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Segunda-feira,
17/12/2007
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Redação
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Poesia semeada na cidade
Ricardo Silveira se precipita sobre a minha mailbox para me contar que tem um projeto de intervenção literária no espaço urbano. Coisas do tipo stickers, grafites, lambe-lambe. E uma das últimas idéias foi colocar também poemas de outras pessoas. E entre as "outras pessoas" estava eu, com meu poema do Péricles. Quem não conhece, dê uma olhadinha mais atenta nos postes e nas esquinas. Vale a pena.
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Ana Elisa Ribeiro
17/12/2007 às 02h08
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Como um leitor se sente...
Acabo de terminar a leitura das últimas linhas de Como um romance, de Daniel Pennac. Mesmo correndo o risco de parecer sentimentalista, confesso que as lágrimas ainda estão nos olhos. Fecho o livro e fico com "o sentimento vago de perda", não por ter deixado de ler algo que merece ser lido, mas por saber que tudo acabou: não há mais uma palavra após a página 167.
Pennac se foi. Desaparece no fim da estrada e me deixa só, perdida numa confusão mental que não me permite entender muito bem por que um livro que tenta apenas apresentar um diagnóstico sobre o desinteresse das pessoas pela leitura mexeu tanto com minha emoção. Talvez seja mesmo pelo seu estilo poético, como identifica o editor. Talvez seja pelo fato de que tenha tocado na minha própria ferida; aquela da leitora que não leu tudo o que já deveria ter lido. Talvez também pelo fato de que, embora não seja ainda uma leitora assídua, gosto do que leio, especialmente, do que me cala e me transforma de algum modo.
E é isso: pensando agora, instantaneamente ao momento em que escrevo estas linhas, parece óbvio tudo o que ele disse, especialmente para um adulto letrado, como eu. Mas a verdade é que ele me fez entender um pouco mais da leitora que há em mim e, mais que isso, permitiu-me pensar em perdoar-me pelas falhas que são ou não minhas. "Uma leitura bem levada nos salva de tudo, inclusive de nós mesmos." Saio desse livro mais "humanizada".
Desculpe-me pelo trocadilho, mas Pennac não foi "como um romance": foi como um presente. Obrigada pela indicação!
Da leitora Márcia Araújo Lima, sob o impacto da leitura de um clássico francês, por e-mail.
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Ana Elisa Ribeiro
17/12/2007 à 01h27
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Curitiba Literária
Eu me ressinto muito de não ter mais tempo para ler. Gostaria de ter muito mais do que tenho. Às vezes, tenho que puxar o freio, diminuir a velocidade desta vida atribulada e falar: "Não". Gosto de tirar férias. O que mais gosto nas férias é de ter mais tempo para ler. Uma coisa que no meu dia-a-dia é escassa. Pois não há o que substitua a importância da leitura na formação das pessoas. Há quem diga que a gente pensa e pronto. Mas a gente pensa com palavras. Então quanto maior for o seu repertório, a sua experiência como leitor, melhor você vai pensar. Você vai ter mais instrumentos para refletir sobre qualquer outra coisa, seja qual for a sua área de atividade. Não são só os escritores que precisam ler. Qualquer pessoa pode se sair melhor na vida, no mundo, nas relações afetivas, no trabalho, se tiver essa experiência de alguma forma.
Arnaldo Antunes
* * *
Há 22 anos, eu era editor do "Caderno2" do Estadão. E havia um letrista de música que queria ser escritor. Ele publicou um livro que se chamava O diário do vampiro, uma coisa assim. Por uma editorinha dele mesmo. O livro era uma piada. Então, chamei um jornalista que escrevia muito graciosamente, o Jotabê Medeiros, e demos uma página gozando o livro. Mesmo achando que aquilo era uma gozação, o letrista gostou. E me convidou para ir ao apartamento dele, no Rio. Era um apartamento no primeiro andar de um prédio que tinha um jardim nos fundos. Lá, havia uma reunião de amigos. Tinha uma espada encostada na parede. O letrista me serviu um vinho branco. Me mostrou umas fotos que tinha feito em um deserto. E me disse: "Emediato, quero ser escritor. Não agüento mais essa vida de letrista, de produtor cultural. O que é que eu faço?". Olhei para ele e falei: "Sei lá. Persevere". O letrista era o Paulo Coelho. E ele perseverou. Tem gente que acha que ele não é um escritor. Eu acho que ele é. Não o leio. Não gosto daquilo. É chato. Mas era o Paulo Coelho, desesperado: "Quero virar escritor, não agüento mais essa vida". E ele virou. Então, quer ser escritor? Faça como o Paulo Coelho. Só que, de preferência, escrevendo melhor que ele...
Luiz Fernando Emediato
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Tive a sorte de ter um pai que não só era um leitor voraz como também me incentivava a ler coisas que não eram para a minha idade. Quando eu tinha 13, 14 anos, ele me mostrava o Ulisses e falava: "Está vendo aquele livro? Tem uma frase de 50 páginas. Aquele tijolo, lá no alto". Ele sabia o que eu ia fazer: peguei um banco e alcancei o livro. Li o Ulisses inteiro com 14 anos, sem entender absolutamente nada. Mas eu precisava chegar à frase de 50 páginas e saber por que ela existia. Eu não entendi nada. Só fui entender quando eu reli o livro, muito tempo depois. João Gilberto Noll, também. Quando eu tinha uns 15 anos, meu pai disse: "Esse cara aqui você tem que ler". E li A fúria do corpo, que era aquela coisa devastadora. Eu lia aquilo e dizia: "Meu Deus!".(...) E os existencialistas todos: Sartre, Camus, Bataille ― teve uma fase em que fiquei louco por ele... E todos aqueles surrealistas, e os dissidentes do surrealismo. Teve uma fase em que li isso. Hilda Hilst foi uma escritora de que gostei muito. Faulkner... Moby Dick mudou a minha vida.
Daniel Galera
(Todos no evento Curitiba Literária, com curadoria do incansável Rogério Pereira, do Rascunho.)
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Julio Daio Borges
14/12/2007 à 00h05
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3 Alexandres
PAS por Dafne Sampaio
(...)os jornalistas não querem mais trabalhar nos jornais(...)
* * *
(...)me comunico com as pessoas no meu blog. Na Folha eu não me comunicava. Eu era uma ilha.
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A maioria dos jornalistas que está no mainstream não tem coragem de ter um blog(...)
* * *
Na Folha eu tinha a ilusão de falar pra 300 mil pessoas...
* * *
É outra terra arrasada... a dos livros.
Pedro Alexandre Sanches, em entrevista reveladora ao Gafieiras, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
13/12/2007 à 00h45
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arrego
Eu estou cansado.
Tão cansado que nem tenho forças para descrever o quão cansado estou, se é que me entendem.
Sabe o que é pior? É que eu ando morrendo de vontade de escrever neste blogue. De verdade. Falar, sei lá, sobre a vida, sobre o mundo, sobre a junção das duas coisas. Ou sobre a panela que está parada na minha pia há algumas semanas e que já pode ser considerada um ecossistema independente e auto-sustentável.
Mas, ultimamente, não tenho tempo nem ímpeto para isso.(...)
Cássio Koshikumo, no uns esboços, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
12/12/2007 à 00h09
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Beowulf, o mico do ano
Alerta vermelho a supostos filmes inovadores, mas que pecam no roteiro. É o caso de A Lenda de Beowulf (Beowulf, EUA, 2007), que embora bem cotado nas bilheterias, desperdiça a chance de ser, pelo menos, digerível. Nem a tentativa de adaptar às telonas um famoso épico inglês, tampouco de aplicar uma tecnologia inédita, compensam o eterno clichê da luta entre homens e dragões.
A grande aposta do diretor Robert Zemeckis — o mesmo de O Expresso Polar — é uma técnica conhecida como performance capture, cujo propósito é recriar feições e movimentos de atores e vetorizá-los para o computador. Anthony Hopkins, Angelina Jolie e John Malkovich emprestam suas embalagens a seres virtuais, mais caricatos. O uso das estrelas hollywoodianas, contudo, não esconde a pretensão desorientada da trama.
Para agravar um pouco mais, somente cinco das 300 salas de cinema que exibem A Lenda de Beowulf no Brasil possuem projeção em 3D — ideal para assistir ao filme. Claro que isso não é empecilho para que se assista ao filme, no discurso da indústria. Mas é razão suficiente para colocá-lo como mais um desperdício. De talento e de dinheiro.
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Tais Laporta
11/12/2007 às 12h14
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Então é Natal
Bem, não sou eu quem vai atrapalhar a alegria dos outros.
Mas, provavelmente, vou ter que ouvir, pela milionésima vez o velho e carcomido hit de John Lennon (e Yoko, argh), ver as esquinas ocupadas por bonecos grandões e barbudos, de roupa vermelha, ver as pobres árvores, as lombadas dos prédios cheias de luzinhas piscantes e tudo. Evitar as lojas, já que não dá para andar dentro delas, cheias de cartazes, balões, papel celofane verde e bonecões que ficam se mexando e tocando musiquinhas.
Fui pegar um livro, numa delas e a manga do meu blusão Lee ficou presa no chifre de uma rena de isopor. Quase joguei o arranjo decorativo(sic) todo no chão, a rena ficou pendurada no meu braço. Se tem uma coisa que eu não suporto é uma rena pendurada no meu braço. Um gafanhoto ou um periquito, ainda vai. Mas uma rena, putz.
Também vou ter que colocar umas moedas nas caixinhas de sapato que algumas crianças pobres inocentemente me estendem, como se fossem seus cofrinhos. Eu sempre coloco, não me custa nada. Mas me custa, sim, pensar que o Natal é uma certa sacanagem com as crianças pobres.
Mas não sou eu quem vai estragar a alegria dos outros. Talvez, só um pouco.
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Guga Schultze
11/12/2007 às 12h06
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Poesia e papo furado
Penso em vocês, enquanto atravesso
a baía de todos os santos sozinha
num velho ferry boat. Tempos de sonho,
sacolejando numa Kombi até Barra Grande.
E de amigos desgarrados, agarrados
uns nos outros, curtidos em inacreditáveis
garrafões de vinho. Éramos jovens
e nossas vidas pareciam um curta alternativo,
ou um longa de cinema indie. Penso em vocês,
enquanto atravesso a vida, as pistas, num fox.
Tempos de sono, e de acordar bem cedo
no dia seguinte, e de cartão de ponto,
e de vinho caro que não deixa ninguém alto,
e de barras grandes nada divertidas.
katiaborges, no Madame K, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/12/2007 à 00h24
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Missão
Informar aos leitores fatos aleatórios da vida cotidiana com ênfase no aspecto financeiro para uso racional e consciente de dinheiro, bufunfa, pagode e demais nomenclaturas, buscando inegavelmente uma visão parcial e tendenciosa de produtos e serviços quaisquer, de natureza múltipla. Não se resumindo a isto, fatos aleatórios da vida até os limites da galáxia (e além) também são aqui abordados, quase sempre baseados em pouca informação, de forma ríspida e bruta. Se não gostou, me processe. Quer fazer amigos? Entre no Orkut.
dbastoso, no Crediário, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
10/12/2007 à 00h52
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Perfumaria
Em que se pode acreditar depois que as livrarias viraram perfumarias? Papai Noel?
Se colocar calendários e agendas importadas nas gôndolas centrais é perfumaria, me pergunto.
Bichinho de pelúcia, porta-lápis e cartão de aniversário do Garfield é livraria, papelaria ou perfumaria? Sem falar nos livros já na categoria perfumaria, que se difundem na velocidade de um parfum por minuto, deixando um rastro de enjôo nos estômagos vazios.
Infelizmente a Melhoramentos não distribui mais os cheirozinhos "Penhaligon's tesouro perfumado em prosa e verso", que há anos entraram em promoção nas "melhores livrarias". Porque aí sim a nova vocação destas casas do ramo teria um título conivente.
Decerto indo não mais do que na esteira dos espaços multiuso, onde todas as posições e transações monetárias são permitidas. Vestuário feminino mixado com utensílios de prazer. A loja-restaurante. Ou o cabeleireiro que atende em sua própria casa com hora marcada, e não com assistentes.
Então, por que não juntar livros com perfumaria, como já tem sido feito em mercearia, levar ao limite, e se até mesmo os supermercados têm suas prateleiras reservadas aos best-sellers?
Assim, toda vez que uma "livraria" inaugurar, é torcer para que seja ao menos uma livraria-café, com um sofazinho marrom e macio, meio Starbucks. É pra amenizar as dores. Dentre elas a do preço da coxinha e do pão de queijo inflacionado.
Que se continue acreditando que há livros e que as livrarias continuem acreditando que vendem livros, confundindo um pote de Veja com a revista Veja, trocando a auto-ajuda pelo anti-idade, oferecendo todas as variações de perfume, de Süskind a Chanel. O que importa é vender sonhos, bolo de morango, perfumaria. A idéia de livro dá uma aura benfazeja. E viva o Natal!
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Elisa Andrade Buzzo
7/12/2007 à 01h04
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