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Domingo,
21/10/2007
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Redação
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A catarse tecnológica do U2
Demorou um pouco, mas o VHS ZOO TV Live From Sydney do U2 saiu finalmente em DVD, porém, sem o tradicional alarde midiático em torno dos lançamentos da banda. Convenhamos, não era um lançamento tão esperado assim, tampouco obrigatório. O espetáculo circense da ZOO TV deixou explícito o lado mais cínico do grupo nos anos 90, que tentava desesperadamente fugir do rótulo messiânico-pretensioso da década anterior. Repaginado com o lançamento do CD Achtung Baby (1991), o U2 mergulhou de corpo e alma no showbizz, embarcando em produções ambiciosas e megalomaníacas, com linguagem multimídia, imagens via satélite e slogans pulsando freneticamente em telões gigantescos, telefonemas para presidentes e celebridades, etc. O preto-e-branco de Rattle And Hum foi definitivamente abandonado. Talvez por isso "Sunday bloody sunday" tenha ficado engavetada durante todo esse período. Ela não condizia com a imagem neo-yuppie que eles cultivavam e com os shows mega-coloridos, mega-produzidos, mega-tudo. Em meio à catarse tecnológica, até os discursos políticos ficaram mais brandos. Bono deixou-os de lado e resolveu encarnar diferentes personagens durante o show, flertando com uma estética mais teatral. Além do célebre The Fly, despontava, já no bis, o histriônico Mr. MacPhisto e o resultado era sempre lamentável, com Bono mais parecendo uma caricatura de David Bowie. Não precisava. Bastava apenas ser Bono Vox.
Estava mesmo difícil selecionar o repertório naquela turnê, já que eles divulgavam o pior álbum de toda a sua discografia: o infame Zooropa (1993). Com isso, tornaram-se inevitáveis equívocos como "Numb" (que fica ainda mais bizarra ao vivo) e a chatíssima "Lemon". "Dirty day" e "Daddy's gonna pay for your crashed car" são melhores, mas não salvam o repertório zooropiano. Não há dúvidas que as melhores músicas dessa fase mais tecnocrata do U2 soam muito melhor no CD do que nos shows — "Until the end of the world" e "Even better than the real thing" perdem o punch, quando tocadas ao vivo. Em contraponto, "Mysterious Ways" renasceu poderosa nos palcos e se tornou, com justiça, obrigatória nos setlists.
O ponto crítico do show são, definitivamente, os covers. Todos eles poderiam, ou melhor, deveriam ter sido esquecidos. "Unchained Melody" é aquele lixo asqueroso, grudento e desprezível que já conhecemos. Já "Satellite of love" exala mediocridade. Não poderíamos esperar outra coisa de um cover do Lou Reed. "Can't help falling in love" fecha o set na mesma toada, nivelado por baixo. Difícil saber o que se passava na cabeça deles naquela época... Em shows mais recentes eles têm sido bastante econômicos nos covers, e, mesmo na década de 80, quando resolviam interpretar outros artistas, iam de Stones a Bob Dylan. O desastre só não foi total porque os grandes clássicos, como sempre, não faltaram e "Pride", "With or without you" e "New year's day" comparecem para a felicidade dos mais saudosistas. "Angel of Harlem" e "Running to stand still" aparecem como ótimas surpresas, mas não salvam o produto final, que no fim só conseguirá saciar os mais fanáticos.
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Diogo Salles
21/10/2007 às 17h51
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Para quem gosta de Coetzee
Quem, como eu, é fascinado pelos textos de J. M. Coetzee pode ir clicando aqui para ler o primeiro capítulo de seu novo livro, Diary of a bad year, que já está à venda e terá edição paperback publicada em dezembro pela Penguin USA.
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Daniel Lopes
21/10/2007 às 13h14
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Palavra na Tela – Jornalismo
Três experiências e muito jornalismo. Foi o bastante para uma boa conversa no segundo encontro da série
A Palavra na Tela: Jornalismo, Literatura e Crítica Depois da Internet (17/10), organizado pelo Digestivo Cultural, com a presença de Ana Maria Brambilla, Alexandre Matias e José Marcelo Zacchi (adiante, o perfil deles). O editor do Digestivo, Julio Daio Borges, mediou a mesa e pautou algumas das maiores polêmicas sobre a geração de conteúdo na Web.
Quem acredita que o termo "jornalismo colaborativo" rende pouco em duas horas, pode mudar de opinião depois de ouvir o áudio do encontro ou de acompanhar esta compilação seletiva. Verdade é que, ainda sob críticas dos conservadores, a rede de colaboradores virtuais se multiplica e se populariza pelos quatro cantos do mundo. Experiências concretas nascem por aí: o Ohmynews, o Digg, o Collective e o brasileiro Overmundo.
A dúvida de quem olha de fora fica por conta da credibilidade da colaboração irrestrita: seria confiável? Quais os critérios para um jornalismo colaborativo de qualidade? Existe, enfim, a separação entre conteúdo colaborativo e jornalismo? E quanto à profissionalização? Ainda é um terreno novo para definições concretas, mas sob o olhar de quem já participa do processo, é possível vislumbrar caminhos - e concordar ou discordar deles.
Cada um dos convidados tem uma história particular, responsável por moldar suas convicções sobre o próprio trabalho. A seguir, um pouco de cada um, seus respectivos projetos e os pontos altos do encontro.
Ana Maria Brambilla
Jornalista e blogueira formada pela PUC/RS, em 2003, viu na internet um chão seguro para o jornalismo. Baseou seu mestrado no jornalismo colaborativo, porta de entrada para ser a primeira correspondente brasileira do OhmyNews - em que colabora até hoje. Foi à Coréia do Sul em um fórum anual, quando conheceu jornalistas de todo o mundo com o mesmo interesse. Em uma "desconferência", chamada de BarCamp, conheceu sua futura chefe da editora Abril, onde edita atualmente projetos de jornalismo colaborativo.
- O que é OhmyNews?
É um noticiário criado por um jornalista sul-coreano, fruto de sua indignação com a imprensa local, fechada em interesses particulares. O lema "cada cidadão é um repórter" surgiu pioneiramente da idéia de um jornalismo open source. O jornal ficou conhecido em todo o mundo quando criou sua versão em inglês. Com layout limpo, semelhante ao site do The New York Times, além da extensa rede de colaboradores, tornou-se o principal da Coréia do Sul.
José Marcelo Zacchi
Pesquisou a circulação de informações culturais pelo Brasil e constatou (junto com Hermano Vianna, Alexandre Youssef e Ronaldo Lemos) que existia um grande potencial de disseminação deste conteúdo, até então reprimido pela imprensa convencional. Com base nesse diagnóstico, obteve patrocínio da Petrobrás, via Lei Rouanet, para criar o site mais popular de jornalismo colaborativo no Brasil - Overmundo -, o qual coordena.
- O que é Overmundo?
O site aceita textos de qualquer cadastrado, cujo conteúdo é aberto para revisão (todo mundo pode corrigir), triagem e votação do público - contagem que determinará a hierarquia do texto, sua visibilidade e aceitação. Desta forma, o material flui sem a intervenção dos moderadores. O espaço começou com 27 colaboradores remunerados (hoje, não mais) e conta, atualmente, com uma rede de 25 mil pessoas. Recebe, em média, 600 mil visitas mensais. É, nas palavras de Zacchi, um modelo experimental, cuja meta é descentralizar a notícia.
Alexandre Matias
Jornalista, blogueiro, podcaster, editor-assistente do "Link", do Estadão. Começou como colunista do Diário do Povo, em 1994. Sempre ligado às artes gráficas e à produção musical, criou a coluna Trabalho Sujo, que se tornaria seu site profissional. Neste espaço, ganhou visibilidade entre amigos e gravadoras, principalmente as estrangeiras. Futuramente, seria convidado para trabalhar no projeto Trama Universitário.
- O que foi o Trama Universitário?
Através da já existente gravadora Trama (do João Marcelo Bôscoli), surgiu a idéia de criar um circuito de informações entre as universidades, onde havia uma vasta produção cultural, porém mal aproveitada. Nasceu como agência de notícias, passou a promover shows e pegou carona no recém-chegado Creative Commons para permitir que os internautas criassem o conteúdo do site, interferindo na produção musical dos artistas e sendo premiados por isso. Assim, o Trama Universitário cresceu e deu visibilidade a artistas que não apareceriam pelos padrões convencionais. Registrou 179 mil usuários. Recentemente, perdeu o patrocínio, mas o Trama Virtual continua.
Creative Commons
O conceito aliviou a rigidez do direito autoral, que reprimia a produção de arte, como conta Matias. "O advogado americano Lawrence Lessig conseguiu ampliar várias licenças para que o autor decidisse se sua obra sofreria interferência de terceiros", conta. Com a chegada do conceito ao Brasil, o jornalismo colaborativo ganhou aliados. "Não significa que liberou geral, mas que passaram a existir mais alternativas", acrescenta Zacchi.
Amadores?
Uma das maiores barreiras ao jornalismo colaborativo, segundo Matias, é a freqüente associação ao amadorismo. Para Ana Brambilla, os veteranos do jornalismo acreditam que não precisam se reciclar diante de novas tendências. "Já os jovens têm a cabeça mais aberta". Mas o editor do Trabalho Sujo discorda, em parte. "Tem gente mais velha com a cabeça aberta, da mesma forma que muito iniciante não gosta da tendência". Zacchi complementa que as pessoas tendem a ver mudanças com uma ameaça, ao invés de enxergarem oportunidades.
Falta de informação
Para a editora da Abril, o jornalismo colaborativo ainda está associado a desorganização. Por isso, defende que existam normas para manter a credibilidade do formato. Caso contrário, o público não entende a proposta e acaba por desprezá-la.
Problema no Overmundo
O próprio coordenador do projeto reconhece que, pela falta de intervenção centralizada, não há uma reflexão editorial e uma análise crítica do que é publicado no site. "Não se identifica lacunas - um desafio para o Overmundo", conta. As referências entre amigos são outro problema: uma vez que as recomendações geram pontos, é comum que conhecidos votem entre si, para favorecer um ao outro. "Vira um jogo", acrescenta o Julio.
Hard News colaborativo?
Ana Brambilla acredita que a colaboração coletiva não serve para as notícias instantâneas, porque seria preciso um amadurecimento. O hard news demandaria checagem, um processo indispensável. Ela cita um ótimo exemplo: a foto-montagem publicada no UOL no dia do acidente da TAM, enviada por um colaborador. Uma tentativa frustrada, segundo ela, de se fazer jornalismo colaborativo neste modelo. "O colaborador recortou o Tocha Humana (personagem dos quadrinhos) e colou na foto do acidente", lembra Matias, que não acredita ter sido má-fé, mas erro de apuração do site. Para o coordenador do Overmundo, pode-se tentar criar mecanismos de apuração coletiva para evitar o problema.
Fiscalização coletiva
Ana crê que a vantagem do jornalismo colaborativo na internet é o controle da qualidade. "A correção em espaço aberto ocorre mais rapidamente, está sob olhos mais atentos e a mentira tem vida curta", comemora. Para Matias, este é o tal do "jornalismo cidadão", em que há uma leitura crítica, uma fiscalização da notícia. "Isso porque um batalhão de antenas capta a informação. A credibilidade se coloca sozinha", complementa Zacchi.
Redação física
"Será que ela tem futuro?", foi a pergunta do Julio. Para Matias, a noção de tempo, pelo menos, muda radicalmente na rede. "Trabalhar em horário fixo não funciona mais. O trabalho rende mais por meta do que por tempo. Até reunião de pauta poderia ser feita pelo Skype", sugere.
Home do site
O editor do Trabalho Sujo acredita que, com a disseminação dos links, pode-se entrar nos sites pela porta dos fundos. "As homes estão ficando obsoletas. Elas deixam de ser a parte mais importante do site", acredita. Ele concorda com Zacchi que a home do NYT acaba sendo mais que um jornal. Seria um agregador de feeds. No Overmundo, por exemplo, Zacchi assegura que pouquíssimos visitantes entram pela porta da frente.
Google News
Surgiu a dúvida de que o Google News pudesse ser um jornal colaborativo, já que permite a colaboração de blogueiros. Não na opinião dos três. "A triagem é automática, dispensa a intervenção humana. O objetivo é agregar e distribuir conteúdo, não produzi-lo", diferencia Zacchi.
O leitor decide
O coordenador do Overmundo gosta de ler jornais tradicionais, mas também acha ótimo decidir o que interessa ler. "Não se deve infantilizar o leitor a ponto de supor que é um perigo expô-lo ao que lhe interessa", opina. Matias deixou um questionamento: "Falamos de quem produz e não de quem lê. Sabemos o que o cara quer realmente ler?". Pouco se discute, de fato, como ele descobrirá os canais de leitura que prefere.
Quem é jornalista
Para Matias, o fato de qualquer um colaborar na Web não significa que é jornalista. "Ele tem, no entanto, o direito de dar um furo. Sabe que pode ser um jornalista, se quiser". Em seu
blog
Ana faz uma nítida diferenciação entre o "cidadão-repórter" e o "jornalista profissional", cujo termo, para ela, é redundante.
Produtores de conteúdo
As pessoas, como garante Matias, estão gerando conteúdo na internet sem perceber. "O Orkut é a pesquisa dos sonhos de qualquer instituto. Tem tudo sobre o perfil do cidadão. É o fim da privacidade", diz. Por outro lado, Zacchi considera a geração espontânea de conteúdo uma revolução. Conta que, na apresentação do Overmundo, uma afirmação reforça a idéia: "Nenhuma equipe de jornalistas, por maior e mais bem qualificada, pode ter o dinamismo para captar informações de um país inteiro quanto no ambiente colaborativo". Dinamismo - ele completa - que o OhmyNews construiu e, por isso, cresceu tanto.
Imparcialidade
O jornalismo colaborativo nem sempre se compromete a ser imparcial. Um exemplo de site que aceita conteúdos sem restrição, e, além disso, permite opiniões completamente tendenciosas, é o Centro de Mídia Independente (CMI), como lembram os participantes. O Overmundo também traz textos com posicionamento, embora faça a triagem e seja um veículo neutro. Para o coordenador do site, a área cultural permite essa liberdade, diferente de política, que exige uma cobertura mais factual.
Conteúdo colaborativo x jornalismo
Ana Brambilla vê uma clara diferença entre esses dois conceitos. Ela acredita que o CMI, assim como Orkut, YouTube e Flickr são espaços de conteúdo colaborativo. Para ser jornalismo, precisa ser feito por jornalistas e não pode ser parcial. Mas Matias discorda que o CMI não faça jornalismo, já que acredita que a noção de imparcialidade mudou. "Imparcialidade pode ser ruim, mas não deixa de ser jornalismo", defende, citando Michael Moore, absolutamente tendencioso em seus documentários. Para Ana, no entanto, o conteúdo opinativo deve ser declarado. "Não pode se esconder no rótulo da informação, como noticiário padrão", acredita.
Para ir além
"A Palavra na Tela"
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Tais Laporta
20/10/2007 às 18h02
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Direito Cultural
Os prazeres de criar e de fruir arte são velhos conhecidos do homem. Fazer arte, além de prazer, é trabalho. Mas há outros trabalhos relacionados com a arte e entretenimento, que representando estimados 4 a 5% do PIB nacional em 2007, reúne contadores, advogados, jornalistas, publicitários, todos vocacionados para atuação junto ao que se chama a Indústria da Cultura. Esse espaço se presta a discussões sobre esses temas e profissionais.
Carolina de Castro Wanderley, no Direito Cultural, lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
19/10/2007 à 00h58
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Galera comendo hambúrguer
Daniel Galera, em um dos intervalos de seu novo romance, e numa entrevista.
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Julio Daio Borges
18/10/2007 à 00h52
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Le vrai Moleskine
A few months ago, I decided to take my writing seriously. To give myself a couple of years of working on improving my skills (and reading about the hard life of an inspiring writer), because I know it takes more than a love of books and literature to master the skills required to succeed in the narrow publishing world.
Roberto Correa, no All The Things Not Said, lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
17/10/2007 à 00h47
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Blogosfera de merda
O que está acontecendo com a blogosfera brasileira? Sabe, está tudo muito ruim por aí. Não sei se estou saturado com o grande número de feeds que assino - e talvez o Google Reader tenha servido para dar amplitude à minha visão geral dos blogs -, mas está tudo muito repetitivo e "divertido".
São mapas e mais mapas de blogs, memes, rankings e a popularidade dos blogs, memes, por que leio o blogueiro no Twitter e os números dos que me seguem, memes, Super Trunfo de... blogs, memes, garrafas de vodka com logotipos de... blogs, memes, discussões e chats entre... blogueiros sobre os temas candentes entre os... blogueiros, mais memes, campanha (ou que quer que seja aquilo) para estampar na capa da Playboy... blogueiras, mais um meme sobre as capas da revista, e por aí vai.
Não sei se é a isso a que dão o nome de "profissionalização" dos blogs brasileiros, mas o negócio está perdendo em qualidade. É uma profissionalização de merda. Está todo mundo jogando para a torcida, como ouvi um blogueiro evidenciando aquilo que não faz.
É certo que a audiência cresceu entre os blogs que promovem a orquestra toda, e igualmente provável que tenham ganhado dinheiro com isso. No entanto, para um leitor que não faz parte da turma, como eu e você, a visita tem sido cada vez mais cansativa(...)
Cleber Corrêa, que nos cita no Twitter, no seu Mundus Minor
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Julio Daio Borges
16/10/2007 à 00h26
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Primeiro e único?
Hoje, como tive um compromisso no centro da cidade, aproveitei para esticar as pernas e dar uma boa caminhada. Adoro fazer isso, descer a Augusta, olhando o movimento. E aproveito para pensar nos meus assuntos.
Com a anunciada mudança de ares na minha vida, com a publicação do meu primeiro livro e com minha vontade de me asilar permanentemente na avenidas das correntes, fico pensando se Acaricia meu Sonho (o nome do meu romance, para quem não sabe) será meu primeiro e único livro.
Os poucos que me conhecem sabem minha opinião sobre os problemas gerais do mercado editorial e da literatura brasileira: temos problemas e graves. Não vou entrar em detalhes, mas acho que existe uma base, um pano de fundo para sermos tão ignorados: a língua portuguesa.
Somos, na prática, o único país do mundo em que se fala efetivamente português (podem xingar mas é verdade). Uma língua que vai perdendo sua importância no mundo, se é que já teve. E que impede que nossa literatura seja universalmente conhecida. Essa é a triste realidade. E essa situação influencia nossa literatura, muito voltada "para dentro", se é que alguém me entende.
Por isso, minha sensação é que, mais do que mudar de país, vou mudar de pátria (pensando que as pátrias são a línguas), porque me parece a forma de romper com o auto-isolamento que as condições e nossas decisões nos impõem. Não estarei sozinho, Cioran e Conrad já fizeram isso.
Quem sabe meu próximo livro não terá que ser traduzido?
O mesmo Barbão, que você conhece daqui (porque o Polzonoff, também, está escrevendo em inglês...)
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Julio Daio Borges
15/10/2007 à 00h58
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Orquestra Sinfônica de Euskadi
O Mozarteum Brasileiro trouxe, nos dias 9, 10 , 11 e 13 de setembro, pela primeira vez ao país, a espanhola Orquestra Sinfônica de Euskadi. Os concertos, no Auditório Ibirapuera, Teatro do SESC Santos, Sala São Paulo e no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, também marcam os 25 anos de atividades da orquestra que, no país basco, supera 7 mil assinantes em seus concertos.
Especificamente no dia 12, na Sala São Paulo, o destaque de uma noite dedicada aos compositores russos modernos e autores bascos foi o solista Bruno Gelber, que executou o Concerto nº 3, op. 30, em ré menor, para piano e orquestra de Sergei Rachmaninov; além da eficiente apresentação de toda a orquestra na dramática e nuclear Sinfonia nº 10, op. 93, em mi menor, de Dmitri Shostakovich.
Os compositores bascos que fizeram parte do repertório da orquestra no evento, como Madina e Guridi, também fazem parte de sua discografia, composta ainda por Usandizaga, Arámbarri, Isasi, Escudero, Sorozábal, Aita Donostia e Tomás Garbizu; um CD triplo com obras encomendadas a Bernaola, Larrauri, Ibarrondo, de Pablo, Escudero e Castro; um dedicado a Maurice Ravel; o 1º disco com o barítono malaguenho Carlos Alvarez; uma gravação com o cantor basco Benito Lertxundi, entre outros.
Após a Euskadi, o Mozarteum ainda apresentou a Orquestra Sinfônica da Galícia e grandes solistas na Sala São Paulo, que executou Concerto para violino, a "Sinfonia No. 4" de Brahms e composições do compositor espanhol do século XX, Manuel de Falla. Agora é a vez dos Recitais com Robert Holl e David Lutz, que fecharão a Temporada 2007 do evento.
O baixo holandês Robert Holl é um cantor de Lieder que tem predileção pelo repertório alemão e russo. Holl e o pianista Lutz apresentarão peças de Schumann, Rachmaninov e Tchaikovsky na Sala São Paulo no dia 22, em concerto somente para asssinantes do evento, e no dia 23 de outubro. O holandês ainda ministrará uma masterclass gratuita para estudantes de música e ouvintes no dia 24.
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Mozarteum Brasileiro 2007 - Recitais com Robert Holl e David Lutz - 22 e 23 de outubro - Sala São Paulo - Praça Julio Prestes s/n - Centro - Preços: de R$ 60 a R$ 150 - Informações e ingressos: (11) 3815-6377.
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Marília Almeida
12/10/2007 às 07h40
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Bate-papo com Daniel Piza
1. Qual é o segredo de manter uma coluna, como a Sinopse, durante dez anos?
Muito trabalho, mas feito sem estresse, com muito prazer. Procuro não deixar passar nada relevante, nem em termos de produtos e eventos culturais, nem em termos de debates do cotidiano. E procuro olhar cada uma dessas coisas com um ângulo próprio, original. Não dizer o que "todo mundo" está dizendo.
2. Muita gente considera que a Sinopse mudou, da Gazeta para o Estadão (a partir de 2000); como você sentiu a mudança de casa (se é que houve alguma)?
Não tem nada a ver com a mudança de casa. Quem mudou fui eu, até para não fazer sempre o mesmo. Ganhei mais familiaridade com alguns assuntos e também adquiri maturidade para falar de coisas que sempre fizeram parte da minha rotina - como futebol e TV - sem ser demagogo ou condescendente. Uma coluna feita por alguém com 26 anos não pode ser igual à de alguém com 36.
3. A meu ver, houve uma guinada, em termos de assunto, da cultura para a política - o velho Francis foi uma inspiração?
O Francis abria todas as colunas com temas políticos. Eu abro em média uma a cada três. A política brasileira foi um dos assuntos em que me aprofundei, e em que tentei uma forma de abordagem que não encontrava em outros colunistas. Meu novo livro mostra como sempre critiquei tanto FHC - lá nos tempos de Gazeta - quanto Lula, mas não pelo unilateralismo do "Brasil é uma porcaria", como havia em Francis. Por sinal, aos 21 anos discuti seriamente com ele porque apoiou gente como Collor e Maluf. Eu estava certo.
4. Acha que os colunistas políticos deveriam falar mais de cultura e os jornalistas culturais deveriam se posicionar mais politicamente no Brasil?
Não exatamente. Mas os colunistas políticos são incultos, em geral, e não conseguem colocar os fatos do presente na perspectiva histórica - exceto Elio Gaspari. Quanto aos jornalistas culturais, eles já se posicionam politicamente, e no mau sentido: misturam estética e ideologia; só gostam de filmes que defendem seus credos. O bom sentido seria usar a política como forma de mostrar ao público que os livros e as artes dizem respeito à vida cotidiana de qualquer um na "pólis", na cidade.
5. Quais foram os modelos para a criação da sua Sinopse e quais colunistas, daqui e de fora, você acompanha hoje?
H.L. Mencken, Bernard Shaw, Karl Kraus, Millôr Fernandes e Paulo Francis são modelos pelo tom contundente e estilo aforístico. As notas são miniresenhas como as que a revista The New Yorker faz em seu roteiro de cinema. A ironia, que se contrapõe ao excesso de contundência, vem de Machado de Assis. Colunistas brasileiros: Marcelo Coelho, Arnaldo Jabor, Luis Fernando Verissimo, Carlos Heitor Cony e Diogo Mainardi. Estrangeiros: Frank Rich, Paul Johnson, Frank Furedi, Samuel Brittan, Auberon Waugh. Mas as duas revistas que leio toda semana, New Yorker e The Economist, não têm colunistas. No caso da New Yorker, não perco um texto de Adam Gopnik e Louis Menand.
6. Contemporâneo de mim não é a primeira coletânea de textos seus da imprensa - o que acha que mudou da primeira até essa última coletânea?
É minha quarta coletânea, mas a primeira da Sinopse. Ora, Bolas reúne crônicas de futebol. Perfis & Entrevistas, bem, o nome já diz. E Questão de Gosto é uma seleção de ensaios e resenhas sobre literatura e arte acima de tudo, embora 20 de seus 70 textos sejam da Sinopse. Contemporâneo de mim tem 173 textos da Sinopse, de 1996 a 2006. Portanto, é mais variada em temas e tem uma liberdade de forma muito grande, pois mistura artigos, listas, paródias, cartas, etc.
7. Você já disponibiliza todos os seus textos digitalmente - pensa que ainda lançaremos coletâneas como a sua, em livro, no futuro?
Sem a menor dúvida. Coletâneas de colunas publicadas na imprensa de papel ou virtual estão entre os livros mais vendidos no Brasil e fora dele, e assim estarão sempre. Jabor, Verissimo e Mainardi que o digam... Esperei dez anos para fazer a minha porque não queria uma simples reunião de 2 ou 3 anos. Queria um espaço de tempo que permitisse ao leitor ter uma visão em perspectiva da nossa história. Ler em livro, num formato sequencial, com capa e tudo, em vez de ler a cada semana no papel perecível do jornal ou na tela acelerada da internet, é muito agradável. Uma coisa não exclui a outra; soma. As coletâneas de Norman Mailer e John Updike têm mais de mil páginas cada uma. Os computadores chegaram, mas a indústria editorial segue vendendo mais e mais livros todo ano.
8. A comparação mais freqüente hoje é entre coluna e blog: para você que pratica os dois gêneros, quais são os prós e os contras de cada meio?
A coluna permite você misturar mais coisas, seja na costura do texto, seja na divisão em notas. Além disso, por enquanto, paga melhor. O blog exige temas separados em textos menos longos. Mas permite conversa, ida-e-volta, embora eu sempre tenha respondido aos e-mails para a coluna (e embora haja blogs que não permitem comentários). E tem os links, o uso de aúdio e vídeo, etc. De novo, um não exclui o outro. Graças aos deuses da tecnologia, os jornalistas atuais têm muitos meios de comunicação para trabalhar. Ainda faço TV e rádio, que tampouco morreram. Cada um me ensina algo e me faz melhor.
9. Quais os desafios para a Sinopse nos próximos dez anos? Acha que ela cumpriu as promessas "feitas" dez anos atrás?
Não lembro quais promessas seriam. Mas ela cumpriu minhas expectativas: funcionar como um minijornal, um folhetim de idéias, com hierarquias e conteúdo distintos dos que se vêem nos grandes jornais. O leitor sai da coluna com pelo menos uma informação que não tinha e uma idéia para pensar, nem que seja para discordar. Todos os testemunhos que ouço ou leio confirmam essa sensação. O desafio dos próximos dez anos é continuar reinventando a coluna, tanto criando novas seções quanto revendo velhas idéias.
10. O que você diria para quem vai começar uma coluna semanal hoje (em papel ou on-line)?
Viva intensamente: viaje, leia, observe, conheça pessoas das mais diversas classes sociais, estude muito, não esqueça o ócio. E saiba levar tudo para o papel com lucidez e charme. Para isto, aprenda também a praticar outros gêneros - reportagem, perfil, entrevista, resenha, ensaio, etc. - para não ser apenas uma voz egocêntrica, que fica no gabinete emitindo notas passionais sobre um mundo que odeia. Um autor não fica por seus bordões, por suas campanhas ou por seu conhecimento específico de um tema. Fica pelo poder de seus argumentos.
Para ir além
Contemporâneo de mim - Dez anos da coluna Sinopse
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Postado por
Julio Daio Borges
12/10/2007 à 00h56
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