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Segunda-feira,
4/4/2005
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Redação
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Manual de redação Rabisco
Pois bem, você veio aqui, leu as matérias, achou tudo muito legal, e ficou com vontade de colaborar. "Mas como é que eu faço isso? Que tipo de textos eles aceitam? O que eu ganho com isso?", você pergunta. Não se preocupe, as respostas estão todas aqui.
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Quem pode colaborar? Qualquer um. Se você tem um texto que acha que poderia ser publicado aqui, pode enviá-lo para ser apreciado pelos responsáveis pelo Rabisco.
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Eu mandei o texto. E daí? O texto vai ser revisado pela redação do Rabisco. Não será alterado o conteúdo do texto. Sugestões e palpites serão enviados ao autor, que poderá aceitar ou não. Em casos drásticos em que seja necessário reescrever o texto, ele será enviado de volta ao colaborador com as respectivas sugestões ou correções.
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Eu mandei um texto para o Rabisco. Isso quer dizer que ele será publicado? Não necessariamente. Nós não temos a intenção de barrar textos a princípio, mas isso aqui também não é a festa da uva. A redação do Rabisco se dá o direito de recusar um texto.
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E se eu quiser ter uma coluna? As colunas estão disponíveis apenas para aqueles que já colaboram regularmente com artigos e críticas. Seria um período de avaliação para percebermos se o colaborador está comprometido de verdade com o site. Afinal, a coluna precisa ser atualizada com certa freqüência como sinal de respeito ao leitor.
Os editores da Rabisco (porque eles tiveram a manha de fazer uma coisa para a qual eu nunca tive paciência...).
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Julio Daio Borges
4/4/2005 às 09h17
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Watchman
(...) o corpo é um de nossos primeiros referenciais para metáforas. Um dos motivos pelos quais criamos a linguagem é para falar sobre coisas que não nos são familiares em termos que nos são familiares. Muitas das metáforas que usamos vêm de nossos corpos. É claro (...)
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(...) a vida real em qualquer cultura acontece em suas margens. Eu concordo com o que a brilhante, divina, maravilhosa Angela Carter disse sobre os vencedores do Booker Prize; eu acredito que ela se referiu a eles como vítimas das listas, o que eu penso que [os] define bem. Os mais interessantes escritores são aqueles que com pouca freqüência são citados para prêmios, pois são considerados muito vulgares [os prêmios].
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Eu sinto que nós estamos nos aproximando de um ponto de fervura cultural. Eu não digo que isso seja uma coisa boa ou má. Eu penso que estamos nos aproximando de um ponto no qual a quantidade de informações que teremos será exponencial, e eu não estou certo de que tipo de cultura humana irá existir além desse ponto.
Alan "O Monstro do Pântano" Moore, igualmente no Rascunho (Rogério, prometo que este é o último...).
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Julio Daio Borges
4/4/2005 às 08h36
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Daslusp
A Casa do Saber "é um exemplo sofisticado de conhecimento oferecido à sociedade", escreveu Renato Janine Ribeiro num artigo recente, em que elogiava a instituição e confessava isso "com um certo pudor" porque muitas vezes é convidado para falar lá. Essa sofisticação pode ser até vista como uma virtude. "Dizem que aqui é a Daslu do Saber, não vejo problema nenhum nisso. Aliás, também não tenho nada contra a Daslu", comenta o jornalista Paulo Henrique Amorim, que encontrou ali um roteiro para estudar filosofia e participar de debates de alto nível cultural.
É possível ir à Casa do Saber e cruzar com várias pessoas como ele - profissionais liberais que trabalham o dia inteiro e gostam de história, artes plásticas, música e futebol. O evento social é conseqüência. Se ali há quem tenha os best-sellers do Dalai Lama como livros de cabeceira, também há gente interessada em ciência. Então, o que incomoda? A mulher de escarpim de oncinha e echarpe rosa choque, que parece interessada em tudo menos na exposição sobre o pensamento de Nietzche? Ou o poder financeiro? "Quem vem aqui tem muito, mas muito dinheiro, é uma coisa completamente fora da realidade do resto de São Paulo", diz a gerente do café, Laura Martins. Talvez, no fundo, seja essa a razão de tanta maledicência em torno da Daslusp.
Maria da Paz Trefaut, no no minimo, sobre o lugar onde tenho passado duas noites por semana, aprendendo sobre História da Arte e História da Música Brasileira. É o melhor ambiente de São Paulo hoje: ao lado do escritório em que trabalho e no circuito dos melhores restaurantes para estender a noite. Acabamos relevando perguntas de meninas que não sabem se Tintoretto é da mesma fase que Giotto. Elas não podem ser perfeitas. Já são excelente companhia para jantar depois da aula.
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Eduardo Carvalho
1/4/2005 às 18h47
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Romance breve
Loucura, meu senhor, é um homem entrar em seu bar predileto e dar de cara com a ex-mulher, aos beijos com um novo amor. Com o músico da casa cantando Lupicínio, você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ter loucura por uma mulher. Quis voltar atrás, mas não ia dar esse gostinho a ela. Sentou-se num canto, pediu uma vodca.
Cadela. Olha lá, se arreganhando toda. Troca de macho como quem troca de calcinha. Um condomínio sexual.
Ali mesmo, num outro canto, tinha mais um dos ex-machos dela, o tal argentino Fabián, fotógrafo de publicidade, picareta metido a artista, dando em cima duma patricinha com idade para ser filha dele.
Três vodcas depois, o cantor martelando "Quereres", de Caetano, ele levantou-se e caminhou, ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor, em direção à mesa de Fabián.
Vacilando nas pernas, sacudiu o dedo e salivou:
Você é um canalha. Banca o sensível só pra comer as mulheres. Mas é um safado, um filho da puta. Você não ama ninguém. Você jamais seria capaz de amar aquela mulher como eu amei.
O porra do argentino fez que nem ouviu. Continou conversando tranqüilamente com a garota. Dois garçons puxaram o inoportuno pelos braços, dizendo-lhe para retirar-se. A cadela e o novo macho-alfa levantaram-se para ir embora. Ela não queria assistir ao vexame.
Ele agiu rápido. Deu um soco no garçom mais alto e mais forte. Tomou o troco. Seu nariz espirrou sangue. Maldição. Teria que cancelar o compromisso do dia seguinte. Tirar fotos para a capa de seu disco novo.
Luiz Roberto Guedes, também no Rascunho.
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Julio Daio Borges
1/4/2005 às 15h28
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Paraísos artificiais
A meu ver, Faulkner é um escritor bem mais tradicional do que Rosa e Joyce. É um ótimo contador de histórias, criador de personagens e enredos rocambolescos, com muito melodrama - incesto, assassinato, estupro, mestiçagem (tema que ainda causava frisson na época dele). Mas Ulisses desabou sobre Faulkner como uma espécie de imposição: é preciso ser moderno, ser experimental, ser difícil. E aí ele escreveu O som e a fúria, livro dificílimo, com quatro focos narrativos diferentes, muito stream of consciousness, diálogos sem pontuação, etc. O primeiro narrador é retardado; o segundo está se preparando para o suicídio; mas o terceiro e o quarto episódios são bem mais lineares, e ao final do livro tudo está esclarecido. Esse fato - a necessidade de deixar tudo explicado no final - já aponta para a contradição entre o tradicional e o moderno que chama a atenção no livro. A complexidade de Faulkner sempre me dá a impressão de ser um pouco postiça, sem a integração orgânica com a totalidade da obra que vemos em Joyce ou em Rosa.
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Na minha opinião, existe muita coisa boa na poesia brasileira atual, e não acho que o que se faz agora não passe de pastiche de Cabral e Drummond (...). É natural que os poetas de agora estejam explorando o imenso território desbravado pelos modernistas clássicos. É de se esperar que estejam dialogando com Cabral e Drummond, e Bandeira e Pessoa e Murilo Mendes, e Eliot e Pound e Rilke e Mallarmé e García Lorca, e também com o concretismo e com a grande música popular dos anos 60 - para mim e para muitos da minha geração, Chico Buarque e Caetano Veloso e Bob Dylan também são mestres. É assim que se faz poesia: dialogando com os antecessores, respondendo a eles, por vezes até brigando com eles - Harold Bloom escreveu uma série de livros muito bons sobre isso, mostrando como os românticos ingleses tiveram que enfrentar a sombra acachapante de Milton. É justamente este diálogo com os "poetas fortes" das gerações anteriores que faz o que se chama de uma tradição.
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A poesia marginal foi uma reação saudável ao excesso de cerebralismo dos concretos. A maior parte dela ficou datada, mas alguma coisa sólida restou do movimento, como o melhor de Ana Cristina César e Chacal, entre outros. A poesia de Chico Alvim, que tem alguns pontos de contato com a poesia marginal, na verdade desde o começo tinha um diferencial: longe de ser um derramamento ingênuo das emoções pessoais, ela dava voz ao outro; com o passar dos anos ficou claro que o projeto dele é personalíssimo, e a meu ver admirável. Quanto a Leminski, seu trabalho me parece uma diluição do poema-piada oswaldiano com pitadas de concretismo, um poesia que depende acima de tudo de trocadilhos e outros achados verbais que, quando lidos pela segunda vez, perdem boa parte do interesse.
Paulo Henriques Britto, senhor tradutor, poeta e agora contista, no Rascunho (porque o Rogério Pereira é, como eu, um faz-tudo).
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Julio Daio Borges
1/4/2005 às 14h48
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Clarity
John Mayer (liga o som):
Porque toca na minha aula de spinning, e porque o Farpas - que linca pra nós - também recomendou. (Ah, e hoje é sexta-feira.)
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Julio Daio Borges
1/4/2005 às 12h14
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Nerd oriented news
In the beginning there was no Slashdot. Bored and confused geeks would scribble First Post in the sand. Grits were strictly for consumption and there wasn't a place to get nerd oriented news. Then in September of 97 Rob "CmdrTaco" Malda changed all that. With the help of Jeff "Hemos" Bates and others, Slashdot has stumbled forward with the simple mission to provide "News for Nerds. Stuff that Matters".
Today Slashdot is owned by OSTG, but it is still run by many of the same people as it was "Back in the Day". Today we serve millions of pages to hundreds of thousands of readers. But the goal is still the same.
You can read more about each of the authors, including contact information, and figure out who to blame for what by reading The Authors Page. But the majority of the work is done by the tons of people who use the Submission Form to send in the stories that we post every day. Thanks go to them for helping make this site the cool place that it is.
About This Site, obviamente, sobre o Slashdot, de que ouço ultimamente falar (mais um post em inglês, pra vocês treinarem...).
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Julio Daio Borges
31/3/2005 às 14h09
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La revolución del podcasting
Desde que la radio comenzó a difundir programas comercialmente, allá por los años 20, el medio ha experimentado poca o ninguna transformación. Los receptores han cambiado; la frecuencia modulada redujo las interferencias; la estereofonía posibilitó emisiones musicales de alta calidad y la radio satelital está cambiando la trayectoria de las ondas, pero el principio de la radiofonía es el mismo.
En estos días, sin embargo, tiene lugar una verdadera revolución radial bautizada podcasting, una palabra que es resultado de la conjunción del reproductor iPod y del vocablo broadcasting, para describir una programación que comienza en Internet y termina en el iPod.
Mario Diament no La Nación, outra dica internacional do Eduardo Carvalho.
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Julio Daio Borges
31/3/2005 às 12h12
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Project for Excellence
Look into cyberspace and the picture for journalism seems fractured. There is real hope in the numbers of people who seek news online, particularly the young, a group that shows scant interest in traditional media. The capability of people to get what they want when they want it, and to manipulate it, edit it and seek more depth, could bring a needed revival to journalism. The economic numbers are also growing - and dramatically - each year. Yet look at the content offered in online journalism in 2004 and there are signs of frustration, lack of innovation and the caution of the old media applied to the new.
Thecho do The State of the News Media 2005, com um capítulo especial só sobre jornalismo on-line.
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Julio Daio Borges
31/3/2005 às 09h07
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Corrigindo exercícios
Uma tulha deles e tem hora que cansa. Cansa ficar olhando para páginas iguais de trinta livros diferentes, cansa usar a caneta vermelha e risc risc risc, cansa tentar decifrar letra de aluno. Aliás, te contar, deveria ser proibido sair do pré-primário indivíduo que não sabe colocar a barriga no "b", cortar o tracinho do "t", fazer morrinhos com o "m" e ângulos no "r". Sem contar os garranchos de natureza própria e as escaladas geométricas linhas acima. Mas entre as coisas engraçadas que a gente lê, e que na verdade são erros de universitários ianques que tentam aprender Português, aparecem construções de frases das mais sensacionais e ainda com o detalhe que têm muito espanhol misturado.
Eis que, em um exercício com respostas livres sobre "Se" + "imperfeito do subjuntivo", algo estranho surge. As perguntas eram dessas bem água com açúcar do tipo: 1. Se você tivesse um iate, quem levaria para um cruzeiro no Caribe?; 2. Se você fosse presidente da república por um dia, o que você faria em primeiro lugar?; 3. Se você encontrasse uma mala cheia de dinheiro e jóias, qual seria a sua atitude?; 4. Se você fosse milionário e não precisasse trabalhar, como ocuparia seu tempo?
As respostas foram as mais bonitinhas, certinhas, cut cut, do tipo "levaria minha mãe", "sexta-feira seria feriado", "doaria dinheiros aos pobres" etc. Um dos alunos responde, respectivamente: "eu não levaria ninguém"; "eu peidaria", "seria uma boa atitude", "eu sairia pelado na rua". Tá, né. Tenho certeza que o verbo citado na segunda resposta, por exemplo, não foi nem conjugado em sala de aula e que sair pelado na rua é algo inimaginável para os seres que habitam este país - você vai preso e ainda sairá com os cops. E quem é o ser ignóbil que responde a isso, entre os outros trocentos alunos com respostas CDFs? É o mané brasileiro que está fazendo a disciplina só pra ganhar créditos!
Depois dizem que quem leva a fama, deita na cama. Ou quem deita na cama, leva a fama. Ou quem fama na deita, na cama leva. Era alguma coisa assim.
Gi, que está nos States, assina o perhaps, maybe, talvez..., que, por sua vez, linca pra este blog.
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Julio Daio Borges
30/3/2005 às 16h34
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