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Quinta-feira,
31/10/2002
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Redação
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Everybody Loves Riemann
"Preciso recuperar o meu estado criativo. [...] Ontem terminei de ler o livro sobre Nietzsche, hoje já comecei a ler Musashi. Estou me sentindo muito melhor desde que voltei a ler e recomecei o Aikidô, mas preciso disciplinar os meus horários [...] Hoje pretendo estudar um capítulo inteiro de Equações Diferenciais Parciais (o capítulo 6 do livro da Valéria Iório, com todos os exercícios), resumir a teoria do capítulo 7 (convergência das séries de Fourier) e, mais tarde, começar a estudar Teoria de Galois.
"Ontem aprendemos sobre os problemas clássicos da antigüidade, ou seja, a duplicação do cubo, quadratura do círculo e trissecção do ângulo. Na semana que vem, não teremos aula por conta do feriado e da Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática [...] Para evitar surpresas desagradáveis, prefiro começar hoje a estudar.
"Com todos os avanços que temos feito no campo da Neurociência (não só biologicamente, mas também em teoria da computação, redes neurais, inteligência artificial, etc.), ainda não sabemos com precisão o que é consciência. O filósofo John Searle explora essas questões em seu livro Mente, Cérebro e Ciência. Talvez num futuro próximo consigamos desvendar a estrutura dos processos mentais, e talvez possamos manipulá-los mecanicamente. [...]
"Mas é uma ficção assim como o eram as viagens espaciais na época de Julio Verne [...] A questão que levanto é: se algum dia pudermos inventar máquinas que sejam capazes de introduzir no cérebro de uma só vez o conteúdo de livros e mais livros, que conseqüências isso trará para a estrutura da sociedade? Contemplem o momento atual: alcançamos um certo patamar de desenvolvimento ciéntífico e tecnológico, porém em muitos outros aspectos ainda estamos quase na Idade Média. Criamos um ambiente tecnicamente 'evoluído', mas ainda seguimos ídolos, adoramos falsos deuses, alimentamos superstições.
"Certa vez, conversando com o meu professor de violão clássico, chegamos ao tema da evolução do nosso instrumento. Enquanto o violino passou a utilizar cordas de aço e os outros instrumentos ganharam mais potência, levando a música das saletas intimistas de recitais às grandes salas de concertos, o violão ficou estagnado. Estamos em pleno século XXI e o violão de hoje, exceto algumas 'experiências' de certos luthiers 'malucos' [...], ainda está quase igual ao que era nos tempos de Torres. O violão ainda é um instrumento intimista. Apesar de termos estudos e mais estudos sobre acústica e propriedades dos materiais, apesar de tudo o que desenvolvemos em teoria musical e técnica do instrumento, ainda estamos tocando artefatos do século XIX.
"A nossa sociedade 'comporta-se' mais ou menos como o violão. O tempo escoa, solene e indiferente, o conhecimento humano avança a cada dia, porém o nosso [lado] 'psicológico' insiste em se prender a conceitos tribais e a crendices místicas. Não condeno a natureza antropologicamente religiosa do ser humano, mas procuro trazer à luz da reflexão o fato de que insistimos em nos proteger atrás de mitos, desejamos o calor aconchegante da caverna. Apesar disso acontecer com a espécie humana como um todo [...], é característica das sociedades menos evoluídas a insistência em remar contra a corrente, numa tentativa suicida de retorno ao Feudalismo. A falta de rigor no pensamento leva as pessoas a se resguardarem embaixo das saias de ideologias caducas, aumentando assim a bola de neve da mentira e da corrupção. Será que de fato evoluímos?"
Claudio Andrés Téllez capitaneando o Everybody Loves Riemann
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Julio Daio Borges
31/10/2002 às 11h43
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Centro o quê?
O jornal francês Le Monde diz que Serra é de centro-esquerda. Para a revista inglesa The Economist, porém, ele é de centro-direita. O Le Monde, por acaso, acabou de relançar no Brasil uma versão em português do Le Monde Diplomatique, que servirá de defesa às políticas adotadas por Lula. A The Economist, que não defende nem se assusta com Lula, é a melhor revista de notícias do mundo, com uma cobertura, até onde é possível, profunda e completa. Mas a Economist, neste caso, está errada: Serra é evidentemente de centro-esquerda. Era, quer dizer.
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Eduardo Carvalho
30/10/2002 às 11h31
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Não existe carta de amor
Não existe carta de amor. Essa é apenas mais uma invenção desastrada de um poeta incompreendido - como, na verdade, quase todos os poetas são. O simples fato de se tentar escrever uma seqüência de frases bonitas e carinhosas já é originalmente falso. O amor, se existe, transparece com naturalidade, em um estilo suave e sincero. Cartas de amor, não importa quem diga o contrário, são sempre ridículas. Mas há algo ainda mais ridículo do que isso: escrever uma se defendendo, e, pior, citando Fernando Pessoa. A pretensão de exprimir com precisão um sentimento incompreensível é quase tão abominável quanto a intenção de simula-lo. Carta é carta. Só o portador de um coração composto exclusivamente por uma mistura nojenta de carne, sangue e músculo consegue elaborar uma missiva catalogada - ou seja, só quem não tem coração escreve o que, para explicar, chama de carta de amor. A quem, ao contrário, realmente respeita o que sente, distribuir elogios e revelar intimidades não é tão fácil assim. E toda carta é de - ou com - amor.
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Eduardo Carvalho
30/10/2002 à 01h00
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Quando estou up
"Facilmente detectável quando estou no up: não durmo direito, fico rabiscando em pedaços de papel tudo que me vem a mente, paro do responder e-mails, saio todos os dias, ando, ando, ando até machucar os pés, emagreço de 1 a 2 quilos, parece que enxergo melhor, ouço a mesma música inúmeras vezes e a pilha de livros ao lado da cama cresce, agora são 3. Tirando a insônia e os quilos perdidos, todo resto é ótimo e poderia se estender por um período mais longo, assim eu conseguiria por ordem na bagunça interior e assentar."
Patricia, no s t r i p p e d e x p o s e d, uma blogueira digna de nota.
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Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h48
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Origin

Essa eu roubei do Hiro, que, por sua vez, roubou do Daniel Lee.
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Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h36
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Louco e perigoso de conhecer

"Ele viveu com só um dos pais, tinha uma deficiência física e um distúrbio alimentar, usava drogas e teve mais mulheres que Julio Iglesias - incluindo relações sexuais com sua meia-irmã, assim como com vários garotos e damas ilustres. Um homem que viu seu corpo embalsamado quando o túmulo foi aberto insinuou que ele tinha uma barriga bastante pronunciada. Cópias pirateadas de sua obra vendiam aos milhares.
"Não se trata de uma estrela do rock ou personagem de novela. É uma descrição nua e crua do poeta romântico Lord Byron, cuja obra foi excluída do currículo escolar britânico em 1999 - presumivelmente por não ser relevante. No mês que vem, contudo, será impossível não ser tocado por Byron, o homem que o Times chamou de 'o inglês mais extraordinário de sua geração' três semanas depois de sua morte, de febre, em 1824.
"A nova biografia de Fiona MacCarthy, Byron: Life and Legend (Byron: vida e lenda), sai no dia 7 na Inglaterra. Uma mostra dedicada a ele na National Portrait Gallery, em Londres, entra em cartaz no dia 20. E um documentário no programa de artes Omnibus, da emissora de tevê BBC, está agendado para o mesmo mês. Cada evento promete derrubar os mitos que cercaram o homem tão notavelmente descrito como 'louco, mau e perigoso de se conhecer'"
Alex O'Connell, direto do The Times para o Estadão, em "Inglaterra reacende o mito de Lord Byron"
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Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h05
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Em busca da unanimidade
"Os primeiros movimentos do PT, tão logo as urnas confirmaram as pesquisas, deram a nítida impressão de que o partido não se contentará com a vitória esmagadora. Tudo indica que nos próximos dias as principais lideranças petistas sairão em busca da unanimidade, a bordo do argumento de que é preciso garantir a governabilidade.
"Ao presidente eleito cumpre exatamente esse papel. Inclusive porque se elegeu com o discurso da conciliação, do diálogo permanente, do pacto nacional. É preciso, porém que, no afã de conquistar a todos, os petistas se precavenham para não terminar invadindo o direito de políticos e eleitores se postarem na oposição.
"Até cerca de duas horas depois de iniciada a apuração dos votos, havia um contingente de 40% de pessoas que optaram pela candidatura à Presidência sabidamente derrotada. Isso quer dizer que, mesmo consciente de que seu candidato não tinha chance alguma, esse eleitorado não abriu mão de sua manifestação de vontade.
"E é essa representação que não pode deixar de estar assegurada no exercício da oposição por parte daqueles que perderam. Alguém, por acaso, viu o PT sequer cogitar em aderir ao adversário depois das três eleições presidenciais em que foi derrotado?"
Dora Kramer, hoje no Estadão, em "Em busca da unanimidade"
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Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h01
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Matando saudades
Sempre ele? Por algumas semanas, porém, pensávamos que nunca mais fosse ser. E ninguém falou nada. Nem eu. Nos reservamos a um triste e silencioso luto. Mas eis que, de repente, clicando aleatoriamente na minha lista de links favoritos, descubro que o Arts and Letters, depois de sumir inesperadamente, voltou - para ficar, agora protegido pelo The Chronicle of Higher Education. Um alívio.
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Eduardo Carvalho
25/10/2002 às 15h19
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O Debate...

Essa eu peguei do Mario AV, que, por sua vez, pegou direto do Laerte.
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Julio Daio Borges
25/10/2002 às 11h18
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Joaquim Roriz

Mais um escândalo, de última hora, contra o Governo FHC e a favor da eleição de Lulla. Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal, parece que "censurou" (acho o uso do verbo aqui um pouco complicado) o Correio Braziliense. Todo mundo está caindo de pau. Tentando jogar a culpa em Fernando Henrique Cardoso ou, pelo menos, dizer que o Presidente foi "conivente"... Enfim. Segue cobertura (um tanto quanto panfletária, mas é a única que temos) do Nova-e:
"O Senhor Joaquim Roriz em atitude absolutamente desesperadora encontra os mais estapafúrdios artifícios com apoio dos asseclas do PODER JUDICIAL E MILITAR para fazer novamente o que é uma marca registrada de sua administração, de sua atitude política, de sua própria existência: INVADIR A REDAÇÃO DO CORREIO BRAZILIENSE É REEDITAR, POR ANTECIPAÇÃO, A DITADURA PROCLAMADA DOS CORONÉIS DE HOJE E DE ONTEM QUE AINDA MANDAM NESTE PAÍS COM A CONIVÊNCIA DO PRÍNCIPE DA SOCIOLOGIA.
"A redação do jornal Correio Braziliense é invadida e a impressão de uma matéria denunciando o envolvimento do governador em ações suspeitas com grileiros é impedida de ser veiculada. O QUE É ISTO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO? A ONU NÃO O SALVARÁ A RESPEITO DE MAIS ESTA SUA PERMISSIVIDADE. AOS AMIGOS TUDO, CARO PRESIDENTE? AOS INIMIGOS, A LEI. ESTA É A SUA PRIMEIRA TESE?"
[Waaal.]
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Julio Daio Borges
25/10/2002 às 11h03
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Julio Daio Borges
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