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Segunda-feira,
21/4/2008
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Redação
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Crítica ao layout do Digestivo
Depois de um comentário, en passant, no seu post sobre o texto de Rafael Rodrigues, Leonardo Fontes nos envia esse vídeo (acima), explicando melhor sua crítica à navegabilidade do Digestivo (para entender, assista).
Leonardo: queria agradecer pela atenção, de fazer o vídeo exemplificando o problema, e queria aproveitar e responder, logo de uma vez, aos demais Leitores, aqui.
De fato, você tem razão: o problema é de layout mesmo. E você acertou, porque existe, sim, uma idéia de alargar as páginas do Digestivo e, em vez de incluir os links ao final, disponibilizar as Chamadas (para os textos), à direita numa "caixa", à maneira do YouTube...
Infelizmente, as mudanças estão só no começo. A página (específica) de cada Especial acabou de ser criada e outras mudanças, mais estruturais, demoram, porque devem ser estudadas, testadas (caso contrário, podem espantar os Leitores de longa data)...
Agradeço, novamente, pela crítica e pela explicação. E reforço que estamos trabalhando para deixar o Digestivo mais rico em referências e mais "direto", fazendo jus ao seu arquivo!
Update 23/4/2008
Leonardo: acabei de colocar os dois links, para as páginas dos Especiais, que você sugeriu: um no cabeçalho e outro no rodapé das Colunas.
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Julio Daio Borges
21/4/2008 às 12h44
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Jornalismo: trabalho em equipe
Tenho blog e sou repórter de Geral em impresso, e penso que a briga não é entre papel ou bits, mas sim entre métodos de trabalho. Jornalismo de qualidade, com apuração, repórteres em campo, busca de fontes etc., requer uma logística enorme: transporte, telefone, gente preparada, com fontes. Trabalho em equipe, coordenado e que dá grandes dores de cabeça, normalmente (porque envolve denúncia etc.). Um blogueiro sozinho não consegue fazer isso. É humanamente impossível. Se fizer, vai ser num ritmo muito mais lento, porque uma redação tem toda uma linha de apuração montada (ou pelo menos deveria ter — hoje, estão enxugando cada vez mais). Blogueiros, por outro lado, podem ser aquelas fontes primárias, aqueles que dão start num problema, numa denúncia, numa apuração. Não sei se isso pode ser considerado jornalismo. É investigação e denúncia, que qualquer cidadão pode fazer.
Não me interessa tanto se vou ler uma boa reportagem, bem apurada, na tela ou no papel. Se o conteúdo é bom, eu leio na tela, sim (e outros também), assim como posso ouvir num radinho de pilha também. Pouco interessa o meio se a produção é boa — e é disso que precisamos. E é isso que estamos perdendo com maus salários, enxugamento de redações, miopia de investidores etc. Jornalismo bom é um trabalho desgastante. Uma pessoa sozinha, mesmo que seja talentosa, poderá fazer bom jornalismo num blog, mas, economicamente, será difícil de sustentá-lo. Às vezes, dedicando-se exclusivamente a um assunto, pode-se levar meses sem chegar aonde queria. Outra coisa: antes de ser bom jornalista ou bom blogueiro, se a pessoa for um bom cidadão, que cobrasse seus direitos, já faria muito mais sentido dentro da democracia (que é o que a liberdade de opinião tem o objetivo de sustentar). Vá você, levante os problemas da sua cidade, investigue, de maneira voluntária.
Não é preciso ser jornalista ou blogueiro para cobrar, lutar por direitos etc. Como, entretanto, pouca gente se mobiliza, dêem graças a Deus que ainda existem (mesmo que mal estruturadas) redações, empresas que têm o dever de fazer isso; ou mesmo um ou outro repórter corajoso, teimoso e chato que faz isso. E melhor que ele faça através de uma redação, de uma empresa, do que por conta própria, porque não teria a mesma força. Seria visto como encrenqueiro, petista, revolucionário de meia tigela, essas coisas, e viraria motivo de riso. A hora que blogueiros se organizarem para fazer esse trabalho de apuração e denúncia, melhor do que as redações tradicionais, aposto que ganharão importância. Divulgar vídeos do YouTube, "fotinhas" e textos sobre cultura pop não vai provocar, não vai mudar muita coisa na vida pública. Ou seja, não é Jornalismo e, como disse o Rafael, "não adianta espernear".
Rogério Kreidlow, comentando a coluna da Gabriela Vargas e, de quebra, citando a minha.
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Rafael Rodrigues
21/4/2008 às 02h06
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New Rules for the New Economy
1) Embrace the Swarm. As power flows away from the center, the competitive advantage belongs to those who learn how to embrace decentralized points of control.
3) Plentitude, Not Scarcity. As manufacturing techniques perfect the art of making copies plentiful, value is carried by abundance, rather than scarcity, inverting traditional business propositions.
5) Feed the Web First. As networks entangle all commerce, a firm's primary focus shifts from maximizing the firm's value to maximizing the network's value. Unless the net survives, the firm perishes.
7) From Places to Spaces. As physical proximity (place) is replaced by multiple interactions with anything, anytime, anywhere (space), the opportunities for intermediaries, middlemen, and mid-size niches expand greatly.
9) Relationship Tech. As the soft trumps the hard, the most powerful technologies are those that enhance, amplify, extend, augment, distill, recall, expand, and develop soft relationships of all types.
Kevin Kelly, no seu livro homônimo, via Lisandro (porque eu gostei mais das ímpares... e porque ele previu o Free, do Chris Anderson)
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Julio Daio Borges
21/4/2008 à 00h18
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Meu primeiro Camp
Fotos by samegui
Eu já tinha ouvido falar de outros eventos "Camp", é lógico, mas não entendia direito o funcionamento. Na verdade, não acreditava que pudesse funcionar. Se todo mundo podia falar ao mesmo tempo, como poderia sair alguma discussão decente?
Então, quando a Ceila Santos me convidou, fui mais por consideração a ela, que me levou para a Época e que sempre foi uma "discípula" estimulante das minhas idéias. (Não é comum encontrar alguém que acredita mesmo no que a gente prega...)
Eu estava bem humorado, havia tido uma semana boa, o NewsCamp aconteceria sábado, então pensei: "por quê não?" ― e resolvi confiar na Ceila (temendo, muito secretamente, uma roubada, mas não a ponto de desistir previamente do evento).
Hesito quase sempre, quando me convidam agora. No começo, quando era tudo novidade, havia naturalmente um maior interesse meu. Os eventos de internet eram poucos. Ninguém falava a respeito. Se não fôssemos prestigiar, quem iria então?
Atualmente, é quase o contrário, para mim. Me chamam: ou para eu fazer consultoria de graça (porque, em geral, sei mais que os presentes; leia-se: tenho mais experiência); ou para divulgar, de graça (novamente), no Digestivo Cultural.
Uma última mensagem que recebi, nesse sentido, veio assim: "Ei, Julio, não quer vir aqui tomar um café com a gente?". Olha a sacanagem: era um evento, um curso e o café (de R$ 1,00 a R$ 2,00) era para eu divulgar e dar "dicas". Enfim...
O NewsCamp me surpreendeu porque não era nada disso. Eu cheguei no Espaço Gafanhoto e foi ótimo: eu não conhecia ninguém, na ante-sala, e, ao mesmo tempo, ninguém parecia saber quem eu era.
A sensação era a mesma da primeira aula de um curso qualquer... Você não conhece as pessoas. Ninguém parece conhecer direito ninguém. Estão todos "na mesma". Unidos pela expectativa de que o evento, que provocou aquela reunião, seja proveitoso.
Por isso, talvez, o conceito "Camp" funcione. Porque as pessoas ― que vão ― querem, realmente, discutir aquilo, trocar experiências, encontrar saídas. Todos me pareceram ocupados o suficiente para não desperdiçar um sábado discutindo atabalhoadamente.
O mais impressionante é que ninguém é "dono" do evento. A Ceila e os amigos dela convocaram as pessoas, mas podiam sair da sala, podiam desaparecer de repente, poderiam até abandonar o NewsCamp, que ele aconteceria do mesmo jeito.
Para quem nunca participou, não faz o menor sentido, eu sei. Acontece que "se ninguém é dono", então "todo mundo é dono". Não existe turma do fundão. Ninguém está ali para cumprir tabela. Fica só quem quer. E quem fica, trabalha para que o evento renda.
Depois de todos os presentes se apresentarem, inclusive a Ceila e os amigos dela, a sala se esvazia e todos vão tomar um café. Na sala do café, que é a mesma ante-sala do começo, quem quiser pode escrever os temas num quadro, dividindo por horário e por espaço.
Sim, você entendeu certo: o evento não tem uma agenda prefixada, tem apenas um tema geral, no caso "jornalismo e internet", e os próprios participantes (não os organizadores, necessariamente), vão montando a agenda do dia, relacionando salas e subtemas.
Depois do choque inicial, e sem que ninguém me pedisse, tomei a iniciativa de escrever "velha mídia, nova mídia", no primeiro horário da sala maior, e também "monetização/ sustentação", no segundo horário da sala maior, uma vez que eu só poderia ficar até o meio-dia.
Alguém mais, que eu não vi quem foi, escreveu algo relacionado a "mundo corporativo", no segundo horário da sala menor, e mais alguém escreveu (ou ia escrever) algo ligado a "publicidade/ propaganda", no segundo horário da sala menor.
Então, sem que ninguém pedisse (nenhum "bedel"), os participantes civilizadamente se dirigiram às suas salas e, dentro da expectativa de horário, o evento começou, cada discussão no seu local designado. Eu estava boquiaberto...
Boquiaberto também porque o nível da discussão era alto. Ao contrário da grande maioria dos eventos do tipo "caça-níquel", a "platéia" (sei que, em "Camp", esse conceito não faz muito sentido) não era de "wannabes", era de gente que trabalha na área ou que luta por sua profissionalização.
Fazendo um paralelo com a Flip (um evento que eu respeito): é como se a platéia não fosse de escrevinhadores-querendo-publicar, mas, sim, de escritores já profissionais que, subitamente, poderiam assomar ao palco, dividindo suas preocupações e sua experiência com todos.
Mais tarde eu pensei que a internet se desenvolve tão rapidamente porque existe um tipo de "solidariedade", residual, que permite às pessoas se aproximarem, mesmo que, em teoria, elas estejam "concorrendo". (Conclusão: os blogueiros são muito mais unidos que os jornalistas.)
Para completar, eu descobri uma "cena" blogueira completamente nova. E encontrei, claro, gente que já havia lido ou lincado, mas que nunca havia visto "ao vivo". Quer dizer: quando achamos que estamos "por dentro" do que acontece na internet (brasileira), ela se revela mais complicada do que parece...
Gostei de conhecer o Wagner Fontoura, que trabalha na Riot; o André Deak, que já apareceu no Digestivo; o Eduardo Vasques, que "organizou" junto com a Ceila; o Manoel Netto, bem engraçado; o Gilberto Jr, bastante espirituoso; a Carol, já filha de blogueira, imagina...
Fora tantos outros de quem eu não guardei o nome (muito menos o nome do site ou blog). Como era sábado, não levei nada para anotar, mas percebi que as pessoas vão enchendo blocos com dúzias de informações novas, como se os links e as referências fossem vocalizadas na hora e evaporassem no ar...
Fui embora ao meio-dia e meia, quando todos saíam para almoçar, com um certo pesar, porque queria ter ficado. Ao contrário de tantas outras reuniões, não havia me cansado das pessoas ainda e sentia ― "como são adoráveis as pessoas que a gente não conhece muito bem..." (Millôr) ― que aquela era, momentaneamente, a minha turma.
Não prometo que vá a outros "Camp"; prefiro não destruir (ou arriscar) a boa imagem que construí com esse. Mas, possivelmente, tentarei lançar a iniciativa junto à comunidade do Digestivo. Outros "Camp" poderiam transcender a internet. Existem tantas áreas em que as pessoas estão "desconectadas"...
Para ir além
NewsCamp
BarCamp
BlogCamp
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Julio Daio Borges
18/4/2008 às 16h15
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Tributo a Tim Maia
Fotos: Caio Ferretti
Uma noite mágica, cheia de graves, grooves, balanço, graffiti, rap e soul. Como nos bailes black dos anos 70, a platéia, que ficou disposta (injustamente) em mesas, logo transformou o espaço em uma verdadeira pista de dança. Bacanas misturados com manos, salto agulha trombando tênis All Star, black power e chapinhas nas cabeças: fusões de vários estilos. Esse foi o clima do tributo a Tim Maia no HSBC Brasil nesta quarta-feira, comandado pela Banda Black Rio. A organização aproveitou a efeméride de 10 anos da morte do cantor para realizar o evento. Como convidados, compareceram ao palco, para homenagear o mestre da música negra brasileira, Tony Tornado, Paula Lima e Racionais MC's.
A abertura contou com uma música instrumental e, depois de algumas canções, tocaram a vinheta que a banda Vitória Régia costumava executar para abrir o show de Tim Maia. Para causar mais emoção no público, o telão exibiu imagens do cantor entrando em um palco, passando pelo backstage, cumprimentando os técnicos, dando a impressão de que em breve ele iria entrar. Cheguei mesmo a me assustar quando a voz que "entrou" na música soou. O pianista, arranjador e produtor William Magalhães tem o timbre e a interpretação vocal bem parecido com as do homenageado.
O músico, filho do falecido membro-fundador da banda, Oberdan Magalhães, tem tomado a frente da Black Rio desde 1999, após 15 anos de recesso. A história do conjunto é antiga e seu surgimento é contemporâneo a Tim Maia. Formado em 1976, o grupo carioca tem desde aquela época um repertório de funk que se funde com outros gêneros, como samba, jazz e soul. Ao longo da década de 70, cantor e banda se reuniram diversas vezes para realizar bailes black no subúrbio do Rio.
Depois de quatro músicas, a banda chamou ao palco os Racionais MC's. Enquanto Mano Brown realizava as cerimônias e KL Jay aquecia as pick-ups, o artista plástico Aquiles começava a grafitar um painel ao fundo do palco. O clima hip-hop estava instaurado. Até então, eu ainda me concentrava em anotar o nome de cada canção, mas a partir de então, ficou difícil permanecer sentada. E pelo o que observei, não fui a única a deixar a cadeira vazia para dançar...
Entre as canções interpretadas pelo grupo de rap, não poderia faltar "Homem na Estrada", um dos grandes sucessos, composto por Brown em 1993. A música usa samples de uma canção de Tim Maia, "Ela partiu", e conta a história de um homem pobre, ex-presidiário, morador da periferia que tenta recomeçar sua vida em sociedade. Criado no final da década de 80, o grupo foi muito influenciado pela obra de Tim Maia e por outros expoentes do soul americano e brasileiro.
Ao longo de todo o tributo, os telões exibiam imagens de shows e entrevistas com o homenageado e, enquanto os convidados saíam, os vídeos ganhavam áudio e todos puderam ouvir e relembrar alguns depoimentos do cantor. Em uma das declarações, das mais calorosas e aplaudidas pelo público, Tim Maia defendia a existência de políticos negros no Congresso.
O segundo convidado foi chamado após a banda tocar diversas canções da fase Racional do cantor. O antigo amigo de Tim Maia, Tony Tornado, quase não conseguiu cantar de tão emocionado que ficou com a ocasião. Mesmo assim, não se deixou abalar e provou que ainda tem muita energia para fazer todos aqueles passos mirabolantes que dançava nos anos 70. Ele também cantou, aos prantos, a música com que se consagrou no Festival Internacional da Canção em 1970: "BR-3".
Por fim, depois da banda executar sucessos como "Sossego", "Primavera" e "Gostava tanto de você", Paula Lima entrou no palco, como sempre, animadíssima, cantando "Réu Confesso" e "Chocolate". Depois de encerrar o espetáculo com "Descobridor dos sete mares", a banda voltou no bis com todos os convidados para tocar "Eu e você" e se despedirem do público, finalizando a belíssima e suingada homenagem feita ao rei do soul brasileiro. Que beleza, salve Tim Maia!
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Débora Costa e Silva
18/4/2008 às 12h33
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O fim da New Musical Express
E agooora? Quem a gente vai copiar? Quase sessentão, cresce o papo de que o mais famoso semanário britânico está sucumbindo à internet e pode desaparecer na versão impressa. Sua edição on-line está cada vez mais sendo acessada, na mesma medida que a revista "real" acompanha a performance em vendas de tudo o que é impresso: ou seja, está despencando. A NME fechou 2007 vendendo 64 mil exemplares semanais em banca. Nos 90, quando o britpop estava bombando, vendia 120 mil. O anúncio do fim está sendo esperado para depois da época dos festivais de verão, que sempre dá um gás nas vendas. Mas, como diz um amigo meu, fim da NME é igual às conversas sobre "a última turnê do Kiss"...
Lúcio Ribeiro, no seu blog (via flaviadurante, pelo Twitter)...
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Julio Daio Borges
18/4/2008 à 00h47
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Na Califórnia dos anos 60
Fiquei seis meses em Nova York e fui, por terra, para a Califórnia. Freqüentei muito o Fillmore West no West Village. Lá assisti ao show do Johnny Winter, que para mim é o maior bluesman de todos os tempos. O blues branco está muito bem representado. Eric Clapton, John Mayall, entre outros. Mas o Johnny Winter consegue ser o melhor, na minha opinião.
* * *
Fiquei à disposição do Samuel Wainer enviando reportagens para a Última Hora. Entrevistei algumas pessoas como o Herbert Marcuse, numa palestra na Universidade de Columbia. Foi assim que comecei a entrar em contato com a esquerda americana, conheci o movimento hippie. Fui me enfronhando. Cheguei a ser hippie a partir de minha ida para a Califórnia.
* * *
Sempre fui um cara da contracultura. Quando você milita na coisa, dificilmente você vai para o lado do sistema, até porque você nunca desperdiçaria a sua experiência. Pode até se reciclar e passar de uma utopia para a outra, mas sempre num esquema de contracultura.
Joel Macedo, sobre seu novo livro, em conversa com Elias Nogueira (via Aumenta o Som, que linca pra nós... porque o Joel é também Leitor-Comentador)
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Julio Daio Borges
17/4/2008 à 00h33
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Mori, em Moema: uma boa opção!
Esta semana almocei no restaurante Mori, no bairro de Moema, que acabou de inaugurar, no último dia 25 de março. Eu costumava ir muito ao Mori, do bairro de Perdizes, que por ser o primeiro da cadeia não era tão sofisticado, tanto em seus pratos quanto em sua elegância, mas já tinha um ótimo sushi.
O restaurante, que se enquadra nos chamados rodízios de sushi, faz parte do seleto "top 5", ou seja, é o "Fogo de Chão" dos japoneses. Fazer uma refeição no Mori Sushi aguça o paladar. Você pode comer os mais variados peixes e pratos, dos clássicos gyoza e temakis às invenções do sushiman Aldo Aoyagi (que viajou o mundo para aprimorar sua já excepcional técnica) por um preço justo.
Digo justo porque o rodízio de sushi/sashimi (R$ 40,00) é um pouco mais caro do que seus concorrentes. Só que estes só servem os tradicionais sushi e sashimi. Peça sashimi de polvo com farofa de nozes ou atum com carambola e eles te responderão que você está ficando louco. Ah, já estava esquecendo dos hot holl com cream cheese e maçã. Nossa que delícia!
Quanto ao ambiente, fiquei um pouco decepcionado. Não que não seja bonito ou bem decorado, só não é extremamente aconchegante ou diferente. Fez a lição de casa, mas não para tirar dez.
De qualquer maneira, recomendo a ida e, se possível, sente no balcão. O simpático "chef" irá lhe proporcionar prazeres inenarráveis.
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Daniel Bushatsky
16/4/2008 às 16h39
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Mundo ingovernável
"Mas o mundo tornou-se ingovernável depois da internet. Então, o tempo que um jovem escritor levaria para ser considerado como escritor, já não digo nem como bom escritor, mas como escritor, ele foi drasticamente eliminado, foi reduzido. Você abre um blog com muita facilidade e começa a publicar sem ter que passar por qualquer tipo de restrição, por qualquer tipo sequer de aconselhamento. Você vai em uma conversa em escala direta com seu possível leitor, com poetas que eventualmente se sintam ligados àquilo que você faz e começam a se corresponder com você. Então, isso é traumático para o sistema literário, sobretudo para a Academia. Porque ela veio julgando ao longo das últimas décadas com este poder de definir o que fica e o que não fica. Hoje a gente vive, para bem, para mal, um clima de vale-tudo, mas é um vale-tudo que de algum modo aponta pra falência no Brasil da palavra pública."
Ricardo Aleixo, poeta belo-horizontino, em entrevista ao jornal O Casulo. Esta oitava edição do periódico de literatura contemporânea será lançada na Virada Cultural paulistana, dia 27 de abril, na Casa das Rosas.
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Elisa Andrade Buzzo
16/4/2008 às 08h38
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Blog, afinal, é literatura?
Era um continho bem, mas bem raquítico, nascido prematuro, sem condições ainda de ser divulgado nem lido. Daí o autor tê-lo colocado na incubadora: todos os dias ele vinha visitar o conto tão mirradinho, de arcabouço frágil, situações incipientes, diálogos padecendo de disritmia e falta de fôlego ― tanto que respirava por meio de aparelhos, aqueles tubos e aqueles êmbolos tão grandes e barulhentos para um continho como ele. O autor enfiava a mão na incubadora pela abertura circular e, com a luva de borracha, tocava nos dedinhos do conto, que de tão miudinhos mal conseguiam se fechar na ponta do polegar dele. O autor sussurrava, quase cantando, quase mais pensando do que falando, "Um dia você vai ser incluído na antologia do século e nós vamos rir disso tudo". E o autor gostava de achar que os dedinhos do continho davam uma apertadinha em seu polegar. Mas lá pelo segundo ou terceiro dia, enquanto pajeava o continho, o autor percebeu as enfermeiras rindo e cochichando, atrás do vidro da sala da incubadora. Então ele, que além de arrebatado era um autor suscetível a certo tipo de crítica, foi ver que tititi era aquele ― e uma das enfermeiras não demorou a soltar que corria por aí que aquele continho, sabe, podia não ser dele. Mas ― ela emendou ― era só boato maldoso, imagina. De gente invejosa. Falou e foi embora. O autor sentiu o chão rodar e faltar ao mesmo tempo, a garganta entalar, e depois de uns cardíacos minutos voltou até a incubadora. Enquanto o sangue lhe voltava devagar ao rosto ele observava o continho mirradinho, de olhinho fechado, dormindo. E esperou, esperou, esperou até ficar tarde, até não ter ninguém por perto ― aí foi à máquina de oxigênio da incubadora e nem hesitou para desligar. O barulho parou mas não de repente. O autor apagou a luz da sala, pegou o casaco e só então lembrou que tinha guardado no bolso um pacote. Um pacote contendo uma roupagenzinha para o continho, para ser colocada assim que pudessem ir para casa. Uma roupagenzinha pequenininha, engraçadinha, do tamanhinho exato do conto e que revestiria a criaturinha de um estilo e de um acabamento que fariam as visitas dizer "é a sua cara". O autor olhou para trás, guardando no labirinto do ouvido o seco e esticado silêncio da máquina de oxigênio, foi até a lata de lixo, jogou o pacote e saiu do hospital. Lá fora a brisa carregada de motes para histórias de amor e morte circulava sem muita pressa, com alguma melodia e um tanto assim úmida.
Nelson Moraes, via Inagaki (via Twitter, porque eu acabei de entrar)... Ah, o Nelson também linca pra nós!
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Postado por
Julio Daio Borges
16/4/2008 à 00h21
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