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Quinta-feira,
6/12/2007
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Redação
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Leia, relaxe e... pense
Tenho passado meu horário de lanche praticamente todo numa livraria. Tomo um café com rocambole — de queijo e presunto ou de quatro queijos ou de frango com queijo catupiry (este muito pouco, só quando não tem um dos outros dois) — e fico por lá admirando os livros, respirando-os. Não há nada de mais interessante a fazer. Ao menos não em 1 hora de "descanso".
Dia desses uma garota estava de saída do café e comentou, em voz alta (até demais, pro meu gosto), que, quando entrava lá, ficava deprimida, por não ter dinheiro para comprar todos os livros que gostaria de ter.
Eu ri, ela viu e então falou diretamente pra mim que livro hoje é muito caro. Respondi dizendo que é verdade, mas que era pra ela ficar atenta a algumas promoções na internet, pois dá pra achar muita coisa boa por um preço bem legal.
Ela concordou e disse que comprou recentemente o O Código Da Vinci e que comprou barato. Eu retruquei dizendo (com um sorriso um pouquinho sarcástico, vá lá) que, se ela fosse comprar algo, que comprasse algo bom. Ela disse que comprou o livro para presentear uma amiga, e acrescentou que eu não deveria falar mal do livro, porque é uma leitura que relaxa; e que era justamente o que ela queria no momento. Arrematou dizendo que não quer ler nada que a faça pensar. Que já bastava os livros da faculdade consumindo sua mente (ela cursa enfermagem).
Ok, não sou eu quem vai brigar por causa disso. Mas eu já disse e vou continuar dizendo: tem literatura boa que também faz relaxar. E qual é o livro que não faz o leitor pensar? Até o O Código Da Vinci faz pensar, ué. Paulo Coelho faz pensar. Qualquer livro faz pensar. A não ser que seja o supra-sumo da picaretagem literária. Aliás, até estes últimos fazem pensar. Um exemplo de pensamento depois da leitura de um livro assim: "mas como é que fui perder meu tempo com uma porcaria dessas?".
Pôxa. Fante é divertido. Bukowski é divertido. Clarice Lispector, quando de bom humor, é super divertida. Fernando Sabino é divertidíssimo. Rubem Braga também. John Steinbeck tem um senso de humor refinadíssimo, mais refinado que os melhores açúcares do mercado. George Orwell também tem textos bem despojados e que nem por isso deixam de fazer o leitor pensar.
Pensar é bom. E pensar não significa ficar deprimido, passar uma semana chorando porque o protagonista do romance morreu ou cometeu suicídio.
Um livro que te faz pensar é um livro que pode te ajudar em algo. Pode até te ajudar a melhorar como pessoa, a ver o mundo com outros olhos ou te ajudar a tomar uma decisão. Ou pode, simplesmente, te fazer sorrir.
Há quem não concorde, mas essa é a minha opinião. Uma pena eu não poder ter dito isso para a garota. Pensei em dizer, mas meu rocambole estava me esperando — e esfriando, bem como meu café. Falei pra ela ler boa literatura policial, pelo menos. Mandei-a ela ler Conan Doyle e fui comer.
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Rafael Rodrigues
6/12/2007 às 04h33
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Por que escrevo
"Como sabem, a pergunta que mais fazem a nós escritores, a pergunta predileta, é: por que você escreve? Escrevo porque tenho uma necessidade inata de escrever! Escrevo porque sou incapaz de fazer um trabalho normal, como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros como os que eu escrevo. Escrevo porque sinto raiva de todos vocês, sinto raiva de todo mundo. Escrevo porque adoro passar o dia à mesa escrevendo. Escrevo porque só consigo participar da vida real quando a modifico. Escrevo porque quero que os outros, todos nós, o mundo inteiro, saibam que tipo de vida nós vivemos, e continuamos a viver, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel e da tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão. Escrevo porque tenho medo de ser esquecido, porque gosto da glória e do interesse que a literatura traz. Escrevo para ficar só. Talvez escreva porque tenho a esperança de entender por que eu sinto tanta, tanta raiva de todos vocês, tanta, tanta raiva de todo mundo. Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque depois que começo um romance, um ensaio, uma página, sempre quero chegar ao fim. Escrevo porque todo mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença infantil na imortalidade das bibliotecas, e na maneira como meus livros são dispostos na prateleira. Escrevo porque é animador transformar todas as belezas e riquezas da vida em palavras. Escrevo não para contar uma história, mas para compor uma história. Escrevo porque desejo escapar do presságio de que existe um lugar para onde preciso ir mas ao qual - como num sonho - nunca chego. Escrevo porque jamais consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz."
Orhan Pamuk, em A maleta do meu pai (Companhia das Letras, 2007, 96 págs.), livro que reúne três textos do escritor turco: dois discursos (um deles ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 2006) e uma palestra sobre literatura.
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Rafael Rodrigues
5/12/2007 às 13h49
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Copa de Literatura Brasileira
A primeira Copa de Literatura Brasileira teve direito a polêmicas, zebras, goleadas e até jogo definido no cara-e-coroa.
Ontem foi divulgado o campeão do divertido torneio, organizado por Lucas Murtinho. O saldo da Copa, parece ser um consenso, foi muito positivo, e tem gente que já não vê a hora da próxima edição.
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Rafael Rodrigues
4/12/2007 às 02h25
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A geléia pós-moderna
"A geléia-geral da pós-modernidade é uma das fraudes intelectuais que ainda fascinam os deslumbrados. Essa a vaca sagrada contemporânea é um imenso guarda-chuva do vale-tudo: pastichos, plágios, viagens pessoais, referências cult, bricolagens, falta de inspiração etc. Criem-se romances sem história, personagens sem conflito, conflitos sem personagens, acrescentem-se clichês assumidos, embrulhe-se tudo num estilo impecável e refinado — com espaço para alguma suave escatologia a título de captatio benevolentiae —, polvilhe-se com uma boa dose de cinismo explícito e midiático e teremos a mágica da literatura pós-moderna. Faltando personagens, faltando conflitos, faltando história, (a pós-modernidade, antes de mais nada, é domínio do não-ser), que os autores não se queixem da falta de leitores."
Luiz Antonio de Assis Brasil, no blog da Revista Malagueta, que recentemente entrevistou 13 escritores brasileiros.
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Rafael Rodrigues
4/12/2007 às 02h17
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Power to the peaceful
Música, meio ambiente e justiça social: esses são os três eixos básicos que norteiam o Power to the Peaceful. Criado pelo músico e ativista Michael Franti em 1999, em nome de um protesto contra a pena de morte aplicada ao jornalista e prisioneiro político Mumia-Abu Jamal, o evento acontece todo ano como um festival ao ar livre. Neste sábado, dia 1º de dezembro, acontece a edição brasileira do evento em São Paulo, onde artistas como Seu Jorge, Afroreagge e o próprio Franti irão realizar shows.
Além da programação musical, o Power to the Peaceful também disponibilizará uma área só para ONGs, feira de orgânicos, espaço de massagens, atividades infantis e debates sobre o papel do cidadão, perante à desigualdade social. Na parte da manhã, haverá ainda uma sessão de ioga com mestres da escola Maya Yoga. O objetivo do festival é promover a conscientização das pessoas sobre o quanto a paz depende da justiça social, ainda mais quando se trata de Brasil. De acordo com a organização do evento, 100% da renda obtida com a venda de ingressos será destinada a projetos sociais do Capão Redondo.
Para ir além
Power to the peaceful — 1º de dezembro — A partir das 10hs. — Parque Burle Max
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Débora Costa e Silva
1/12/2007 à 00h13
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Cursos gratuitos em BH
O Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte, oferece uma série de cursos de extensão gratuitos neste sábado, dia 1º de dezembro, de 9 às 18hs., na sede da rua Aimorés, bairro Funcionários.
Os temas são vários, muitos deles ligados à área de saúde. Na área da cultura, o curso Gestão de Projetos Editoriais ajuda a pensar a produção de livros e a Web 2.0. É só fazer inscrição.
Já a PUC oferece um ciclo inteiro de oficinas e workshops para profissionais do texto. O Instituto de Educação Continuada e o curso de Revisão de Textos promovem palestras sobre prestação de serviços, marketing, mercado editorial local, formação continuada, além de oficinas de criação literária, gramática, projeto gráfico e papelaria. Também é só fazer inscrição. Se estiver tudo lotado, é ficar na lista de espera e torcer por desistências. Ambas as instituições oferecem certificados aos participantes.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h30
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Poetas, lançai livros!
Dia 26, numa noite chuvosa, Bruno Brum lançou o excelente Cada, edição cuidada por ele, por mim e pelo poeta interartes Ricardo Aleixo. A festa foi levemente sabotada pela tempestade, mais pontual do que os convidados, mas as presenças foram todas consistentes. O livro merece elogios de cabo a rabo. Brum é, sem dúvida, uma das melhores vozes da poesia mineira atual.
Bem menos novato é Kiko Ferreira, que lança Stet nesta segunda, dia 3 de dezembro, no BDMG Cutural, à noite. Outro motivo para o ano acabar bem.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h27
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Produção e Crítica Cultural
No Café com Letras, o seminário Produção e Crítica Cultural, Hoje, vai de vento em popa. Os temas Gestão Cultural, Arquitetura e Design ferveram o bar. Houve outros. O de Literatura, claro, estava mais vazio, mas o papo bem-humorado e irônico valeu a noite. Os debatedores foram José Eduardo Gonçalves, Rogério Barbosa e Sérgio Fantini. Fiquei ali só espiando. Ou quase.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h14
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No passado, Adélia Prado
Não adianta muito, mas faço saber que Adélia Prado esteve falando ao público pela milésima vez, em Belo Horizonte, no dia 27 de novembro, em mais uma bela edição do Ofício da Palavra (Museu de Artes e Ofícios, Praça da Estação). Desta vez, a mediação de José Eduardo Gonçalves, sem convidado, foi mais do que suficiente. Na platéia, quase nenhum escritor e uma massa de leitores e admiradores derramados da poeta. Não dá para negar: ela exerce um encantamento na platéia.
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Ana Elisa Ribeiro
30/11/2007 à 00h10
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Flaubert e a sua Bovary
Estou mais cansado do que se empurrasse montanhas. Há momentos em que tenho vontade de chorar. É preciso uma vontade sobre-humana para escrever e eu sou apenas um homem.[...] Você sabe quantas páginas eu vou completar dentro de oito dias desde que voltei daí? Vinte. Vinte páginas em um mês e trabalhando pelo menos sete horas por dia; e qual o fim de tudo isto? O resultado? Amarguras, humilhações internas, nada em que se amparar a não ser a ferocidade de uma fantasia indomável.
* * *
Eu completei[...] vinte e cinco páginas (vinte e cinco páginas em seis semanas). Foram duras de conseguir.[...] Eu as trabalhei tanto, recopiei, mudei, remanejei, que no momento não vejo mais nada.[...] Levo uma vida áspera, deserta de qualquer alegria exterior e onde não tenho nada em que me apoiar a não ser uma espécie de raiva permanente, que às vezes chora de impotência, mas que é contínua. Eu gosto do meu trabalho com um amor frenético e pervertido, como um asceta do cilício que lhe arranha o ventre. Às vezes, quando eu me encontro vazio, quando a expressão se furta, quando, depois de ter garatujado longas páginas, descubro que não fiz nem uma frase, caio no meu divã e fico ali paralisado num pântano interior de tédio.
* * *
Este livro, no ponto em que estou, me tortura de tal modo (e seu achasse uma palavra mais forte, eu a empregaria) que eu fico às vezes doente fisicamente. Há três semanas que tenho com freqüência dores de fazer desmaiar. De outras vezes, são opressões, ou melhor, vontade de vomitar na mesa. Tudo me desgosta. Acho que hoje me teria enforcado com delícia, se o orgulho não me tivesse impedido. É certo que às vezes sou tentado a mandar tudo ao inferno, e a Bovary em primeiro lugar. Que santa idéia maldita eu tive em apanhar um tema semelhante! Ah! Eu bem os conheci, os pavores da arte!
Flaubert, em citação de Rodrigo Gurgel, no último Rascunho.
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Julio Daio Borges
23/11/2007 à 00h39
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