Faz mais de duas semanas que Michael Jackson está morrendo diariamente. Digo isso porque, apesar do memorial televisionado globalmente, que deveria ser a cerimônia final de adeus dele, o mundo não está deixando MJ morrer.
Começa pelos tablóides, que ainda publicam várias vezes ao dia notícias sobre a suposta causa da morte. Ainda vão fazer isso por um bom tempo, levando-se em consideração que os exames toxicológicos ainda vão levar mais de quinze dias para sair.
Continua pelas intermináveis homenagens que são anunciadas diariamente. Recentemente foi o Iron Maiden, que disse que fará um álbum em homenagem a MJ (se é que isso não foi um hoax; Iron Maiden e Michael Jackson?).
Há poucos dias assisti a um vídeo do aniversário dos filhos de MJ no YouTube. O link veio de uma comunidade sobre o Nine Inch Nails no Orkut, onde não se fala mais de NIN, mas sim da morte de MJ.
Nunca fui fã de MJ. Achava a aparência dele assustadora depois de tantas plásticas. Achava o comportamento dele bizarro e, ainda que não acreditasse que ele fosse pedófilo (porque nunca acreditei), achava que ele era ingênuo o bastante para permitir circunstâncias que pudessem fazer com que alguns mal-intencionados tentassem tirar o dinheiro dele em processos milionários.
O único MJ que morava na minha memória era um perdido no tempo, quando ainda era negro e não tinha se branqueado por conta do vitiligo (sim, eu acredito no vitiligo, vi fotos que mostram as manchas), tinha um bonito nariz africano pouco tocado por plásticas e que cantava e dançava com muito talento.
Esse MJ morreu há décadas e só existe nos videoclipes.
O MJ dos últimos tempos eu não sei se posso dizer que conhecia. Vi muita coisa nas últimas semanas - porque não se fala de outra coisa -, e eu queria aproveitar a ocasião para relembrar sucessos que acompanhei e para conhecer outras faces do artista.
E acho que vi o suficiente para formar uma opinião própria. Não é meu músico favorito, era um dançarino espetacular e definitivamente não sabia gerenciar sua própria vida.
Hoje morreu Michael Jackson de novo. Estão falando que o caixão de ouro estaria guardado temporariamente numa cripta de um dos donos da Motown, esperando o destino final.
Hoje morreu Michael Jackson de novo. Falaram sobre as drogas que ele tomava, rolaram acusações para lá e para cá e mostraram novamente o pungente vídeo da filha dele chorando e dizendo que amava o pai.
Hoje morreu Michael Jackson de novo. Amanhã ele vai morrer outra vez. Porque ficar falando de MJ está ajudando a vender jornal, a vender discos, a vender possíveis shows de homenagens ou de revivals.
Vamos ver até quando vão matar MJ diariamente. Vamos ver que dia vão deixar ele realmente morrer em paz.
Aconteceu neste último final de semana (dias 11 e 12 de julho) o 31º Festival das Estrelas na Liberdade, o conhecido bairro oriental de São Paulo. Com comidas típicas, trajes típicos e músicas típicas, a maior festa tradicional do Japão no Brasil não se abateu diante da chuva torrencial do sábado e seguiu o domingo com sua programação normal.
O Festival das Estrelas, ou "Tanabata Matsuri", é a festa que relata a lenda da princesa Orihime e do jovem Kengyu, que se apaixonaram e passaram a viver apenas deste romance, negligenciando seus trabalhos. Como punição, o pai de Orihime decidiu separar os dois, colocando-os em lados opostos da Via Láctea, como estrelas. Entretanto, vendo o sofrimento de sua filha, o pai permitiu que o casal se encontrasse uma vez por ano, desde que eles atendessem a todos os pedidos feitos pelas pessoas da Terra nesta data. É por esta razão que se penduram pedidos em arranjos de bambu colocados ao longo das ruas Galvão Bueno e dos Estudantes.
Para ir além
O evento acontece todo ano na Praça da Liberdade, entre as ruas Galvão Bueno e dos Estudantes ― Site oficial: Associação Miyagui Kenjinkai do Brasil
Tendo alcançado a marca de 150 mil espectadores, o circo Roda Brasil apresenta seu espetáculo Oceano até 2 de agosto no Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda, em São Paulo.
Para ir além
Memorial da América Latina ― Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 ― Preço: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia) ― Duração: 100 minutos (com intervalo de 10 minutos) ― Classificação etária: Livre ― Estacionamento: Portão 04 ― Preço: R$ 5,00 ― Acesso facilitado para portadores de deficiência física ― Site oficial: Circo Roda Brasil
Era perceptível que ele tinha problemas mentais. Bastava entrar no seu blog. E confirmar pelo seu último livro, Todos os cachorros são azuis. Aliás, ele me enviou autografado. E, embora eu não tenha gostado, vou guardar como uma relíquia agora.
Eu conheci muitos escritores problemáticos nestes meus anos de publisher na internet. E imagino o que a família e outras pessoas mais próximas devem ter passado. Genialidade e loucura não convivem apenas numa fronteira tênue, mas sim numa alternância de estados que pode destruir igualmente a vida de outras pessoas.
Numa época pensei em entrevistar o próprio Rodrigo, perguntando, justamente, como era abordar poetas contemporâneos em entrevistas. Cheguei a mandar um e-mail, querendo conhecer seu trabalho, mas logo vi que oscilava muito em qualidade e, por força das demais obrigações, acabei desistindo da empreitada.
Um tempo depois, Rodrigo me enviou seu Cachorros Azuis. É um bom título, mas não consegui avançar muito na sua prosa poética. Fiquei sem graça de falar isso para ele, mas deve ter percebido... pela minha ausência de feedback. Eu gostaria que o livro fosse bom, porque ele merecia uma entrevista, mas lamentavelmente não me fisgou.
Pelo que li do Claudio Daniel, Rodrigo era um compulsivo — e eu conheci outros compulsivos na internet também. Como existem muitos canais para se publicar, o sujeito se distribui em dezenas de formatos, dispersando sua energia, e oscilando, na qualidade, assustadoramente. A internet talvez não seja mesmo a principal morada da serenidade.
Para terminar, lamento, ainda, que não tenha gostado tanto da entrevista que Rodrigo fez comigo (assim como gostei de outras, de épocas passadas). Não pelas perguntas em si, que eram OK, mas pelas minhas respostas — porque talvez eu não estivesse numa hora para falar de literatura, ou de aspectos "literários" do Digestivo. Mas fiz questão de lincar a entrevista no meu CV, e de indicar o nome do Rodrigo, porque era um entrevistador que eu admirava — e me sentia lisonjeado por fazer parte de seu "panteão"...
Agora, imagino que alguém deva recolher sua vasta (e desigual) produção, a fim de que possamos chegar a uma avaliação mais precisa da obra de Rodrigo de Souza Leão. Que eu saiba, é o primeiro poeta contemporâneo que morre. Talvez marcando o fim da inocência da Geração 90 (da literatura) e da Geração 00 (da internet). Rodrigo fez parte das duas, penso. Um personagem que, como tantas vezes, pode interessar mais que seu autor...