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Terça-feira,
15/4/2008
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Redação
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Infocracia
Essa é minha prima, entrevistando o grande Ronaldo "Overmundo" Lemos, que eu indiquei.
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Julio Daio Borges
15/4/2008 à 00h05
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Sobre o fim do velho ensino
Os estudantes vão formar grupos de interesse e discutir coisas. Alunos com o uso da Internet sabem muito mais que o professor. O que vai acontecer? Eles é que vão determinar o que devem aprender. Cada vez mais professores vão dizer: "A próxima aula é sobre o assunto tal. Vocês preparem e dêem para o resto da classe." O professor simplesmente comenta, complementa etc. Não corrige. Henry Chesbrough, que leciona em Berkeley, é um gênio. Ele ensina da seguinte maneira. "Hoje vamos aprender sobre a IBM. O que vocês sabem sobre ela?" E vai anotando tudo no quadro. Daqui a pouco ele agrega uma ou outra coisa. Ao final, os alunos prepararam toda a aula. É sensacional.
* * *
Deixem os alunos decidirem o que eles precisam. Olhe para a sua própria carreira. Antigamente as pessoas ficavam vinte anos em uma empresa. As companhias possuíam uma estrutura verticalizada. Hoje as pessoas pulam de um departamento para outro. O treinamento do aluno dentro de uma universidade precisa ser interdisciplinar. Quanto mais coisas diferentes aprender, melhor. Seria muito bom se a Poli tivesse cursos de comunicação e de artes, por exemplo.
* * *
Sempre diversifique o seu conhecimento. Sempre aprenda muito. Vá a palestras que não têm nada a ver com a sua carreira e então você realmente verá se é isso que você quer. Descubra a Arquitetura, a Psicologia, a Filosofia... Comece a entender que redes sociais, blogs, wikis, etc. são a tecnologia do futuro. Quase todos os alunos já estão familiarizados com elas. Possuem perfis. Estão conectados. É preciso saber entender as outras pessoas. Conheça pessoas diferentes e saiba o quanto nós podemos aprender com elas.
Jean Paul Jacob, no Offline, que acaba de começar.
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Julio Daio Borges
14/4/2008 à 00h11
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Por que o Google caiu hoje
Google App Engine, via Cris Dias, porque... quanto mais alto, maior a queda.
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Julio Daio Borges
11/4/2008 às 16h33
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NewsCamp amanhã
NewsCamp é uma "desconferência" entre jornalistas para abordar temas relacionados à mídias sociais, jornalismo on-line, entre outras temáticas do mundo da imprensa na internet. O evento é gratuito e pode ser organizado por qualquer jornalista, em qualquer cidade do Brasil. Para isso, basta nos enviar um e-mail a fim de divulgarmos a sua iniciativa e os resultados da desconferência com seu grupo.
Blog do NewsCamp, do qual participo amanhã, a convite da Ceila Santos.
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Julio Daio Borges
11/4/2008 às 12h11
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Sob o céu de Brasília
Março de 2008 ― Lentes ocultas flagraram um excêntrico escritor carioca de thrillers zanzando pela Esplanada dos Ministérios, enquanto fazia anotações suspeitas. Em sua defesa, o escriba alegou tratar-se de pesquisa para um novo livro. A conferir.
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Luis Eduardo Matta
11/4/2008 à 01h32
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Porque assim é São Paulo
Eu gosto de viver em São Paulo, mas não no seu ritmo. Conquistei o que hoje muitos conquistam que é poder trabalhar em casa. Eu não agüento o trânsito daqui, eu nunca ando a passos ágeis e rápidos, saio pouco e só quando quero ou realmente preciso. Mal faço uso dessa tal internet. Sou quase alérgico a ela.
Foi muito boa a experiência de dividir meus dias neste blog. Foi muito gratificante ler vossos comentários, mas aqui eu vivo em outro ritmo.
Aqui eu amo a minha solidão e o silêncio é muitas vezes o meu idioma. Onde fermento palavras. Aqui eu posso calar em português, minha língua.
Aqui, internet para mim é uma coisa chata. É como pegar trânsito ou ter que andar rápido. Moro em São Paulo, mas vivo em minha casa. Faço de tudo para evitar o estresse, a mania da pressa, quem me conhece sabe que chego sempre uma hora antes da hora marcada. Não toco, espero. Há quase sempre um café, sempre um livro nas mãos ou em processo na minha cabeça. Eu espero com calma. Não faço parte de nenhum grupo. Não leio jornal, quase não assisto TV. Não torço pra nada.
A Lu, minha namorada-esposa, é quem responde meus e-mails e recorta pequenas notas ou matérias que ela sabe que podem me interessar.
Nunca ouço rádio porque amo a musica e por isso sempre sei o que quero ouvir. Tenho um amigo importador que consegue tudo o que é mais improvável em CD e eu escuto como quem ora.
Tudo isso para dizer que, aqui, infelizmente o blog para mim não funciona.
Aqui há minha escrivaninha, que é o meu laboratório, os livros que estudo, todas as musicas que eu quiser ouvir e café sempre fresco que eu mesmo faço.
É cruel, mas sincero o que digo.
Sei que pode parecer ingrato, e já falamos aqui sobre gratidão.
É quase tão cruel quanto dizer: aqui, eu não preciso de vocês. Mas a verdade é que aqui eu não posso precisar de vocês.
Porque assim é São Paulo.
E aqui nasci e fui mal criado.
E de qualquer forma eu os tenho comigo e vocês me guardam. O respeito e o carinho, que vocês tem por mim, é recíproco.
Honestamente, adoraria tomar um café com cada um de vocês e talvez isso aconteça. Somos um grupo pequeno. Se me virem em uma palestra ou evento, não tenham vergonha: digam que foram desta nossa irmandade. Desta nossa pequena sociedade quase secreta chamada... blog.
Minha mais profunda gratidão e até um próximo café.
Lourenco Mutarelli, no seu blog, que acabou no ano passado.
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Julio Daio Borges
11/4/2008 à 00h57
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BRlogs: 10 milhões de leitores
O número de usuários brasileiros que lêem blogs atingiu 10 milhões de pessoas em fevereiro de 2008, segundo dados do Ibope/NetRatings, o que representa 45,5% dos internautas ativos. Em dezembro do ano passado, eram 9,6 mihões de brasileiros que acessavam blogs. As ferramentas Wordpress e Blogger são as que concentram mais leitores. Juntas, têm 7,7 milhões de usuários únicos mensais. Um ano antes, eram 3 milhões. O Brasil e a Espanha têm o maior índice de usuários dessas duas ferramentas.[...]
IDGNow, via NumClique, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
10/4/2008 à 00h48
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Scorsese e o rock
Entre os músicos dos anos 1960 que aparentemente seguem vivos, Bob Dylan e os Rolling Stones encarnam símbolos opostos. O cantor e compositor é identificado com a idéia da eterna mudança e, para quem ainda acredita nisto quando se trata de show biz, como uma espécie de catalisador dos tormentos individuais da alma artística. Já os Stones estão aí para se divertir ― sempre da mesma forma, sempre dando uma banana para qualquer discussão que vincule sua trajetória a argumentos políticos, históricos ou comportamentais.
A dicotomia foi captada por Martin Scorsese em seus documentários mais recentes, No direction home e Shine a Light. Em ambos, ele poderia ter optado pela narrativa convencional da cinebiografia, mas preferiu uma forma mais apaixonada de homenagem: no primeiro caso, submergindo na mitologia de extração romântica que o gênio egocêntrico de Dylan sempre alimentou; no segundo, deixando os Stones fazerem aquilo que mais sabem, mais gostam e mais devem mesmo fazer: tocar.
Óbvio que No direction home é um filme mais rico. Mas Shine a Light, embora algumas passagens complacentes, consegue recuperar a eletricidade de Mick Jagger e companhia ao vivo, algo que havia sido enterrado por transmissões burocráticas de shows na TV ou por aqueles DVDs hediondos da banda. É um registro caloroso, estridente, físico, onde os músicos estão sempre próximos da câmera e se vê Keith Richards cuspindo no microfone ou envolto na fumaça de cigarro. E onde em alguns números, especialmente "Jumpin' Jack Flash", "Shattered" e os duetos com Buddy Guy e Jack White, dá para entender por que os Rolling Stones vêm conseguindo ser os Rolling Stones por tanto tempo.
Michel Laub, elevando o nível da blogosfera brasileira, e lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
9/4/2008 à 00h48
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Aprendendo a cobrir cultura
Qualquer um pode escrever sobre cultura. Mas fazer bom jornalismo cultural é outra história. Não basta arriscar-se a detonar um livro, um filme ou uma peça de teatro com base no famoso "eu acho que", sem argumentos sólidos ou sem nunca ter tido contato com uma referência anterior. Há um nome exato para o que preenche esse vazio: repertório cultural. Quem quiser ser um verdadeiro crítico de cultura, saiba que à sua espera estão muitos anos de leitura, de treino e de vivência. E o recado não é desta colunista. É de algumas das feras do jornalismo cultural na imprensa, cujas lições foram transmitidas na última edição do curso Jornalismo Cultural, da Revista Cult. A versão anterior teve cobertura de Luiz Rebinski Junior, também colunista do Digestivo.
Cada convidado trouxe receitas da produção diária de conteúdo na imprensa, úteis para quem quer se lançar no jornalismo cultural. Quer dizer, no bom jornalismo cultural.
Crítica literária em jornais e revistas
Com Adriano Schwartz (professor de literatura da USP e ex-caderno "Mais!").
Quem é o crítico literário de jornais e revistas no século XXI? É aquele que, para Schwartz, tem algo a mais para escrever, além do que já foi escrito. Quando ele critica um livro, significa que conhece a história do autor, procura saber como a obra foi feita e busca conexões com outras obras literárias. A crítica no Brasil, contudo, não é um mar de rosas. Há quem escreva para orientar o leitor, mas há quem faça isso para mostrar a própria inteligência ou para atacar inimigos e aplaudir amigos. "A vaidade pode ser mais forte que o interesse profissional, em muitos casos", reconhece Schwartz. Mas o que incomoda o crítico é o fato de jornais e revistas aceitarem passivamente certos lançamentos, sem fazer uma crítica mais profunda. Um exemplo é o resgate das obras de Jorge Amado, pela Companhia das Letras, que segundo ele, foi recebido muito "passivamente". Outra dificuldade de suplementos como o "Caderno 2" e a "Ilustrada" é selecionar, dos cerca de 20 livros diários que chegam à redação, quatro ou cinco que ocuparão as resenham de toda a semana. O maior risco é ignorar novos talentos. "Como saber se você perdeu a chance de resenhar um novo Guimarães Rosa?", questiona Schwartz, para quem, quanto maior o repertório do resenhista, melhor a escolha das resenhas. E, para quem pensa em fama, uma notícia triste: a repercussão de uma resenha literária é minúscula no Brasil, indício de que, talvez, algo esteja errado na literatura contemporânea. Ele lembra que além do conteúdo crítico, há uma carência grande de reportagens culturais sobre livros, entrevistas com o autor e investigações da obra. Livros indispensáveis ao crítico: Ilusões Perdidas (Honoré de Balzac); Confessions of a Book Reviewer (George Orwell); e Crítica e Verdade (Roland Barthes).
Crítica de cinema em revista
Com Isabela Boscov (crítica de cinema da revista Veja).
A jornalista que resenha filmes para a revista mais lida do Brasil diz que não há bom texto que não esteja em pé de igualdade com o leitor. "Sempre forneça o contexto, além da informação convencional. Você escreve para um leitor não-especializado", ensina Isabela, que também aconselha ao crítico não subestimar a capacidade intelectual de quem lê. O leitor não tem obrigação de lembrar quem foi o diretor de King Kong, ou quem ganhou o Oscar em 1970, mas também não pode ser tratado como se não soubesse que atores interpretam personagens, aconselha. Ela observa que fazer crítica de cinema é aparentemente fácil. Muita gente aposta naquele texto "malandro", cheio de "gracinhas" e, assim, "pensa que se safa" como crítico. Anos depois, "você não acredita que escreveu aquilo", ri. Assim como Schwartz, Isabela admite que grande parte dos críticos escreve para si ou para impressionar os colegas. "Mas isso não traz satisfação moral", garante. O maior desafio do crítico, para ela, é cativar o leitor todo dia, como consegue Inácio Araújo, na Folha de S. Paulo. "Crítica é para começar bem mais velho, depois dos 30 anos. Nada contra os jovens, mas é melhor testar todas as áreas do jornalismo antes. Todo crítico deveria ser, primeiro, repórter", sugere. Isabela também acredita que os jornais estão afundados em uma crise bem maior que as revistas, porque elas mantêm uma capacidade analítica mais profunda, um "algo mais".
Cobertura cultural da Veja
Com Carlos Graieb (editor-executivo da revista Veja).
Trazendo uma pegada mais comercial, o editor de cultura da Veja defende seu peixe e diz que o jornalismo em revista semanal deve cobrir o que é tendência na indústria cultural. Segundo ele, cabe ao repórter/editor separar o lixo do proveitoso. "Nosso trabalho é selecionar o melhor desse emaranhado de produtos no mercado e destruir mitos do senso comum, como o de que novela da TV Globo não presta", conta. A Veja cobre somente cinema, música e literatura. "Não nos interessa cobrir teatro", diz Graieb. Mas por quê? "É uma opção editorial", justifica sem maiores argumentos. O jornalista (leia-se, a Veja) também demonstra desinteresse por temas ligados à política cultural. "A revista não cobre esse assunto porque não é interessante", diz. Graieb também não vê problema em misturar informação e opinião em uma notícia.
Técnicas de texto e estilo
Com Marcelo Coelho (articulista da Folha de S. Paulo).
Para fechar o primeiro dia do curso, Coelho ensina o aspirante a crítico a fazer um texto atraente. "Só escreve bem quem já tenha lido muito", diz, com conhecimento de causa. O jornalista adverte que não se deve levar tão a sério aquelas regrinhas fechadas para o bom texto, como a famosa lei da concisão. "Ser conciso em exagero empobrece o texto e pode confundir o leitor". Coelho ajuda a não errar no começo de uma crítica: o lead clássico (o quê, quando, onde, como, por quê) não funciona bem neste caso. Nariz de cera ― aquela abertura floreada, porém vazia de sentido ― também deve ser evitado. Também não pega bem começar contando a história do livro ou do filme. "O ato de contar a história deve ser reduzido ao mínimo possível. Nada pior que revelar de forma ruim, num parágrafo, o que o livro conta bem", aconselha. E partir para a opinião direta é outro inconveniente. Coelho pede para evitar o clichê: "Instigante. Essa é a melhor palavra para definir..." Talvez uma boa maneira de começar o texto, segundo Coelho, seja destacar um momento específico da obra que desperte uma observação curiosa, ou no qual sua opinião esteja mais consolidada. "A intenção secreta da obra deve ser desvendada", ensina. Cuidado também com julgamentos de valor sem justificativas convincentes: "Este filme é ridículo". Mas por quê? "As pessoas escolhem adjetivos genéricos para não correrem o risco de dizer besteira, mas eles nada acrescentam", diz. Como adjetivos são inevitáveis em uma crítica, é preciso procurar seu ajuste fino, a palavra que mais perfeitamente se encaixe àquele contexto, de modo a dar sentido ao argumento. Quanto ao desenvolvimento do texto, Coelho fornece um truque para o leitor não abandonar o texto entre um parágrafo e outro. Essa dica ele pegou dos americanos, já que aqui o costume é escrever em blocos com pensamentos independentes. "Deixe um detalhe não explicado no fim de um parágrafo e revele-o no seguinte. Assim, você prende a atenção", sugere. Finalizar o texto também é missão difícil. Coelho cita o último parágrafo do perfil "Frank Sinatra está resfriado", que Gay Talese escreveu em Fama & Anonimato, como exemplo clássico de um encerramento bem-sucedido.
A reportagem na Literatura
Com Ubiratan Brasil (editor do "Caderno 2").
O jornalista de cultura do jornal O Estado de S. Paulo se apóia na literatura de não-ficção para aprimorar suas reportagens. "Corro atrás dos grandes mestres do new journalism", revela, citando leituras infalíveis de Truman Capote, Gay Talese e Lilian Ross. Ubiratan também busca inspiração nos autores brasileiros, como Joel Silveira, autor da reportagem "A milésima segunda noite da Avenida Paulista". "Ele usava recursos interessantes, descrevia-se em cena, usava flashbacks e tinha uma ironia muito fina", resume, com admiração. Como exemplo atual de bom jornalismo, o repórter cita um perfil de José Dirceu, publicado recentemente na revista Piauí, que rendeu à publicação seu recorde de vendas. "Daniela Pinheiro esteve com ele vários dias, o acompanhou em eventos e até freqüentou sua casa", lembra Ubiratan. Sobre o bom texto, o jornalista acredita que 40% é formação, e o resto é talento. Mas aptidão natural não dispensa leitura e curiosidade constante. E não evita vícios. "Quando você está tão envolvido com o assunto que cobre, parece que não há nada de novo para falar. Aí que você se engana. É só comparar duas matérias sobre uma mesma coletiva, e buscar detalhes que ninguém deu", sugere o jornalista. Para ele, a imprensa brasileira padece da falta de especialização. "Não se faz mais críticos como antigamente. É preciso ter lido todos os clássicos antes de ser crítico. Enquanto você lê, faça jornalismo em outras áreas", repete o conselho de Isabela Boscov.
A crítica de teatro
Com Beth Nespoli (crítica de teatro do "Caderno 2").
Ao assistir uma peça teatral, Beth já elabora o que estará presente em sua próxima crítica. Ela se apóia em estudos acadêmicos para escrever com maior perfeição possível. A imprensa cultural, segundo ela, passa por uma crise de aprofundamento e falta de espírito crítico. "A obra já nasce como uma provocação, e o crítico deve responder a ela", provoca também. O exercício mais difícil do texto crítico seria dialogar sem ser autoritário. Beth cita Décio de Almeida Prado como exemplo a ser imitado, profundo conhecedor das correntes críticas e dono de um texto elegante e de linguagem jornalística impecável. "Crítica é diferente de reportagem. Em ambas, você deve ser apegar ao maior número de informações e, se possível, entrevistar o diretor, descobrir o que leu para chegar à peça". Para Beth, criticar sem embasamento é um crime hediondo no jornalismo. "Escrever sobre uma peça que faz uma releitura de Odisséia sem nunca ter lido a obra não dá", alerta com seriedade. Para um texto de qualidade, ela aconselha jamais ceder às frases de efeito, evitar emitir juízos sem explicar por quê e não fazer "brincadeirinhas" só para descontrair, já que podem ter duplo sentido.
A crítica de artes plásticas
Com Fabio Cypriano (doutor pela PUC/SP e crítico de arte da Folha de S. Paulo).
Ao contrário dos outros jornalistas, para quem a cobertura cultural está cada vez mais restrita, para Cypriano, ela assume um espaço cada vez maior. "E mais importante", complementa. Ele cita Monteiro Lobato e Mário Pedrosa como os maiores críticos de arte nascidos em terras brasileiras. Caracteriza os textos da revista Bravo! como neutros, uma vez que procurariam evitar a polêmica, com a intenção de acompanhar uma agenda, e não posicionar-se sobre a qualidade das obras. Cypriano critica a postura passiva da imprensa diante de temas que mereceriam maior destaque e investigação. O mau uso das leis de incentivo à cultura, segundo o jornalista, é um desses temas. "Há vários exemplos que poderiam ter sido mais explorados. Em 2006, o Cirque du Soleil captou R$ 10 milhões em incentivos para apresentar-se no Brasil, um absurdo, já que eles têm marketing próprio e não precisam de ajuda", questiona. Para Cypriano, é obrigação do crítico interessar-se por política cultural e entender a relação arte/política, ao contrário do que acredita o editor da Veja, Carlos Graieb, para quem o tema é irrelevante. Cypriano foi o único dos convidados que reconheceu nas novas mídias, especialmente a internet, um potencial para a disseminação de um novo jornalismo cultural. "O jornalismo pode ter uma ocupação bem mais inteligente que nos espaços limitados da imprensa", aponta.
Comunicação eficaz
Com Welington Andrade (professor e vice-diretor da Faculdade Cásper Líbero).
Dono de uma articulação impecável, Wellington ensina a aplicar, como ninguém, as possibilidades da literatura no texto jornalístico. Aconselha a criar uma ligação afetiva com o leitor, além da experiência intelectual, como forma de prender sua atenção ― uma vez que os que lêem, a minoria, procuram prazer na leitura. São leitores preciosos, porque já perdemos uma grande parcela, de goleada: 2/3 dos brasileiros são analfabetos funcionais (aqueles que entendem a grafia das palavras, mas são incapazes de compreender uma frase sequer). Textos "tagarelas", aqueles que citam muitos nomes e trazem excesso de informação só para impressionar, são uma falácia, segundo o professor. Uma dica é espelhar-se em Antonio Candido, autor reverente à língua, ao mesmo tempo sofisticado e claro. Wellington questiona o excesso de adjetivos na crítica cultural. "Criticar é adjetivar o mundo? Pode-se definir a arte por substantivos", acredita. O bom texto, para o professor, é cheio de referências que ampliem o repertório do leitor. Também deve ter muitas vozes (polifonia), experimentando vários níveis de linguagem. "Você tem obrigação de fazer leituras, por mais chatas que pareçam, como de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. É preciso conhecer a subversão da língua para aprender a brincar com o texto", argumenta Wellington, para quem eufemismos e hipérboles são recursos de um texto incompetente. "Só servem para tentar impressionar o leitor, como as frases de efeito, ruins e superficiais". Também é recomendável evitar o uso de estereótipos, omitir nomes essenciais e repetir "verdades universais", complementa o professor.
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Postado por
Tais Laporta
8/4/2008 às 16h08
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ordinary life: complex stuff
crispine, no seu blog, que linca pra nós.
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Postado por
Julio Daio Borges
8/4/2008 à 00h50
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