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BLOG

Segunda-feira, 4/2/2008
Blog
Redação
 
Pimenta in Conserva

Ao iniciar o blog, tinha me proposto a escrever todo dia um tópico novo e diferente. Por motivos alheios à minha vontade acabei furando meu compromisso. Pra falar a verdade, ainda não tô com a mínima vontade de escrever, mas como acho que a escrita é como ginástica, assim que a gente começa tem que seguir em frente, sem parar, porque senão cai tudo (as pelancas e o palavreado!), estou aqui, fazendo das tripas coração!(...)

Dona Pimenta, no seu blog, que linca pra nós.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
4/2/2008 às 16h27

 
É carnaval...

Aquela deliciosa época do ano em que as pessoas não se interessam por quem você é e ainda assim te amam!

Julia Abreu, no seu Pequenas Ternuras, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
2/2/2008 à 00h20

 
Bate-papo com Ruy Castro

"[A imprensa] foi boa enquanto durou, e 200 anos são uma idade respeitável. Não só a nossa, mas a mundial ― acho que, se não se reciclar, ela se transferirá toda para a internet dentro de algum tempo. O que o rádio e a televisão nunca conseguiram, que foi substituir o papel, a internet ameaça conseguir. Só não acredito ainda que ela venha a substituir o livro."

1. Parafraseando Zuenir Ventura, 1808 é também um "ano que não terminou"?
Não. Todos os anos terminam, e 1808 foi certamente um grande ano, mas também terminou. Só em 1809 e 1810 é que o príncipe D. João terminou de implantar os grandes melhoramentos que tinha em mente. Sua fabulosa biblioteca, por exemplo, que daria origem à Biblioteca Nacional, levou aqueles anos para acabar de chegar ao Rio. Quando decidi situar meu romance Era no tempo do rei em 1810, e não em 1808, era porque precisava que a Corte já estivesse bem instalada e, principalmente, que o jovem príncipe D. Pedro tivesse 12 anos ― ou seja, uma idade em que ficaria mais crível tirá-lo do palácio e fazê-lo viver nas ruas do Rio as aventuras que lhe reservei.

2. Você mesmo já disse que suas biografias são tão bem escritas quanto obras de ficção (e eu concordo) ― então por que escrever ficção?
Não me lembro de ter usado a expressão "tão bem escritas" ― seria pretensioso de minha parte. Mas, depois de anos sujeito ao rigor da biografia, em que a informação é sagrada e não é permitido ao biógrafo supor ou imaginar nada, achei que uma escapada na ficção poderia ser algo relaxante. Mal sabia eu que, para escrever Era no tempo do rei, iria mergulhar no estudo do Rio daquela época e criar uma base documentária sólida sobre a qual fazer correr a trama. O outro motivo para me jogar na ficção, nem que fosse temporariamente, foi porque não havia outra maneira de combinar o menino Pedro, herdeiro do trono, com o menino Leonardo, que pedi emprestado ao Manuel Antonio de Almeida.

3. O Leonardo, de Memórias de um Sargento de Milícias, é um dos primeiros anti-heróis da nossa literatura ― ao colocá-lo ao lado do príncipe D. Pedro, você, de repente, sugere que os anti-heróis representam melhor os brasileiros (que os heróis)?
Talvez, por que não? E não somente os brasileiros. Os anti-heróis são sempre mais interessantes. Sorte nossa que um deles tivesse resultado justamente no homem que fez a nossa independência e se tornou o primeiro imperador. Na verdade, usei tudo que conhecemos do Pedro adulto para criar o Pedro adolescente. E, ao fazer isto, vi que havia mais semelhanças que diferenças entre ele e o Leonardo.

4. Você é craque em século XX e na história do Rio. Como foi pesquisar o século XIX e a vinda da Corte para cá? Ficção dá o mesmo trabalho que biografia, nesse sentido?
De fato, até então, todos os meus livros tinham se passado no século XX. Mas, para deleite próprio, particular, sou também um estudioso constante do passado mais remoto. Tenho uma enorme biblioteca sobre o Rio com material a partir de 1502, que foi quando Americo Vespúcio passou por aqui e nos deu o nome de Rio de Janeiro. Aliás, um livro anterior, Carnaval no fogo ― Crônica de uma cidade excitante demais, já tratava do Rio do século XVI até os dias de hoje. E, embora poucos saibam, tenho paixão também pelo século XIX. Em algum próximo livro, não sei se de ficção ou de não ficção, quero voltar a esta época, mas me fixando em 1870 ou 1880, que foi outra grande época da cidade.

5. O humorismo ― que você exercita muito bem no seu jornalismo ― é uma das suas vocações não realizadas? Ou não?
Não tenho vocações não realizadas, exceto talvez a de ser um artista gráfico como meu amigo Helio de Almeida. Nunca pretendi ser humorista, na linha Millôr ou Verissimo ― e eles também não se consideram humoristas. Às vezes posso escrever engraçado, mas é involuntário. Ao escrever, eu próprio me surpreendo rindo com certos efeitos, o que prova que não é uma coisa estudada.

6. Mudando um pouco, arriscaria um balanço da Bossa Nova 50 anos depois? Podemos esperar uma nova edição de Chega de saudade? Ou um novo A onda que se ergueu no mar?
A Bossa Nova é uma realidade, não dá para contestar. De pelo menos 15 anos para cá, há mais Bossa Nova em oferta do que em qualquer outra época, inclusive a de quando a música estava começando. Entre hoje numa loja de discos ― nunca se ofereceu tanta Bossa Nova. Há até discos com este rótulo e em que o conteúdo não tem nada a ver ― sinal de que se tornou uma marca comercialmente rentável. Ouve-se Bossa Nova em palcos, praias, praças públicas, salas de espera, aeroportos, consultórios de dentista, trilha da novela, comercial de xampu. Ah ― você dirá ―, mas ela não está nas paradas... E daí? Os sabiás e os bem-te-vis também não estão nas paradas, mas cantam o dia inteiro. Quanto ao meu livro Chega de saudade, que desde 1990 já teve 24 reimpressões no Brasil e edições nos EUA, Japão, Alemanha e Itália, vêm aí em abril a edição espanhola e uma edição brasileira de bolso. Um novo A onda que se ergueu no mar não está nos planos, mas, se eu tiver material novo suficiente, pode pintar.

7. A nossa imprensa também completa 200 anos em 2008 ― qual futuro você vê para ela depois da internet?
Foi bom enquanto durou, e 200 anos são uma idade respeitável. Não só a nossa, mas a imprensa mundial ― acho que, se não se reciclar, ela se transferirá toda para a internet dentro de algum tempo. O que o rádio e a televisão nunca conseguiram, que foi substituir o papel, a internet ameaça conseguir. Só não acredito ainda que ela venha a substituir o livro.

8. Neste ano, sai mais uma coletânea sua de artigos, justamente, sobre literatura ― por que abandonou o assunto como jornalista (como crítico)? Alguma chance de voltar ou a produção de hoje não te inspira nem um pouco?
Nunca fui crítico, seja de literatura, cinema ou música popular ― apenas escrevi com frequência sobre esses assuntos. O livro a sair este ano pela Companhia das Letras, O leitor apaixonado, é o terceiro de uma série de coletâneas de artigos que publiquei na imprensa, organizados pela Heloisa Seixas. Os primeiros foram Um filme é para sempre, de artigos sobre cinema, que saiu em 2006, e Tempestade de ritmos, sobre jazz e música popular, que saiu em 2007, ambos também pela Companhia das Letras. Se não tenho escrito em jornais especificamente sobre literatura é porque estou apaixonado pelo espaço tri-semanal que ganhei na página 2 da Folha há um ano ― é um desafio desenvolver um raciocínio em apenas 1.777 batidas, que costuma ser o que cabe naquele quadrado. E ali não é bem um espaço para a literatura.

9. E Nelson Rodrigues ― acha, como eu, que ele é, cada vez mais, um dos maiores escritores do século passado?
Sempre achei isto e fico contente quando me dizem que a publicação de O anjo pornográfico ajudou a fazer com que as pessoas enxergassem esse óbvio ululante. Lamento apenas que nossas edições caprichadíssimas de sua obra completa fora do teatro, lançadas pela Companhia das Letras, tenham sido suprimidas judicialmente, e agora estejam voltando por outra editora, com roupagem nova, as edições originais, que eram feitas por uma irmã do Nelson sem o menor critério.

10. Por último, mais futurologia: você, que participou da Companhia das Letras desde os primórdios, como vê as tentativas de digitalização do livro (por exemplo, através desse novo Kindle, da Amazon)?
Estou por fora. Como já disse, continuo achando que o livro é um formato perfeito, portátil, ideal para levar para a cama ou para o banheiro. Tenho prazer físico em segurar e ler um livro, gosto do seu cheiro de mofo ou de poeira, adoro entrar em sebos imundos e já achei muitas preciosidades neles. Se o livro tiver de acabar um dia, espero não estar por aqui para ver. Como você sabe, sou um sujeito antigo, ainda do tempo do rei...

Para ir além
Era no tempo do rei

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Postado por Julio Daio Borges
1/2/2008 às 12h16

 
¿Cómo sobrevivo?

Internet es el medio, es el futuro. Está claro. Yo escribo mi blog en internet, y me veo loca para mantenerlo a punto porque sé que la actualización es la clave. Lo que no se actualiza se queda obsoleto. Y tratamos de encontrar temas cada día para rellenar nuestras hojas, digitales, virtuales o mentales. Nada supera la vertiginosidad del minuto a minuto. Sin embargo, la velocidad está en todas partes. La tecnología nos permite cubrir en tiempo real cualquier hecho, cualquier acontecimiento; vivirlo, experimentarlo o narrarlo. Lo que la máquina aún no ha logrado es reflexionar el hecho. Pensarlo. Analizarlo. Sopesarlo. Compararlo. Y estas actividades necesitan tiempo. ¿Es la velocidad, por tanto, lo que buscamos? Yo cada día me siento más a gusto en la lentitud. Me veo abocada a ella. Y creo que me voy a reivindicarla.

Marta Reguero, em seu blog, lincando pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
1/2/2008 à 00h24

 
Quatro anos de Orkut

O Orkut, rede social de maior popularidade no Brasil, completa quatro anos. Bastante tempo, nem parece "tudo" isso.

Mas há motivos para comemorar tal feito?

Sinceramente não sei. Praticamente o Brasil todo, conectado à rede, possui um perfil no Orkut.

Ele é familiar e traz benefícios para a construção de uma rede de amizades, interesses, mas os constantes problemas, não resolvidos pelo Google, denigrem tal serviço.(...)

Pois é. Orkut. A rede social mais famigerada no Brasil. Eu tenho. Você tem. Ele tem. Nós temos.

Mas tudo isso não quer dizer que o serviço seja bom, eficiente, prático e traga segurança ao usuário.(...)

Rafael Sbarai, indeciso em seu blog, e lincando pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
31/1/2008 à 00h17

 
Elogio ao Filme e ao Livro

O objetivo deste weblog é aproximar as pessoas principalmente da literatura. É claro: aqui, a paixão dos brasileiros pelo cinema também será abordada. Entretanto, a quantidade de filmes baseados em livros avoluma diariamente as listas de filmes mais alugados e vistos no cinema. Adaptações de romances, livros infanto-juvenis e clássicos da literatura mundial transitam em salas de cinema, sets de filmagem, páginas de revistas de segmentos variados.(...)

O filme, sendo um meio mais imediatista, procura captar toda a essência de um livro para traduzi-la em imagens e sons que retratem o sentimento contido em suas páginas. Mas, com o livro, temos todo o tempo do mundo para usar a nossa imaginação (...) e delinear todos os mundos encantados, perseguições, castelos, mágicas, tragédias, histórias de amor, de acordo com as nossas predileções.(...)

Um estudo publicado em março de 2006 pela revista Economist mostra que o Brasil ocupa a desoladora 27ª posição no quesito "leitores", entre os 30 países pesquisados. (...) Já pesquisas divulgadas pela empresa Intel informam que o Brasil está em quinto lugar entre os países leitores de blogs. Bom, humildemente, é ai que nós entramos.(...)

Brazylianskies, no O Filme do Livro, que acaba de começar (e que já linca pra nós).

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Postado por Julio Daio Borges
30/1/2008 à 00h04

 
É; é hoje

Submarino e Amazon, por favor.

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Postado por Julio Daio Borges
29/1/2008 à 00h21

 
Agenda Alla Turca

Mevlüt Akyıldız, citado por Lídia, em seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
28/1/2008 à 00h16

 
Dylan no Brasil

Dado como morto artisticamente nos idos dos anos 1980, após sua conversão ao catolicismo, Bob Dylan passou parte da década seguinte, a de 1990, no limbo ― ainda que tenha lançado álbuns excelentes como World Gone Wrong (1993) ―, até ressurgir com uma trinca de discos excepcionais, sendo o último deles o bluseiro Modern Times, lançado em 2006.

Desde Time Out of Mind (1997), que levou três prêmios Grammy, Dylan vem fazendo jus à carreira brilhante que construiu desde o começo dos anos 1960, quando era apenas um jovem fã de Woody Guthrie querendo um lugar ao sol entre os cantores folk de Greenwich Village. Depois dos primeiros e gloriosos anos de carreira, em que concebeu clássicos absolutos do rock como Highway 61 Revisited (1965) e Blonde on Blonde (1966), e se tornou baluarte da geração anti-Vietnã, Bob viveu momentos de altos e baixos. Mas ainda assim sempre foi um artista prolífico, que produziu discos importantes em diferentes períodos de sua trajetória como músico.

Reverenciado por artistas dos mais variados estilos, Dylan transformou o cenário musical dos anos 60 ao introduzir poesia à música pop de então. Lennon e McCartney estão entre os artistas que tiveram na figura de Bob Dylan uma influência direta e decisiva para sua arte. Antes de conhecer Dylan, os Beatles eram uma banda que exalava romantismo pueril ― e isso não é uma crítica. Foi só após o contato direto com Dylan, que antes mesmo dos rapazes de Liverpool ficarem conhecidos já era um artista consagrado, que o grupo incorporou a postura combativa do ídolo, criando a partir daí a parte mais substancial de sua obra ― não por acaso os Beatles conhecem Bob no verão de 1964 e depois disso lançam obras-primas como Revolver (1966) e Sgt. Pepper's (1967).

Nos dias 05, 06 (São Paulo) e 08 (Rio de Janeiro) de março o público brasileiro poderá conferir um pouco da história desse senhor de 66 anos que continua a fazer música relevante depois de quase 50 anos de estrada. Será, quem sabe, a última oportunidade de ver Robert Allen Zimmerman por aqui.

[2 Comentário(s)]

Postado por Luiz Rebinski Junior
26/1/2008 às 10h08

 
Feuerbach e o cristianismo

Numa época em que autores como Richard Dawkins e Christopher Hitchens são best-sellers globais, ainda é interessante ler o clássico A essência do cristianismo (Vozes, 2007, 344 págs.), de Ludwig Feuerbach, que a editora Vozes lançou ano passado, senão, por outra, para subir o nível do debate. Interessante até mesmo para crentes, diga-se de passagem. Feuerbach (1804-1872), filósofo e antropólogo alemão, não é nenhum Nietzsche, e sua abordagem da religião (especificamente do cristianismo) não é "somente negativa, e sim crítica". O que ele pretende em sua filosofia ― que influenciou de maneira decisiva seu conterrâneo Karl Marx ― é separar a essência "verdadeira" da religião (ou seja, a antropológica), da "falsa" essência (a teológica).

Segundo Feuerbach, a religião, em si, é um sentimento natural do homem. Não se pode tomar precipitadamente sua afirmação de que "a religião é a cisão do homem consigo mesmo", pois logo em seguida ele explica que tal é "uma cisão do homem com sua própria essência". Em outras palavras: "se realmente a essência divina, que é o objeto da religião, fosse diferente da do homem, não seria possível uma cisão". Elementar.

Para o leitor de A essência..., já a partir da apresentação do tradutor e também filósofo José da Silva Brandão, é rápida e certeira a conclusão de que Feuerbach não é um anticristo, mas antes um teólogo humanista. O que não quer dizer que tenha sido um pensador benquisto pela Igreja. Pelo contrário, o livro fez com que ele perdesse a cátedra e fosse jogado no ostracismo.

É que, se por um lado temos a essência verdadeira, antropológica, da religião, onde o homem se relacionando com Deus nada mais é do que o homem relacionando-se consigo próprio, com o seu íntimo, de outro temos a religião "no sentido mesquinho da plebe teológica", aquela que seqüestra o sentimento religioso dos homens e o arregimenta em benefício próprio, fazendo com que a religião perca seu valor real.

Como está escrito na conclusão dessa obra de difícil mas valiosa compreensão: "Quando a moral é fundada sobre a teologia, o direito sobre instituição divina, então pode-se justificar e fundamentar as coisas mais imorais, mais injustas, mais vergonhosas".

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Postado por Daniel Lopes
25/1/2008 às 17h18

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