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BLOG

Terça-feira, 6/11/2007
Blog
Redação
 
Besta é tu

"São três horas, é domingo", e pergunto: o que você está fazendo? Mas nem preciso arquitetar muito a resposta, pois aposto que sua televisão está ligada: Faustão ou futebol?

Isso é aflitivo.

E neste outro trecho de uma música de Gil, que sensação te passa?: "Ele falava nisso todo dia, a herança, a segurança, a garantia".

Para mim, a resposta é simples. Estamos perdidos em um comodismo. Discutimos os mesmos problemas há décadas. As questões deveriam ser outras. As preocupações nem se fala. Porém continuamos com os mesmos problemas, que sequer identificamos.

O movimento tropicalista, do qual fez parte Gil, entre outros músicos, e que inspirou este artigo, deveria ser transmitido pelo Estado, a cada recém-nascido, por meio de uma vacina, que em seu conteúdo teria um vírus, imune a qualquer tipo de tratamento, independente da nacionalidade do sujeito. Esse vírus incitaria o debate, a discussão, a ânsia pelo novo. Quebraria paradigmas e criticaria o estereótipo.

Reparem que não estou falando só de novas letras, arranjos musicais ou roupas, gostaria que este vírus estivesse espalhado em todas as áreas do conhecimento humano.

Os reacionários me xingarão, mas não vejo o porquê. Chocar não é necessariamente ruim. Pelo contrário, estaremos "somente" saindo do rótulo posto e imposto pela sociedade, que seguimos sem ao menos questionar.

Outra coisa: os reacionários estão, por acaso, com "medinho" do desenvolvimento? Mudanças são imprescindíveis, e quebras de modelo podem assombrar em um primeiro momento, mas depois percebemos como são necessárias para sairmos do Mito da Caverna, descrito por Platão.

Besta é tu, se não acordar!

Mas, para mim, o melhor mesmo deste vírus seria que ele curaria uma de minhas grandes angústias da vida, que passo a socializar agora: sinto um arrepio todos os domingos ao voltar da praia, pela rodovia Mogi-Bertioga, adentrar na cidade de Mogi das Cruzes e ver sempre a mesma cena, pessoas reunidas em bares feios e caindo aos pedaços, cerveja na mesa e televisão ligada.

Pronto, a depressão bate. Vejo nesta viagem, que faço desde pequeno, uma sociedade carente culturalmente e, portanto, alienada.

É verdade que a culpa não é exclusiva deles. Há poucas opções de entretenimento. O governo não cria parques, não incentiva o teatro comunitário, nem faz sessões de cinema gratuitas. Também é verdade que a raiz está na pouca afloração intelectual incitada na infância do brasileiro, sendo que tal deficit deveria ser suprido principalmente na escola, o que, infelizmente, não é.

A mediocridade é a pior faceta da humanidade. Eu gosto de novidades. Para isso, precisamos do vírus do tropicalismo. Precisamos de empreendedores, sem medo do novo e das críticas que ele fatidicamente gerará!

Besta é tu, se não reagir!

[2 Comentário(s)]

Postado por Daniel Bushatsky
6/11/2007 às 17h38

 
Eu era e não sabia

A internet e o e-book, o livro virtual, vão proporcionar nas próximas décadas, para os escritores, o que o processo de gravação e as guitarras baratas proporcionaram aos músicos e à música nas últimas décadas do século passado. Da mesma forma que um jovem podia montar sua banda com poucos trocados e lançar suas canções pela vizinhança, o novo escritor também poderá se lançar, com o livro virtual, com o blog e a internet.(...)

Hugo Maximo, no seu blog-livro, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
6/11/2007 à 00h59

 
Café com crítica cultural

Belo Horizonte, enfim, pára para tomar um café e fazer uma espécie de "balanço" da produção cultural, em todos os segmentos. Música, dança, artes plásticas, design, a própria gestão cultural e, claro, literatura. E o espaço para o bate-papo não podia ser mais charmoso: o Café com Letras, na Savassi.

De 19 a 30 de novembro, sempre a partir das 19h30, críticos e produtores culturais estarão sentados à mesa para debater seus temas e a cidade. Na literatura, Sérgio Fantini (da Fundação Municipal de Cultura, curador do Salão do Livro de 2007), José Eduardo Gonçalves (curador do Ofício da Palavra, jornalista, apresentador do Rede Mídia e chefão da Rádio Inconfidência, além de escritor, claro) e Rogério Barbosa (professor de literatura do CEFET, envolvido com diversas ações culturais na cidade) dividirão um cafezinho comigo num bate bola bem-humorado. Em breve, a programação estará disponível no site do Café.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
5/11/2007 às 19h11

 
Jogo do Livro

Não se trata de videogame e nem de tabuleiro. O Jogo do Livro é um evento que apresenta sua sétima edição este ano. De 21 a 23 de novembro, palestras, oficinas e exposição de pôsteres tomarão conta da Faculdade de Educação da UFMG, na Pampulha. O tema da vez são as escolhas que envolvem a leitura, especialmente a de jovens e crianças. Mas a discussão vai muito além: entre as oficinas, haverá espaço para discutir as escolhas de professores, bibliotecas, editores e leitores adultos.

Mas se fosse só isso, estaria fácil. O bacana mesmo é que, dos encontros, saem sempre reflexões registradas em livros. Dos 6 Jogos anteriores, 5 se tornaram livros agraciados pelo selo "Altamente Recomendável" (dado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, FNLIJ). Vale a pena conferir.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
5/11/2007 às 18h58

 
Uma história do Jazz

Entre discussões polêmicas e opiniões calorosas, o pianista e regente Leandro Oliveira começou o curso Uma história do Jazz, na Casa do Saber, de maneira impactante. Ele desconstruiu ao longo das aulas todos os mitos que envolvem a definição desse estilo de música. Basta ter improviso? Não. É uma maneira de interpretar? Também não. Para Leandro, o jazz pode se resumir a uma maneira de pensar.

O músico optou por discorrer sobre a trajetória do gênero de acordo com o contexto social de cada época e as respectivas evoluções musicais, diferente do que muitos acadêmicos ou o próprio mercado costuma fazer, que é dividir a história do jazz com base nas carreiras de grandes ícones.

Basicamente, pode-se dizer que uma das particularidades do jazz é a união que faz das duas principais técnicas de transmissão de informação musical: a oral, típica da música folclórica (como é o caso do blues), e a escrita, característica da música clássica.

Apesar de muitas controvérsias sobre o nascimento do gênero, há um ano e um disco que marcaram sua história. Em 1917, foi gravado o primeiro disco considerado de jazz, pela Original Dixieland Jazz Band. É nesse momento, em que surge também o fonograma, que o estilo se solidifica, pois além de se propagar, a música também começará a ser comercializada.

Ao longo das décadas, o jazz foi se modificando, incorporando gêneros e gerando outros a partir dele. Uma das primeiras vertentes que surgiu foi o ragtime, inspirado em ritmos militares franceses. O ritmo abrange uma série de outras danças populares, como o foxtrot. O próprio nome da banda, dixieland, se tornou um estilo, derivado do ragtime.

Na década de 30, logo após a depressão econômica que os Estados Unidos enfrentaram, outra plataforma do jazz surge e tem sua fase mais marcante: o swing. O termo significa balanço e oscilação e tecnicamente, tem uma dinâmica, provocada pelos acentos nos tempos fracos do compasso e uma pulsação rítmica bastante marcada, tornando o ritmo bem dançante. Por outro lado, essa vertente deixa de lado a polifonia existente nos estilos anteriores. É nessa época em que ocorre um amadurecimento das big bands e a formação de um primeiro cânone do gênero.

O bebop surge na década seguinte, quando acontece uma releitura das estruturas do jazz, estabelecidas até então, e novamente a fusão de melodias e solos em uma mesma música. Para isso, os músicos precisaram ter um conhecimento mais profundo de música para a execução de canções mais elaboradas e sofisticadas. Nesse momento, o público que acompanhava o jazz também mudou, passou a ser mais especializado, seguindo as mudanças do próprio estilo.

Mas foi a partir da década de 50 que as estruturas do jazz foram de fato abaladas. Houve uma bifurcação a partir do bebop, que gerou o cool jazz e o hard bop. Basicamente, pode-se dizer que o primeiro segue as tradições eruditas, complexificando ainda mais a música ao voltar a utilizar a polifonia. Já o hard bop faz uma leitura a partir da dinâmica oral, absorvendo alguns elementos da música folclórica, como o blues e o R&B e, desta forma, simplificando e tornando mais previsível sua música, ao contrário do que acontece no cool jazz, que se utiliza bastante do improviso. A partir dessas duas grandes vertentes é que surgem o latin jazz, smooth jazz, free jazz e até uma troca de influêcias entre o jazz e a bossa nova.

Definir o que é jazz e estudar sua história não é tarefa fácil, ainda mais se considerarmos o pouco tempo que durou o curso. Mesmo assim, em cinco aulas, o regente Leandro Oliveira conseguiu traçar um panorama rico em explicações técnicas, ao mesmo tempo em que contextualizou o momento histórico de cada época, além de ilustrar e exemplificar tudo com uma ótima seleção de músicas que levou para os alunos.

Para ir além
Casa do Saber

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Postado por Débora Costa e Silva
5/11/2007 às 16h39

 
De Villa-Lobos a Chico Buarque


Nelson Ayres, pianista, compositor e maestro brasileiro.

A temporada Clássicos Personnalité está cumprindo o que prometeu. Em diálogo amistoso, eruditos e populares compuseram a noite dedicada à MPB. Desta vez, o encontro foi entre Brahms, Heitor Villa-Lobos, Tom Jobim, Luiz Gonzaga e os popularíssimos Gilberto Gil e Chico Buarque. Para prestigiar tantos mestres, Nelson Ayres dividiu o piano com o grego Janis Vakarelis, na companhia indispensável dos Solistas Personalité.

Embora exaltasse a universalização, o repertório das composições esteve fortemente enraizado em influências regionais. Até o erudito Brahms, em seu quarteto para piano e cordas, buscou inspiração na música popular cigana. O compositor alemão Kurt Weill, por sua vez, aproveitou canções de cabaré para criar "Youkali" para piano e solo.

Na música brasileira, também repleta de regionalismos, restou a diversidade. Devemos a Villa-Lobos, por exemplo, a introdução da música nordestina e sulista nas escolas musicais de todo o país. Esse conhecimento de um Brasil imensurável ganhou um novo semblante através de sua influência. No repertório, as famosíssimas "Bachianas", de Villa-Lobos, tiveram inspiração direta em Johann Sebastian Bach.

Adiante, na cronologia da MPB, Tom Jobim herdaria de Villa-Lobos o que ajudou a criar a Bossa Nova. "O próprio Jobim dizia que o autor das 'Bachianas' foi sua maior fonte de inspiração", comenta o violoncelista Roberto Ring antes de executar "Saudades do Brasil", uma peça atípica, composta por Jobim para orquestra sinfônica, e que, para o concerto, ganhou um arranjo inédito de Nelson Ayres.

Em seguida, para reafirmar o ecletismo do concerto, um forró de Luiz Gonzaga, "Qui nem jiló". "Ele ainda não teve seu mérito devidamente reconhecido, apesar ser um tremendo instrumentista e compositor. Poucos se dão conta de que ele foi o primeiro a trazer a música do interior para a cidade", ressalta Ayres, referindo-se ao tempo em que a MPB era dominada pelos ritmos exclusivamente carioca e paulista - entre os quais, o choro e o samba-canção.

O próprio Ayres, admirador da música nordestina, é compositor de "Só xote", executado no concerto. Para fechar a noite, um frevo de Gilberto Gil e uma das composições que desmentiu, com o conjunto da obra, a lenda de que Chico Buarque seria um bom letrista, porém um compositor mediano. Trata-se da complexa "Deus lhe pague", prova documental, segundo Ayres, de sua genialidade.

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Postado por Tais Laporta
5/11/2007 às 14h24

 
Meu último vício

o encontro dos primos

crispines, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
5/11/2007 à 00h24

 
Blogueiros são nerds?

"Todo blogueiro é nerd mas nem todo nerd sabe de blogues."

Sérgio Grigoletto, filosofando no seu... blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
2/11/2007 à 00h16

 
guardanapos

23 yrs. adora lojas de tecidos. desenhos. livros. principalmente os cheios de teorias e filosofias. as cidades invisíveis é o preferido. de vez em quando fica emocionada folheando revistas de moda. [com] a qual tem uma relação de amor e ódio. é de londrina, paraná. morando agora em maringá, também no paraná.

cristiane martins, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
1/11/2007 à 00h12

 
Leitura Para Todos (premiado)

E depois dizem que não se faz nada pela leitura neste país. Humpf! Minas Gerais acaba de receber dois dos três prêmios Vivaleitura 2007. Para quem não sabe, o Prêmio VIVALEITURA faz parte do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e foi criado depois do Ano Ibero-americano da Leitura, comemorado em 2005, com a finalidade de garimpar, país afora, iniciativas (ativas mesmo) de promoção da leitura.

O Prêmio é das alçadas do Ministério da Educação, do Ministério da Cultura e da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). A execução do "evento" tem o patrocínio da Fundação Santillana e apoios importantes, tais como do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

A cada ano, oferece-se um prêmio (boa grana) a ações de estímulo à leitura em três categorias: Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias; Escolas Públicas e Privadas; e ONGs, pessoas físicas, universidades/faculdades e instituições sociais. No julgamento dos projetos submetidos, leva-se em conta originalidade, impacto, recursos, pertinência e abrangência, duração e resultados alcançados pela ação.

Ontem, em Brasília, foram anunciados os vencedores deste ano. E a palavra "vencedores" aqui merece atenção. Na página do Vivaleitura é possível conhecer os demais concorrentes, tão bacanas quanto os ganhadores, mas os projetos Borrachalioteca (da cidade de Sabará, em Minas), Retrato Falado (Volta Redonda, RJ) e Leitura Para Todos (Belo Horizonte, MG) ficaram com os primeiros lugares em suas categorias. Merecidamente. São projetos que chegam a emocionar quem curte a idéia da liberdade, da autonomia e dos livros como libertação das trilhas pré-gravadas em que vivemos enredados.

O projeto vencedor da categoria sociedade, o Leitura Para Todos, já foi mencionado aqui no Digestivo. Trata-se de uma ação vinculada a uma rede de estudos sobre leitura, na UFMG. O programa A Tela e o Texto, mantenedor e mentor do projeto, presta mais esclarecimentos no livro Formando leitores de telas e textos, resenhado em minha coluna da semana passada. Vale a pena conferir COMO as pessoas INTERESSADAS têm oferecido soluções a alguns dos muitos perrengues deste país.

O projeto Leitura Para Todos presenteia os usários de linhas de ônibus em Belo Horizonte (com pilotos em outras localidades) com lâminas afixadas em que são expostos poemas, contos, trechos de romances. Os autores divulgados estão entre tradicionais e contemporâneos, famosos e desconhecidos, jovens e experientes. Ao leitor cabe resolver se lê ou não a lâmina exibida ali, bem à sua frente, enquanto não chega ao destino. É interessante conhecer o projeto, uma fórmula simples, que depende de vontades várias, inclusive a política, já que depende, em alguma medida, de acordos com as empresas de trânsito das cidades. Leitura Para Todos não é só isso. É também objeto de pesquisa, inclusive sobre as impressões e os feedbacks dos usuários dos ônibus. Há diferença de comportamento entre os freqüentadores das linhas, diferentes níveis de depredação, etc. Bacana mesmo é a alegria da coordenadora do projeto ao saber que um passageiro de ônibus achou um poema tão bonito que "roubou" a lâmina e deu para a esposa. Pois é. Parabéns aos mineiros que comem quietos e ainda ajudam a encher a barriga dos outros.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
31/10/2007 às 18h42

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