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Quinta-feira,
2/10/2008
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Redação
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Homens Especiais
Demorei para escrever para este Especial sobre as Olimpíadas porque queria falar de algo mais do que superar limites físicos, mentais, pressões familiares e (UFA!!) ainda da mídia.
Gostaria, na verdade, de escrever aos sobre-humanos. A quem o que descrevi acima é verdade, faz parte, mas não é tudo e, para isso, precisei esperar o fim das Olimpíadas: presenciei e acompanhei o que mais me emocionou, me dando prazer e satisfação: as paraolimpíadas.
Parabéns para a China! Parabéns para os E.U.A.! E um parabéns especial para a Grã-Bretanha!
O primeiro país provou que ter mais de 1,1 bilhões de pessoas importa: foi o primeiro colocado tanto nas Olimpíadas, quanto nas paraolimpíadas.
O segundo demonstrou que os números podem e devem ser analisados de acordo com a geopolítica. Para tanto, sua imprensa afirmou que o que vale em uma competição não é a quantidade de medalhas de ouro, e sim a quantidade total de medalhas conquistadas (raciocínio que concordo em parte, não posso mentir).
Já a Grã-Bretanha, como havia dito, merece um parabéns especial. Um país pequeno, que não usou de artifícios para reler os números como os E.U.A., ficou na segunda posição dos jogos paraolímpicos. Não seria isto uma demonstração de cidadania, a oportunidade de todos se desenvolverem?
Notemos alguns fatos, que, se não têm tanto a ver com o artigo, pelo menos são importantes para a cultura geral (inútil, quem sabe):
As paraolimpíadas foram muito pouco noticiadas, não obstante a força de vontade, a superação e a luta diária contra os mais desconhecidos medos e desafios de seus integrantes.
Enquanto nas olimpíadas os homens querem virar máquinas, nas paraolimpíadas os homens querem virar, simplesmente, homens.
Mesmo um escândalo, que contarei abaixo, não foi capaz de retirar das paraolimpíadas os deficientes mentais. Acompanhe os primeiros e bonitos passos da criação dessa competição:
A primeira paraolimpíada foi realizada em 1960, na cidade dos gladiadores (nada mais emblemático), Roma. Mas sua história é um pouco anterior: o neurologista Sir. Ludwig "Poppa" Guttman realizou uma competição com veteranos da II Guerra Mundial, que haviam sofrido lesões na medula. O enorme sucesso da competição culminou nas paraolimpíadas.
Mas mesmo onde deveria reinar esplendor pela idéia, e a celebração no convívio entre os seres humanos, sem preconceitos ou hostilidades, existe a gana por vencer. Os espanhóis, nas paraolimpíadas de 1980, escalaram no seu time de basquete atletas sem deficiência mental. Pelo menos não foi desta vez que uma atitude isolada e de má-fé prejudicou a festividade, mas na época se pensou tirar a oportunidade dos deficientes mentais de participar da competição pela dificuldade de medição do grau de deficiência. Retomando a linha mestra do artigo, o pouco caso dedicado às paraolimpíadas representa o descaso da sociedade com os deficientes e a pouca sensibilidade que nos rodeia.
A nossa cidadania pára nas vagas preferenciais oferecidas em shopping centers e farmácias, sempre com muita reclamação e desrespeito por parte dos "cidadãos".
Onde está nossa consciência?
Queria viver em um mundo com mais homens e menos máquinas...
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Daniel Bushatsky
2/10/2008 às 12h13
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Isso passa
O mundo eu acho que posso conhecer inteiro. Leva tempo e algumas notas verdes. E eu não vou chegar a conseguir, claro, mas o que importa é que eu vejo o mundo no mapa, no globo, numa representação qualquer — e sei que ele está ali, cheio de umas ruas de terra e um marzão e tal.
A mesma coisa com os livros: se eu quiser, se quiser mesmo, leio tudo. É que eu não quero, mas está tudo ali, contando duas dúzias de bibliotecas enormes. Posso ler as orelhas, por exemplo; ou ver as lombadas.
Taí, vou ver as lombadas de todos os livros, visitando várias bibliotecas em vários lugares do mundo, quase todos — inclusive porque um lugar sem biblioteca, ou é "natureza" (e não tem gente), ou não tem gente, e não tendo gente, me interessa um pouco menos.
Mas acontece que eu tinha uma idéia de conhecer a internet inteira também, porque daria menos trabalho que o mundo e os livros. Portais, jornais e revistas, brogs, páginas do orkut. Mas acho que não vai dar, não.
Quando tenho a impressão, por exemplo, de já ter lido pelo menos um postzinho de todos os blogs brasileiros (os bons), surgem uns dez melhores. Um jornalista irlandês (mentira, não era irlandês, nem jornalista, acho) disse que, em X anos, cada pessoa teria um site, o que é coisa à beça, e nem leva em conta que algumas pessoas têm três, quatro blogs — o que, aliás, é muita sobra do que dizer.
Então, é assim: essa impossibilidade de ver a internet inteira — que não é por preguiça nem por falta de presunção — dá uma canseira, um desânimo de avó ("Ah, meu filho, é tanta coisa ruim no jornal, que eu e seu avô, a gente até desliga a TV na hora do repórter.").
E aí? E aí que continuo achando que a internet é uma espécie de lugar, como a avó aí de cima: "Olha, ele restaurante já tá na Internet!" E é por isso que todo mundo faz essas metáforas de lugar, que nem são tão metáforicas assim: casa, porta, janela, condomínio. E é um lugar que vai crescendo demais, e quase me dá vontade de escrever um romance do Saramago sobre esse lugar que cresce para sempre, onde ninguém morre.
Quanto maior esse lugar-internet, menor o lugarzinho deste blog, que tem a sobrevida do portal e por isso respira. Aí, acontece que essa mistura (internet-mundão e blog-beco) vai me dando uma vontade de nem passar por aqui muito grande, e essa é a razão que compartilho. Só isso.
Bruno Rabin, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
2/10/2008 à 00h16
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Meu tio
meu tio morreu
coisa que sempre impressiona
meu tio morrer
era um tio que sabia o meu nome
que o dizia rindo
coçando o saco
sentados no alpendre
o almoço quase pronto
coisa que sempre impressiona
mesmo que à distância
eu estava na sala
a voz materna me alcançando o peito
não se assuste, ela disse
eu pensando com esforço
quando foi que o vi pela última vez?
mesmo que à distância
coisa que sempre me distancia
alguém morrer
meu tio
André de Leones, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
1/10/2008 à 00h55
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Questionário Amós Oz
E estas são as principais perguntas: por que você escreve. Por que você escreve exatamente dessa maneira. Se você quer influenciar seus leitores. E se quer ― em que sentido tenta influenciá-los. Que função exercem suas histórias. Se você apaga e corrige o tempo todo ou deixa o texto fluir direto de sua inspiração. Como é ser um escritor famoso e como isso afeta a sua família. Por que você descreve quase que somente os lados negativos das coisas. Qual a sua opinião sobre outros escritores, quem influenciou você e quem você não suporta. Aliás, como você define a si mesmo? Como responde àqueles que o atacam, e como se sente quanto a isso? Como esses ataques mexem com você? Você escreve à caneta ou usa um teclado? E quanto você ganha mais ou menos com cada livro? Você vai buscar material para suas histórias em sua imaginação ou na vida real? O que pensa a sua ex-mulher das figuras femininas em seus livros? E por que, aliás, você abandonou sua primeira mulher ― e a segunda também? Você tem horas fixas para escrever ou só escreve quando a musa lhe ordena? Você é um escritor engajado, e, se é, em que causa? Suas histórias são autobiográficas ou ficcionais? E, principalmente, sendo você um artista, como é que sua vida pessoal não é tão movimentada assim? Pode-se dizer que é uma vida pessoal bem quadradinha? Ou ainda há uma porção de coisas sobre você que não sabemos? E como é que pode um escritor, um artista, trabalhar a vida inteira como contador? O quê? Isso é só um meio de ganhar a vida? E, diga, o fato de ser um contador não acaba totalmente com sua musa inspiradora? Ou você tem também outra vida que não quer revelar? Talvez nesta noite você concorde em nos dar pelo menos algumas dicas quanto a isso. E quem sabe poderia nos relatar, resumidamente e em suas próprias palavras, o que exatamente você quis dizer em seu último livro...
Amós Oz, na abertura de Rimas da vida e da morte, seu último livro.
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Julio Daio Borges
30/9/2008 às 18h48
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Como embrulhar peixe agora?
Globo e Estadão estão se esforçando, como mostram suas novas campanhas publicitárias. A idéia é levar levar o prestígio e a credibilidade de suas marcas para a internet, antes que seja tarde. Quanto ao papel... Bem, como vou dizer isso?
É tão difícil para mim. Trabalhei exatos 16 anos em jornal diário, fazendo piada sobre embrulhar peixe, mas achando aquilo o máximo. Não consigo me imaginar, até o fim dos meus dias, sem tomar o café da manhã lendo jornal. Sujando a mão de tinta preta, fazendo contorcionismo para não besuntar o jornal de manteiga.
Mesmo assim, tenho que reconhecer: ler jornal já é coisa de velho. Pronto, falei.
Marta Barcellos, no seu Espuminha de leite, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
30/9/2008 à 00h45
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LEEA
Um espaço para escrever, pensar, ver e ouvir o audiovisual. Assim surge este blog, que audaciosamente chamaremos de revista eletrônica. Aos poucos novos textos serão postados, juntamente com vídeos, imagens, artigos e uma série de outras produções. A idéia é se deixar ver pelo mundo, contribuir para as discussões acerca do tema e desenvolver de maneira lógica, ou não, um trabalho mais coeso e que contemple os mais diversos aspectos do audiovisual.
Do blog do Laboratório de Estudos e Experimentações em Audiovisual (LEEA), que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
29/9/2008 à 00h51
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No country for gentlemen
Fazendo trocadilho com o título de um romance de Cormac McCarthy, é com pesar que venho postar esta pequena nota sobre o falecimento de Paul Newman, um dos maiores atores que este mundo já viu. Ou não, porque muita gente, os mais jovens, na verdade, sequer o conhece.
Não serei hipócrita e dizer que assisti a vários filmes com Newman. Que me lembre claramente, assisti a apenas um, o genial e incompreendido Estrada para a perdição (que tenho em DVD e assistirei novamente hoje ainda), pelo qual Newman poderia facilmente ser indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante, como bem diz o obituário que o IMDB fez para ele.
Conheço mais Newman de vê-lo em entrevistas no programa do David Letterman e no Inside the Actors Studio. E a lembrança que fica é a de um homem gentil, íntegro, talentoso e, por que não, ambicioso, ousado e aventureiro (ele era sócio da equipe Newman-Haas Racing, cujos carros correm na Fórmula Indy).
Outro projeto pessoal do ator é a Newman's Own. Uma linha de alimentos criada com o objetivo de reverter todos os lucros da empresa para instituições de caridade.
"A arte de Paul Newman era representar. Sua paixão eram as corridas. Seu amor eram a família e os amigos. E seu coração e alma eram dedicados a ajudar a fazer o mundo um lugar melhor para todos", disse Robert Forrester, vice-presidente da Fundação Newman's Own, em um comunicado.
E assim a velha guarda vai indo embora, dando lugar a homens sem nenhuma preocupação a não ser eles mesmos. É uma pena. Uma grande e dolorosa pena.
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Rafael Rodrigues
27/9/2008 às 15h20
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Umas e outras
A agenda da gente precisa ter mais de trezentas e sessenta e poucas páginas para agüentar tudo o que acontece. Estou me sentindo um ioiô ultimamente, indo de um lado para outro, atrás de coisas que me seduzem a ponto de me fazerem viajar.
Na semana retrasada era Recife, onde aconteceu o II Simpósio de Tecnologias na Educação, na UFPE. Perdi logo a conferência do holandês Theo Van Leeuwen, mas valeu assim mesmo. A despeito disso e para compensar (ultrapassando), conheci gente bacana de variada índole, como, por exemplo, meu top hit de citações, Marcelo Buzato, que tem tratado, de um jeito inteligente e consciente, de inclusão digital.
Na semana passada, saí em direção a São Paulo para assistir a uma Jornada de Editoração na USP. Enfim, fico conhecendo o rosto simpático do José Muniz Jr., que ajudou a organizar o evento que tratava da edição de textos e dos profissionais que mexem nisso para ganhar pão, entre outras coisas. Da professora Maria Otília Bocchini ganhei o livro Para escrever bem, editado pela Manole em branco e verde e adotado pelo curso Abril. Este não me escapa. A professora Otília, há decadas, vem falando, com consistência, de como tornar um texto acessível, coisa que muita gente deveria fazer.
Semana que vem é a vez do 3º Salão do Livro de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. Lá, eu e Sérgio Fantini vamos falar sobre o tema "Internet emburrece?". Ainda estou pensando na resposta. Não tenho opinião formada...
Na outra semana é Brasília, onde me espera uma reunião ainda sem pauta. Depois, em Belo Horizonte mesmo, a Semana de Ciência e Tecnologia, o simpósio de sociointeracionismo discursivo que trará Bronckart e outros bambas para a capital mineira. Neste dia 30, agorinha, o Marcelino Freire, no Museu de Artes e Ofícios, em um oferecimento do José Eduardo Gonçalves. E ainda, na semana passada, a noite com ele mesmo e com Sérgio Fantini falando sobre projetos culturais, no auditório master do Centro Universitário UNA. E eu não terminaria este post nunca se fosse falar o resto. O convite, implicitamente, está feito, ao menos para o que está por vir.
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Ana Elisa Ribeiro
27/9/2008 à 00h23
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Ceremony, pelo Radiohead
Uma dica do Marden Müller, cujo blog linca pra nós.
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Julio Daio Borges
26/9/2008 à 00h26
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Quando Ana me deixou
Ana me deixou — essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos — e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou — e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo — esse espaço branco sem Ana — de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.[...]
Caio fernando Abreu, no blog da Carlota de Bourbon, que eu acabei de encontrar.
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Julio Daio Borges
25/9/2008 à 00h29
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