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Sábado, 2/11/2002
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Redação
 
28 anos

"Desânimo, depressão ou medo por causas um tanto inconscientes. Dificuldades de relação com a família, principalmente com o pai. Chatice, resmunguice, seriedade excessiva.

"Se você tem por volta dos 28 anos de idade, assim como eu, deve estar passando por algo similar. É o que os astrólogos chamam de 'Retorno de Saturno'. A cada 7 anos o planeta saturno completa um quarto de órbita ao redor do sol, ou seja, Saturno completa o seu ciclo em mais ou menos 28 anos, e nos influencia de forma contundente de 7 em 7 anos, a partir da data do nosso nascimento."

Não fui eu que disse, foi o Hiro. (Se você quiser saber mais, clique aqui. Agora, se você quiser saber mais ainda, então clique aqui.)

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Postado por Julio Daio Borges
2/11/2002 às 17h48

 
Devagar com o andor

João Mellão

João Mellão, hoje, no Estadão, acaba com o mito de que Lula é "o primeiro presidente brasileiro que veio de baixo" - repetido, ininterruptamente, da Veja à Folha. Lula é, na verdade, talvez o homem mais ignorante que o Brasil já elegeu como Presidente. É preciso esclarecer: pobreza não é sinônimo de falta de instrução. Lula deixou de ser pobre faz tempo. E, que me conste, até hoje não se dedica apropriadamente nem ao estudo da Gramática nem ao de princípios econômicos. Ou não teria dito, no Jornal Nacional, que "o mercado também tem coração", ou coisa parecida. É mesmo com isso que ele está contando?

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Postado por Eduardo Carvalho
1/11/2002 às 15h22

 
Alguma poesia

"Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco."
Poema de sete faces

"Eu também já tive meu ritmo
Fazia isto, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não."
Também já fui brasileiro

"É preciso fazer um poema sobre a Bahia...
Mas eu nunca fui lá."
Lanterna mágica

"Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
não sei se ele é bravo.
O mar não me importa."
Lagoa

"Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas."
No meio do caminho

"Eta vida besta, meu Deus."
Cidadezinha qualquer

Carlos Drummond de Andrade, quando tinha 28 anos e publicou Alguma poesia.

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Postado por Julio Daio Borges
31/10/2002 às 12h24

 
Carlos Drummond de Andrade

fonte: estadao.com.br

Se você lê Carlos Drummond de Andrade para encontrar esperança, desista. Afinal, ele é autor do Soneto da Perdida Esperança: "Perdi o bonde e a esperança./ Volto pálido para casa." E dos seguintes versos de Mãos Dadas: "Estou preso à vida e olho meus companheiros./ Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças./ Entre eles, considero a enorme realidade." E definiu assim o seu ofício com as palavras: "Luto corpo a corpo,/ luto todo o tempo,/ sem maior proveito/ que o da caça ao vento." E em seu livro mais "social", A Rosa do Povo, abriu um poema com o imperativo: "Não faças versos sobre acontecimentos." E confessou seu desdém pela oferta de romper com a Máquina do Mundo, "enquanto eu, avaliando o que perdera,/ seguia vagaroso, de mãos pensas". E no final da vida apelou a seus "dessemelhantes" que lhe pediam louvas: "Minha só leitura é ler o chão."

Não há como tirar da poesia de Drummond essa hegemonia do desencanto, essa recusa ao escapismo. Não é por outro motivo a presença constante do advérbio "apenas" em toda sua poesia. "A vida apenas, sem mistificação." "Apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente/ e solitário vivo." Ninguém melhor do que o próprio Drummond descreveu sua obra, no célebre Poema-Orelha: "Não me leias se buscas/ flamante novidade/ ou sopro de Camões./ Aquilo que revelo/ e o mais que segue oculto/ em vítreos alçapões/ são notícias humanas/ simples estar-no-mundo,/ e brincos de palavra,/ um não-estar-estando." Os versos finais são quase como um lema: "a poesia mais rica/ é um sinal de menos." Sua poesia está concentrada em "cuidados terrenos", não em pensamentos transcendentais; em ler sua sombra no chão, sombra ao mesmo tempo intransferivelmente sua e, por sua fisionomia vaga e simples, um pouco a sombra de todos nós, que no entanto não encontraremos abrigo ali.

Três poemas são particularmente exemplares desse modo peculiar de resistência: O Lutador, O Elefante e Áporo. No primeiro, o poeta diz lutar, "lúcido e frio", com palavras que lhe dêem o sustento; a luta é vã, inútil, mas prossegue por sua própria força inerente, pela mera realidade do ardor humano. No segundo, ele fiz fabricar um elefante "de meus poucos recursos", um ser feito de papel e cola que, apesar de frágil, alude a um "mundo mais poético" e, no entanto, cai, "e todo seu conteúdo/ de perdão, de carícia/, de pluma, de algodão/ jorra sobre o tapete,/ qual mito desmontado"; mas o poeta acrescenta: "Amanhã recomeço." E em Áporo, o mais discutido de seus poemas, um inseto perfura a terra "sem achar escape" e, do labirinto que constrói, "antieuclidiana", se desprende uma orquídea; mas, como diz o título, essa orquídea não significa uma saída: ela é apenas um instantâneo feliz, um subproduto de uma tarefa que ela mesma não consegue desempenhar. A promessa não é menos bela por ser promessa, mas não há delírio humano que possa convertê-la em motor do mundo.

Daniel Piza, sobre Drummond, ontem no Estadão. (Há também todo um especial sobre o centenário do poeta.)

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Postado por Julio Daio Borges
31/10/2002 às 11h59

 
Everybody Loves Riemann

"Preciso recuperar o meu estado criativo. [...] Ontem terminei de ler o livro sobre Nietzsche, hoje já comecei a ler Musashi. Estou me sentindo muito melhor desde que voltei a ler e recomecei o Aikidô, mas preciso disciplinar os meus horários [...] Hoje pretendo estudar um capítulo inteiro de Equações Diferenciais Parciais (o capítulo 6 do livro da Valéria Iório, com todos os exercícios), resumir a teoria do capítulo 7 (convergência das séries de Fourier) e, mais tarde, começar a estudar Teoria de Galois.

"Ontem aprendemos sobre os problemas clássicos da antigüidade, ou seja, a duplicação do cubo, quadratura do círculo e trissecção do ângulo. Na semana que vem, não teremos aula por conta do feriado e da Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática [...] Para evitar surpresas desagradáveis, prefiro começar hoje a estudar.

"Com todos os avanços que temos feito no campo da Neurociência (não só biologicamente, mas também em teoria da computação, redes neurais, inteligência artificial, etc.), ainda não sabemos com precisão o que é consciência. O filósofo John Searle explora essas questões em seu livro Mente, Cérebro e Ciência. Talvez num futuro próximo consigamos desvendar a estrutura dos processos mentais, e talvez possamos manipulá-los mecanicamente. [...]

"Mas é uma ficção assim como o eram as viagens espaciais na época de Julio Verne [...] A questão que levanto é: se algum dia pudermos inventar máquinas que sejam capazes de introduzir no cérebro de uma só vez o conteúdo de livros e mais livros, que conseqüências isso trará para a estrutura da sociedade? Contemplem o momento atual: alcançamos um certo patamar de desenvolvimento ciéntífico e tecnológico, porém em muitos outros aspectos ainda estamos quase na Idade Média. Criamos um ambiente tecnicamente 'evoluído', mas ainda seguimos ídolos, adoramos falsos deuses, alimentamos superstições.

"Certa vez, conversando com o meu professor de violão clássico, chegamos ao tema da evolução do nosso instrumento. Enquanto o violino passou a utilizar cordas de aço e os outros instrumentos ganharam mais potência, levando a música das saletas intimistas de recitais às grandes salas de concertos, o violão ficou estagnado. Estamos em pleno século XXI e o violão de hoje, exceto algumas 'experiências' de certos luthiers 'malucos' [...], ainda está quase igual ao que era nos tempos de Torres. O violão ainda é um instrumento intimista. Apesar de termos estudos e mais estudos sobre acústica e propriedades dos materiais, apesar de tudo o que desenvolvemos em teoria musical e técnica do instrumento, ainda estamos tocando artefatos do século XIX.

"A nossa sociedade 'comporta-se' mais ou menos como o violão. O tempo escoa, solene e indiferente, o conhecimento humano avança a cada dia, porém o nosso [lado] 'psicológico' insiste em se prender a conceitos tribais e a crendices místicas. Não condeno a natureza antropologicamente religiosa do ser humano, mas procuro trazer à luz da reflexão o fato de que insistimos em nos proteger atrás de mitos, desejamos o calor aconchegante da caverna. Apesar disso acontecer com a espécie humana como um todo [...], é característica das sociedades menos evoluídas a insistência em remar contra a corrente, numa tentativa suicida de retorno ao Feudalismo. A falta de rigor no pensamento leva as pessoas a se resguardarem embaixo das saias de ideologias caducas, aumentando assim a bola de neve da mentira e da corrupção. Será que de fato evoluímos?"

Claudio Andrés Téllez capitaneando o Everybody Loves Riemann

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Postado por Julio Daio Borges
31/10/2002 às 11h43

 
Centro o quê?

O jornal francês Le Monde diz que Serra é de centro-esquerda. Para a revista inglesa The Economist, porém, ele é de centro-direita. O Le Monde, por acaso, acabou de relançar no Brasil uma versão em português do Le Monde Diplomatique, que servirá de defesa às políticas adotadas por Lula. A The Economist, que não defende nem se assusta com Lula, é a melhor revista de notícias do mundo, com uma cobertura, até onde é possível, profunda e completa. Mas a Economist, neste caso, está errada: Serra é evidentemente de centro-esquerda. Era, quer dizer.

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Postado por Eduardo Carvalho
30/10/2002 às 11h31

 
Não existe carta de amor

Não existe carta de amor. Essa é apenas mais uma invenção desastrada de um poeta incompreendido - como, na verdade, quase todos os poetas são. O simples fato de se tentar escrever uma seqüência de frases bonitas e carinhosas já é originalmente falso. O amor, se existe, transparece com naturalidade, em um estilo suave e sincero. Cartas de amor, não importa quem diga o contrário, são sempre ridículas. Mas há algo ainda mais ridículo do que isso: escrever uma se defendendo, e, pior, citando Fernando Pessoa. A pretensão de exprimir com precisão um sentimento incompreensível é quase tão abominável quanto a intenção de simula-lo. Carta é carta. Só o portador de um coração composto exclusivamente por uma mistura nojenta de carne, sangue e músculo consegue elaborar uma missiva catalogada - ou seja, só quem não tem coração escreve o que, para explicar, chama de carta de amor. A quem, ao contrário, realmente respeita o que sente, distribuir elogios e revelar intimidades não é tão fácil assim. E toda carta é de - ou com - amor.

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Postado por Eduardo Carvalho
30/10/2002 à 01h00

 
Quando estou up

"Facilmente detectável quando estou no up: não durmo direito, fico rabiscando em pedaços de papel tudo que me vem a mente, paro do responder e-mails, saio todos os dias, ando, ando, ando até machucar os pés, emagreço de 1 a 2 quilos, parece que enxergo melhor, ouço a mesma música inúmeras vezes e a pilha de livros ao lado da cama cresce, agora são 3. Tirando a insônia e os quilos perdidos, todo resto é ótimo e poderia se estender por um período mais longo, assim eu conseguiria por ordem na bagunça interior e assentar."

Patricia, no s t r i p p e d e x p o s e d, uma blogueira digna de nota.

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Postado por Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h48

 
Origin

fonte: daniellee.com

Essa eu roubei do Hiro, que, por sua vez, roubou do Daniel Lee.

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Postado por Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h36

 
Louco e perigoso de conhecer

fonte: estado.com.br

"Ele viveu com só um dos pais, tinha uma deficiência física e um distúrbio alimentar, usava drogas e teve mais mulheres que Julio Iglesias - incluindo relações sexuais com sua meia-irmã, assim como com vários garotos e damas ilustres. Um homem que viu seu corpo embalsamado quando o túmulo foi aberto insinuou que ele tinha uma barriga bastante pronunciada. Cópias pirateadas de sua obra vendiam aos milhares.

"Não se trata de uma estrela do rock ou personagem de novela. É uma descrição nua e crua do poeta romântico Lord Byron, cuja obra foi excluída do currículo escolar britânico em 1999 - presumivelmente por não ser relevante. No mês que vem, contudo, será impossível não ser tocado por Byron, o homem que o Times chamou de 'o inglês mais extraordinário de sua geração' três semanas depois de sua morte, de febre, em 1824.

"A nova biografia de Fiona MacCarthy, Byron: Life and Legend (Byron: vida e lenda), sai no dia 7 na Inglaterra. Uma mostra dedicada a ele na National Portrait Gallery, em Londres, entra em cartaz no dia 20. E um documentário no programa de artes Omnibus, da emissora de tevê BBC, está agendado para o mesmo mês. Cada evento promete derrubar os mitos que cercaram o homem tão notavelmente descrito como 'louco, mau e perigoso de se conhecer'"

Alex O'Connell, direto do The Times para o Estadão, em "Inglaterra reacende o mito de Lord Byron"

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Postado por Julio Daio Borges
28/10/2002 às 11h05

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