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Segunda-feira,
11/4/2005
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Redação
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Leio, ouço, vejo
A Cozinha (1989), acrílico s/ madeira
Sou uma leitora esquizofrênica, ou seja: tenho sempre uns três tipos de livro ou periódico à mão.
Na cozinha, para o café da manhã, tenho a Bravo!, com artigos interessantes sobre tudo o que se refere à cultura e às artes dentro do Brasil. Ou a Cult, que se acerca mais de literatura e filosofia. Afora isso, leitura virtual, meus caros: jornais ou sites de informação. São bacanas: Digestivo Cultural e Paradoxo, o W3. Tem também o Fábrica de Quadrinhos, pra quem curte. Dos gaúchos, fico com o Aplauso e o Artewebbrasil.
Paula Mastroberti, em seu site, que obviamente linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 08h23
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Pensamento do dia
A batalha entre espírito e ego é como uma batalha entre a visão ampla e a visão curta. Se o ego entra em cena, vejo minha vida em termos de aquisições a curto prazo. Eu tratarei as outras pessoas como os meios para os meus próprios fins egoístas. Se me torno espiritualmente consciente, vejo minha vida na mais ampla perspectiva. As outras pessoas passam a ter extrema importância. Meu propósito é fazer chover meus presentes espirituais sobre eles - irradiar amor em todas as direções.
Luiz Cesar Pimentel, ex-Zero, no blog do Camisetas Cuma?, seu site de camisetas.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 07h56
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Melhor do Brasil: o brasileiro
Severino Cavalcanti é a cara do Brasil. É reacionário, ignorante e, aparentemente, incapaz de articular uma idéia. Que melhor representante para o último país do mundo a abolir a escravidão e último da América Latina a criar uma Universidade?
As pessoas que reclamam do Congresso parecem ignorar sua função. Um parlamento não tem por função fazer o bem mas sim representar o povo do país. E isso o Congresso brasileiro faz muitíssimo bem. Antes de reclamarem do Congresso, reclamem do Brasil.
Daniel Malaguti, no Filosofia de Botequim, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 07h15
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Muitos amores
Hélio Pellegrino foi um furacão. Em 64 anos de uma vida apaixonada, sempre a mil, desarrumou certezas em psicanálise, política e poesia. Tinha um único objetivo, quase obsessão: lutar pela libertação de tudo o que, sendo imposto ao Homem, o faz sofrer e apequena sua vida. Da Igreja, exaltava seus valores fundadores e descartava o moralismo clerical. Na política, recusava com a mesma veemência a opressão social e o dogmatismo dos partidos. Da poesia, na qual não se realizou plenamente, queria o ímpeto e o derramamento, jamais a glória besta da vida literária. Na psicanálise, finalmente, tentava a síntese de tudo isso, com a idéia de abrir o divã a rico e pobre, unidos na sua generosa convicção de que libertar-se interiormente não é privilégio, mas direito fundamental, passo decisivo para um existência digna.
Na carteira de trabalho, o doutor Hélio Pellegrino era médico psiquiatra, formado na Belo Horizonte em que nasceu em 1924. Na vida pública brasileira, foi dos poucos que pôde realmente ser chamado de intelectual - que se entende aqui como aquele cidadão que, destacando-se em suas atividades profissionais ou artísticas, usa prestígio e autoridade pessoais na defesa de causas coletivas. Na tradição brasileira, é posto reservado tradicionalmente a escritores, jornalistas e políticos e, dos anos 1960 para cá, a professores universitários. Na comissão que, formada na Passeata dos Cem Mil, foi recebida pelo ditador Costa e Silva num dos momentos mais críticos da repressão, os intelectuais eram representados, pela primeira vez, por um psicanalista, que logo seria preso por sua petulância e, anos mais tarde, se rebelaria até mesmo contra seus pares, denunciando autoritarismo e elitismo dos que ficariam conhecidos como "barões da psicanálise".
O inconformismo radical, que mateve até morrer, em 1988, vítima de enfarto, é a chave da [sua] vida (...). Beneficiados pelo tempo, que dá sentido e coerência ao passado, temos a certeza de que a convulsão permanente de Hélio Pellegrino faz todo o sentido. Para seus contemporâneos, no entanto, o homem-comício, como o apelidou o historiador Francisco Iglésias, era puro sobressalto. Por isso, é melhor deixar de lado a serenidade para acompanhar momentos de uma vida sempre um tom acima, com tambores ribombando, risos e choros compulsivos e uma tempestade daquelas que Nelson Rodrigues, seu grande amigo, imaginou para um inexistente quinto ano do Rigoleto.
Paulo Roberto Pires, em maravilhosa minibiografia de Hélio Pellegrino (igualmente dentro do "Arquivinho").
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Julio Daio Borges
8/4/2005 às 17h52
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O encontro marcado
O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo em sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o outro. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.
Hélio Pellegrino, em carta que virou epígrafe do clássico O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino (também no "Arquivinho" da Bem-te-Vi).
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Julio Daio Borges
8/4/2005 às 17h41
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Eu, hein, Rosa!
Lisboa, 1º de dezembro de 1967.
(...) Por falar na morte do Guevara, imagine quanta morte desde que saí daí, a do Maurício Bebiano me impressionou muito, o Carlinhos Sica, etc. etc. - e o Rosa, são João Guimarães Rosa, o Gênio, ele é tão grande, releia Corpo de Baile, Minguilim é assim um evangelho em que rezo, quem não leu não é da minha sinagoga, e todo ele, vá ser grande assim no céu, só penso nele, cada vez, cada hora me impressiona mais ter morrido, nossas conversas, a cara dele, o riso, os olhos, o jeito de fumar, a gravatinha borboleta, eu porque não tenho vergonha porque depois de ler o Rosa o que me dá é gana de nunca pretender escrever nada, nem carta, pois ele é, em grande, em gênio, tudo que eu já me contentaria de ser no trivial, pois que um gênio assim, não vou ser besta, não cabe em mim, eu hein Rosa!
Otto Lara Resende, em carta a Hélio Pellegrino, no "Arquivinho", magnífico, da editora Bem-Te-Vi.
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Julio Daio Borges
8/4/2005 às 17h28
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Estrondo
Naquele entrecho
mais lento dos
dias, aqui, onde,
não importa o
modo como os pés
pisem as folhas
ao caminhar, o
barulho quebradiço
da sombra deles
(espraiada entre
a calçada e as
pedras-escombros
da casa) bem poderia,
se ouvido por
uma detalhista
como você, ser
chamado de troar,
estouro, estrondo.
Ricardo Aleixo, na Máquina do Mundo, uma nova revista de poesia, comandada por Fabrício Carpinejar (indicação do Pedro Maciel).
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Julio Daio Borges
7/4/2005 às 14h39
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Aldaily.com brasileiro
A idéia inicial era fazer do Plurais uma espécie de Aldaily.com brasileiro, uma referência ao excelente site americano. Aos poucos, aquele objetivo foi ficando distante e sendo substituído pelo pragmatismo - percebemos que não seria tão simples assim...
* * *
Plurais é um endereço eletrônico com atalhos - para o conhecimento, o debate e a polêmica inteligente. Tentamos selecionar o que há de interessante nos milhares de textos que circulam diariamente na internet brasileira, indicando-os aos visitantes. Não acharíamos ruim se você nos indicasse algum site para figurar entre as nossas escolhas - pelo contrário, gostaríamos muito de receber essas indicações (...).
Prefácio e/ou editorial do Plurais, um site em construção, que linca mesmo pra nós.
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Julio Daio Borges
7/4/2005 às 14h30
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We Walk
Estou aqui no compu fazendo um pequeno trabalho escravo, e quase agorinha de repente, assim do nada, a cortina despencou, cabum!, no chão. Sei que muito pouca gente vai acreditar em mim mas quando a cortina despencou com tudo no chão, eu estava digitando a palavra descortinando. Isso deve siginificar alguma coisa mas essas sincronias vão ficar para reflexões
posteriores. O que está me deixando assim agora é que, além de fazer o trabalho escravo eu ainda vou ter que fazer o trabalho escravo no sol. Leree lereee lere lererere...
Tem algum sheik do petróleo, ou biliardário americano, desses que doam quaquilhões pra plantar rosas no deserto, que queira me dar quinhentos mil dolares aí?
Eu ficaria muito satisfeitinha. Ia ter capital pra correr atrás de investors pro meu livro. Dava pra comprar uma cortina nova inclusive.
Hein?
Angela Scott Bueno, no an.temp.im, que linca... vocês já sabem.
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Julio Daio Borges
7/4/2005 às 14h20
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Enquanto isso, em Roma
"(...) A farra da... quero dizer... a cobertura da mídia continua forte. Repórteres entrevistam repórteres, mostram a fila que está com tantas horas de espera, vemos os auxiliares da prefeitura distribuindo água... Ou seja, não há assunto algum."
De Marcelo Tas
sobre a eterna falta do que falar após a morte do Papa.
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Fabio Silvestre Cardoso
7/4/2005 às 09h45
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