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Sexta-feira,
18/3/2005
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Redação
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Qualidade de vida
Qualidade de vida... taí uma coisa que eu não sei o que significa. Nunca acordei bem disposta às 7 da manhã e fui passear com o cachorro na avenida. Café da manhã completo?! Sim, nas poucas vezes que me hospedei em hotéis razoáveis e, diga-se de passagem, não perdi o horário do serviço. Terapia, exercícios físicos, massagem e alimentação balanceada?! Passou longe de mim. Oito horas de sono tranquilo e contato constante com a natureza?! Bom, eu tenho um jardim em frente a minha casa...
Desde que minha rotina virou essa correria, perdi o fio da meada. Não tenho o tempo que gostaria para dedicar aos meus textos, minha alimentação é risível (à base de sanduíches, chocolates e sucos químicos), minhas contas são pagas sempre depois do vencimento e meu sono é tão conturbado quanto banco em véspera de feriadão. Começo a entender o sentido das palavras "caos" e "desordem". Rezo todos os dias para que a sexta-feira chegue logo, mas não me dou conta de que o tempo voa e escapa.
Aí eu pergunto: quem tem qualidade de vida, afinal de contas?! Quando eu não acumulava atividades fixas depois das 18, também não levava uma rotina mais saudável do que agora. Ia para casa dormir ou assistir seriados e, durante os intervalos, me empanturrar de salgadinhos e refrigerantes. Dormia mais, mas não necessariamente descansava mais. Tinha mais dinheiro, mas não gastava o dito cujo da maneira mais apropriada.
E então você sai na rua, inspira monóxido de carbono para expirar desgaste. Qualidade de vida?!
Mariana T., no Press Release, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 11h06
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Avis rara hoje no jornalismo
Há bons jornalistas culturais na ativa, como Sergio Augusto, Ruy Castro, João Máximo, Antonio Gonçalves Filho, Luiz Zanin Oricchio. Há colunistas polêmicos e muito lidos como Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi. Há jovens como Michel Laub, Marcelo Rezende, Cassiano Elek Machado. E há textos bons em sites como www.nominimo.com.br e www.digestivocultural.com.br. Fora do jornalismo cultural, para mim o grande jornalista brasileiro, repórter de primeiríssima e agora historiador, é Elio Gaspari.
Daniel Piza, há um certo tempo - que eu deixei para citar e que acabou passando. Num site que eu não conhecia, o Sanatório da Imprensa. (P.S. - Estou arrumando meus favoritos...)
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 10h10
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Rhyme and reason
At that magic moment [the 1960s], professors specialising in poetry criticism had stratospheric reputations at the major universities. But over the following decades, poetry and poetry study were steadily marginalised by pretentious "theory" - which claims to analyse language but atrociously abuses it. Poststructuralism and crusading identity politics led to the gradual sinking in reputation of the premiere literature departments, so that by the turn of the millennium they were no longer seen, even by the undergraduates themselves, to be where the excitement was on campus. One result of this triumph of ideology over art is that, on the basis of their publications, few literature professors know how to "read" any more - and thus can scarcely be trusted to teach that skill to their students.
Camille Paglia, "a veteran of the vibrant 1960s poetry scene", no Telegraph.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 09h50
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Que vestido liiindo, o seu
Aconteceu com um amigo que evidentemente não pretendo entregar quem é. A gente tava bebendo como fazemos todas as noites. Esse amigo já havia entornado várias. (...) Um outro amigo tava lá com sua garota. E ela tava usando um vestido de verão, bastante confortável, acredito (pra ela). Ela tava à vontade, com as pernas cruzadas e trocando idéia com toda a rapaziada na mesa. Mas esse amigo não tava aguentando. Ele então olhava para as pernas dela e falava malemolente e com o babador vencido: "Que vestido liiindo o seu". E ela fazia de conta que não tava ouvindo e a gente continuava conversando. Mas ele insistia e voltava à carga: "Que vestido liiindo o seu". Ela continuou se fazendo de desentendida. A gente resolveu ficar também na discrição. Mas o nosso amigo insistiu. Pelo menos mais umas cinco vezes. Já tava parecendo um mantra. Depois das cinco vezes já citadas e ainda não percebendo que sua investida não surtia o menor efeito, ele voltou a repetir: "Que vestido liiindo o seu". Ela então sem sequer olhar direto pra ele e completamente blasé, desferiu o golpe fatal. Ela disse quase que casualmente: "Ai, tá bom, qualquer hora dessas eu te empresto".
Mário Bortolotto, o único blogueiro que eu leio.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 09h40
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Vol-tei!
Novas gírias para o próximo Fashion Week:
* megamegamega: "(...) Austrália, aquele lugar megamegamega (...)"
* luzes!: "Isso tudo é passado! No presente: luzes!"
* megafófis: "Novos casais se formaram e estão megafófis..."
* superglam: "Foi um desfile! Superglam!"
* look acordei-e-vim: "Os cabeludinhos do CA adotaram o look acordei-e-vim (...)"
* megahype: "Os looks são sempre super versáteis e surpreendentes. Megahype"
* fofitos: "E as meninas podem comprar aqueles penduricalhos fofitos, de amarrar no celular"
* dar um up: "O acessório errado pode arruinar a mais inspirada combinação de peças e o certo pode dar um up naquela roupinha básica"
* supermegaglam: "Já estou vendo os buxixos quentíssimos que estarão na página mais supermegaglam (pronuncie em inglês)!"
* smack, fófis!: "A festa mais cheia de glitter! Um luxo! Smack, fófis!"
Lady Say, colunista de O Visconde, que será a próxima Erika Palomino ou a próxima Gloria Kalil ou simplesmente o próximo super-hiper-mega-hype...
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 08h23
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De olho neles
Não entendo escritor em casulo, trancado no seu canto. Gosto de encontrar pessoas, movimentar o movimento. Escritor em redoma só serve para peidar. Eu gosto de compartilhar. Tenho isso comigo. E o pessoal acaba me procurando. E eu acabo procurando o pessoal. Vou na corrente.
* * *
Fico me roendo quando vejo um escritor talentoso, um artista qualquer, sem espaço para mostrar o seu trabalho. Ajudo no que eu puder. Divulgo por aí. (...) Eu quero saber o que é preciso fazer. Unir as forças, entende? Já disseram que (...) eu deixo de pagar a minha conta de luz para acender uma luz no fim do túnel. E deixo, sim.
* * *
Tem coisa melhor do que tomar cerveja? Fazer a roda rodar? É aí onde está a verdadeira vida literária, entende? (...) A gente faz a festa. Por isso que a FLIP deu tão certo. Porque é uma festa, entende? Está na hora de jogar fora o que há de solene nas letras.
Marcelino Freire, em entrevista ao Portal Literal, onde inaugura uma coluna amanhã.
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Julio Daio Borges
17/3/2005 às 12h28
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Crise dos 40
Em um dos meus acessos hipocondríacos, identifiquei-me com tudo de ruim que a crise dos 40 possui.
É, 40.
Na crise dos 20, as pessoas têm ataques de revolta gratuita. Essa é a fase na qual as garotas resolvem andar sem sutiã para protestar contra o machismo e o capitalismo, enquanto os moleques descobrem o punk, a galeria do rock e Che Guevara. Eu era assim com 15 anos. Um revoltado-wannabe. Um palerma juvenil. Mas o trabalho me salvou. Não tinha muito tempo para perder com isso.
A crise dos 30 é mais romântica. Tem um quê de filosofia. O filme High Fidelity (Alta fidelidade) é uma ótima referência sobre este período. É uma época em que fazemos o balanço de nossas vidas. Juntamos os prós e os contras para trilhar os rumos finais. Eu já pensei em tudo e já adiantei a lição de casa. Agora espero o próximo round.
E esperar é sempre complicado. É sempre chato. Acaba sendo um jeito forçado de reavaliar nossos conceitos.
O primeiro conceito derrubado foi o de realização profissional. Houve um tempo em que eu acreditei nisso aí. Hoje não passa de uma má recordação. Tornou-se incompatível comigo. Minha personalidade ficou rasa demais para eu inflar meu ego com conquistas profissionais. Sinceramente, só trabalho por dinheiro. E se pudesse, passaria o dia deitado no sofá, lendo qualquer coisa.
Algumas outras características da crise dos 40 são mais visíveis e não se limitam aos meus conceitos. Passei, na adolescência, de extrovertido-boboca para introvertido-anti-social e agora não sou nem um e nem outro. Tornei-me um observador mais palpitante. Acredito que neste ponto evolui. Diante da crise dos 40, encontrei um meio termo entre o errante e o "acertivo". Encontrei a mediocridade. Tornei-me alguém melhor. Só espero que nenhum médico me desminta.
Eduardo Phillipe, no seu Excentricidades, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
17/3/2005 às 12h07
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A vida mais ou menos
Várias vezes eu frequentei fóruns e algumas vezes eu fui moderadora. Como moderador, você pode ver os IPs e saber quem é quem. É impressionante. Algumas pessoas criam cinco, dez identidades diferentes para postar no fórum elogios e textos concordando com elas mesmas, numa tentativa de impressionar a audiência com a popularidade que seus comentários atingem e fazer parecer que são inteligentes e articuladas... em bom português, uma maluca conversa esquizofrênica entre alteregos virtuais. E muita gente acredita, debate e discute, sem saber que está falando com uma única pessoa, multiplicada em vários apelidos.
DaniCast, no MadTeaParty ontem, comentando um texto meu.
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Julio Daio Borges
17/3/2005 às 10h27
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Nada a comemorar
Sinto muito decepcioná-los, mas a data de ontem [15 de março de 2005] não merece comemoração. Não é marco de democracia alguma. Muito pelo contrário. Há 20 anos, dois senhores chegaram ao poder sem eleição direta. Às custas de barganhas políticas e acordos "de lideranças", o que no Brasil é sinônimo de troca de favores. Não reconheco valor algum em insetos da estirpe de José Sarney que em vários canais de TV no dia de ontem se auto proclamou o cara que "abriu os poços artesianos" da democracia, no seu estilo poético sempre farto em mau gosto.
Marcelo "Ernesto Varela" Tas, bravo como nunca, no Blog do Tas. (E pensar que eu o encontrei ontem, na fila do Vivo Open Air...)
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Julio Daio Borges
17/3/2005 às 10h14
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Carta ao pai morto
Pai,
amanhã, dia 22 de agosto, é seu aniversário. E você está morto. Pela primeira vez você aniversaria, estando morto. Isto quer dizer: você, em verdade, não aniversaria, você está além do tempo, fora dele, imerso na eternidade. Você, que já morreu, isentou-se do tempo, não aniversaria mais, nem morre mais. Você está maduro, cumprido, completo, além da sorte, do rumor do mundo. Eu me lembro de você, com carinho, ternura e tristeza. Eu, ainda tecido de tempo, eu que morro a cada dia, me lembro de você e de seu aniversário. Você, nascendo, inaugurou a possibilidade de que eu nascesse. Você, nascido, me precedeu, e agora sucedo a você, e me lembro de você, por você, em seu nome. É possível que você precise desta minha lembrança — pequeno ramo de flores que ofereço a você, por você e para você, substituto que sou de você, cuja chama viva continua a viver em mim: você está no reino da imemória, e o seu calor passou para as minhas mãos, para que eu me lembre dele, e o honre. Precedido por você, sucedendo você, plantei, por minha vez, as sementes das árvores que, já nascidas, me sucedem e me sobreviverão. Quero honrar sua memória — e sua vida. Quero que o seu aniversário seja, mais uma vez, o dia do compromisso meu com você: de que eu assuma a minha vida e a minha liberdade. De que eu seja fiel ao que de melhor for vivo em você. Assumindo minha vida e minha liberdade, sou fiel a você, à chama que você me legou, à vida que tenho e que, sem você, seria impensável. Prossigo, por mim, por você, por todos os que nos antecederam, por meus filhos e pelos que me sucederem, por todos os homens, a minha caminhada. Que ela seja corajosa, bondosa, firme. Que eu tenha as coragens que faltaram a você, os gestos libertários que seus braços não puderam esboçar. Que você se sinta mais livre e mais vivo, em mim. Que eu leve, mais longe, a vida que você me legou. Que eu salve você, dentro de mim, que eu esteja, em mim, bem vivo para que você — que eu continuo — fique bem vivo, livre, humano e profundo, em mim, por mim, por você, por todos.
Te amo, pai.
Hélio Pellegrino, em homenagem a Braz Pellegrino, no livro que Antonia Pellegrino organizou.
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Julio Daio Borges
17/3/2005 às 09h13
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