Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
36109 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Infantil VerDe Perto, o Musical Ecológico tem sessão grátis na Estação Literária em Guararema
>>> Larissa de Souza - Simões de Assis
>>> Curso inédito ensina como criar editoras independentes e impulsionar a literatura em Curitiba
>>> “HORIZONTE CERRADO – VIVER NO CENTRO DO MAPA”, NO CCJF, RJ
>>> Coral da USP abre inscrições para novos cantores em janeiro
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Eric Schmidt no Memos to the President
>>> Rafael Ferri no Extremos
>>> Tendências para 2025
>>> Steven Tyler, 76, e Joe Perry, 74 anos
>>> René Girard, o documentário
>>> John Battelle sobre os primórdios da Wired (2014)
>>> Astra, o assistente do Google DeepMind
>>> FSC entrevista EC, de novo, sobre a MOS (2024)
>>> Berthier Ribeiro-Neto, que vendeu para o Google
>>> Rodrigo Barros, da Boali
Últimos Posts
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia par descomplicar a vida moderna
>>> Guia para escritores nas Redes Socias
>>> Transforme sua vida com práticas de mindfulness
>>> A Cultura de Massa e a Sociedade Contemporânea
>>> Conheça o guia prático da Cultura Erudita
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Arthur Bispo do Rosário, Rei dos Reis
>>> O reinado estético: Luís XV e Madame de Pompadour
>>> Outros cantos, de Maria Valéria Rezende
>>> Metade da laranja ou tampa da panela?
>>> O retalho, de Philippe Lançon
>>> Klaatu barada nikto!
>>> Private Equity e coronavírus
>>> Noite de Estrelas
Mais Recentes
>>> Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno; Maria Teresa Horta; Maria Velho da Costa pela Nórdica (1974)
>>> O macaco e a mola (13º edição - 8º impressão) de Sonia Junqueira; Alcy pela Atica (2004)
>>> Os Segredos Dos Super Heróis de Fabio Kataoka pela Pe Da Letra Editora (2016)
>>> Grande sertão veredas de Guimarães Rosa pela Nova Fronteira (1984)
>>> Full Blast! Plus 2 de Malkogianni Marileni Mitchell H.q. pela Mm Publications (2018)
>>> O Cálice Dos Deuses: Série Percy Jackson E Os Olimpianos de Rick Riordan pela Intrinseca (2023)
>>> A Ética Do Rei Menino de Gabriel Chalita pela Rocco
>>> Cartilha Beabá da Informação Edição Especial de Eduardo Lopes pela Anjo11 (2012)
>>> Biologia Para Um Planeta Sustentável de Armênio Uzunian pela Harbra (2025)
>>> Strengthsfinder 2.0 (hardcover) de Don Clifton pela Gallup Press (2017)
>>> Dinossauros Divertidos de Ciranda Cultural pela Ciranda Cultural (2014)
>>> Alzheimer's Disease: Optimizing Drug Development Strategies de Neal R. Cutler, John J. Sramek, Amy E. Veroff pela Wiley (1994)
>>> Segredos do Zohar de Michael Berg pela Kabbalah (2014)
>>> História da Sexualidade I a Vontade de Saber de Michel Foucault pela Graal (1980)
>>> As 7 Benzedeiras E Suas Histórias: Histórias De Mulheres Guardiãs Do Feminino de Débora Kikuti pela Dobra Editorial, (2012)
>>> Brasil: Nunca Mais de D. Paulo Evaristo Arns pela Vozes (1985)
>>> Panoramas Matemática - 7º Ano de Joamir Souza pela Ftd (2019)
>>> A paciente silenciosa (20º edição) de Alex Michaelides pela Record (2021)
>>> Bright Ideas 01 Wb de Cheryl Palin pela Oxford (2018)
>>> Do Que Eu Falo Quando Falo De Corrida de Haruki Murakami pela Alfaguara (2010)
>>> Solutions: Pre-intermediate: Student's Book de Tim Falla, Paul Davies pela Oxford (2012)
>>> Ciências Humanas e Filosofia o Que é a Sociologia? de Luicien Goldmann pela Difel (1980)
>>> Fundamentos De Teosofia de C. Jinarajadasa pela Pensamento (1998)
>>> O Apanhador No Campo De Centeio (the Catcher In The Rye) de J. D. Salinger pela Do Autor
>>> Letras De Carvão de Irene Vasco pela Pulo Do Gato (2016)
BLOG

Sexta-feira, 11/7/2008
Blog
Redação
 
Jabá é sempre jabá

Gente já vendeu sua alma, sua irmã, seu irmão, fantasmas em jarros, seu nome, o filho da vizinha. Estou apenas vendendo o espaço aqui deste blog. Sim, este mísero espaço, onde não tenho o menor compromisso com a verdade, com a ética nem com os bons costumes. Claro! Sem dizer que também não tenho compromisso com a gramática nem com a língua portuguesa, então se forem me citar, por favor não percam tempo enchendo o texto de "sic". Nego nem sabe o que é sic.

Sim, sou um Blogueiro de Aluguel, minha opinião tem preço? Claro que tem! Tudo na vida tem um preço, afinal o fim do mês está ai e todos nós precisamos pagar a conta do Carrefour. Sim, eu adoro receber presentes, como eu disse, só reclama do Jabá quem tá de fora. Mochila, casaco, refrigerante, cesta de natal, iPod, relógio. Jabá é sempre jabá.

Pois então, o jabazeiro clássico é oportunista. Uns vão para Cannes, outros vão para área VIP de shows, outros ganham bloquinhos, outros vão em pré-estreia, outros aceitam patrocínio da lei de incentivo à cultura. Tudo isso é Jabá, menos ou mais institucionalizado. (Me senti o lendário Lobão escrevendo este parágrafo).

Minha alma eu já vendi, uns 20 anos atrás, em troca de um Atari. Mas agora ando precisando de uma TV LCD, um Nintento Wii, um GM Prisma, ingressos para a pré-estreia de Cavaleiro das Trevas, alguns filmes em DVD, ingressos para shows bacanas e uma geladeira USB.

Canetas, bottoms, mousepads, notebooks tambem são aceitos.

Blogueiro de Aluguel, no Blog de Aluguel, que acaba de inaugurar.

Nota do Editor
Leia também "Sobre o Jabá"

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
11/7/2008 à 00h48

 
nosso futuro comum

Somos dependentes da natureza. Nossos corações batem porque um ser vivo na Terra aprisona a luz do sol. O oxigênio de nossos pulmões vem de microsseres dos oceanos. Sem as abelhas, não teríamos comida.

Por que então tanta falta de amor pela natureza, tanta destruição, tanta arrogância?

Este site busca ajudar as pessoas a encontrar respostas para uma série de dúvidas sobre o que está acontecendo no mundo hoje. Através de trabalhos que colaboram para encontrarmos nosso destino de harmonia e paz entre todas as outras formas de vida, entre nós e o planeta.

Algo que nunca fizemos, mas que agora é urgente fazermos.

Hugo Penteado, inaugurando seu blog e me avisando por e-mail.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
10/7/2008 à 00h00

 
Sexpedia

Não sou sexóloga, nem tenho qualquer tipo de especialização acadêmica no assunto, mas como temas relacionados a sexo estão presentes na maioria das minhas sugestões de pauta e matérias (não sou nenhuma maníaca, juro, é curiosidade jornalística-científica pura), o pessoal da redação me incentivou a criar um blog para trocar idéias sobre meu assunto predileto e ajudar a buscar as respostas para dúvidas de todos os interessados em melhorar a vida sexual. Adorei! Um espaço só para falar sobre sexo, em horário de trabalho e com o aval do chefe? Irrecusável.

Fernanda Colavitti, no seu blog, uma indicação do Alexandre Maron.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
9/7/2008 à 00h23

 
Uma criatura

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.

Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.

Pois esta criatura está em toda a obra;
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as forças dobra.

Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.

Machado de Assis, em Toda Poesia.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
8/7/2008 à 00h27

 
Flip 2008 — IV (parte 2)

(Continuação do post anterior).

Machado de Assis voltou ao palco quando do encontro entre a historiadora Lilia Schwarcz (mediadora), o diplomata Sérgio Paulo Rouanet, a escritora Ana Maria Machado e o cineasta Luiz Fernando Carvalho. De todas as mesas da Flip, essa, certamente, era uma das mais conceituadas, tendo em vista o gabarito dos convidados.

Talvez isso tenha causado certo temor em Lilia Schwarcz, visivelmente nervosa ao apresentar os convidados. Isso não a impediu, contudo, de realizar uma introdução que norteou o diálogo entre os autores. Ela falou a respeito da dualidade em Machado de Assis, especialmente tendo em perspectiva os livros Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Na seqüência, Sérgio Paulo Rouanet esbanjou erudição e clareza ao analisar a obra do autor não tanto a partir de outras referências, como a psicanálise, quanto a partir da leitura atenta dos textos machadianos. Aqui, fez alusão a seu mais recente trabalho, o ensaio Riso e Melancolia, comentando de que maneira a obra machadiana diz aos leitores de que forma eles podem interpretar suas referências intelectuais, como Laurence Sterne, Xavier de Maistre, Diderot.

Ana Maria Machado levou o debate para uma seara menos densa, mas não menos importante. A autora questionou o ponto de vista adotado por Machado de Assis a propósito de mostrar Capitu como culpada da história. Ela obteve, ainda, aplausos mais efusivos quando disse que a obra de Machado de Assis deve ser lida no original, posto que é um clássico, além de ter dito que "o professor deve ler os livros indicados também".

Esse posicionamento de Ana Maria Machado reafirmou o ponto de vista do cineasta Luiz Fernando Carvalho. Em determinado momento, o diretor de TV responsável pela série Hoje é dia de Maria foi categórico ao afirmar que "não acredita na idéia de adaptação de uma obra". Para o cineasta, isso é um tipo de assassinato. A respeito de Machado de Assis, Carvalho contou alguns detalhes de seu projeto para apresentar Capitu, atração de TV que se baseia no romance Dom Casmurro e também assinalou a relação entre a obsessão machadiana e a idéia do doente imaginário, personagem de Molière. Além disso, Carvalho ressaltou que não assiste muito à televisão. Segundo ele, uma coisa é ser pago para fazer; outra coisa é assistir. Mesmo no fim da Flip, depois da capitulação dos autores em duas mesas, foi interessante que alguém ligado ao audiovisual tenha dito isso.

Encerramento
Mais de quinze mesas depois, a Flip 2008 chega ao final, assim como esta cobertura feita diretamente de Paraty. A todos, até a próxima!

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
7/7/2008 às 10h04

 
Flip 2008 ― IV

"Os livros que não lemos" era o tema da mesa de abertura do último dia da Festa Literária de Paraty. Eduardo Carvalho, direto do seu BlackBerry, já estava a caminho da estrada de volta para São Paulo, mas a discussão entre o psicanalista Pierre Bayard e o jornalista da Folha de S.Paulo Marcelo Coelho foi pertinente. Bayard atraiu a atenção do público principalmente graças à sua postura, algo irônica e certamente contestadora, a respeito da experiência da leitura. A partir do debate, a impressão é de que muita gente saiu do local com a sensação de que a proposta do autor francês era a de estabelecer uma nova forma de contato com a cultura, com os livros e com a literatura.

Pode-se afirmar, no entanto, que, em se tratando de impacto, nada se compara com a mesa "Folha Seca", que contou com a presença do crítico literário José Miguel Wisnik, do sociólogo Roberto DaMatta sob a mediação do jornalista Matthew Shirts. O tema? Futebol. Então, de repente, havia um auditório praticamente lotado para a discussão intelectual de um tema das multidões. Coincidentemente, há poucos dias, o Fluminense perdeu o título da Libertadores da América em uma partida, no mínimo, épica, com contornos que remetiam aos textos de Nelson Rodrigues.

Entretanto, o debate não era sobre os principais lances desta ou daquela partida. Mais do que tergiversar sobre o futebol de hoje e de ontem, os dois intelectuais, cada qual com sua formação, souberam dar um toque de classe ao apresentarem análises a propósito do significado do futebol para o Brasil e para os brasileiros. Assim, Wisnik mostrou de que forma seu livro Veneno Remédio ensaia um estudo sobre o esporte à luz das principais interpretações do Brasil no século XX. Nesse ponto, observa, Gilberto Freyre é o autor que mais se aproxima de uma interpretação mais bem acabada acerca do significado do futebol para a nação, ao apontar o esporte como democrático. E completou com sacadas do tipo: "o Futebol de Ronaldinho Gaúcho é pós-moderno, porque seus gols são verdadeiras citações literárias a outros mestres do jogo"; ou "O Brasil é um primor na tecnologia do ócio".

Roberto DaMatta, por sua vez, não apenas concordou com a tese de Wisnik, como também aproveitou para arrancar da platéia algumas risadas amiúde suas considerações. DaMatta soube, porém, dialogar à altura, sobretudo ao afirmar que "o Brasil não se realiza apenas no Futebol; do contrário, não estaríamos aqui [numa Festa de Literatura]". Na opinião do sociólogo, o esporte rearranja a questão da desigualdade de formas diversas, sem mencionar a questão da justiça do jogo (um dado que contrasta com a política, por exemplo), bem como o aspecto do mérito que valoriza o desempenho (e não a proteção deste ou daquele). Além disso, para DaMatta, o fato de o Estado não ter tentado (no passado, ao menos) organizar o jogo fez com que o futebol vingasse. Em uma platéia repleta de VIPs, esse discurso não poderia ter sido mais apropriado ― mas Orlando Senna, ministro do Esporte, apareceu lá para saudar os convidados depois.

(Continua no próximo post.)

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
7/7/2008 às 10h02

 
Flip 2008, bastidores III

No último dia de Flip, a sensação é de ressaca (sem dissimulação). É fato que as mesas do dia também foram interessantes; contudo, os jornalistas já começam a fazer a cobertura de maneira, digamos, mais esgarçada. Ao meu lado, um repórter de um renomado jornal carioca acompanha com interesse, via The Guardian, o embate entre Rafael Nadal e Roger Federer pelo torneio de Wimbledon. E a sala de imprensa, que já esteve com o jet-set do jornalismo cultural brasileiro, agora está esvaziada. Do lado de fora, os assessores de imprensa já respiram (e fumam, e bebem) aliviados, como se tivessem completado a jornada.

Paraty em tempo de Flip não é Flip. Que o diga Marcelino Freire. Parece ter sido do blogueiro e autor de Contos Negreiros a iniciativa de instaurar a 1ª Picareta Cultural da cidade. Resultado: às 3h da madrugada, jovens boêmios transformaram um pedaço do centro histórico numa espécie de sucursal da Vila Madalena, com direito a poesia declamada e ode à literatura de gosto duvidoso. Não havia bafômetro, assim como não houve critérios de seleção para os participantes. Este, aliás, poderia ter sido o mote do evento: etílico, sim; elitista, não.

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
6/7/2008 às 17h11

 
Flip 2008 - III (parte 2)

(Continuação do post anterior.)

Na mesa "Paraíso Perdido", às 17h, o holandês Cees Noteboom e o colombiano Fernando Vallejo travaram um interessante debate sobre preferências estéticas, literatura de viagem, ceticismo e visão de mundo. O interessante, no caso, se deu especificamente porque houve certa tensão entre os debatedores, em especial entre Vallejo e o mediador, Angel Gurria, jornalista do Financial Times. Difícil indicar com exatidão quando as rusgas começaram. Mas desde o início da mesa Vallejo se recusou a responder objetivamente o que o mediador lhe perguntava. Irreverente, o Diogo Mainardi da Colômbia, como escreveu Edu Carvalho, fez troça ao falar que não comentaria sobre política, religião e literatura num lugar tão agradável como Paraty, assinalando que a ocasião é para outro tipo de sentimento (felicidade). Gurria tentou, sem sucesso, outras vezes extrair respostas de Vallejo sobre a importância do lugar na sua literatura. Com isso, estabeleceu-se um clima intermediário entre o desconforto e a ironia. O público, que até então aplaudia cegamente a qualquer intervenção dos convidados, ficou dividido. Só alguns cumprimentavam o que o autor de O Despenhadeiro dizia.

Cees Noteboom obteve êxito, no entanto, ao elevar o debate. De fato, o holandês conseguiu catalizar a discussão para algo mais positivo, como quando tratou de sua estratégia de escrita (durante seu processo de criação, escreve 500 palavras por dia); ou quando falou acerca de sua relação com os livros de viagem (para ele, o fundamental é que o escritor viajante apreenda a essência do lugar em que está de passagem); ou, ainda, quando, de leve, ironizou a posição de Vallejo ao afirmar que o mundo também pode ser um lugar agradável. De sua parte, o escritor colombiano ficou isolado, mas, aqui e acolá, encontrou espaço para disparar contra a Igreja Católica ("o Cristianismo é uma empresa criminal, suja de sangue"); contra Darwin ("a Teoria da Evolução não explica muito"); e até mesmo contra os físicos quânticos. Nesse momento, o mediador não resistiu: "Em que você acredita, Vallejo?" Aí, sim, as palmas, efusivas, apareceram. Polêmica à parte, é possível observar uma diferença elementar no processo de criação desses escritores: enquanto Vallejo prefere formar sua narrativa com base na "língua falada transformada em língua literária", Noteboom possui uma relação mais íntima com a escrita, a ponto de, até hoje, escrever com sua caneta Mont Blanc em folhas especiais.

Para o último dia, Sérgio Paulo Rouanet, considerado por muitos o principal intelectual do País, promete fechar com categoria a sexta edição da Festa Literária de Paraty. Além dele, há, também, Pierre Bayard, Marcelo Coelho, Ana Maria Machado, sem mencionar o debate sobre futebol entre José Miguel Wisnik, Roberto DaMatta e Matthew Shirts.

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
6/7/2008 às 11h55

 
Flip 2008 ― III

Sábado foi o dia em que o público esteve mais presente junto dos autores convidados da Flip. E isso se deve não somente ao fato de as palestras terem sido bem conduzidas por parte dos mediadores, mas, principalmente, porque, ao que parece, a audiência realmente esperava pelos palestrantes do dia. O exemplo mais contundente dessa situação, sem dúvida, foi o acontecimento Neil Gaiman. Tamanha era a expectativa, que a mesa de Pepetela quase não foi comentada ao longo do dia nas ruas de Paraty. E próximo das 19h, os atendentes da Livraria da Vila reclamavam, entre atônitos e eufóricos, que um dos livros do autor estava esgotado no estoque.

O que poderia ter dito Gaiman para atrair tanto magnetismo? Falou, entre outras coisas, sobre a relação entre cinema e literatura. Junto com Gaiman, Marcelo Tas (na mediação) e Richard Price tentavam dividir as atenções. Tarefa ingrata. O autor de Sandman conseguiu atrair para esta Flip um público distinto daquele que naturalmente participa de uma Festa Literária. É verdade que Gaiman já esperava isso. Na entrevista coletiva, ele afirmou que, quando da sua última visita ao Brasil, o gerente da Fnac teve de intervir para que a loja não fosse quebrada por fãs que não tiveram seus livros autografados. Assim, ele não deve ter ligado que até as 16h30 tivesse de assinar as obras para os fãs.

A seguir, logo depois do almoço, Contardo Calligaris e Alessandro Baricco fizeram da mesa "Fábulas Italianas" um palco para digressão e, sobretudo, justaposição de imagens e referências que apareciam fora do discurso oficial. Sob mediação de um austero (e bem preparado) Manuel da Costa Pinto, Calligaris e Baricco reconstruíram suas raízes literárias, desmontando com elegância as armadilhas do óbvio ― isto é, a participação nem sempre pertinente do público.

(Continua no próximo post).

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
6/7/2008 às 11h53

 
Flip 2008, bastidores II

O número de notáveis (no caso, celebridades do universo da cultura) presentes na Flip 2008 surpreende. De Maitê Proença a Pedro Malan, passando, claro, pelas proto-personalidades, como Marcelino Freire (descolado, como sempre). Na Tenda dos Autores, os assentos reservados transformam a Flip numa espécie de Ilha Fiscal. Em outras palavras, um lugar em que todas as personalidades precisam freqüentar.

Do lado de fora da Tenda do Telão, uma fila de autógrafos insiste em não diminuir. Neil Gaiman parece ter mais fãs que muitos conjuntos de rock. Aliás, há quem diga, aqui e ali, que seu estilo mais se assemelha a um ídolo pop.

E por falar nisso, os autores, finalmente, estão saindo do armário! Calma lá, leitor. Nada da vida privada, mas, especificamente, sobre a "angústia da influência". Nesta tarde, tanto Alessandro Baricco como Contardo Calligaris afirmaram que suas referências não estão somente ligadas à literatura, mas, também, ao cinema, aos quadrinhos e, nas palavras de Baricco, a todo um repertório de imagens acessível hoje em dia. Por seu turno, Calligaris defendeu a literatura como forma de expressão, sobretudo pela capacidade de dizer o essencial.

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
5/7/2008 às 16h14

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




A Batalha do Apocalipse da Queda dos Anjos ao Crepúsculo Autografado
Eduardo Spohr Foto Original
Verus
(2010)



Paixão - O Brasil De Todos Os Mundiais
Duarte Orlando
Abook
(2013)



Textos Escolhidos Volume 1 Metafísica e História
Ernani Maria Fiori
L&pm
(1987)



Livro Trilha Sistema para Empreendedores de Marketing de Relacionamento Com CD
Obra Coletiva
Eu Black
(2015)



Futebol-arte do Oiapoque ao Chuí
Caio Vilela
Grão
(2013)



Tetraego - Cartilha Poetica
Antonio Carlos Siani
Papirus
(1982)



L'économie des Hydrocarbures
Jean Masseron
Technip
(1991)
+ frete grátis



Os Orixas e os ciclos da vida
Norberto Peixoto
Besourobox
(2016)



Sesquicentenário da Imigração Alemã Foto Original
José Bacchieri Duarte Arerê Vargas Fortes Editore
Edel Ltda
(1974)



Manual de Busca e Salvamento para Navios Mercantes
Minstério da Marinha
Ministerio a Marinha
(1986)





busca | avançada
36109 visitas/dia
1,9 milhão/mês