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Terça-feira,
17/6/2008
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Redação
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Bate-papo com Eric Maréchal
É em meio ao caos urbano que Eric Maréchal imortaliza em fotografias uma forma de arte que é, ao mesmo tempo, pública e ignorada. Nascido no Marrocos em 1954, esse francês foi iniciado na fotografia com 10 anos de idade. No entanto, tendo enveredado pela área da informática, jamais fotografou profissionalmente. Mas foi justamente seu trabalho como gerente de sistemas que possibilitou suas freqüentes viagens pelo mundo, sendo estas oportunidades para retratar em fotografia os grafites de rua presentes em cada cidade que visitou, que incluem Paris, São Paulo, Berlim, Pequim, Istambul, Joanesburgo e outras. Durante anos, acumulou mais de 22 mil fotos de murais, muitas das quais estão presentes em seu site, UrbanHearts.
Eric já realizou exposições na Cidade do México, em Paris e em Tóquio. Em 2005, teve um livro de fotografias, Murografismos, editado pela Universidad Autónoma Metropolitana, no México. Em entrevista por telefone e e-mail, Eric Maréchal expõe suas opiniões acerca da arte urbana.
1. Quando foi que o senhor começou a tirar fotos de murais? Houve alguma motivação especial?
Provavelmente, comecei a retratar murais nos Estados Unidos, mais precisamente em Chicago, onde descobri uma parede de 2 quilômetros de extensão chamada Hubbard Street, conhecida por poucos. Essa parede consistia de painéis de mais ou menos 3x6 metros e tinha sido pintada em decorrência de um projeto da juventude local. As cores e os temas nela presentes eram muito atrativos para mim. Isso deve ter ocorrido por volta de 1985 e toda vez que eu me encontrava em Chicago, conseguia visitar essa parede. Também encontrei arte de rua em São Francisco durante a década de 1980. A partir da segunda metade dos anos de 1990, encontrei alguns murais interessantes em Paris. Mas foi apenas em 2001 que desenvolvi um interesse específico em arte urbana, especialmente depois que descobri São Paulo, Rio de Janeiro e a África do Sul.
2. Como o senhor afirmou anteriormente ("Parce que le mot graffiti est trop souvent associé au vandalisme et à la dégradation des murs de nos villes"), o grafite de rua é freqüentemente associado ao vandalismo e à marginalidade social. Como foi a sua interação com as comunidades próximas aos murais?
Nunca encontrei dificuldades para tirar minhas fotos. Pode haver alguma hostilidade (muito rara) se as pessoas de um subúrbio devastado pensarem que eu estou lá para tirar fotos "exóticas". Há muito preconceito em relação aos artistas: eles (por vezes) expressam marginalidade, mas não são, necessariamente, marginais. A maioria não pratica vandalismo de forma alguma, eles são muito generosos e me recebem como se eu fosse um amigo que aprecia seus trabalhos.
A idéia de vandalismo provém da presença quase universal de marcas em forma de pichação que são quase sempre consideradas como uma forma de degradação da propriedade pública e privada. Esses sinais são uma agressão para o cidadão comum que normalmente não procura entender o simbolismo social, as marcações de territórios e as "guerras" de clãs que estão por trás dessas marcas.
Pessoalmente, mesmo reconhecendo o interesse social desses sinais, não estou interessado em fotografar pinturas que, para mim, não representam criatividade, poesia e arte.
3. O senhor também já afirmou que o propósito de sua fotografia é revelar uma arte ignorada. Algum dos artistas que foram retratados em suas exposições ganhou alguma forma de reconhecimento?
Com certeza, as pessoas que foram a essas exposições descobriram e foram tocadas por artistas como Paulo Ito, Os Gêmeos, Bugre e Eymard do Brasil, ou MissTic, Nemo, Speedy Graphito, Mesnager, FKDL, C215 da França.
4. O senhor tem alguma idéia de por que o grafite é quase sempre ignorado pelos grandes circuitos artísticos?
Isso está mudando. Com o tempo, mais e mais publicações, galerias e museus estão reconhecendo essa notável forma de arte contemporânea.
Estou certo de que veremos isso cada vez mais, mas também acredito que ainda há muita "evangelização" para ser feita. E este é o meu objetivo quando mostro a arte de rua do mundo.
5. Navegando pelo seu site e lendo seu livro, pareceu-me que o grafiteiro Nemo estava entre seus favoritos. Pode me dizer por quê? Quem mais figura entre seus favoritos?
Nemo é uma ótima pessoa e um poeta de nossa cidade [Paris], mas ele não está entre os meus favoritos em termos de criatividade. Gosto do que ele faz, mas seu estilo está um pouco congelado em um único modelo.
Meus favoritos são Paulo Ito pelos nus maravilhosos que ele pinta, Eymard pelo seu estilo Modigliani, Bugre pela sua criatividade, Mauro pelo seu expressionismo, e os Gêmeos pelos detalhes impressionantes de seus trabalhos.
Há outros como C215 em Paris, FKDL, Speedy Graphito... A lista é longa!
6. Quanto à arte convencional, o senhor gosta de algum artista ou movimento específico?
Sim, o Surrealismo é meu movimento favorito (Magritte, Delvaux, Dalí...)
7. Já que o Surrealismo foi mencionado... É possível perceber elementos surrealistas em muitos dos murais presentes em suas fotografias. O que o senhor pensa dessa relação?
Concordo, o passado está sempre influenciando a produção do presente. Esses artistas de rua também possuem um repertório de imagens, tanto da sua própria experiência de vida quanto do trabalho de outros artistas, com o qual dialogam constantemente. Pode-se perceber influências de vários movimentos do passado na arte de rua.
8. Algo que notei nos murais é uma espécie de unidade aliada à diversidade. Todos eles parecem falar uma linguagem comum com algumas peculiaridades de cada local. O senhor acredita que o grafite é uma forma de arte verdadeiramente globalizada?
Com certeza a arte de rua é universal, mas cada país tem estilos e temas próprios. No México, por exemplo, os murais têm forte motivação política, o que não acontece com tanta intensidade no Brasil. Parece-me que surgiu uma espécie de comunidade internacional e informal de grafite, fazendo uso do inglês e de variações de um estilo que surgiu nos EUA. Em Paris, você pode encontrar um artista espanhol fazendo murais de estilo americano.
9. Ainda no tema do mundo, das cidades que visitou, tem uma preferida? Por quê?
São Paulo, é claro, pela variedade da sua criação artística e pelo sua atmosfera. Em termos de arte de rua, gosto de São Francisco, Chicago e Nova York... Mas Joanesburgo e Berlim são incríveis também.
10. O termo flânuer é utilizado para designar uma pessoa que tem uma relação especial com o ambiente urbano. Alguém que, fazendo uso de um elemento qualquer da cidade, encontra nela uma lógica mais profunda, como uma sinédoque. Um bom exemplo de flâneur é o poeta Charles Baudelaire. Seu trabalho parece com um tipo de flânerie, o senhor tem esse tipo de relação com a cidade?
Gostei muito do seu comentário. Baudelaire desempenhou um papel essencial na minha educação. Quando tinha 16 anos, seu livro Les Fleurs du Mal me fascinou, e desde então Baudelaire se manteve como meu poeta favorito. Ele me levou por viagens que jamais esquecerei.
Pensando no meu trabalho fotográfico, desenvolvi uma idéia que me levou a um ponto de encontro entre meus interesses, que são a arte de rua, pôsteres rasgados, macrofotografia de portões enferrujados, de pinturas e paredes degradadas e de manequins de vitrine: todos esses elementos fazem parte da poesia urbana, parte de nossos sonhos e fantasias e eu gosto de acreditar que eles são tão essenciais para o nosso espírito quanto o ar que respiramos.
11. E quanto ao futuro, alguma exposição ou livro planejados?
Já realizei duas exposições em Paris e quero continuar expondo por aqui. Mas o que eu gostaria mesmo de fazer é realizar uma exposição na capital mundial da arte de rua: São Paulo!
Gostaria de mostrar a variedade dos grafites fora do Brasil para os artistas brasileiros, para os connaisseurs de arte e, é claro, para o grande público.
A edição de um novo livro também seria bem excitante. Murografismos é um bom livro, mas tenho milhares de fotos novas que gostaria de incluir em uma outra publicação.
Um projeto para o futuro próximo é a apresentação de 20 fotos de murais em Tóquio, no dia 30 deste mês. Já fiz uma apresentação parecida nessa mesma cidade em 2005 e estou ansioso por esta que está por vir. Também espero encontrar novos murais em Kyoto, Tóquio e Yokohama em agosto.
Para ir além
UrbanHearts
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Leonardo Veras
17/6/2008 às 07h25
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projetoavante
Mandei um e-mail ainda há pouco para Pedro Pedroca Pedreira Perazzo convidando ele para um projeto jornalistico literato cronístico esportivo, sei lá, é que essa idéia brotou ontem enquanto eu tomava banho e cantava Caetano e Gal daquele primeiro CD.
O plano é o seguinte: formar um blog com colunistas que tenham como principal desejo utilizar da habilidade de escrever como escape desses gritos de guitarra que vez ou outra solam dentro de cada um.
Não existirão regras. Nem exigências.
Apenas o requerimento de respeitar acima de tudo nossas individualidades, nosso desejo de expor o que queiramos, não de qualquer forma, mas com criatividade, prezando o cuidado com a habilidade da escrita ou da arte em geral (no caso de publicações não textuais). Quero dizer, resumidamente, cada qual fornecendo um olhar idissiocrático das cousas.
Li uma frase um dia desses que a partir de então tenho feito esforço para que meu comprometimento com a arte a valorize: "Minha produção artística visa melhorar a qualidade do desconhecido".
É isso. Topas?
Gabriel Leirbag, convidando para o projetoavante, e lincando pra nós.
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Julio Daio Borges
17/6/2008 à 00h58
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Quixote, Sancho e o GPS
A. de Faria, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
16/6/2008 à 00h39
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Para o dia dos namorados
Como se diz: no amor e na guerra vale tudo. O que mais isso quer dizer? Que o amor é uma espécie de guerra. Então tá.
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Guga Schultze
12/6/2008 às 15h11
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Deriva Eletrônica
Sidney Haddad, em novo endereço, porque ele é fotográfo de verdade.
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Julio Daio Borges
12/6/2008 às 09h59
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Infinitely Fascinating People
I look for something that's new and interesting. A business model that hasn't been tried before is always interesting, even if it's likely to fail. It might give my readers an idea they didn't have before. I like new ideas, even if they're not billion-dollar ideas. Interesting founders -- if you've done something interesting in the past, if you're extremely young or extremely old or from a country that doesn't generate a lot of entrepreneurs or there's something unique about the founder. But if you're a "me too" company, just a small twist on something that already exists, it's unlikely you're going to get written about.
* * *
Some people are drawn to movie stars and rock stars. To me, entrepreneurs are the interesting people in this time and our society because they drive the economy. They have whacked out marginal utilities for risk in the sense that they seem to value risk instead of trying to shy away from it. They tend to walk away from high-paying jobs to do things that are highly risky just because they want to change the world and hope to make some money even though it's very unlikely they will. That's what's drawn me to this particular beat. I love blogging just because it's a direct channel to your readers that's very raw and unfiltered.
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Two-time winners are rare. Part of the reason is the best start-ups generally come from somebody needing to scratch an itch. They have a problem, and they realize there's no solution so they make it themselves. Second-time entrepreneurs usually don't have that second itch. Sometimes they don't have the hunger to prove they can do it, so maybe they don't give all they have. Now, there are exceptions. Marc Andreessen is clearly one. A lot of the Pay Pal guys have done interesting things even though they've already made a lot of money. Steve Jobs, on a much different scale, with Apple, Pixar and NeXT clearly has something. It's very rare, and those people I find infinitely fascinating.
Michael Arrington, agora uma das 100 pessoas mais influentes do planeta (porque eu já falava dele em 2006...)
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Julio Daio Borges
11/6/2008 às 08h43
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Machado de Assis e a Esperança
Era um dia bonito em Santos. Acordei cedo e comecei a pesquisar sobre o Sr. Joaquim Maria Machado de Assis, mais conhecido por Machado de Assis. Precisava pensar em algo para escrever para este Especial, que pudesse transmitir uma mensagem sem ser hipócrita comigo e enganador de leitores (em particular, os "apressados" que iriam pesquisar sobre o maior escritor brasileiro na Internet e se deparariam com o meu texto, citando-o em uma alguma ocasião, causando quem sabe alguma infeliz conseqüência).
Já adianto e explico: não sou especialista nos romances realistas machadianos. Admiro sua linguagem, aprecio sua ironia, mas não posso ir além.
Porém, nobre leitor (bem Machado, não?) você me dá licença para falar sobre uma coisa bonita?
Estava eu sentado na mesa da copa, debruçado sobre livros de literatura e, nos intervalos, lendo os contos de Machado, quando minha sogra me contou, com um ar de orgulho e nostalgia, a força de vontade que seu pai teve para sair de Portugal, emigrar para o Brasil e proporcionar uma vida confortável em Santos para sua família. Narrou-me que seu pai acordava às três horas da manhã e só fazia a primeira refeição ao meio-dia — durante esse tempo trabalhava duro em uma terra desconhecida. Veio por meio de uma carta de chamada enviada pelo seu irmão. Sua filha (minha sogra) nasceu no velho continente, e seu pai só foi conhecê-la quando ela tinha mais de 2 anos, mas, no final, tudo valeu a pena: teve uma família feliz e a certeza de que venceu.
Enquanto ela falava, lembrei da admiração que minha namorada tinha e tem pelo avô. Realmente algo mágico...
Lembrei, também, que eu, igualmente, sinto grande respeito e admiração pelos meus avós (eles ainda serão tema de grandes artigos). Todos fugiram da guerra e fincaram raízes em um país desconhecido, transmitindo seus hábitos e ensinamentos da melhor forma possível: com carinho!
Os imigrantes são parte importante do Brasil e trazem no sangue histórias de otimismo, dedicação e vontade de vencer.
Estes heróis construíram o Brasil e enriqueceram a nossa cultura. Perpetraram, subconscientemente, uma sociedade mais culta e receptiva, para novas idéias e crenças.
Mas o que tem tudo isso a ver com Machado de Assis?
Machado é uma vertente da mesma moeda. Nasceu pobre, fruto de um ex-escravo e uma lavadeira açoriana. Ficou órfão muito cedo e sofria, já na infância, de epilepsia e gaguez.
Ora, tudo isso já é mais do que razão para, pelos deterministas, chegar-se à conclusão que ou viraria "ladrão" ou "office-boy" nos tempos modernos. Talvez, um suicídio. Quem diria que se transformaria em um dos maiores ícones da literatura brasileira?
Ele, como os imigrantes, serve-nos como exemplo, orgulho e modelo a ser seguido. Raça e determinação! Dedicação e oportunismo! São essas as palavras que melhor combinam com o perfil dos verdadeiros heróis brasileiros.
Se tivéssemos uma nova onda de imigrantes e uma nova onda de "Machados", hoje, com certeza, teríamos muito mais esperança!
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Daniel Bushatsky
10/6/2008 às 16h56
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A Lua (1928)
Tarsila do Amaral, no na velocidade terrível da queda, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
10/6/2008 à 00h47
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Música francesa
Ou o ska de Babylon Circus
Quem acha que a França parou no tempo, com as antigas chansons, ou descambou para a parafernália norte-americana de um soul ganido e um rap surrado, não conhece o ska. Bem peculiar, o ritmo é quente e não deixa ninguém parado. Talvez possa ser descrito como uma mistura de rap, reggae e rock, com uma pitada da chanson. Ainda assim, não dá para se ter idéia de como o ska faz a gente sacudir o esqueleto ao mesmo tempo em que veicula letras engajadas e muito bem construídas.
Em 2002, morei em Lyon e tive a oportunidade de conhecer uma das melhores bandas de ska daquele país, o Babylon Circus. Numa daquelas noites de fim de ano absurdamente frias e congelantes, fui a um pub para me esquentar e ver gente. O melhor pub de todos os tempos: L'Abreuvoir, ou numa tradução literal, "O Cocho". Um lugar apertado, rústico, sujo, cheio de gente e muito animado.
Atrás do balcão, três barmen carecas, sem camisa e tatuados por todo o torso, braços e pescoço, faziam performances, encenando dublagens de música, enquanto liberavam chopes e tequilas a toque de caixa. A música, aliás, era o que havia de melhor ali: entre um punk e um rock pesado, tocava "Milord", de Edith Piaf, e todos cantavam. Depois vinha um Zorba, o grego, e outras músicas inusitadas para aquele ambiente hard. Era um barato ver um monte de metaleiro cabeludo abraçado, dançando cancã ou cantando aquelas músicas todas.
Às 3h da manhã em ponto, podia estar o ambiente mais animado que fosse, normas da casa e do país: a música era interrompida, acendiam-se as luzes e um dos barmen tocava um sino, mandando todo mundo para casa. Só para dar aquela vontade de voltar na semana seguinte. Sinto saudades do Abreuvoir. Da minha vida em Lyon, não. L'Abreuvoir foi para mim um lugar de refúgio, catártico, onde todo o estigma da rabugice francesa ficava do lado de fora da porta. Como eu gostava daquilo! Mais autêntico do que o nosso carnaval brasileiro.
Foi no Abreuvoir que ouvi, pela primeira vez, o Babylon Circus. Uma banda de ska lionesa que faz bastante sucesso por lá e em alguns países da Europa. Aqui, infelizmente, ainda é desconhecida.
Senhoras e senhores, com vocês, Babylon Circus!
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Pilar Fazito
9/6/2008 às 10h49
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Morando sozinha II
Quando você mora sozinha, você pode deixar tudo se acumular em bagunça e caos ao seu redor. Eu não faço isso. Não gosto de bagunça e uma casa desorganizada me dá a impressão de que minha vida está desorganizada também. Deixo acumular um pouco os afazeres, mas acabo fazendo o serviço sujo. Nas horas mais esdrúxulas, isso é verdade. Já passei pano na casa à meia-noite, por exemplo. Vou limpando o que deve ser limpo à hora em que me dá na telha (ou na véspera de receber visitas).
O fogão eu não limpo nunca. Nunca! É uma questão de honra, para mim, não limpar o fogão. Até porque quase nunca cozinho (por "Juliana cozinhar" entenda-se fazer macarrão, miojo ou capeletti). Lavo roupa em dia de chuva, jogo água na varanda e deixo ela secar sozinha, mas odeio pia suja, banheiro sujo, lixo se acumulando, coisas fora de lugar. Mas é claro que não sou assim nenhum exemplo de mulher "do lar". Não gosto de varrer (a poeira foge de mim, não sei como usar a vassoura!), não gosto de encher balde d'água e Pinho Brill e sair passando pano pela casa inteira. Quando sou obrigada a fazer isso, molho o pano, encharco com um daqueles desinfetantes cor-de-rosa bem cheirosos, enrolo tudo na vassoura e limpo a casa inteira de uma vez! Ai, não tenho paciência pra ficar nessa de "carrega o balde", "molha o pano", "torce o pano", "enrola na vassoura", "passa o pano" e, no próximo cômodo, repetir a operação. Não, não e não! Tenho coisas melhores pra fazer do que ficar carregando balde, né, gente?!
Bah, mas me dê um limpa-vidros com spray, e um paninho, que eu faço a festa! A-do-ro! Gasto quase tudo de uma vez e só não uso no piso porque eu teria que me abaixar. Mas é o serviço mais gostoso de se fazer! Pena que é caro, senão eu usaria todos os dias. Um treco daqueles é uma arma na minha mão. Uma arma contra o bolso! Dizem que, nos EUA, é fácil trabalhar de faxineira... que as patroas não exigem muito. Será que consigo uns dólares lá só limpando vidros, espelhos, box de banheiros, pias, geladeiras, azulejos? (Sim, eu uso o spray em todas essas superfícies. Ainda há pouco olhei para a máquina de lavar e quase joguei uns jatos de spray nela também, só não fiz isso porque estava ligada e funcionando... Fiquei com medo de levar um choque!)
Ju Dacoregio, no seu blog, que linca pra nós (leia também "Morar só: a melhor coisa").
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Julio Daio Borges
9/6/2008 à 00h35
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