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Quinta-feira,
24/1/2008
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Redação
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Aguardando I'm Not There
Enquanto I'm Not There, de Todd Haynes, não estréia oficialmente (prevista para março de 2008) vale a pena lembrarmos três filmes imperdíveis (em DVD) que retratam Bob Dylan como ele realmente é.
No direction home (2005)
Lançado em DVD duplo em 2005, é a biografia definitiva de Bob Dylan dirigida por Martin Scorsese, e como cinema-verdade capta o espírito de um dos maiores artistas da música americana de todos os tempos e também o clima da cena musical americana e londrina do meio da década de 60, através de documentários da época, como aquele realizado por D. A. Pennebaker. Mostra a trajetória de Dylan desde as suas participações nos movimentos de afirmação da sociedade civil contra a truculência do Estado até a turnê londrina onde ele teve a ousadia de introduzir a guitarra na sua folk song transformando-a em folk-rock. Dylan está presente generosamente relatando a sua saga. É afirmação do cinema como retrato de uma época e sua força para enfrentar a barbárie.
Dylan Speaks (2006)
O ano de 1965 foi um marco para a música mundial. O rock dava sinais de transformação com a afirmação dos Beatles e a aparição de bandas como Who, Byrds, Moody Blues, o embrião da psicodelia do Pink Floyd e a tentativa de afirmação dos Beach Boys. E é lógico, Bob Dylan também estava em processo de mudança. Esta entrevista, à época transmitida pela TV, deu-se em dia 3 de dezembro, na cidade de Berkeley, São Francisco, o local do burburinho da nascente contracultura. Dylan fala durante 50 minutos, respondendo às perguntas, quase sempre com evasivas e ironias, de figuras conhecidas como Allen Ginsberg, Bill Graham e um platéia de jornalistas embasbacados. É mais uma mostra da força que carrega uma seqüência de imagens.
Dont look back (2006)
Dirigida por D. A. Pennebaker, esta película de 1967, lançada em 2006 em DVD, acompanha a turnê londrina de Bob Dylan de 1965, portanto um ano antes de eletrificar o seu folk song. Temos aqui um Dylan irriquieto nas memoráveis cenas de bastidores. Dylan compondo, Dylan batendo boca, Dylan fumando (e como fuma!) e especialmente Dylan no palco. Os flagrantes das cidades londrinas dos anos 60 são memoráveis. A perseguição dos admiradores está lá e Dylan atende a diversos generosamente, discute com eles, argumenta, reservando o mau humor para a imprensa, sempre uma pedra no seu sapato. Donovan, Joan Baez e seu fiel escudeiro, Albert Grossman também estão presentes. É uma mostra de como o cinema consegue fazer muito mais do que um retrato de uma figura pública e se transformar num documento de época, de importância histórica.
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Antônio do Amaral Rocha
24/1/2008 às 07h11
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Coisas que eu ouvi
Gosto de música brega dos anos 70. Pronto. Falei. Quase todo mundo que me conhece já sabia, mas quem não sabia ficou sabendo. Isto é praticamente um atestado de mau gosto, mas, em minha defesa, digo que só ouço músicas péssimas com fone de ouvido, para não incomodar meu semelhante. Ou sozinha. Ouvir alto e cantar junto, só mesmo no trânsito, onde posso incomodar apenas os motoboys. Mas eles merecem, então tá tudo certo.(...)
Kelly, no Coisas que eu acho, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
24/1/2008 à 00h35
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Dicas bacanudas para 2008
Dentre as várias resoluções para 2008, uma delas já vem me trazendo frutos. Este ano decidi que, ao invés de mandar tantos e-mails, tentaria resolver as pendências com quem trabalha comigo pessoalmente.
Desde então, sempre que tenho alguma dúvida, sugestão ou problema a ser resolvido com alguém, levanto o meu "bumbum" da cadeira e vou até a sua mesa. Vocês não imaginam o quão este simples gesto se mostrou produtivo!
Além da agilidade na hora de resolver questões que poderiam ficar paradas por dias nas lotadas caixas de e-mails, esta nova prática é também bastante saudável, um exercício físico considerável (aqui os funcionários ficam lotados em diferentes escritórios, relativamente afastados um dos outros, de acordo com a área e função que atuam).
Percebi também que a minha relação com os colegas ficou muito mais próxima e fortalecida, o que é fundamental na hora de resolver questões mais complicadas e que precisam sair da rotina normal e "pular" a tal burocracia.
Isto tudo é apenas uma prova que, às vezes, pequenas mudanças de comportamento podem trazer grandes benefícios! Pense nisso.
D., no 1 day stand, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
23/1/2008 à 00h27
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Desenhos de Reunião
Gustavo Mini, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/1/2008 à 00h21
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Caixa Dois, sem eufemismos
Nesta boa adaptação da peça de Juca de Oliveira para o cinema (que chega agora em DVD), Bruno Barreto procura se manter fiel ao original (na medida do possível), conduz a trama com agilidade e ainda conta com um elenco competente. Destaque para a atuação de Fúlvio Stefanini como Luiz Fernando, o banqueiro corrupto. Com humor, mas sem caricaturar seu personagem, ele conduz o espetáculo e ainda dá boas deixas para Cássio Gabus Mendes e Daniel Dantas brilharem.
O tema da malandragem é latente e o "jeitinho brasileiro" fica exposto até o osso através da classe média. O personagem chave para essa discussão é o de Angelina (Zezé Polessa), uma austera professora de primário que se vê milionária de uma hora pra outra. É aí que sua honestidade é posta à prova e traz à tona a realidade brasileira de que tudo pode se dar o tal "jeitinho". O desfecho da história conduz ao nosso retrato tragicômico de celebração da malandragem, sem ser moralista, mas permitindo a discussão ética. No final, todo mundo tenta se colocar na situação do filme, buscando justificativas para poder aceitar a bolada milionária sem se sentir corrompido. São estas "justificativas" que melhor definem o jeitinho brasileiro.
Interessante lembrar que a peça data de 1994 e, 14 anos depois, ainda se mantém bastante atual, exceto pela troca da moeda, que era uma constante na época, e que teve de ser revista. A única coisa desatualizada é o nome do filme, já que o novo truque dos políticos brasileiros é o eufemismo. Em 2005, Delúbio Soares resolveu inovar e renomeou o caixa dois para "recursos não contabilizados". De lá pra cá, a política brasileira foi arrebatada por esta cínica enfermidade, mas, graças ao bom senso, o nome original foi mantido.
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Diogo Salles
21/1/2008 às 11h29
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Lost
(...) eu sou mesmo uma alma perdida na web. É tudo muito infinito, um link aponta para quinze outros novos links, e cada um deles para outros tantos, numa progressão geométrica de sites, blogs, fotologs sem limite, sem fim, sem edição. Com tanta informação na minha frente, não sei por onde começar, na maioria das vezes. Me revolto com o fato porque, ainda que fosse possível ler tudo o que se publica de bom, o que de fato seria retido e transformado em conhecimento?(...)
Paula, d'o vidro de caramelo, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
21/1/2008 à 00h09
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Carnaval, um festival de artes
O brasileiro é realmente um privilegiado em termos de festividades, pois logo após as festas de final de ano e o início das férias de verão, vem o carnaval, que pode ser considerado a maior festa popular ao ar livre do mundo. Tendo como "comissão de frente" a incorrigível alegria da nossa gente, ele apresenta-se como um autêntico abre-alas da indústria de turismo e garoto-propaganda das nossas exportações. Samba, trilha sonora do Brasil.
O carnaval, a arte e o mundo dos negócios são destaques do mesmo carro alegórico. O processo de evolução do nosso carnaval transformou-o numa autêntica ópera de rua, ou, como querem outros, no mais criativo e democrático Festival de Artes do planeta. O carnavalesco, protagonista do núcleo de criação da escola de samba, está comprometido com a verdade ao associar a arte às circunstâncias históricas e geográficas. A imaginação e a emoção simbolizam o corpo e alma do artista. Da mais famosa passarela ― a Marques de Sapucaí ― à mais simples viela, a nossa musicalidade desfila a sua maior riqueza: a diversidade de seus ritmos, como o samba, originário do batuque africano.
Ao lado da música, a literatura se faz presente com o samba-enredo que pode reescrever o nosso descobrimento ou relembrar os ciclos do nosso desenvolvimento e a pintura retratar o colorido da nossa flora e da nossa fauna. A escultura homenageia as nossas celebridades, as artes plásticas fazem o lixo se transformar em luxo. A dança exibe todo nosso "jogo de cintura". Os nossos artesãos mostram a sua genialidade com o aproveitamento de nossos recursos naturais; a arquitetura também se faz presente, especialmente revelando os carnavalescos como verdadeiros "arquitetos sociais". A fotografia, o cinema, artes cênicas e gráficas, todas elas se fazem presentes na fantasiosa corte do Rei Momo.
O carnaval, que possui a magia de transformar artistas em passistas e passistas em artistas, é responsável pelo mais abrangente acervo da nossa cultura popular. Senão, vejamos. Redescobrindo a nossa história, nada tem escapado à sensibilidade dos carnavalescos que, da tradição à globalização ou da tragédia à comédia, têm retratado nossos usos e costumes ― festa para os mais diversos meios de comunicação. A nossa geografia tem sido motivação para os compositores explorarem os milhares de quilômetros de nossas belas praias, o imenso "mar verde" da selva Amazônica, o paraíso ecológico do Pantanal, as serras e cachoeiras do sul, a biodiversidade da mata atlântica e todas as riquezas naturais deste país continente.
No campo empresarial o destaque fica para o formato empreendedor de gestão que faz da ousadia, da criatividade e da empregabilidade ― soma das competências e habilidades ― o tripé de um modelo exemplar de organização competitiva. O mundo dos negócios ainda tem que se conscientizar que somente um ambiente de trabalho prazeroso poderá produzir a Excelência. O prazer, no seu mais refinado conceito, é a energia (insubstituível) que gera vencedores. Até a modernidade do Terceiro Setor, com sua responsabilidade social através do voluntariado, de há muito faz parte do "DNA" das escolas de samba, e de outras agremiações similares, que têm desenvolvido excelentes projetos especiais, que vão da pedagogia à tecnologia, contribuindo para reduzir os índices de exclusão social.
A elevação da expectativa de vida, a nova estrutura do mercado mundial de trabalho e as mudanças de estilo de vida das pessoas são tendências que elegem a indústria do turismo como um dos mais promissores empreendimentos do futuro. Ao som dos seguidores do lendário Mestre André ― bateria nota 10 ― encerramos com o nosso cautelar grito carnavalesco: vamos explorar o turismo, não os turistas.
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Faustino Vicente
18/1/2008 às 03h46
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Retrospectiva 2007
Diogo Salles, que você conheceu aqui, agora no JT (e no site dele).
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Julio Daio Borges
15/1/2008 à 00h16
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Saldo esperado sem a CPMF
Fico me policiando para não escrever textos "umbigais" ou "ególotras" neste blog. Nada contra esse tipo de approach adotado por certas pessoas em seus escritos. Eu mesma mantinha um blog nessa linha. Era depressivo, escuro, cansado. Pois vivi uma época assim, não faz muito tempo.
Aos poucos, uma realidade mais amigável e novos projetos antes impensáveis começaram a acenar para mim. Passei por mudanças. Nada radical. Tampouco inconsistentes, espero.
Tudo foi se ajeitando em seu devido tempo. Demorou mais do que eu queria, doeu, magoou certas pessoas, espantou outras.
Mas o saldo foi positivo: reconheci os amigos verdadeiros, reencontrei minha fé perdida, passei a acreditar mais na bondade, compreensão e tolerância humanas, busquei ajuda e engoli o orgulho, aprendi que mesmo nas relações familiares tudo tem seu preço, muito caro no meu caso.
E assim flagro-me pensando no que parece uma prévia do meu "balanço de fim de ano".(...)
Suzi Hong, que voltou com o Tudo vai ser diferente (por que alguém ainda se lembra do SpamZine?).
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Julio Daio Borges
14/1/2008 à 00h17
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Vizinhança
Salvei um copo. Fui apanhar o cinzeiro na mesa, esbarrei no copo que rolou até a beirada. Minha mão trêmula da ressaca conseguiu alcançá-lo a tempo. Talvez nem tudo esteja perdido.
A vizinha discute com o marido. Ela fala do som alto que eu ouvi até de manhã. Ele parece que não liga muito. O cara é meio surdo, fala alto e cuspindo e ela diz pra ele não cuspir nela. Diz que se ele fosse homem me dava um tiro na cara, que a vida deles virou um inferno desde que mudei pra cá.
Esses dias, encontrei o cara com o ouvido encostado no outro lado do muro, sentindo as vibrações do meu som. Pensei em ir lá, mas ao mijar e me ver no espelho, desisti. Acho que ela tem razão, eu mereço um tiro na cara. Meus dentes parecem pequenos cadáveres. Meu rosto cansado e sofrido não me diz mais nada. Não, não tinha jeito.
Olhei pela janela e eles ainda estavam lá. O cara ficava olhando pra boca da mulher com a única cara que ele, naquela altura da vida, poderia ter. Foi aí que me veio a idéia. E se eu comesse a vizinha? Quem sabe ela parava de brigar um pouco com ele, eu já não agüentava mais ver aquilo. Liguei o chuveiro pra fazer a barba.
Ele trabalhava numa fábrica de sapatos ou de absorventes. Saía cedo e só voltava no início da noite. Ela ficava lá, lavando, cozinhando, e sempre tentava acompanhar o rádio com aquela voz horrível, com aquele corpo horrível. Mas eu também era horrível. Naquela vizinhança, ninguém sabia o que era o amor. Talvez um casal de estudantes que morava há três ou quatro casas à minha direita. Eles ainda não haviam vivido o suficiente.
Era sempre assim, tudo uma questão de tempo.
José Guilherme Fidelis, no seu artificcional, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
13/1/2008 à 00h49
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