrário de bandas como Led Zeppelin, Aerosmith ou Rolling Stones - onde tudo depende quase que exclusivamente da parceria entre vocalista e guitarrista - o Rush sempre se caracterizou pela coesão e pela unidade, onde cada membro colabora com igual relevância. Se qualquer um dos três membros for substituído, o Rush deixará de existir. Após lutar desesperadamente contra a profusão de teclados no som da banda nos idos dos anos 80, Lifeson voltou a assumir o controle sobre o peso do som do trio com o lançamento de Counterparts em 1993. De lá até hoje, os teclados têm sido usados com mais parcimônia, para alívio dos rush-maníacos mais reacionários.
Quem sempre apreciou as peças instrumentais do trio, certamente vai se deliciar com Snakes and Arrows. Dentre as três instrumentais do disco, o destaque é "The main monkey business", que personifica o som do Rush atual. O peso também é mantido e o poderoso riff de "Far cry" não mente. "Spindrift" emerge de um clima mais soturno e a melodia aparece amplificada em "The larger bowl" e na quase bluesy "The way the wind blows". Em "Faithless", Neil Peart mostra-se cético em relação ao fanatismo religioso e disco fecha com o petardo certeiro de "We hold on". Com isso, é certo afirmar que Snakes and Arrows é um disco bem mais variado que os anteriores e certamente encontra uma boa posição na extensa discografia da banda.
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Postado por
Diogo Salles
2/10/2007 às 10h32
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