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Segunda-feira,
28/3/2005
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Redação
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O blog da Bundas
Só pra lembrar a você que a Bundas teve um blog em que alguns de seus colaboradores enfiavam a colher, mediante uma senha. Claro que havia alguém coordenando o negócio, mas parecia algo imediato, automático, como se apenas um servidor intermediasse o fluxo dos textos. Naquela época não era comum a banda larga; eu, ao menos, não possuía uma; agora, creio, ficou mais fácil marcar e ser marcado em cima, ou seja, mais dinâmico.
S.A., sobre este blog, por e-mail.
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Julio Daio Borges
28/3/2005 às 14h31
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Leituras
Há um certo trauma da modernidade e de vanguarda que tem prejudicado a poesia brasileira. Quando ela busca o real sentido da poesia, que não é a inspiração, mas é algo parecido com isso, estando mais para um flash de idéia que desperta o bom poema, e quando ela deixa de ser cerebral, sendo mais sentimental, mais humana, ganha uma dimensão muito grande.
* * *
Há uma ditadura das editoras, as de São Paulo protegem os autores de São Paulo, as do Rio protegendo os cariocas, que são as mais visíveis e equivocadas por pensarem que só existe literatura no Brasil no Rio e São Paulo. Pode-se ver que está se fazendo excelente literatura em Belém do Pará, no Rio Grande do Sul, no Recife, existe uma literatura viva em todo país. E a mídia precisa descobrir. Descobrir esses nichos.
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O autor brasileiro atual sofre de três pragas: a do aparentemente folclore erótico do Jorge Amado, onde todo mundo quer carnavalizar a sexualidade brasileira, o que é um erro porque surge uma prosa inautêntica; outros querem sofisticar a linguagem popular à maneira do Guimarães Rosa, outro equívoco, porque Guimarães Rosa foi grande porque conseguiu conjugar três pontos fundamentais a partir de um apuro lingüístico belíssimo, depois a construção do tempo narrativo maravilhosamente bem escrito, contando uma história com começo, meio e fim, e uma profundidade psicológica em seus personagens; a terceira, é o querer ser moderno, falando de violência, sob o que já escreveu Rubem Fonseca, contando uma história policial, com bastante palavrão, um delegado folclórico e estereotipado, e com pontos de erudição. Daí, acho que o importante é buscar a própria carga do escritor com originalidade, sem precisar copiar Jorge Amado, nem Guimarães Rosa, nem Rubem Fonseca.
Maurício Mélo Júnior, entrevistado por Luiz Alberto Machado.
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Julio Daio Borges
28/3/2005 às 14h22
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Menos de 1 livro por ano...
Sábado, o UOL publicou a seguinte matéria:
Alunos de escolas argentinas lêem menos de um livro por ano
Rapidamente, lembrei do que havia escrito sobre a
Política de incentivo à leitura no Brasil.
Já conversei com vários argentinos e todos eles são orgulhosos do ensino que possuem (acho que não leram a reportagem do UOL). Há 30 dias, um argentino me disse que a universidade argentina é espetacular porque qualquer pessoa pode estudar nela. Disse, entretanto, que o problema não era entrar na universidade e sim sair dela, visto ser extremamente difícil se formar na Argentina(não faz muito tempo, saiu uma notícia sobre alunos argentinos que ficam 8-9 anos para passar em uma mesma disciplina). Enquanto ele via algo espetacular, eu vi um desperdício de dinheiro e oportunidade, permitindo que muitos entrem, gastem as verbas públicas por alguns anos e, então, saiam da universidade sem o diploma, o que, dizem os argentinos, é fundamental no cotidiano profissional dos hermanos.
Talvez a universidade argentina não seja tão difícil. Talvez o problema seja permitir que alunos que lêem menos de 1 livro por ano façam seus cursos...
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Marcelo Maroldi
28/3/2005 às 13h15
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Hiperlinkagens
Meus hábitos pessoais se tornaram uma maldita sucessão de links. Habituado por esta facilidade(?) oferecida pela internet, fazendo com que por vezes não consigamos de verdade nos concentrar em uma só matéria, texto, notícia jornalística oferecida por um site, ultimamente venho adquirindo o hábito de linkar as coisas mais prosaicas do meu cotidiano - e me mover pela casa conforme a necessidade de se "acessar" o material.
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Se em uma página eletrônica de cinema leio uma crítica desfavorável sobre um filme, lá rumo eu para outro site similar para comparar as resenhas, confrontar jornalistas, apontar detalhes comuns. (...) O texto na revista não me serve sozinho. É preciso ler a revista concorrente, comparar como os dois textos foram escritos. E é uma sucessão sem fim de correlações, "hiperlinkagens" que mais do que garantir aprofundamento acabam me enervando, enfiando-me numa barafunda de insatisfação, da busca do mais - o "mais" desnecessário no entanto, o "mais" obsessivo.
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Lendo o jornal enquanto ouvia música ([...] consegui colocar um CD do Nei Lisboa e ouvi-lo por inteiro...), li sobre um artista que provavelmente se apresentará em Porto Alegre. Eis que me recordo que no jornal da semana passada(!) havia um artigo qualquer sobre o mesmo artista. E lá fui eu na cesta de jornais antigos à cata de tal exemplar.
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Quando a coisa começou a caminhar por aí, me mostrando este encadeamento (...), à principio, muito sutil de conexão (como um daqueles programas ultra-sofisticados em que os sites de compras têm à sua disposição (...) produtos cujo paralelismo com seus gostos pessoais é fruto de uma série de informações acumuladas sobre os seus hábitos de consumo) optei por um instante de silêncio, um distanciamento mais que necessário de todas as coisas.
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E a contemplação do nada foi a grande salvação do meu dia.
Alessandro Garcia, no Suburbana, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
28/3/2005 às 12h27
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O ano do Brasil na França
"Implico com tudo desse tal ano Brasil-França. A começar pelo título da empreitada, "Brésil, Brésis", e pela teorização que a embasa, a velha mistura de "homem cordial" com tropicalismo. Há também essa eterna folclorização, essas fotos racistas de mulatas em poses lascivas, essa falsa alegria carnavalesca, essa filosofice mistificadora.
"Foi com esse espírito (de porco) que, ciente de minhas obrigações profissionais, dirigi-me ao Grand Palais para acompanhar a inauguração da mostra "Brésil indien - les arts des Amérindiens du Brésil". Rabujice agravada pela certeza de que teria de encontrar com o ministro da Cultura. Nada de específico contra o nosso prolixo ministro. Ele é apenas mais uma autoridade nacional de passagem. Mas é que ele já passou tantas vezes por Paris, e tive escutá-lo tantas vezes, que enjoei dos seus ternos Armani, da sua verborragia fácil, da sua defesa de que tudo-se-liga-a-tudo, a-internet-acompanha-o-arado-e-vice-versa, o-Brasil-é-a-ponta-de-lança-de-uma-nova-civilização-que-se-encontra-no-passado, das suas tranças, do seu cabelo pintado à lá Sarney."
De Mario Sergio Conti, no Nominimo.
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Fabio Silvestre Cardoso
27/3/2005 às 14h27
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Jornalismo Open Source
O Parla surge com o objetivo central de experimentar um modo de fazer jornalismo colaborativamente. Este projeto visa integrar todos os seus participantes no compromisso conjunto por todo o material publicado, onde a produção e a constante edição fica a cargo não apenas dos autores de cada notícia mas de toda a equipe.
(...)
Como um portal de conteúdo jornalístico, o conteúdo do Parla assume o compromisso de trazer informações de interesse de seus leitores/produtores seguindo as normas básicas do Jornalismo, experimentando moldá-las ao ambiente virtual. Notícias das mais diversas editorias como esporte, política, cultura, economia, internacional, eventos das mais diferentes áreas, educação, gastronomia, etc.
ambrambilla no Parla.
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Julio Daio Borges
25/3/2005 às 09h46
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Blogs roubam audiência
Os blogs estão ganhando espaço na preferência da população como ferramenta informativa, roubando território dos meios tradicionais de jornalismo.
Isso é o que aponta um estudo conduzido pelo Projeto de Excelência em Jornalismo, instituto de pesquisa afiliado à Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, o jornalismo tradicional está competindo agora com outros modelos (...) que são "mais rápidos, mais baratos e alternativas menos precisas".
Equipe Macworld, no IDG Now!.
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Julio Daio Borges
25/3/2005 às 09h39
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Marcelotas
Meninada,
Esta é uma semana especial para mim. Pela primeira vez em muitos anos, não tenho gravações do Vitrine na TV Cultura. Desde dezembro, amadureci e tomei a decisão de não continuar no programa. Foram 6 anos intensos e divertidos, mas vi que estava na hora de fazer novas coisas e dar um descanso para os telespectadores. Abrir lugar para outros talentos naquele programa [de] que aprendi a gostar tanto.
Foi uma despedida dolorosa, mas também tranquila e amorosa. Tenho grande carinho pela emissora e empatia com a nova direção. Em breve devemos nos ver por lá novamente.
Na sexta-feira [passada], enviei um e-mail coletivo para todos os funcionários da emissora. Mas muita gente ficou de fora. Foram inúmeros colaboradores nesses anos em que estive lá. Inclusive e especialmente, muitos de vocês que participaram via internet. Por isso publico esse e-mail de despedidas. Onde alguns de vocês certamente estão incluídos.
Muito obrigado!
Marcelo "ex-Ernesto Varela" Tas, despedindo-se, obviamente, de sua cyber tribuna na TV Cultura.
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Julio Daio Borges
25/3/2005 às 09h20
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Profissão: jornalista cultural
É difícil você entrar [no curso superior] com alguma certeza. As pessoas entram muito novas na faculdade. Não sei se vale a pena escolher a área que se quer muito cedo. Na verdade, as pessoas que eu conheço acabaram se definindo no meio do caminho ou quando saem, dependendo do que conseguem fazer, e aí investem naquilo e tal, se apaixonam pela coisa. Mas é difícil porque às vezes você escolhe uma área e pensa "ah, eu quero fazer cultura, eu quero fazer cultura, eu quero fazer cultura..." e não percebe que o mundo de jornalismo cultural é muito pequeno e você pode se frustrar, especialmente aqui em Brasília. São muito poucos os espaços e é quase um acaso que você entre para fazer o que gosta assim, de cara. É preciso estar preparado para aproveitar o que surgir.
* * *
A graduação [nos cursos de jornalismo] é uma coisa louca, onde os alunos não querem saber de comunicação, só querem se formar como jornalistas ou publicitários, ou o que quer que seja, e a disciplina nunca aparece como deveria. Ela é prejudicada pela deficiência dos próprios cursos e currículos, e pela angústia dos alunos, que querem ter logo o diploma. Então, da forma como as pessoas têm saído das universidades, da faculdade, eu não acredito nessa reserva de mercado [conferida pelo diploma]. Acho que os cursos não têm formado jornalistas ou comunicadores.
* * *
[Dica:] Leia. Leia. Leia. Leia. Leia. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis (risos). Vá atrás de conhecimento, vá atrás de saber, é isso que vai fazer a diferença. Leia para poder saber escrever, para poder conhecer e para poder ter uma visão mais ampla de mundo. E não fique angustiado na faculdade em correr atrás da prática, pelo contrário. Corra atrás do que você não vai ter para o resto da sua vida e não ache que estudar Teoria da Comunicação é bobagem, porque não é.
Sergio Sá, meu colega de CPFL, em entrevista num site só de jornalistas de Brasília.
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Julio Daio Borges
24/3/2005 às 16h14
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A conversa
Eu já quis fazer jornalismo popular. Depois não quis mais. Depois voltei a querer. E hoje acho que a questão nem é mais entre o jornalismo popular e um jornalismo mais de elite. O fato é que, a cada dia que passa, me vejo menos como jornalista. É triste, não posso negar. Afinal, foi a carreira que eu escolhi, há longos dez anos. Ainda tenho mais um tiro, uma única bala para um alvo não muito fácil. Depois disso, quem é que sabe?
Polzonoff em "Tudo sobre jornalismo", como ele mesmo diz, "não revisado" e "in progress".
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Julio Daio Borges
24/3/2005 às 15h17
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