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Terça-feira,
4/12/2007
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Redação
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A geléia pós-moderna
"A geléia-geral da pós-modernidade é uma das fraudes intelectuais que ainda fascinam os deslumbrados. Essa a vaca sagrada contemporânea é um imenso guarda-chuva do vale-tudo: pastichos, plágios, viagens pessoais, referências cult, bricolagens, falta de inspiração etc. Criem-se romances sem história, personagens sem conflito, conflitos sem personagens, acrescentem-se clichês assumidos, embrulhe-se tudo num estilo impecável e refinado — com espaço para alguma suave escatologia a título de captatio benevolentiae —, polvilhe-se com uma boa dose de cinismo explícito e midiático e teremos a mágica da literatura pós-moderna. Faltando personagens, faltando conflitos, faltando história, (a pós-modernidade, antes de mais nada, é domínio do não-ser), que os autores não se queixem da falta de leitores."
Luiz Antonio de Assis Brasil, no blog da Revista Malagueta, que recentemente entrevistou 13 escritores brasileiros.
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Rafael Rodrigues
4/12/2007 às 02h17
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Power to the peaceful
Música, meio ambiente e justiça social: esses são os três eixos básicos que norteiam o Power to the Peaceful. Criado pelo músico e ativista Michael Franti em 1999, em nome de um protesto contra a pena de morte aplicada ao jornalista e prisioneiro político Mumia-Abu Jamal, o evento acontece todo ano como um festival ao ar livre. Neste sábado, dia 1º de dezembro, acontece a edição brasileira do evento em São Paulo, onde artistas como Seu Jorge, Afroreagge e o próprio Franti irão realizar shows.
Além da programação musical, o Power to the Peaceful também disponibilizará uma área só para ONGs, feira de orgânicos, espaço de massagens, atividades infantis e debates sobre o papel do cidadão, perante à desigualdade social. Na parte da manhã, haverá ainda uma sessão de ioga com mestres da escola Maya Yoga. O objetivo do festival é promover a conscientização das pessoas sobre o quanto a paz depende da justiça social, ainda mais quando se trata de Brasil. De acordo com a organização do evento, 100% da renda obtida com a venda de ingressos será destinada a projetos sociais do Capão Redondo.
Para ir além
Power to the peaceful — 1º de dezembro — A partir das 10hs. — Parque Burle Max
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Débora Costa e Silva
1/12/2007 à 00h13
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Cursos gratuitos em BH
O Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte, oferece uma série de cursos de extensão gratuitos neste sábado, dia 1º de dezembro, de 9 às 18hs., na sede da rua Aimorés, bairro Funcionários.
Os temas são vários, muitos deles ligados à área de saúde. Na área da cultura, o curso Gestão de Projetos Editoriais ajuda a pensar a produção de livros e a Web 2.0. É só fazer inscrição.
Já a PUC oferece um ciclo inteiro de oficinas e workshops para profissionais do texto. O Instituto de Educação Continuada e o curso de Revisão de Textos promovem palestras sobre prestação de serviços, marketing, mercado editorial local, formação continuada, além de oficinas de criação literária, gramática, projeto gráfico e papelaria. Também é só fazer inscrição. Se estiver tudo lotado, é ficar na lista de espera e torcer por desistências. Ambas as instituições oferecem certificados aos participantes.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h30
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Poetas, lançai livros!
Dia 26, numa noite chuvosa, Bruno Brum lançou o excelente Cada, edição cuidada por ele, por mim e pelo poeta interartes Ricardo Aleixo. A festa foi levemente sabotada pela tempestade, mais pontual do que os convidados, mas as presenças foram todas consistentes. O livro merece elogios de cabo a rabo. Brum é, sem dúvida, uma das melhores vozes da poesia mineira atual.
Bem menos novato é Kiko Ferreira, que lança Stet nesta segunda, dia 3 de dezembro, no BDMG Cutural, à noite. Outro motivo para o ano acabar bem.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h27
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Produção e Crítica Cultural
No Café com Letras, o seminário Produção e Crítica Cultural, Hoje, vai de vento em popa. Os temas Gestão Cultural, Arquitetura e Design ferveram o bar. Houve outros. O de Literatura, claro, estava mais vazio, mas o papo bem-humorado e irônico valeu a noite. Os debatedores foram José Eduardo Gonçalves, Rogério Barbosa e Sérgio Fantini. Fiquei ali só espiando. Ou quase.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h14
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No passado, Adélia Prado
Não adianta muito, mas faço saber que Adélia Prado esteve falando ao público pela milésima vez, em Belo Horizonte, no dia 27 de novembro, em mais uma bela edição do Ofício da Palavra (Museu de Artes e Ofícios, Praça da Estação). Desta vez, a mediação de José Eduardo Gonçalves, sem convidado, foi mais do que suficiente. Na platéia, quase nenhum escritor e uma massa de leitores e admiradores derramados da poeta. Não dá para negar: ela exerce um encantamento na platéia.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h10
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Flaubert e a sua Bovary
Estou mais cansado do que se empurrasse montanhas. Há momentos em que tenho vontade de chorar. É preciso uma vontade sobre-humana para escrever e eu sou apenas um homem.[...] Você sabe quantas páginas eu vou completar dentro de oito dias desde que voltei daí? Vinte. Vinte páginas em um mês e trabalhando pelo menos sete horas por dia; e qual o fim de tudo isto? O resultado? Amarguras, humilhações internas, nada em que se amparar a não ser a ferocidade de uma fantasia indomável.
* * *
Eu completei[...] vinte e cinco páginas (vinte e cinco páginas em seis semanas). Foram duras de conseguir.[...] Eu as trabalhei tanto, recopiei, mudei, remanejei, que no momento não vejo mais nada.[...] Levo uma vida áspera, deserta de qualquer alegria exterior e onde não tenho nada em que me apoiar a não ser uma espécie de raiva permanente, que às vezes chora de impotência, mas que é contínua. Eu gosto do meu trabalho com um amor frenético e pervertido, como um asceta do cilício que lhe arranha o ventre. Às vezes, quando eu me encontro vazio, quando a expressão se furta, quando, depois de ter garatujado longas páginas, descubro que não fiz nem uma frase, caio no meu divã e fico ali paralisado num pântano interior de tédio.
* * *
Este livro, no ponto em que estou, me tortura de tal modo (e seu achasse uma palavra mais forte, eu a empregaria) que eu fico às vezes doente fisicamente. Há três semanas que tenho com freqüência dores de fazer desmaiar. De outras vezes, são opressões, ou melhor, vontade de vomitar na mesa. Tudo me desgosta. Acho que hoje me teria enforcado com delícia, se o orgulho não me tivesse impedido. É certo que às vezes sou tentado a mandar tudo ao inferno, e a Bovary em primeiro lugar. Que santa idéia maldita eu tive em apanhar um tema semelhante! Ah! Eu bem os conheci, os pavores da arte!
Flaubert, em citação de Rodrigo Gurgel, no último Rascunho.
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Julio Daio Borges
23/11/2007 à 00h39
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Franz Kafka a Max Brod
Querido Max, meu último pedido: tudo que deixei para trás (quer dizer, nas estantes, cômoda, escrivaninha, tanto em casa quanto no escritório, ou aonde quer as coisas tenham ido parar, o que quer que você encontre) sob a forma de cadernos, manuscritos, cartas, minhas e de outras pessoas, rascunhos e assim por diante, deve ser queimado até a última página sem ser lido, assim como escritos ou anotações minhas que você possa ter ou outras pessoas, a quem deverá implorar em meu nome. Cartas que não forem entregues a você devem, pelo menos, ser lealmente queimadas por aqueles que as têm.
* * *
De tudo que escrevi os únicos livros que contam são estes: O Processo, O Foguista, Metamorfose, Na Colônia Penal, Um Médico Rural, e o conto Um Artista da Fome. (Os poucos exemplares de Meditação que existem podem ficar; não quero dar a ninguém o trabalho de destrui-los, mas não deverá haver reimpresão.) Quando digo que esses cinco livros e o conto valem, não quero dizer que desejo que sejam impressos de novo e entregues à posteridade; ao contrário, gostaria que desaparecessem todos juntos; só que, já que existem, não me importo se alguém desejar conservá-los, se quiser.
Tudo o mais que escrevi (impresso em revistas ou jornais, em manuscritos ou cartas), sem exceção, tudo que possa ser recolhido, ou implorado nos endereços[...] - tudo isso sem exceção, e de preferência sem ser lido (apesar de eu não me incomodar que você os leia, embora prefira muito que não o faça, e, de qualquer modo, ninguém mais deverá ler) - tudo isso, sem exceção, deve ser queimado, e que você o faça o mais rápido possível é o que eu lhe imploro.
Franz Kafka, em O Livro dos Livros Perdidos, de Stuart Kelly.
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Julio Daio Borges
22/11/2007 à 00h18
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Poesia e inspiração
A poesia é, simultaneamente, fruto do trabalho e do talento, talvez mais daquele do que deste. E lembramos aqui as palavras de Goethe: a obra de arte é 99% de suor e 1% de gênio. Nenhum poeta jamais matou a inspiração, nem mesmo o antilírico e realista João Cabral de Melo Neto. Se a tivessem assassinado, quero dizer, a inspiração, a poesia estaria morta. Convém apenas esclarecer que a inspiração não é um transe mediúnico, mas um longo e complexo processo, a um tempo metal e emocional que me parece indispensável à criação artística. Mas não é só de inspiração que vive um poema. Ela é apenas, quando o é, um ponto de partida que pode (ou não) levar um poema até o fim.
Ivan Junqueira, o último que eu conheci na Fliporto, em entrevista, de novo...
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Julio Daio Borges
21/11/2007 à 00h03
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Portunhol Selvagem Reloaded
Hoje quando amaneci eu ainda bomitava bocê. Durante toda la mañana continuei vomitando bocê y parecia que eu non ia parar de te vomitar nunca mais. Cuanto mais yo te bomitaba mais eu me sentia leve. Mesmo assim bocê continuaba entalada em mio estômagu. Continuei a te bomitar por la tarde. Y el dolor de cabeça non pasaba. El dolor de estômagu non pasaba. Era noche nuebamente. E yo te bomitava ainda. Vomitaba solamente água. Felizmente yo ainda era jobem. Non tenía quarenta anos todabía. Tenía tempo pra continuar te bomitando. Y continuei a te bomitar. Porque se eu non te vomitasse, se deixasse bocê apodrecer em mim, sei lá, morreria enbenenado. Por eso yo non tinha mais remédio além de continuar te bomitando. Amor bichado, amor estragado, amor com data de bencimento vencida, sei lá, mi dá un feroz dolor di barriga. Depois de tanto vomitar bocê, amore, comecei a cagar bocê. O sol non tinha ainda aparecido. Era uma feroz disenteria no escuro. Yo te cagaba copiosamente. Bocê salía con dificuldade. Non queria salir. Pero salía, apesar de toda la dificuldade. Era una cólica etrusca. Non ia terminar de te cagar tan cedo. A veces paraba de te cagar por algun tempo. Y empezaba a bomitar bocê nobamente. A bomitar tus cachos. A bomitar tus mechas bermelhas. Mais una noite sem bocê, amore, y mio cuerpo en transe. Depois vai aparecer u sol. Enton irei pru quintal. Dou bom dia pru sol. Y começo a mijar bocê, amore. Mijar bocê, confuso. Mijar bocê como un débil mental. Mijar bocê como un passarinho. Yo era bello como un menino de cuatro años mijando bocê, amore. Y era legal mijar bocê. Una sensação de prazer nascia en mis bolas y cruzava u canal da urina como una felicidade merecida. Nunca había mijado tan gustoso, amore. Fiquei mijando bocê por una hora mais ou menos. E te mijar foi bom. E depois de te mijar, longamente, fiquei mais leve, mais livre, mais feliz. Estava pronto para nascer di nuebo. Estaba pronto pra te encontrar mais bela. Estava pronto para beber novamente du teu mel y ficar envenenado. Estava pronto para me curar bebendo du teu beneno. Estava pronto para curar tua epilepsia com u beneno du meu miel, u beneno du meu esperma azul, u bebeno du meu carinho.
Douglas Diegues, que eu também descobri na Fliporto, em entrevista a Marcelino Freire.
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Julio Daio Borges
20/11/2007 à 00h52
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