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Terça-feira,
22/3/2005
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Redação
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O site da cultura brasileira
Navegando pelas ondas virtuais, abrindo para os viajantes de todo o mundo um porto seguro da Cultura Brasileira. Estaremos modulando arte com muito amor 24 horas (...).
Os arquivos de textos estão prontos, ou quase, e podem ser acessados em português, e já estamos trabalhando para disponibilizar em inglês e espanhol.
Essas páginas representam um resumo de assuntos culturais. Você vai poder pedir em breve, através de cadastro pessoal, informações mais detalhadas por e-mail (...).
Por fim, estamos finalizando a página do Fórum de Debates, que em breve estará disponível. Nele você vai poder discutir e fazer reflexões sobre a cultura brasileira, não só nos limites das artes culturais como artesanato, livros, discos, pinturas, instrumentos musicais, dança, circo, teatro, plásticas, mas fundamentalmente cultura como instrumento de transformação social (...).
Tomem logo seus lugares, juntos vamos retemperar a saúde de nossa alma brasileira!
Brasil Cultura, que, em algum lugar, linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/3/2005 à 00h00
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Essa menina
Vai querer? Cinqüentinha. Trepo legal pra caramba. Treze anos, antes que tu pergunte. Pareço menos, né? Teve um cara que me deu dez, mas tava bêbado e vesgo. Tu vai me cagüetar? Hein? Fala, coroa... Vai me entregar? Tá balançando a cabeça. Não gosta de falar, né? Tô entendendo. Tu pode falar o que quiser e também não falar se quiser, só não vale sermão, sacou? Teve um cara lá onde eu morava que passou uma semana mudão. Todo mundo fofocava. De repente, ele deu um chute na porta de um barraco, e não sobrou neguinho em pé. Passou fogo geral. Olha eu brilhando, viu? Foi o farol do carro que passou, meu chapa. Mas diz... vai querer? Sou limpa, tomo banho todo dia lá no posto, os caras deixam, mas de qualquer jeito tu vai usar camisinha, valeu? Não vai pegar nada porque eu não tenho doença, tô há pouco tempo na zona, fodia mesmo era com o pessoal lá de casa, mas sabe como é, depois saltei fora. Faz tempo que não pinto lá. Larguei o barraco. Já não deve ter ninguém vivo. É gente morta no meio da subida todo dia. Agora sou menina de rua. De Copacabana. Chique pra caralho, né? Gosta de rap, hein, gente fina? Vai ficar aí me olhando, chapado, diz logo senão vou me mandar. Tô cobrando alto? Tô cobrando legal, né? Tem menina aí tirando o dobro. Assaltaram o pau dos caras. Foda é diversão. Uma vez, na hora de gozar, um cara começou a gritar: ai, minha mãe!... Me esculachei de rir, e ele me olhou por cima dos olhos. Fiquei com medo de virar paçoca nas patas dele. Mas vai, fala, tô te explorando? Um galo, cara. Diz... Faço por quarenta, pronto, e não se fala mais. Vamos lá? Gostou da minha saia? Roubei de uma loja; moleza. Ela não roda que é pra grudar nos utensílios, tá sabendo, né, malandro?... E das minhas pernas? O que tu achou? O pessoal diz que é roliça; é o que rola, né? Tu acha que meus peitos vão crescer? Tô cansada dessas bostinhas... Valeu a balançada de cabeça! Eu trepo pelos ares, sabe qual é? Vou mostrar quando chegar lá. Vôo parapélvico, tá na moda, já viu? Faço cada pirueta legal, foda de bailarina, padedê, me ensinaram quando viram a minha evolução. Tu vai gostar, eu empolero legal. Teve uma vez que custou, mas também eu tinha cheirado. O cara dizia para eu descer e eu lá em cima dos joelhos dobrados dele, me equilibrando, tentando dar um mortal. Brilhei outra vez, sacou? Manero, né? Mas e aí? Não vai dizer nada? Tá me olhando assim por quê? Ih, de repente, zoou no meu ouvido: tu é tira? É veado? Fala aí, ô meu... Já tô perdendo muito tempo... Tempo é dólar. Já dava pra ter dado uma bimbadinha... O que eu faço com o dinheiro? Como é que eu advinhei que tu queria saber, né? Foi teu esfrega-esfrega dos dedos. Dou a grana pro meu irmão, ele compra o pó e eu fico com a rapa. Daí, com a rapinha, eu fico pancadona. Então vou sozinha lá pra praia, me deito, e fico toda langostosa na areia. Ninguém advinha o meu jeito de ser feliz. Comida e roupa eu roubo ou ganho. Sabe que tem muita madame beneferenta por aí, befemerenta, perebenta, sei lá como se diz... Mas aí, cara, tu ainda não decidiu? Tu é brocha? Ou prefere garoto? Voltou a balançar a cabeça, hein? Tu gosta de falar por ela, né? Balança sim, balança não. Prefere coroa? Qualquer mulher serve, né? E aí? Vamos lá! Meu irmão tá me esperando, tenho que passar a grana pra ele. Não posso demorar, ele tem sopro na cabeça. Tu nem calcula. Outro dia ele teve uma viração que eu nem te conto, cara. Levei uma coça que tô até hoje com os dedos do pé extraviados. Ele sempre começa a bater por baixo, por isso meu pé tá nesse estrago. Ah! Mas como é que isso não cruzou minha idéia?... Tu deve ser gringo! Não deve ter entendido porra nenhuma do que eu falei... Dou na minha cara, sim. Mereço uns tabefes. Que que tu tá mexendo no bolso? Vai pintar sujeira, meu camarada? Papel? Pra quê? Tá escrevendo. Veja só. Quer que eu leio? Claro que sei.
Tu é mudo... Legal... Como é que tu faz na hora de gozar? Trintinha, vamos lá!
Livia Garcia-Roza em Restou o cão.
(Porque hoje este blog está pornográfico...)
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 15h28
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The Book Stops Here
Four years ago, a wealthy options trader named Jimmy Wales set out to build a massive online encyclopedia ambitious in purpose and unique in design. This encyclopedia would be freely available to anyone. And it would be created not by paid experts and editors, but by whoever wanted to contribute. With software called Wiki - which allows anybody with Web access to go to a site and edit, delete, or add to what's there - Wales and his volunteer crew would construct a repository of knowledge to rival the ancient library of Alexandria.
In 2001, the idea seemed preposterous. In 2005, the nonprofit venture is the largest encyclopedia on the planet. Wikipedia offers 500,000 articles in English - compared with Britannica's 80,000 and Encarta's 4,500 - fashioned by more than 16,000 contributors. Tack on the editions in 75 other languages, including Esperanto and Kurdish, and the total Wikipedia article count tops 1.3 million.
Daniel H. Pink na Wired.
(Porque mais e mais pessoas têm me falado sobre isso...)
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 12h56
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Por que eu tenho um blog?
Porque me dá a obrigação - e eu não faço nada se não estiver sendo chutado e arrastado - de escrever e articular idéias. Originalmente, era sobre cinema e literatura, mas leituras sobre política foram ganhando preponderância.
Porque o meu blogroll substitui o uso de bookmarks. Já imaginaram perder tudo aquilo após um problema com o HD?
Porque assim registro idéias para uso futuro. É fácil esquecer de algum lampejo sobre um filme, perder links de artigos. Creio que é por isso que muita gente anda gostando tanto do StumbleUpon (veja o meu se não sabe o que é), mas as vantagens do SU são bem diferentes das de um blog. Impossível trocar um pelo outro.
Notem que nenhum dos três motivos envolve você, leitor. O que nos leva ao meu verdadeiro motivo de ter um blog: é porque sou compulsivamente egocêntrico e egocentricamente compulsivo.
Cisco Costa, em Filisteu.
(Acho que uma dica do Pedro Doria, na revista da Folha; porque eu continuo arrumando meus Favoritos...)
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 12h27
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Breve biografia
Nasceu em São Paulo, Brasil, no dia 24 de setembro de 1978, tem 26 anos. Estudou no Colégio Santo Américo, e depois ingressou nos cursos de Economia, na Fundação Armando Álvares Penteado, e de História, na Universidade de São Paulo (ambos não concluídos). Em 1998, foi para Paris, estudar o Cours de Civilization Française, na Université de la Sorbonne. Trabalhou como administrador de empresas na Yanco (empresa de tecnologia e automação comercial), e como jornalista e colaborador, na revista Question. Publicou o primeiro romance, Isabelle (Editora FTD), em dezembro de 2002, quando tinha 23 anos. Tem cinco romances inéditos, que pretende publicar: New York, New York, Claramente, Ida e Volta, Relato de um Surto e O Biscoito de Proust.
Do Denny Yang, que me mandou um Comentário e que publicou uma novela na internet.
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 11h14
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Aquele apoio
Sim, estou recebendo aquele apoio do meu pai. Tipo, olhares um tanto que atravessados, super jóia. Isso que foi só minha primeira vez pra valer, tipo, perdi minha virgindade vestibulística em 2 vestibulares, e ele já está puto, imagina quando eu virar garoto de programa... tô fudido!!! O foda é que um velho barrigudo e sem maneiras se acha na razão e poder de me dizer coisas, mesmo este estando apenas 0,5% do seu tempo presente em minha vida medíocre. Merda, esqueci que este velho me sustenda, oh shit! É, a única maneira de eu me livrar disso tudo é arranjar um trampo, mas ainda tenho 2005 como última chance... se eu não gozar dentro em nenhuma das minhas 3 chances (pode-se dizer 4, mas a quarta não é de gosto meu... e sim do velho), aí sim, terei de procurar um job "qualquer" para porder pagar cursinhos futuros... mas vou me concentrar em passar na primeira chance agora em julho, e ignorar as baboseiras estúpidas que saem da boca do velho...
Insatisfeito em Alley Fourteen.
(Porque estou organizando meus Favoritos...)
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 11h07
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Blog reloaded
Para quem ainda não entendeu a volta deste blog, aqui vai.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 11h40
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Qualidade de vida
Qualidade de vida... taí uma coisa que eu não sei o que significa. Nunca acordei bem disposta às 7 da manhã e fui passear com o cachorro na avenida. Café da manhã completo?! Sim, nas poucas vezes que me hospedei em hotéis razoáveis e, diga-se de passagem, não perdi o horário do serviço. Terapia, exercícios físicos, massagem e alimentação balanceada?! Passou longe de mim. Oito horas de sono tranquilo e contato constante com a natureza?! Bom, eu tenho um jardim em frente a minha casa...
Desde que minha rotina virou essa correria, perdi o fio da meada. Não tenho o tempo que gostaria para dedicar aos meus textos, minha alimentação é risível (à base de sanduíches, chocolates e sucos químicos), minhas contas são pagas sempre depois do vencimento e meu sono é tão conturbado quanto banco em véspera de feriadão. Começo a entender o sentido das palavras "caos" e "desordem". Rezo todos os dias para que a sexta-feira chegue logo, mas não me dou conta de que o tempo voa e escapa.
Aí eu pergunto: quem tem qualidade de vida, afinal de contas?! Quando eu não acumulava atividades fixas depois das 18, também não levava uma rotina mais saudável do que agora. Ia para casa dormir ou assistir seriados e, durante os intervalos, me empanturrar de salgadinhos e refrigerantes. Dormia mais, mas não necessariamente descansava mais. Tinha mais dinheiro, mas não gastava o dito cujo da maneira mais apropriada.
E então você sai na rua, inspira monóxido de carbono para expirar desgaste. Qualidade de vida?!
Mariana T., no Press Release, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 11h06
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Avis rara hoje no jornalismo
Há bons jornalistas culturais na ativa, como Sergio Augusto, Ruy Castro, João Máximo, Antonio Gonçalves Filho, Luiz Zanin Oricchio. Há colunistas polêmicos e muito lidos como Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi. Há jovens como Michel Laub, Marcelo Rezende, Cassiano Elek Machado. E há textos bons em sites como www.nominimo.com.br e www.digestivocultural.com.br. Fora do jornalismo cultural, para mim o grande jornalista brasileiro, repórter de primeiríssima e agora historiador, é Elio Gaspari.
Daniel Piza, há um certo tempo - que eu deixei para citar e que acabou passando. Num site que eu não conhecia, o Sanatório da Imprensa. (P.S. - Estou arrumando meus favoritos...)
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 10h10
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Rhyme and reason
At that magic moment [the 1960s], professors specialising in poetry criticism had stratospheric reputations at the major universities. But over the following decades, poetry and poetry study were steadily marginalised by pretentious "theory" - which claims to analyse language but atrociously abuses it. Poststructuralism and crusading identity politics led to the gradual sinking in reputation of the premiere literature departments, so that by the turn of the millennium they were no longer seen, even by the undergraduates themselves, to be where the excitement was on campus. One result of this triumph of ideology over art is that, on the basis of their publications, few literature professors know how to "read" any more - and thus can scarcely be trusted to teach that skill to their students.
Camille Paglia, "a veteran of the vibrant 1960s poetry scene", no Telegraph.
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Julio Daio Borges
18/3/2005 às 09h50
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