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Terça-feira,
11/12/2007
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Redação
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Então é Natal
Bem, não sou eu quem vai atrapalhar a alegria dos outros.
Mas, provavelmente, vou ter que ouvir, pela milionésima vez o velho e carcomido hit de John Lennon (e Yoko, argh), ver as esquinas ocupadas por bonecos grandões e barbudos, de roupa vermelha, ver as pobres árvores, as lombadas dos prédios cheias de luzinhas piscantes e tudo. Evitar as lojas, já que não dá para andar dentro delas, cheias de cartazes, balões, papel celofane verde e bonecões que ficam se mexando e tocando musiquinhas.
Fui pegar um livro, numa delas e a manga do meu blusão Lee ficou presa no chifre de uma rena de isopor. Quase joguei o arranjo decorativo(sic) todo no chão, a rena ficou pendurada no meu braço. Se tem uma coisa que eu não suporto é uma rena pendurada no meu braço. Um gafanhoto ou um periquito, ainda vai. Mas uma rena, putz.
Também vou ter que colocar umas moedas nas caixinhas de sapato que algumas crianças pobres inocentemente me estendem, como se fossem seus cofrinhos. Eu sempre coloco, não me custa nada. Mas me custa, sim, pensar que o Natal é uma certa sacanagem com as crianças pobres.
Mas não sou eu quem vai estragar a alegria dos outros. Talvez, só um pouco.
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Guga Schultze
11/12/2007 às 12h06
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Poesia e papo furado
Penso em vocês, enquanto atravesso
a baía de todos os santos sozinha
num velho ferry boat. Tempos de sonho,
sacolejando numa Kombi até Barra Grande.
E de amigos desgarrados, agarrados
uns nos outros, curtidos em inacreditáveis
garrafões de vinho. Éramos jovens
e nossas vidas pareciam um curta alternativo,
ou um longa de cinema indie. Penso em vocês,
enquanto atravesso a vida, as pistas, num fox.
Tempos de sono, e de acordar bem cedo
no dia seguinte, e de cartão de ponto,
e de vinho caro que não deixa ninguém alto,
e de barras grandes nada divertidas.
katiaborges, no Madame K, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/12/2007 à 00h24
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Missão
Informar aos leitores fatos aleatórios da vida cotidiana com ênfase no aspecto financeiro para uso racional e consciente de dinheiro, bufunfa, pagode e demais nomenclaturas, buscando inegavelmente uma visão parcial e tendenciosa de produtos e serviços quaisquer, de natureza múltipla. Não se resumindo a isto, fatos aleatórios da vida até os limites da galáxia (e além) também são aqui abordados, quase sempre baseados em pouca informação, de forma ríspida e bruta. Se não gostou, me processe. Quer fazer amigos? Entre no Orkut.
dbastoso, no Crediário, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
10/12/2007 à 00h52
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Perfumaria
Em que se pode acreditar depois que as livrarias viraram perfumarias? Papai Noel?
Se colocar calendários e agendas importadas nas gôndolas centrais é perfumaria, me pergunto.
Bichinho de pelúcia, porta-lápis e cartão de aniversário do Garfield é livraria, papelaria ou perfumaria? Sem falar nos livros já na categoria perfumaria, que se difundem na velocidade de um parfum por minuto, deixando um rastro de enjôo nos estômagos vazios.
Infelizmente a Melhoramentos não distribui mais os cheirozinhos "Penhaligon's tesouro perfumado em prosa e verso", que há anos entraram em promoção nas "melhores livrarias". Porque aí sim a nova vocação destas casas do ramo teria um título conivente.
Decerto indo não mais do que na esteira dos espaços multiuso, onde todas as posições e transações monetárias são permitidas. Vestuário feminino mixado com utensílios de prazer. A loja-restaurante. Ou o cabeleireiro que atende em sua própria casa com hora marcada, e não com assistentes.
Então, por que não juntar livros com perfumaria, como já tem sido feito em mercearia, levar ao limite, e se até mesmo os supermercados têm suas prateleiras reservadas aos best-sellers?
Assim, toda vez que uma "livraria" inaugurar, é torcer para que seja ao menos uma livraria-café, com um sofazinho marrom e macio, meio Starbucks. É pra amenizar as dores. Dentre elas a do preço da coxinha e do pão de queijo inflacionado.
Que se continue acreditando que há livros e que as livrarias continuem acreditando que vendem livros, confundindo um pote de Veja com a revista Veja, trocando a auto-ajuda pelo anti-idade, oferecendo todas as variações de perfume, de Süskind a Chanel. O que importa é vender sonhos, bolo de morango, perfumaria. A idéia de livro dá uma aura benfazeja. E viva o Natal!
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Elisa Andrade Buzzo
7/12/2007 à 01h04
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Debate literário
Quem não gosta de João Stepanides é um jumento.
Quem leva Manoel Tibúrcio a sério é uma anta.
Quem nunca leu Carmen Clara é uma ameba lobotomizada.
Quem não gosta de Manoel Tibúrcio sabe menos que a idiota da Carmen Clara.
Quem leva João Stepanides a sério não vale o que come.
Tibúrcio leva Stepanides a sério, logo merece morte lenta e excruciante.
Stepanides não tem o menor respeito por Tibúrcio, mas comeu Carmen Clara.
(E quem não?)
Nenhum dos animais acima mencionados chega aos pés de Bill Chakapov.
Sérgio Rodrigues, no Todoprosa, me fazendo rir ao lembrar de como são as "conversas" sobre literatura em algumas caixas de comentários de sites e blogs.
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Rafael Rodrigues
7/12/2007 à 00h17
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Laços vence o Project Direct
O curta-metragem brasileiro Laços, dirigido por Flávia Lacerda com roteiro de Adriana Falcão, venceu o Project Direct, o festival internacional de curtas-metragens do YouTube. Foi o cineasta Pedro Novaes quem me chamou a atenção para o filme, o qual comecei a assistir meio de má vontade, mas que, ao final, me deixou deslumbrado, o que, obviamente, me fez votar nele. (O ator podia ter sido melhor preparado, mas, enfim, até que não atrapalhou o resultado.) Trata-se da mesma temática que tanto me atrai - tenho um roteiro com pontos em comum no meu site - e que, entre meus amigos e parceiros de trabalho, vivo reclamando ser pouco explorada pelo Brasil, um país mais escolado nesse assunto que os japoneses e os norte-americanos.
Foi um prêmio merecido. Meus parabéns à Flávia, à Adriana e a toda à equipe e elenco.
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Yuri Vieira
6/12/2007 às 16h12
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Leia, relaxe e... pense
Tenho passado meu horário de lanche praticamente todo numa livraria. Tomo um café com rocambole — de queijo e presunto ou de quatro queijos ou de frango com queijo catupiry (este muito pouco, só quando não tem um dos outros dois) — e fico por lá admirando os livros, respirando-os. Não há nada de mais interessante a fazer. Ao menos não em 1 hora de "descanso".
Dia desses uma garota estava de saída do café e comentou, em voz alta (até demais, pro meu gosto), que, quando entrava lá, ficava deprimida, por não ter dinheiro para comprar todos os livros que gostaria de ter.
Eu ri, ela viu e então falou diretamente pra mim que livro hoje é muito caro. Respondi dizendo que é verdade, mas que era pra ela ficar atenta a algumas promoções na internet, pois dá pra achar muita coisa boa por um preço bem legal.
Ela concordou e disse que comprou recentemente o O Código Da Vinci e que comprou barato. Eu retruquei dizendo (com um sorriso um pouquinho sarcástico, vá lá) que, se ela fosse comprar algo, que comprasse algo bom. Ela disse que comprou o livro para presentear uma amiga, e acrescentou que eu não deveria falar mal do livro, porque é uma leitura que relaxa; e que era justamente o que ela queria no momento. Arrematou dizendo que não quer ler nada que a faça pensar. Que já bastava os livros da faculdade consumindo sua mente (ela cursa enfermagem).
Ok, não sou eu quem vai brigar por causa disso. Mas eu já disse e vou continuar dizendo: tem literatura boa que também faz relaxar. E qual é o livro que não faz o leitor pensar? Até o O Código Da Vinci faz pensar, ué. Paulo Coelho faz pensar. Qualquer livro faz pensar. A não ser que seja o supra-sumo da picaretagem literária. Aliás, até estes últimos fazem pensar. Um exemplo de pensamento depois da leitura de um livro assim: "mas como é que fui perder meu tempo com uma porcaria dessas?".
Pôxa. Fante é divertido. Bukowski é divertido. Clarice Lispector, quando de bom humor, é super divertida. Fernando Sabino é divertidíssimo. Rubem Braga também. John Steinbeck tem um senso de humor refinadíssimo, mais refinado que os melhores açúcares do mercado. George Orwell também tem textos bem despojados e que nem por isso deixam de fazer o leitor pensar.
Pensar é bom. E pensar não significa ficar deprimido, passar uma semana chorando porque o protagonista do romance morreu ou cometeu suicídio.
Um livro que te faz pensar é um livro que pode te ajudar em algo. Pode até te ajudar a melhorar como pessoa, a ver o mundo com outros olhos ou te ajudar a tomar uma decisão. Ou pode, simplesmente, te fazer sorrir.
Há quem não concorde, mas essa é a minha opinião. Uma pena eu não poder ter dito isso para a garota. Pensei em dizer, mas meu rocambole estava me esperando — e esfriando, bem como meu café. Falei pra ela ler boa literatura policial, pelo menos. Mandei-a ela ler Conan Doyle e fui comer.
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Rafael Rodrigues
6/12/2007 às 04h33
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Por que escrevo
"Como sabem, a pergunta que mais fazem a nós escritores, a pergunta predileta, é: por que você escreve? Escrevo porque tenho uma necessidade inata de escrever! Escrevo porque sou incapaz de fazer um trabalho normal, como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros como os que eu escrevo. Escrevo porque sinto raiva de todos vocês, sinto raiva de todo mundo. Escrevo porque adoro passar o dia à mesa escrevendo. Escrevo porque só consigo participar da vida real quando a modifico. Escrevo porque quero que os outros, todos nós, o mundo inteiro, saibam que tipo de vida nós vivemos, e continuamos a viver, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel e da tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão. Escrevo porque tenho medo de ser esquecido, porque gosto da glória e do interesse que a literatura traz. Escrevo para ficar só. Talvez escreva porque tenho a esperança de entender por que eu sinto tanta, tanta raiva de todos vocês, tanta, tanta raiva de todo mundo. Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque depois que começo um romance, um ensaio, uma página, sempre quero chegar ao fim. Escrevo porque todo mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença infantil na imortalidade das bibliotecas, e na maneira como meus livros são dispostos na prateleira. Escrevo porque é animador transformar todas as belezas e riquezas da vida em palavras. Escrevo não para contar uma história, mas para compor uma história. Escrevo porque desejo escapar do presságio de que existe um lugar para onde preciso ir mas ao qual - como num sonho - nunca chego. Escrevo porque jamais consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz."
Orhan Pamuk, em A maleta do meu pai (Companhia das Letras, 2007, 96 págs.), livro que reúne três textos do escritor turco: dois discursos (um deles ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 2006) e uma palestra sobre literatura.
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Rafael Rodrigues
5/12/2007 às 13h49
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Copa de Literatura Brasileira
A primeira Copa de Literatura Brasileira teve direito a polêmicas, zebras, goleadas e até jogo definido no cara-e-coroa.
Ontem foi divulgado o campeão do divertido torneio, organizado por Lucas Murtinho. O saldo da Copa, parece ser um consenso, foi muito positivo, e tem gente que já não vê a hora da próxima edição.
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Rafael Rodrigues
4/12/2007 às 02h25
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A geléia pós-moderna
"A geléia-geral da pós-modernidade é uma das fraudes intelectuais que ainda fascinam os deslumbrados. Essa a vaca sagrada contemporânea é um imenso guarda-chuva do vale-tudo: pastichos, plágios, viagens pessoais, referências cult, bricolagens, falta de inspiração etc. Criem-se romances sem história, personagens sem conflito, conflitos sem personagens, acrescentem-se clichês assumidos, embrulhe-se tudo num estilo impecável e refinado — com espaço para alguma suave escatologia a título de captatio benevolentiae —, polvilhe-se com uma boa dose de cinismo explícito e midiático e teremos a mágica da literatura pós-moderna. Faltando personagens, faltando conflitos, faltando história, (a pós-modernidade, antes de mais nada, é domínio do não-ser), que os autores não se queixem da falta de leitores."
Luiz Antonio de Assis Brasil, no blog da Revista Malagueta, que recentemente entrevistou 13 escritores brasileiros.
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Rafael Rodrigues
4/12/2007 às 02h17
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