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BLOG

Quinta-feira, 25/10/2007
Blog
Redação
 
Não saia com ele

"Desde que ele entrou na minha vida, perdi meu emprego, dinheiro, familia... Ele entra na sua vida, faz mil promessas diz que vai te ajudar... Moças, não caim na labia dele!"

Marta, no Não saia com ele, uma espécie de "I will survive" da Web 2.0...

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Postado por Julio Daio Borges
25/10/2007 à 00h00

 
artes, cultura e mundo da lua

Transformar a realidade. Cantar, pular, rodopiar, emocionar e seguir assim... brincando e reinventando a vida. Eis o artista e por ele nasceu o Misen-En-Scène. Um dedinho de prosa sobre as artes, a poesia do mundo. Essa mesma que salta sobre nós a todo instante.

Patrícia Rocco, apresentando o Misen-En-Scène, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
24/10/2007 à 00h51

 
Palavra na Tela – Literatura

Julio Daio Borges, Ana Elisa Ribeiro, Augusto Sales e Ricardo Giassetti em foto de Tais Laporta

Embora a Casa Mário de Andrade estivesse menos cheia que na noite anterior, o terceiro encontro da série A Palavra na Tela: Jornalismo, Literatura e Crítica depois da Internet, deu a impressão de que o espaço transbordava de gente. Os responsáveis por essa sensação foram Ana Elisa Ribeiro, Ricardo Giassetti e Augusto Sales - convidados pelo Julio Daio Borges, organizador do evento pelo Digestivo Cultural.

Ficou claro que discutir literatura contemporânea não é falar apenas de livros. Livros, aliás, correm o risco de tornar-se acessórios marginais depois da internet (assim deram a entender os três participantes da noite). Não é preciso esforço para concluir que a Rede, além de ter aberto os braços para quem quer escrever, também tornou-se o carro-chefe de polêmicas sobre o suporte papel, o acesso à leitura, o direito autoral, a remuneração on-line e os novos autores. Pelo menos, esta é a opinião dos que aceitaram o abrigo virtual e fizeram dele um caminho inédito para a literatura.

Se possível, a conversa fluiria por horas. Por sorte, o Julio atentou que tratava-se de um encontro esgotável, e não de uma longa conversa de bar. Assim, evitou-se que os participantes se estendessem em descrições específicas e foi possível variar as pautas no tempo previsto. Não faltaram elogios e provocações à nova onda literária à solta na Rede - um boom, como observou o Julio.

Os três convidados soltaram a língua com a segurança de quem conhece o terreno onde pisa. Satisfeitos por terem nascido na era da internet, talvez vissem a literatura com outros olhos sem a existência da Web. Sabe-se lá o que estariam fazendo: alimentando esperanças com o papel ou simplesmente longe das letras. Sorte deles - e nossa - que o olhar da Rede para fora é otimista. A seguir, um pouco sobre eles e sobre os principais pontos do encontro. Ouça o áudio do debate na Casa Mário de Andrade.

Ana Elisa Ribeiro - Escritora, blogueira, colunista do Estado de Minas e do Digestivo Cultural. Conheceu a internet nos primeiros chats. Já escrevia na Web, mas com certo "ciúme". Achava que seus textos se dissipariam. Passado o conflito, criou seu primeiro site, o Patife, e, depois, a Estante de livros on-line, no qual resenhava autores recém-publicados. Em 2003, foi convidada pelo Julio a fazer parte do Digestivo.

Ricardo Giassetti - Um dos fundadores da Mojo Books, projeto que transforma álbuns de música em literatura (os livros ou "mojos" podem ser baixados gratuitamente). Largou a faculdade de Direito, chegou a ter uma editora de quadrinhos (a finada Pandora), entrou para a publicidade e escreveu roteiros - sempre como autodidata. Por fim, aproveitou o potencial criativo para inventar a Mojo, hoje também uma editora.

Augusto Sales - Blogueiro e editor do site Paralelos. Iniciou-se na Rede pelo chat da UOL, já em 1996. Passou pelas ciências contábeis, sonhou com engenharia, mas acabou por criar o site Falaê em 1999, o projeto-piloto para o Paralelos, uma das primeiras iniciativas literárias da internet. O site mapeou a chamada geração "00", uma vitrine para os novos autores.

Papel para quê?
Mesmo prevendo a resposta, o Julio perguntou se o papel ainda era "o" suporte da literatura. Para provar que não, Ana Elisa lembrou que a substituição dos formatos é historicamente natural. "O livro de rolo foi substituído pelas folhas empilhadas. Hoje, o rolo só serve para diploma". Ela foi ao fim do século XV, quando Gutenberg criou a prensa tipográfica e, assim, transformou o livro artesanal em produto de massa. Uma inovação comparada, segundo a escritora, aos sites literários, exemplos de alternativas às editoras. Augusto Sales, depois de lançar um livro a partir do Paralelos, parafraseia Beatriz Resende: "Assim como a arte abandonou a moldura, a literatura não precisa mais do suporte papel". Ricardo Giassetti lembra dos novos formatos, como o PDF e as experiências de leitura pelo celular. Conta que já precisou criar animações que simulavam o ato de virar uma página. "Um cacoete", considera.

Editoras
"É uma ilusão pensar que as editoras lerão seu original, quanto menos publicar", acredita Ana Elisa. Para ela, as casas editoriais sempre foram oligopólios que detinham a tecnologia para fazer o livro circular. "Você não precisa passar mais pela editora. É possível fazer um produto bonito e sofisticado sem essa intervenção, porque a tecnologia burlou a precariedade". Se alguém lhe perguntar se deve publicar em papel, a escritora responde: "Não deve. Faça o teste na Rede primeiro".

Falsa vitrine
Publicar em papel, nem de longe, é sinônimo de visibilidade. Para Ana Elisa, pelo contrário, significa dispersão. "O livro não aparece. Tem grande chance de ficar na última estante da livraria, lá embaixo, empoeirado. Quando não no depósito", acredita. Uma tiragem de mil exemplares estaria tão dispersa que ninguém a perceberia, como se o livro fosse uma antipublicação. Já surge a ironia: um texto de internet se desloca em qualquer direção.

Autor maior que a obra
Outra ilusão que os participantes derrubaram refere-se à obra. "É muito difícil ficar conhecido por causa de um texto publicado", acredita Giassetti. "Você sabe quem é o escritor, mas não lembra que livro ele escreveu", conta Ana. Para ter repercussão, o autor precisa viajar, dar palestras, enfim, criar algo em cima do próprio trabalho. Mas o que marca, no fim, é seu próprio nome.

Do site para o papel
"Como foi lançar um livro a partir do Paralelos?", pergunta o Julio ao editor do site. "É um complemento. Não tem jeito, livro ainda é papel, um formato que funciona bem", pondera Sales. Para justificar, contou sobre o trauma que foi, para ele, trocar LPs por CDs. (Depois Sales se conformou...) De repente, um formato que "funcionava bem" poderia deixar de funcionar. "Acho que quem já nasceu na internet não vai querer sentir o cheiro do livro", acredita.

Mojo Books
O projeto surgiu depois que Giassetti e seu futuro sócio, Danilo Corci, integrantes da mesma banda de rock, decidiram homenagear Franz Kafka e James Joyce em letras de música. "Que disco daria uma boa história?", veio o lampejo. Daí, convidaram um grupo de pessoas (não necessariamente escritores) para criar histórias a partir de álbuns musicais de que gostassem. Lançado sem pretensões, em dezembro de 2006 (com livros inspirados em Depeche Mode, New Order, Big Star e Supergrass), o projeto trouxe mais leitores que o esperado.

Retorno financeiro
A dúvida era: a internet, enfim, gera remuneração aos escritores? O fundador da Mojo Books conta que o projeto ainda não é pago. Para Ana Elisa, este assunto ainda está muito atrelado à publicidade, embora a verdadeira remuneração em dinheiro seja indireta. As oportunidades surgem de forma indireta. "Escrever na internet desencadeia uma série de coisas fora dela", conta a escritora. Aí estaria o retorno. "Ganhar dinheiro com livro é para poucos fenômenos. Mário de Andrade e João Cabral de Melo Neto publicavam com dinheiro próprio", exemplifica.

Leitores dispersos
Foi praticamente consenso que o brasileiro não lê. E não lê porque não gosta. "Tem até professor de literatura que não gosta", lembra Ana. Por esse motivo, Giassetti escolheu uma leitura fácil e fluída para os livros da Mojo, além de aproveitar o interesse do público pelas bandas, de modo a estimular a leitura. Está levando, paralelamente, o projeto Mojo Escola, que leva a técnica de composição para as salas de aula. "O objetivo é ensinar a contar o que você sentiu ao ouvir determinado disco", explica Giassetti. Para ele, não adianta forçar a criança a ler o que não gosta. Despertar a leitura é um desafio torturoso para a dispersa geração nascida na internet.

Brasileiro lê pouco
Ana Elisa lembra que o brasileiro lê uma média de dois livros por ano - já inclusos os de auto-ajuda, religiosos etc. - que, aliás, vendem bem mais que literatura. No universo literário, já pequeno, há muito Paulo Coelho, Sidney Sheldon, Agatha Christie. Aqui existe o apego material pelo livro, uma cultura do objeto de status. Importante lembrar que, em países como o Japão, é estranho guardar livros em casa. Lê-se e passa-se para outra pessoa.

Contradição
Embora o brasileiro não cultive o habito da leitura, Ana Elisa coloca um paradoxo. "O Brasil é a oitava potência editorial do mundo". Segundo a escritora, o Governo compra quantidades absurdas de livro didático para as escolas. Nas escolas, sim, estaria um verdadeiro mercado com potenciais leitores - como concordam os três convidados.

Criar o hábito
Giassetti critica severamente o uso distorcido que o brasileiro faz da leitura. "Aqui não se forma leitores. Você compra o livro mas não cria o hábito de ler". Diferente do barbeador e do cigarro, que segundo os convidados naturalmente levam ao hábito, o livro não embute a necessidade de ler no brasileiro. O problema do desinteresse, segundo Ana Elisa, é o "alfabetismo funcional": o sujeito é capaz de ler, mas não de entender. Neste sentido, a internet estimularia uma participação ativa, com direito a reações e respostas diretas. "A nova geração nunca escreveu tanto", lembra a escritora.

Geração virtual
Embora haja uma crítica ferrenha ao "internetês" (linguagem que ignora muitas regras ortográficas), segundo Ana Elisa os candidatos de vestibulinhos não utilizam a linguagem de internet nas redações. Para o editor do Paralelos, a transposição é a mesma para a linguagem oral. "A internet é uma ferramenta absurda. Sorte nossa poder acompanhar do começo e entender a mudança", afirma Giassetti.

Plágio na internet
Embora Ana Elisa receie que sua obra se disperse pela Rede sem seu conhecimento, ela acredita que existe um respeito pela autoria, na maioria dos casos. Os veículos que reproduzem já divulgam os créditos e citam o autor. A escritora lembra que a cópia sempre existiu, desde a pesquisa à Barsa (quem nunca fez isso?) até a onda da xerox. Mas Giassetti lamenta casos de reprodução sem citação de nomes ou pedido de autorização. "Ainda acham que a internet não é de verdade. A pessoa sabe que está errada, mas pensa que nunca vão descobrir. E, na maioria das vezes, não descobrem mesmo". Ana Elisa pensa numa improvável solução. "Se o livro custasse um valor que não compensasse 'xerocar', talvez valesse mais a pena comprar o original".

Escritor de internet?
Muitos escritores podem ser considerados filhotes da internet, porque foi de lá que saíram para conquistar espaço em grandes editoras. Mas a maioria não gosta da denominação. Como lembra o Julio, eles recusam o título, como se escrever na Rede tirasse o direito de profissionalização. "Não querem o rótulo porque qualquer um pode ser escritor de internet. 'E eu não sou qualquer um'", exemplifica Ana.

Para ir além
"A Palavra na Tela"

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Postado por Tais Laporta
23/10/2007 às 16h30

 
Cucarachas, uni-vos!

O Tordesilhas, Festival Ibero-americano de poesia contemporânea começa na terça-feira, dia 30 de outubro, e se estende até 4 de novembro em São Paulo. O encontro de poetas brasileiros e do exterior se propõe a "apresentar e discutir a produção recente de poesia na América Latina e Península Ibérica", tendo como lema "Desconstruindo a linha de Tordesilhas". E a interação vai além.

Com curadoria de Claudio Daniel e Virna Teixeira, Tordesilhas será no Caixa Cultural, mas a programação noturna vai percorrer diversos centros culturais paulistanos, como o Instituto Cervantes e a Academia Internacional de Cinema.

Trinta convidados estrangeiros, em companhia dos hermanos daqui, vão conversar sobre temas de interesse como "Revistas latino-americanas impressas e eletrônicas" (com Léon Félix Batista, Marcelo Chagas...) "Editoras independentes ibero-americanas" (Luís Serguilha, Victor López...), "Território e linguagens na web - blogs de poesia" (João Miguel Henriques, Allan Mills, Bruna Beber...). Da mesma forma que discussões sobre a poesia espanhola e portuguesa atuais, assim como acerca do lugar deste gênero na universidade.

Nota-se que Tordesilhas pretende trazer uma poesia próxima e muitas vezes desconhecida do grande público brasileiro, sendo que é uma iniciativa bastante aguardada se pensarmos, por outro lado, na boa divulgação e tradução que a nossa poesia contemporânea tem recebido em alguns países. Diversos lançamentos dentro do próprio festival demostram este reconhecimento meio às escondidas, assim como o caminho contrário: se a montanha vem até nós, nós também propomos algo a ela...

Parte da produção poética contemporânea nacional estará presente em livros com ânsia de leituras estrangeiras, a serem lançados durante o evento (dia 2 de novembro). É o caso das coletâneas de Caos Portátil, poesia contemporánea del Brasil (Cidade do México, El Billar de Lucrecia, 2007) e Antologia Vacamarela (São Paulo, 2007). Além dos livros de capa artesanal do selo Demônio Negro, com um esperado relançamento.

Caos portátil é uma edição bilíngüe português/espanhol da editora mexicana capitaneada por Rocío Cerón, a El Billar de Lucrecia. Com traduções de Camila do Valle e Cecilia Pavón, segundo Bruno Solomonoff, são "280 páginas de potencia poética, sin lugar a dudas uno de los libros más esperados de esta década. Ese continente aparte que es el Brasil, se le abrirá al lector en castellano con esta extraordinaria selección".

Se Caos traz 13 poetas, a Antologia Vacamarela, projeto do coletivo homônimo, reúne 17 poetas brasileiros com a intenção de revelar parte da jovem produção poética deste início de século. Para tanto, os textos do livro se abrem em edição trilíngüe português/espanhol/inglês. "A tradução de todo o conteúdo para o espanhol e o inglês representa um esforço de superação da barreira da língua para a poesia em língua portuguesa", anuncia o grupo.

São pequenos editoriais e parcerias entre autores e tradutores que fazem movimentar - ainda que de maneira pontual pela dificuldade da distribuição e tiragem limitada -, a literatura de hoje, sem dúvida em busca de um diálogo e um fazer aparecer-se salutar. Mas, apenas querer não basta, hoje é essencial repensar estratégias de publicação e divulgação. Rocío, em entrevista sobre difusão de poesia à revista argentina Plebella, pondera sobre a questão: "Tanto los autores como las editoriales están obligadas a repensar las formas o vías de encuentro con sus posibles consumidores. Si no estaríamos condenados a sólo leernos entre poetas, en el mejor de los escenarios posibles."

Um profundo interesse pela poesia brasileira também acontece na Argentina. Nosso vizinho Cristian De Nápoli esmiúça a poesia latino-americana, nos presenteando com os livros da coleção Black&Vermelho, sem contar o Festival latinoamericano de poesía Salida al Mar.

Evidentemente, a internet também participa deste jogo. Um dos convidados do Tordesilhas, o catalão Joan Navarro, mantém desde 1999 uma primorosa revista eletrônica dedicada à poesia, a sèrieAlfa - fulls temporals d'art i literatura.

Assim, o Festival Tordesilhas tem uma grande importância em si por ser uma iniciativa pioneira e pelo esforço de aproximação entre Brasil, os outros países da América Latina e Península Ibérica. Mas também por possibilitar um abrir de olhos especial sobre a poesia brasileira contemporânea. E a constatação é de que não se faz nada sozinho (de outra forma nem teria graça!). São os veículos colaborativos que estão fazendo a diferença.

Quem sabe construindo outras linhas, sobretudo imaginárias, curvas criativas, atravessando cordilheiras e oceanos. Seria este o mote da vez?

Para ir além:
Tordesilhas, Festival Ibero-americano de poesia contemporânea - 30 de outubro a 4 de novembro - das 9h às 21h - Caixa Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 - Entrada Franca.

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Postado por Elisa Andrade Buzzo
23/10/2007 às 12h56

 
Arrrnaldo Jaborrr

Arnaldo Jabor é o Galvão Bueno da política e da cultura: faz lá o dele, gritando como pode e se indignando bastante, inclusive a favor. Aliás, coisa bem interessante essa de se indignar a favor. Chega a ser uma revolução na arte da polêmica: concordar com tudo, mas balançando a cabeça de um lado para o outro, dizendo "tsc, tsc, tsc".

Jabor se faz de analista da pós-modernidade, muito embora pareça que a pós-modernidade seja uma invenção dele para justificar, como sintoma, a própria verborragia, quase sempre chamuscada de erudição. E o riso vulgar a contento. E cinismo, também. E um terno desalinhado às vezes. E bastante cuspe enquanto fala.

Volta e meia, ele fala de novidades como a "des-referencialização" do real, o fim das fronteiras, a falência de utopias e ideologias. Repete o mantra (agora a gente tem que usar essa palavra, "mantra", quando fala de alguma repetição, já viram?) da inexistência de esquerda e direita, da necessidade de ultrapassar o maniqueísmo. Engraçado. Se não me falha a memória, em 82,6% de seus artigos, Jabor faz reduções do tipo "Antigamente" versus "Hoje".

E justamente sua melhor qualidade - a de ser ex-cineasta brasileiro, num País em que todo mundo é cineasta wannabe - também está indo pro brejo: ele está rodando outro filme. Sugeriram como título Eu te odeio, mas ele achou que era elogio.

Bruno Rabin, no Farsante, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
23/10/2007 à 00h42

 
Pensar puede matar

Fabiane Lima, no seu Megalopolis, que linca pra nós.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
22/10/2007 à 00h38

 
Gullar no Ofício

Dia 23, terça-feira, às 19h, o Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, recebe o poeta Ferreira Gullar para um bate-papo com o público da série Ofício da Palavra. Com curadoria do jornalista José Eduardo Gonçalves, este encontro promete ocupar todas as cadeiras do prédio da antiga estação. Entrada franca e fácil.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
21/10/2007 às 18h17

 
A catarse tecnológica do U2

Demorou um pouco, mas o VHS ZOO TV Live From Sydney do U2 saiu finalmente em DVD, porém, sem o tradicional alarde midiático em torno dos lançamentos da banda. Convenhamos, não era um lançamento tão esperado assim, tampouco obrigatório. O espetáculo circense da ZOO TV deixou explícito o lado mais cínico do grupo nos anos 90, que tentava desesperadamente fugir do rótulo messiânico-pretensioso da década anterior. Repaginado com o lançamento do CD Achtung Baby (1991), o U2 mergulhou de corpo e alma no showbizz, embarcando em produções ambiciosas e megalomaníacas, com linguagem multimídia, imagens via satélite e slogans pulsando freneticamente em telões gigantescos, telefonemas para presidentes e celebridades, etc. O preto-e-branco de Rattle And Hum foi definitivamente abandonado. Talvez por isso "Sunday bloody sunday" tenha ficado engavetada durante todo esse período. Ela não condizia com a imagem neo-yuppie que eles cultivavam e com os shows mega-coloridos, mega-produzidos, mega-tudo. Em meio à catarse tecnológica, até os discursos políticos ficaram mais brandos. Bono deixou-os de lado e resolveu encarnar diferentes personagens durante o show, flertando com uma estética mais teatral. Além do célebre The Fly, despontava, já no bis, o histriônico Mr. MacPhisto e o resultado era sempre lamentável, com Bono mais parecendo uma caricatura de David Bowie. Não precisava. Bastava apenas ser Bono Vox.

Estava mesmo difícil selecionar o repertório naquela turnê, já que eles divulgavam o pior álbum de toda a sua discografia: o infame Zooropa (1993). Com isso, tornaram-se inevitáveis equívocos como "Numb" (que fica ainda mais bizarra ao vivo) e a chatíssima "Lemon". "Dirty day" e "Daddy's gonna pay for your crashed car" são melhores, mas não salvam o repertório zooropiano. Não há dúvidas que as melhores músicas dessa fase mais tecnocrata do U2 soam muito melhor no CD do que nos shows — "Until the end of the world" e "Even better than the real thing" perdem o punch, quando tocadas ao vivo. Em contraponto, "Mysterious Ways" renasceu poderosa nos palcos e se tornou, com justiça, obrigatória nos setlists.

O ponto crítico do show são, definitivamente, os covers. Todos eles poderiam, ou melhor, deveriam ter sido esquecidos. "Unchained Melody" é aquele lixo asqueroso, grudento e desprezível que já conhecemos. Já "Satellite of love" exala mediocridade. Não poderíamos esperar outra coisa de um cover do Lou Reed. "Can't help falling in love" fecha o set na mesma toada, nivelado por baixo. Difícil saber o que se passava na cabeça deles naquela época... Em shows mais recentes eles têm sido bastante econômicos nos covers, e, mesmo na década de 80, quando resolviam interpretar outros artistas, iam de Stones a Bob Dylan. O desastre só não foi total porque os grandes clássicos, como sempre, não faltaram e "Pride", "With or without you" e "New year's day" comparecem para a felicidade dos mais saudosistas. "Angel of Harlem" e "Running to stand still" aparecem como ótimas surpresas, mas não salvam o produto final, que no fim só conseguirá saciar os mais fanáticos.

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Postado por Diogo Salles
21/10/2007 às 17h51

 
Para quem gosta de Coetzee

Quem, como eu, é fascinado pelos textos de J. M. Coetzee pode ir clicando aqui para ler o primeiro capítulo de seu novo livro, Diary of a bad year, que já está à venda e terá edição paperback publicada em dezembro pela Penguin USA.

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Postado por Daniel Lopes
21/10/2007 às 13h14

 
Palavra na Tela – Jornalismo

Três experiências e muito jornalismo. Foi o bastante para uma boa conversa no segundo encontro da série A Palavra na Tela: Jornalismo, Literatura e Crítica Depois da Internet (17/10), organizado pelo Digestivo Cultural, com a presença de Ana Maria Brambilla, Alexandre Matias e José Marcelo Zacchi (adiante, o perfil deles). O editor do Digestivo, Julio Daio Borges, mediou a mesa e pautou algumas das maiores polêmicas sobre a geração de conteúdo na Web.

Quem acredita que o termo "jornalismo colaborativo" rende pouco em duas horas, pode mudar de opinião depois de ouvir o áudio do encontro ou de acompanhar esta compilação seletiva. Verdade é que, ainda sob críticas dos conservadores, a rede de colaboradores virtuais se multiplica e se populariza pelos quatro cantos do mundo. Experiências concretas nascem por aí: o Ohmynews, o Digg, o Collective e o brasileiro Overmundo.

A dúvida de quem olha de fora fica por conta da credibilidade da colaboração irrestrita: seria confiável? Quais os critérios para um jornalismo colaborativo de qualidade? Existe, enfim, a separação entre conteúdo colaborativo e jornalismo? E quanto à profissionalização? Ainda é um terreno novo para definições concretas, mas sob o olhar de quem já participa do processo, é possível vislumbrar caminhos - e concordar ou discordar deles.

Cada um dos convidados tem uma história particular, responsável por moldar suas convicções sobre o próprio trabalho. A seguir, um pouco de cada um, seus respectivos projetos e os pontos altos do encontro.

Ana Maria Brambilla
Jornalista e blogueira formada pela PUC/RS, em 2003, viu na internet um chão seguro para o jornalismo. Baseou seu mestrado no jornalismo colaborativo, porta de entrada para ser a primeira correspondente brasileira do OhmyNews - em que colabora até hoje. Foi à Coréia do Sul em um fórum anual, quando conheceu jornalistas de todo o mundo com o mesmo interesse. Em uma "desconferência", chamada de BarCamp, conheceu sua futura chefe da editora Abril, onde edita atualmente projetos de jornalismo colaborativo.

- O que é OhmyNews?
É um noticiário criado por um jornalista sul-coreano, fruto de sua indignação com a imprensa local, fechada em interesses particulares. O lema "cada cidadão é um repórter" surgiu pioneiramente da idéia de um jornalismo open source. O jornal ficou conhecido em todo o mundo quando criou sua versão em inglês. Com layout limpo, semelhante ao site do The New York Times, além da extensa rede de colaboradores, tornou-se o principal da Coréia do Sul.

José Marcelo Zacchi
Pesquisou a circulação de informações culturais pelo Brasil e constatou (junto com Hermano Vianna, Alexandre Youssef e Ronaldo Lemos) que existia um grande potencial de disseminação deste conteúdo, até então reprimido pela imprensa convencional. Com base nesse diagnóstico, obteve patrocínio da Petrobrás, via Lei Rouanet, para criar o site mais popular de jornalismo colaborativo no Brasil - Overmundo -, o qual coordena.

- O que é Overmundo?
O site aceita textos de qualquer cadastrado, cujo conteúdo é aberto para revisão (todo mundo pode corrigir), triagem e votação do público - contagem que determinará a hierarquia do texto, sua visibilidade e aceitação. Desta forma, o material flui sem a intervenção dos moderadores. O espaço começou com 27 colaboradores remunerados (hoje, não mais) e conta, atualmente, com uma rede de 25 mil pessoas. Recebe, em média, 600 mil visitas mensais. É, nas palavras de Zacchi, um modelo experimental, cuja meta é descentralizar a notícia.

Alexandre Matias
Jornalista, blogueiro, podcaster, editor-assistente do "Link", do Estadão. Começou como colunista do Diário do Povo, em 1994. Sempre ligado às artes gráficas e à produção musical, criou a coluna Trabalho Sujo, que se tornaria seu site profissional. Neste espaço, ganhou visibilidade entre amigos e gravadoras, principalmente as estrangeiras. Futuramente, seria convidado para trabalhar no projeto Trama Universitário.

- O que foi o Trama Universitário?
Através da já existente gravadora Trama (do João Marcelo Bôscoli), surgiu a idéia de criar um circuito de informações entre as universidades, onde havia uma vasta produção cultural, porém mal aproveitada. Nasceu como agência de notícias, passou a promover shows e pegou carona no recém-chegado Creative Commons para permitir que os internautas criassem o conteúdo do site, interferindo na produção musical dos artistas e sendo premiados por isso. Assim, o Trama Universitário cresceu e deu visibilidade a artistas que não apareceriam pelos padrões convencionais. Registrou 179 mil usuários. Recentemente, perdeu o patrocínio, mas o Trama Virtual continua.

Creative Commons
O conceito aliviou a rigidez do direito autoral, que reprimia a produção de arte, como conta Matias. "O advogado americano Lawrence Lessig conseguiu ampliar várias licenças para que o autor decidisse se sua obra sofreria interferência de terceiros", conta. Com a chegada do conceito ao Brasil, o jornalismo colaborativo ganhou aliados. "Não significa que liberou geral, mas que passaram a existir mais alternativas", acrescenta Zacchi.

Amadores?
Uma das maiores barreiras ao jornalismo colaborativo, segundo Matias, é a freqüente associação ao amadorismo. Para Ana Brambilla, os veteranos do jornalismo acreditam que não precisam se reciclar diante de novas tendências. "Já os jovens têm a cabeça mais aberta". Mas o editor do Trabalho Sujo discorda, em parte. "Tem gente mais velha com a cabeça aberta, da mesma forma que muito iniciante não gosta da tendência". Zacchi complementa que as pessoas tendem a ver mudanças com uma ameaça, ao invés de enxergarem oportunidades.

Falta de informação
Para a editora da Abril, o jornalismo colaborativo ainda está associado a desorganização. Por isso, defende que existam normas para manter a credibilidade do formato. Caso contrário, o público não entende a proposta e acaba por desprezá-la.

Problema no Overmundo
O próprio coordenador do projeto reconhece que, pela falta de intervenção centralizada, não há uma reflexão editorial e uma análise crítica do que é publicado no site. "Não se identifica lacunas - um desafio para o Overmundo", conta. As referências entre amigos são outro problema: uma vez que as recomendações geram pontos, é comum que conhecidos votem entre si, para favorecer um ao outro. "Vira um jogo", acrescenta o Julio.

Hard News colaborativo?
Ana Brambilla acredita que a colaboração coletiva não serve para as notícias instantâneas, porque seria preciso um amadurecimento. O hard news demandaria checagem, um processo indispensável. Ela cita um ótimo exemplo: a foto-montagem publicada no UOL no dia do acidente da TAM, enviada por um colaborador. Uma tentativa frustrada, segundo ela, de se fazer jornalismo colaborativo neste modelo. "O colaborador recortou o Tocha Humana (personagem dos quadrinhos) e colou na foto do acidente", lembra Matias, que não acredita ter sido má-fé, mas erro de apuração do site. Para o coordenador do Overmundo, pode-se tentar criar mecanismos de apuração coletiva para evitar o problema.

Fiscalização coletiva
Ana crê que a vantagem do jornalismo colaborativo na internet é o controle da qualidade. "A correção em espaço aberto ocorre mais rapidamente, está sob olhos mais atentos e a mentira tem vida curta", comemora. Para Matias, este é o tal do "jornalismo cidadão", em que há uma leitura crítica, uma fiscalização da notícia. "Isso porque um batalhão de antenas capta a informação. A credibilidade se coloca sozinha", complementa Zacchi.

Redação física
"Será que ela tem futuro?", foi a pergunta do Julio. Para Matias, a noção de tempo, pelo menos, muda radicalmente na rede. "Trabalhar em horário fixo não funciona mais. O trabalho rende mais por meta do que por tempo. Até reunião de pauta poderia ser feita pelo Skype", sugere.

Home do site
O editor do Trabalho Sujo acredita que, com a disseminação dos links, pode-se entrar nos sites pela porta dos fundos. "As homes estão ficando obsoletas. Elas deixam de ser a parte mais importante do site", acredita. Ele concorda com Zacchi que a home do NYT acaba sendo mais que um jornal. Seria um agregador de feeds. No Overmundo, por exemplo, Zacchi assegura que pouquíssimos visitantes entram pela porta da frente.

Google News
Surgiu a dúvida de que o Google News pudesse ser um jornal colaborativo, já que permite a colaboração de blogueiros. Não na opinião dos três. "A triagem é automática, dispensa a intervenção humana. O objetivo é agregar e distribuir conteúdo, não produzi-lo", diferencia Zacchi.

O leitor decide
O coordenador do Overmundo gosta de ler jornais tradicionais, mas também acha ótimo decidir o que interessa ler. "Não se deve infantilizar o leitor a ponto de supor que é um perigo expô-lo ao que lhe interessa", opina. Matias deixou um questionamento: "Falamos de quem produz e não de quem lê. Sabemos o que o cara quer realmente ler?". Pouco se discute, de fato, como ele descobrirá os canais de leitura que prefere.

Quem é jornalista
Para Matias, o fato de qualquer um colaborar na Web não significa que é jornalista. "Ele tem, no entanto, o direito de dar um furo. Sabe que pode ser um jornalista, se quiser". Em seu blog Ana faz uma nítida diferenciação entre o "cidadão-repórter" e o "jornalista profissional", cujo termo, para ela, é redundante.

Produtores de conteúdo
As pessoas, como garante Matias, estão gerando conteúdo na internet sem perceber. "O Orkut é a pesquisa dos sonhos de qualquer instituto. Tem tudo sobre o perfil do cidadão. É o fim da privacidade", diz. Por outro lado, Zacchi considera a geração espontânea de conteúdo uma revolução. Conta que, na apresentação do Overmundo, uma afirmação reforça a idéia: "Nenhuma equipe de jornalistas, por maior e mais bem qualificada, pode ter o dinamismo para captar informações de um país inteiro quanto no ambiente colaborativo". Dinamismo - ele completa - que o OhmyNews construiu e, por isso, cresceu tanto.

Imparcialidade
O jornalismo colaborativo nem sempre se compromete a ser imparcial. Um exemplo de site que aceita conteúdos sem restrição, e, além disso, permite opiniões completamente tendenciosas, é o Centro de Mídia Independente (CMI), como lembram os participantes. O Overmundo também traz textos com posicionamento, embora faça a triagem e seja um veículo neutro. Para o coordenador do site, a área cultural permite essa liberdade, diferente de política, que exige uma cobertura mais factual.

Conteúdo colaborativo x jornalismo
Ana Brambilla vê uma clara diferença entre esses dois conceitos. Ela acredita que o CMI, assim como Orkut, YouTube e Flickr são espaços de conteúdo colaborativo. Para ser jornalismo, precisa ser feito por jornalistas e não pode ser parcial. Mas Matias discorda que o CMI não faça jornalismo, já que acredita que a noção de imparcialidade mudou. "Imparcialidade pode ser ruim, mas não deixa de ser jornalismo", defende, citando Michael Moore, absolutamente tendencioso em seus documentários. Para Ana, no entanto, o conteúdo opinativo deve ser declarado. "Não pode se esconder no rótulo da informação, como noticiário padrão", acredita.

Para ir além
"A Palavra na Tela"

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Postado por Tais Laporta
20/10/2007 às 18h02

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