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BLOG

Quarta-feira, 9/4/2008
Blog
Redação
 
Scorsese e o rock

Entre os músicos dos anos 1960 que aparentemente seguem vivos, Bob Dylan e os Rolling Stones encarnam símbolos opostos. O cantor e compositor é identificado com a idéia da eterna mudança e, para quem ainda acredita nisto quando se trata de show biz, como uma espécie de catalisador dos tormentos individuais da alma artística. Já os Stones estão aí para se divertir ― sempre da mesma forma, sempre dando uma banana para qualquer discussão que vincule sua trajetória a argumentos políticos, históricos ou comportamentais.

A dicotomia foi captada por Martin Scorsese em seus documentários mais recentes, No direction home e Shine a Light. Em ambos, ele poderia ter optado pela narrativa convencional da cinebiografia, mas preferiu uma forma mais apaixonada de homenagem: no primeiro caso, submergindo na mitologia de extração romântica que o gênio egocêntrico de Dylan sempre alimentou; no segundo, deixando os Stones fazerem aquilo que mais sabem, mais gostam e mais devem mesmo fazer: tocar.

Óbvio que No direction home é um filme mais rico. Mas Shine a Light, embora algumas passagens complacentes, consegue recuperar a eletricidade de Mick Jagger e companhia ao vivo, algo que havia sido enterrado por transmissões burocráticas de shows na TV ou por aqueles DVDs hediondos da banda. É um registro caloroso, estridente, físico, onde os músicos estão sempre próximos da câmera e se vê Keith Richards cuspindo no microfone ou envolto na fumaça de cigarro. E onde em alguns números, especialmente "Jumpin' Jack Flash", "Shattered" e os duetos com Buddy Guy e Jack White, dá para entender por que os Rolling Stones vêm conseguindo ser os Rolling Stones por tanto tempo.

Michel Laub, elevando o nível da blogosfera brasileira, e lincando pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
9/4/2008 à 00h48

 
Aprendendo a cobrir cultura

Qualquer um pode escrever sobre cultura. Mas fazer bom jornalismo cultural é outra história. Não basta arriscar-se a detonar um livro, um filme ou uma peça de teatro com base no famoso "eu acho que", sem argumentos sólidos ou sem nunca ter tido contato com uma referência anterior. Há um nome exato para o que preenche esse vazio: repertório cultural. Quem quiser ser um verdadeiro crítico de cultura, saiba que à sua espera estão muitos anos de leitura, de treino e de vivência. E o recado não é desta colunista. É de algumas das feras do jornalismo cultural na imprensa, cujas lições foram transmitidas na última edição do curso Jornalismo Cultural, da Revista Cult. A versão anterior teve cobertura de Luiz Rebinski Junior, também colunista do Digestivo.

Cada convidado trouxe receitas da produção diária de conteúdo na imprensa, úteis para quem quer se lançar no jornalismo cultural. Quer dizer, no bom jornalismo cultural.

Crítica literária em jornais e revistas
Com Adriano Schwartz (professor de literatura da USP e ex-caderno "Mais!").

Quem é o crítico literário de jornais e revistas no século XXI? É aquele que, para Schwartz, tem algo a mais para escrever, além do que já foi escrito. Quando ele critica um livro, significa que conhece a história do autor, procura saber como a obra foi feita e busca conexões com outras obras literárias. A crítica no Brasil, contudo, não é um mar de rosas. Há quem escreva para orientar o leitor, mas há quem faça isso para mostrar a própria inteligência ou para atacar inimigos e aplaudir amigos. "A vaidade pode ser mais forte que o interesse profissional, em muitos casos", reconhece Schwartz. Mas o que incomoda o crítico é o fato de jornais e revistas aceitarem passivamente certos lançamentos, sem fazer uma crítica mais profunda. Um exemplo é o resgate das obras de Jorge Amado, pela Companhia das Letras, que segundo ele, foi recebido muito "passivamente". Outra dificuldade de suplementos como o "Caderno 2" e a "Ilustrada" é selecionar, dos cerca de 20 livros diários que chegam à redação, quatro ou cinco que ocuparão as resenham de toda a semana. O maior risco é ignorar novos talentos. "Como saber se você perdeu a chance de resenhar um novo Guimarães Rosa?", questiona Schwartz, para quem, quanto maior o repertório do resenhista, melhor a escolha das resenhas. E, para quem pensa em fama, uma notícia triste: a repercussão de uma resenha literária é minúscula no Brasil, indício de que, talvez, algo esteja errado na literatura contemporânea. Ele lembra que além do conteúdo crítico, há uma carência grande de reportagens culturais sobre livros, entrevistas com o autor e investigações da obra. Livros indispensáveis ao crítico: Ilusões Perdidas (Honoré de Balzac); Confessions of a Book Reviewer (George Orwell); e Crítica e Verdade (Roland Barthes).

Crítica de cinema em revista
Com Isabela Boscov (crítica de cinema da revista Veja).

A jornalista que resenha filmes para a revista mais lida do Brasil diz que não há bom texto que não esteja em pé de igualdade com o leitor. "Sempre forneça o contexto, além da informação convencional. Você escreve para um leitor não-especializado", ensina Isabela, que também aconselha ao crítico não subestimar a capacidade intelectual de quem lê. O leitor não tem obrigação de lembrar quem foi o diretor de King Kong, ou quem ganhou o Oscar em 1970, mas também não pode ser tratado como se não soubesse que atores interpretam personagens, aconselha. Ela observa que fazer crítica de cinema é aparentemente fácil. Muita gente aposta naquele texto "malandro", cheio de "gracinhas" e, assim, "pensa que se safa" como crítico. Anos depois, "você não acredita que escreveu aquilo", ri. Assim como Schwartz, Isabela admite que grande parte dos críticos escreve para si ou para impressionar os colegas. "Mas isso não traz satisfação moral", garante. O maior desafio do crítico, para ela, é cativar o leitor todo dia, como consegue Inácio Araújo, na Folha de S. Paulo. "Crítica é para começar bem mais velho, depois dos 30 anos. Nada contra os jovens, mas é melhor testar todas as áreas do jornalismo antes. Todo crítico deveria ser, primeiro, repórter", sugere. Isabela também acredita que os jornais estão afundados em uma crise bem maior que as revistas, porque elas mantêm uma capacidade analítica mais profunda, um "algo mais".

Cobertura cultural da Veja
Com Carlos Graieb (editor-executivo da revista Veja).

Trazendo uma pegada mais comercial, o editor de cultura da Veja defende seu peixe e diz que o jornalismo em revista semanal deve cobrir o que é tendência na indústria cultural. Segundo ele, cabe ao repórter/editor separar o lixo do proveitoso. "Nosso trabalho é selecionar o melhor desse emaranhado de produtos no mercado e destruir mitos do senso comum, como o de que novela da TV Globo não presta", conta. A Veja cobre somente cinema, música e literatura. "Não nos interessa cobrir teatro", diz Graieb. Mas por quê? "É uma opção editorial", justifica sem maiores argumentos. O jornalista (leia-se, a Veja) também demonstra desinteresse por temas ligados à política cultural. "A revista não cobre esse assunto porque não é interessante", diz. Graieb também não vê problema em misturar informação e opinião em uma notícia.

Técnicas de texto e estilo
Com Marcelo Coelho (articulista da Folha de S. Paulo).

Para fechar o primeiro dia do curso, Coelho ensina o aspirante a crítico a fazer um texto atraente. "Só escreve bem quem já tenha lido muito", diz, com conhecimento de causa. O jornalista adverte que não se deve levar tão a sério aquelas regrinhas fechadas para o bom texto, como a famosa lei da concisão. "Ser conciso em exagero empobrece o texto e pode confundir o leitor". Coelho ajuda a não errar no começo de uma crítica: o lead clássico (o quê, quando, onde, como, por quê) não funciona bem neste caso. Nariz de cera ― aquela abertura floreada, porém vazia de sentido ― também deve ser evitado. Também não pega bem começar contando a história do livro ou do filme. "O ato de contar a história deve ser reduzido ao mínimo possível. Nada pior que revelar de forma ruim, num parágrafo, o que o livro conta bem", aconselha. E partir para a opinião direta é outro inconveniente. Coelho pede para evitar o clichê: "Instigante. Essa é a melhor palavra para definir..." Talvez uma boa maneira de começar o texto, segundo Coelho, seja destacar um momento específico da obra que desperte uma observação curiosa, ou no qual sua opinião esteja mais consolidada. "A intenção secreta da obra deve ser desvendada", ensina. Cuidado também com julgamentos de valor sem justificativas convincentes: "Este filme é ridículo". Mas por quê? "As pessoas escolhem adjetivos genéricos para não correrem o risco de dizer besteira, mas eles nada acrescentam", diz. Como adjetivos são inevitáveis em uma crítica, é preciso procurar seu ajuste fino, a palavra que mais perfeitamente se encaixe àquele contexto, de modo a dar sentido ao argumento. Quanto ao desenvolvimento do texto, Coelho fornece um truque para o leitor não abandonar o texto entre um parágrafo e outro. Essa dica ele pegou dos americanos, já que aqui o costume é escrever em blocos com pensamentos independentes. "Deixe um detalhe não explicado no fim de um parágrafo e revele-o no seguinte. Assim, você prende a atenção", sugere. Finalizar o texto também é missão difícil. Coelho cita o último parágrafo do perfil "Frank Sinatra está resfriado", que Gay Talese escreveu em Fama & Anonimato, como exemplo clássico de um encerramento bem-sucedido.

A reportagem na Literatura
Com Ubiratan Brasil (editor do "Caderno 2").

O jornalista de cultura do jornal O Estado de S. Paulo se apóia na literatura de não-ficção para aprimorar suas reportagens. "Corro atrás dos grandes mestres do new journalism", revela, citando leituras infalíveis de Truman Capote, Gay Talese e Lilian Ross. Ubiratan também busca inspiração nos autores brasileiros, como Joel Silveira, autor da reportagem "A milésima segunda noite da Avenida Paulista". "Ele usava recursos interessantes, descrevia-se em cena, usava flashbacks e tinha uma ironia muito fina", resume, com admiração. Como exemplo atual de bom jornalismo, o repórter cita um perfil de José Dirceu, publicado recentemente na revista Piauí, que rendeu à publicação seu recorde de vendas. "Daniela Pinheiro esteve com ele vários dias, o acompanhou em eventos e até freqüentou sua casa", lembra Ubiratan. Sobre o bom texto, o jornalista acredita que 40% é formação, e o resto é talento. Mas aptidão natural não dispensa leitura e curiosidade constante. E não evita vícios. "Quando você está tão envolvido com o assunto que cobre, parece que não há nada de novo para falar. Aí que você se engana. É só comparar duas matérias sobre uma mesma coletiva, e buscar detalhes que ninguém deu", sugere o jornalista. Para ele, a imprensa brasileira padece da falta de especialização. "Não se faz mais críticos como antigamente. É preciso ter lido todos os clássicos antes de ser crítico. Enquanto você lê, faça jornalismo em outras áreas", repete o conselho de Isabela Boscov.

A crítica de teatro
Com Beth Nespoli (crítica de teatro do "Caderno 2").

Ao assistir uma peça teatral, Beth já elabora o que estará presente em sua próxima crítica. Ela se apóia em estudos acadêmicos para escrever com maior perfeição possível. A imprensa cultural, segundo ela, passa por uma crise de aprofundamento e falta de espírito crítico. "A obra já nasce como uma provocação, e o crítico deve responder a ela", provoca também. O exercício mais difícil do texto crítico seria dialogar sem ser autoritário. Beth cita Décio de Almeida Prado como exemplo a ser imitado, profundo conhecedor das correntes críticas e dono de um texto elegante e de linguagem jornalística impecável. "Crítica é diferente de reportagem. Em ambas, você deve ser apegar ao maior número de informações e, se possível, entrevistar o diretor, descobrir o que leu para chegar à peça". Para Beth, criticar sem embasamento é um crime hediondo no jornalismo. "Escrever sobre uma peça que faz uma releitura de Odisséia sem nunca ter lido a obra não dá", alerta com seriedade. Para um texto de qualidade, ela aconselha jamais ceder às frases de efeito, evitar emitir juízos sem explicar por quê e não fazer "brincadeirinhas" só para descontrair, já que podem ter duplo sentido.

A crítica de artes plásticas
Com Fabio Cypriano (doutor pela PUC/SP e crítico de arte da Folha de S. Paulo).

Ao contrário dos outros jornalistas, para quem a cobertura cultural está cada vez mais restrita, para Cypriano, ela assume um espaço cada vez maior. "E mais importante", complementa. Ele cita Monteiro Lobato e Mário Pedrosa como os maiores críticos de arte nascidos em terras brasileiras. Caracteriza os textos da revista Bravo! como neutros, uma vez que procurariam evitar a polêmica, com a intenção de acompanhar uma agenda, e não posicionar-se sobre a qualidade das obras. Cypriano critica a postura passiva da imprensa diante de temas que mereceriam maior destaque e investigação. O mau uso das leis de incentivo à cultura, segundo o jornalista, é um desses temas. "Há vários exemplos que poderiam ter sido mais explorados. Em 2006, o Cirque du Soleil captou R$ 10 milhões em incentivos para apresentar-se no Brasil, um absurdo, já que eles têm marketing próprio e não precisam de ajuda", questiona. Para Cypriano, é obrigação do crítico interessar-se por política cultural e entender a relação arte/política, ao contrário do que acredita o editor da Veja, Carlos Graieb, para quem o tema é irrelevante. Cypriano foi o único dos convidados que reconheceu nas novas mídias, especialmente a internet, um potencial para a disseminação de um novo jornalismo cultural. "O jornalismo pode ter uma ocupação bem mais inteligente que nos espaços limitados da imprensa", aponta.

Comunicação eficaz
Com Welington Andrade (professor e vice-diretor da Faculdade Cásper Líbero).

Dono de uma articulação impecável, Wellington ensina a aplicar, como ninguém, as possibilidades da literatura no texto jornalístico. Aconselha a criar uma ligação afetiva com o leitor, além da experiência intelectual, como forma de prender sua atenção ― uma vez que os que lêem, a minoria, procuram prazer na leitura. São leitores preciosos, porque já perdemos uma grande parcela, de goleada: 2/3 dos brasileiros são analfabetos funcionais (aqueles que entendem a grafia das palavras, mas são incapazes de compreender uma frase sequer). Textos "tagarelas", aqueles que citam muitos nomes e trazem excesso de informação só para impressionar, são uma falácia, segundo o professor. Uma dica é espelhar-se em Antonio Candido, autor reverente à língua, ao mesmo tempo sofisticado e claro. Wellington questiona o excesso de adjetivos na crítica cultural. "Criticar é adjetivar o mundo? Pode-se definir a arte por substantivos", acredita. O bom texto, para o professor, é cheio de referências que ampliem o repertório do leitor. Também deve ter muitas vozes (polifonia), experimentando vários níveis de linguagem. "Você tem obrigação de fazer leituras, por mais chatas que pareçam, como de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. É preciso conhecer a subversão da língua para aprender a brincar com o texto", argumenta Wellington, para quem eufemismos e hipérboles são recursos de um texto incompetente. "Só servem para tentar impressionar o leitor, como as frases de efeito, ruins e superficiais". Também é recomendável evitar o uso de estereótipos, omitir nomes essenciais e repetir "verdades universais", complementa o professor.

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Postado por Tais Laporta
8/4/2008 às 16h08

 
ordinary life: complex stuff

crispine, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
8/4/2008 à 00h50

 
A escola está acabando

[...]O modelo de escola já não existe mais. As instituições não existem mais.

A proposta de uma escola melhor deveria girar em torno de aulas com maior duração.

O professor então teria tempo de ser mais humano, de se aproximar dos questionamentos dos alunos.

Ouvir cada aluno e organizar a sala de aula da maneira mais interessante, para aprendizagem ocorrer.

As diretorias de ensino deveriam apresentar projetos pedagógicos constantemente às escolas...

E não simplesmente achar que abandonar o giz e a lousa vai resolver todos os nossos problemas.[...]

Ivan Antunes, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
7/4/2008 à 00h35

 
Ouvidos para a edição

"Ouvidos para a edição" é o nome da palestra que Jerusa Pires Ferreira, professora da PUC SP, dará, no auditório 1007 da Faculdade de Letras da UFMG, nesta terça-feira, dia 8 de abril, às 9h da manhã. A idéia é falar sobre edição, mas, principalmente, contar como tem sido desenvolvida a belíssima coleção "Editando o Editor", produto de intenso trabalho de pesquisa da professora, em parceria com a editora Com Arte/Edusp.

Para falar o mínimo sobre Jerusa, é ela a responsável pela tradução do livro Introdução à poesia oral, de Paul Zumthor, que será reeditado em breve.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
6/4/2008 às 18h10

 
Divagações

A gente deveria ter um botão para não-viver por uns tempos.

marjorierodrigues, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
4/4/2008 à 00h39

 
Uma pintura num clique

Encerra-se no próximo domingo na Caixa Cultural da avenida Paulista, em São Paulo, a exposição Magnum 60 anos, com cinqüenta fotos da agência fotográfica mais famosa e impressionante da história do jornalismo. São fotografias clássicas que assumem a postura de documentos vivos de episódios importantes do século 20 e do início do terceiro milênio, como a Guerra Civil Espanhola, a Revolução Cubana, os protestos pelo fim da Guerra no Vietnã, as manifestações de maio de 1968, na França; o massacre na praça da Paz Celestial, em 1989, na China; e o ataque ao World Trade Center, em 2001, em Nova York.

A agência foi criada em 1947, após a Guerra Mundial, pelo mítico Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, David "Chim" Seymour e George Rodger, em forma de cooperativa de fotógrafos independentes, deixando-os livres para produzirem suas próprias pautas, além de dar o direito à posse de negativos, à edição e à assinatura dos ensaios. Além desses fatos que, por si, já são revolucionários, o caminho seguido pelos fotojornalistas também correu contra a corrente: mergulhou-se em uma outra perspectiva da imagem, atravessando o espaço puro e simples da foto e dos acontecimentos históricos, alcançando o ser humano, a vida cotidiana, os cenários, as pessoas, as guerras, as alegrias e tristezas, inerentes ao homem.

A exposição está dividida em cinco temas: "Momentos", "Outras Perspectivas", "Tradição Documental", "Fotografia Documental Contemporânea" e "Retratos". Na primeira, o cotidiano é o mote. Sendo assim, uma vila na Grécia foi pintada com um vibrante branco que refletia o sol forte. Em outra imagem, a sombra dava vivacidade ao resto do cenário, em que uma menina pulava em frente a prédios de um bairro residencial italiano. Destaque para a foto de Marc Ribaud, feita em 1965, com a visão de uma rua de Pequim de dentro de um antiquário. Cada quadradinho de uma espécie de gaiola guardou um momento de algum evento que acontecia na rua chinesa.

Em "Outras Perspectivas", por exemplo, Gueorgui Pinkhassov priorizou as cores de uma jovem garota no metrô de Tóquio, em 1996, desfocando a vista da janela embaçada pela chuva. Já na "Tradição Documental" estão os fatos históricos mais antigos, com muitas peças clássicas que poderiam ser comparadas a quadros valiosos, que, no entanto, registram situações ocorridas, sentidas, por cada ser humano. Mas vale citar a fotografia de Robert Capa, em 1936, no exato momento em que o soldado republicano Frederico Borrell Garcia caía, após um tiro durante a Guerra Civil Espanhola, em Córdoba, Espanha. O torpor daquele instante, retratado enquanto o combatente morria no campo de batalha, traz uma realidade impressionante à foto.
Os atos mais recentes ficam para a "Fotografia Documental Contemporânea", que, entre outras, possui a famosa imagem das Torres Gêmeas se esvaindo em fumaça de concreto, após os ataques dos aviões que mataram mais de 3 mil pessoas em 11 de setembro de 2001, em Manhattan, pleno coração financeiro dos Estados Unidos. Já a divisão "Retratos" possui várias raridades, como Muhammad Ali, Marilyn Monroe, James Dean, Che Guevara. Mas a que mais chama a atenção é o conhecidíssimo retrato da afegã Sharbat Gula, feito em 1984 por Steve McCurry, que foi capa de uma edição da revista National Geographic.


Sharbat Gula
São tantas fotos que mesmo as cinqüenta da exposição não cabem aqui. O trabalho do curador João Kulcsár deve ter sido hercúleo, já que ele escolheu um mero punhado das mais de um milhão de fotos existentes em seis décadas da agência. Ele preferiu as clássicas mais conhecidas do público, que são universais: todos apreendem a mensagem passada pelas expressões e cores de cada tema.

Até por isso, as imagens escolhidas para essa exposição deixam claro que a fotografia também é uma forma de arte e, mais que isso, uma estupenda expressão cultural que, mais que documentar fatos e retratar pessoas, sintetiza a vida, as alegrias e desgraças dos seres humanos em determinado período da história. É como um registro pictórico que nossos ancestrais desenhavam nas cavernas, para afirmar aos que vieram depois que eles existiram. Um sinal de fumaça que cruza o tempo e chega ao futuro, imortalizando aquele que deixou sua marca, seja num desenho, num escrito, ou por uma imagem.

Para ir além
Magnum 60 Anos ― Até 6 de abril ― Das 9 às 21hs.; no domingo, das 10 às 21hs. ― Caixa Cultural, Galeria da Paulista ― Av. Paulista, 2083 ― (11) 3321-4400.

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Postado por Rodrigo Herrero
3/4/2008 às 02h17

 
Mofoooo, compos e primavera

Fotos de Laura Storch, cujo blog linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
3/4/2008 à 00h27

 
tem aí um negócio

― é nóis, cara, é nóis.
― é nóis o caralho.
― é nóis, cara, é nóis.
― é nóis o caralho.
― e aí, cara, legau?
― tudo bom.
― e aí, cara, legau?
― tudo bom.
― é nóis, bicho, é nóis.
― é nóis uma foda.
― é nóis, bicho, é nóis.
― é nóis uma foda.
― e aí, cara, beleza?
― tudo legau.
― e aí, cara, tudo jóia?
― beleza.
― falou.
― valeu.

azia, no seu blog, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
2/4/2008 à 00h23

 
Reclusive founder opens up

[...]We shouldn't give credit to Linux per se. There were open source projects and free software before Linux was there. Linux in many ways is one of the more visible and one of the bigger technical projects in this area and it changed how people looked at it because Linux took both the practical and ideological approach. At the same time I don't think this whole "openness" notion is new. In fact I often compare open source to science. To where science took this whole notion of developing ideas in the open and improving on other peoples' ideas and making it into what science is today, and the incredible advances that we have had. And I compare that to witchcraft and alchemy, where openness was something you didn't do. So openness is not something new, it is something that actually has worked for a long time.

* * *

[...]I long ago decided I will never go to meetings again because I think face to face meetings are the biggest waste of time you can ever have. I think most people who work at offices must share my opinion on meetings. Nothing ever gets done. When things get done, you usually have someone come into your office to talk about it. But a lot of the time the real work gets done by people sitting, especially in programming, alone in front of their computers doing what they do best.

* * *

[...]I am not the kind of person that really plans ahead a lot. When I started Linux it wasn't because I wanted to be where I am today. I am more of an "everyday as it comes" type of person. I am very happy that I feel like I do something meaningful, that has made a difference, that actually a lot of people use. But at the same time I don't have and I never have had any big visionary goals.[...]

Linus Torvalds, inventor do Linux, numa rara entrevista que eu acabei de encontrar...

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Postado por Julio Daio Borges
1/4/2008 à 00h52

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