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Quarta-feira,
13/4/2005
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Redação
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Digitem à vontade
Nós merecemos a morte,
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pela nossa cabeça embrulhada em séculos de sombra,
por nosso sangue estranho e instável, pelas ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia,
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que pecados
de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!
Cecília Meireles, no site da Ana Rüsche, que nos foi anunciado por e-mail...
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Julio Daio Borges
13/4/2005 às 10h06
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Estranha coincidência
Comparem:
* Woody Allen no SuicideGirls: How did you customize (Will Ferrell) it for him? First of all, he's so physically different. He's a big silly person and everyone including me has laughed at him in these broad ridiculous comedies. The question was, could he act and be believable. It turned out; I guess because of his size, his face or whatever talent he has, he's vulnerable. There's something sweet about him so your heart goes out to him. There were things in the script, the actual dialogue, that he couldn't do. Since I'm writing the dialogue, my tendency is to write it for myself even though I knew I'd never be playing it. But I write it instinctively for myself and I had to cut some lines and dialogue out of the thing because he couldn't do it. It never sounded funny when he did it. But there were things he did do that I could never imagine when I was writing it. Before I met him, I never could have imagined it for the script or the contributions he would make sort of built in to his ridiculous persona. The way he moved, there's something in the look of his face, it's intangible, but it's silly and sweet.
* Agora, Woody Allen na IstoÉ: No Brasil as pessoas não conhecem o Will Ferrell (do programa Saturday Night Live e dos filmes Um duende em Nova York e Dias incríveis) do mesmo modo que os americanos. Por favor, explique como se faz algo sob medida para ele. Bem, em primeiro lugar, ele é fisicamente diferente. É um grandalhão simplório. O jeito como ele se movimenta, sua fisionomia e expressão têm algo de intangível, de ridículo e doce. Todo mundo ri de suas comédias ridículas - inclusive eu mesmo. A grande pergunta era: mas será que ele consegue interpretar outros papéis de forma convincente? Acontece que há algo de muito doce nele que ganha seu coração. Ele é vulnerável, talvez por seu tamanho e falta de jeito, pelas suas expressões ou por algum talento inato dentro dele, sei lá... Teve algumas coisas no roteiro - alguns diálogos - que ele não conseguia fazer. Quando eu escrevo um diálogo, minha tendência é fazer algo para mim, mesmo que eu saiba que não vou ser eu quem vai dizer aquelas frases. Mas eu escrevo instintivamente para mim mesmo e tive de cortar alguns diálogos ou frases porque Will não conseguia fazê-los direito. Não era ele. Não era engraçado quando ele falava. Em outros momentos, teve coisas que ele fez que eu nunca imaginei ao escrever. Antes de encontrá-lo pessoalmente, não imaginei aquelas situações. Ele contribuiu no roteiro de tal modo que acabou construindo um personagem ridículo, engraçado, especial.
Uma descoberta do Renato Parada, no Samjaquimsatva, na blogsfera há algum tempo, mas que me pediram pra dar.
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Julio Daio Borges
13/4/2005 às 07h34
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Contra o idealismo alemão
There is no remedy for death; not even health. A healthy man, however, has the strength to continue towards the grave. The sick man invokes death and lets himself be carried away in mortal fear. In health, even death comes at a "proper" time. Health is on good terms with Death. It knows that when the Grim Reaper comes he will remove his stone mask and catch the flickering torch from the anxious and weary and disappointed hands of brother Life; it knows that he will dash it on the ground and extinguish it, but it also knows that only then the full brilliance of the nocturnal sky will brightly glow. It knows that it will be accepted into the open arms of Death. Life's eloquent lips are put to silence and the eternally Taciturn One will speak: "Do you finally recognize me? I am your brother."
Franz Rosenzweig, em citação de Arthur Butter, no alto volta, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
12/4/2005 às 14h26
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Levi's on and a openheart
Patrícia, 20 anos, fresca assumida, namora o George há 2 anos, adora maquiagem, shopping, sapatos, roupas, cremes, Barbie, cor-de-rosa, salto alto, brincos, coleção de lápis e borrachas, chocolate, DVDs, Disney, câmera digital, presentes.
Letras, Português, largou o curso de Jornalismo, já morou sozinha, fã do Elvis, fanática pelo Stephen King, ama filmes clássicos, Alfred Hitchcock, lê Shakespeare compulsivamente, Fernando Pessoa, música clássica, documentários, vinho, livros, musicais, MPB, queijos, café, budismo, adora estudar.
Quem disse que quem gosta de maquiagem e roupas é fútil? Quem disse que quem adora ler e estudar é nerd? Adoro ler e estudar com salto alto, adoro assistir Hitchcock abraçada com meu amor, adoro ser mimada, adoro fazer mil e uma coisas ao mesmo tempo!
Patty A. Rangel, em seu Watch me Shine, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
12/4/2005 às 12h53
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Quem vigia os vigilantes?
Sites brasileiros de media watching têm um grande desafio pela frente: sair das fronteiras da comunidade jornalística e atingir também o leitor comum. Essa é a opinião do repórter Omar Godoy, do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba. "O leitor de jornais precisa ter uma visão mais crítica sobre a imprensa e os sites sobre jornalismo podem ajudar nesse aprendizado", diz Godoy.
"O brasileiro ainda é muito crédulo. O que sai no jornal ou na tevê, ele acredita, muitas vezes sem questionar", opina. "A gente tem que lembrar que a maioria das pessoas se limita a ler um jornal ou assistir um telejornal por dia. Nesse ponto a internet é a ferramenta ideal para dar novos ângulos à notícia".
Para produzir matéria sobre os sites voltados ao jornalismo, publicada (...) no Caderno G (suplemento cultural da Gazeta), com o título "Quem vigia os vigilantes?", o repórter passeou pela web, visitando dezenas de endereços e blogs de jornalistas, e entrevistou pessoas ligadas à área. A própria reportagem deverá atrair um bom número de novos visitantes para os sites comentados - a Gazeta é um dos jornais mais lidos no Paraná.
Bia Moraes, no Comunique-se, analisando uma matéria que cita o Digestivo, mas que eu repercuto só agora (coisas da internet...).
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Julio Daio Borges
12/4/2005 às 11h45
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Leio, ouço, vejo
A Cozinha (1989), acrílico s/ madeira
Sou uma leitora esquizofrênica, ou seja: tenho sempre uns três tipos de livro ou periódico à mão.
Na cozinha, para o café da manhã, tenho a Bravo!, com artigos interessantes sobre tudo o que se refere à cultura e às artes dentro do Brasil. Ou a Cult, que se acerca mais de literatura e filosofia. Afora isso, leitura virtual, meus caros: jornais ou sites de informação. São bacanas: Digestivo Cultural e Paradoxo, o W3. Tem também o Fábrica de Quadrinhos, pra quem curte. Dos gaúchos, fico com o Aplauso e o Artewebbrasil.
Paula Mastroberti, em seu site, que obviamente linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 08h23
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Pensamento do dia
A batalha entre espírito e ego é como uma batalha entre a visão ampla e a visão curta. Se o ego entra em cena, vejo minha vida em termos de aquisições a curto prazo. Eu tratarei as outras pessoas como os meios para os meus próprios fins egoístas. Se me torno espiritualmente consciente, vejo minha vida na mais ampla perspectiva. As outras pessoas passam a ter extrema importância. Meu propósito é fazer chover meus presentes espirituais sobre eles - irradiar amor em todas as direções.
Luiz Cesar Pimentel, ex-Zero, no blog do Camisetas Cuma?, seu site de camisetas.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 07h56
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Melhor do Brasil: o brasileiro
Severino Cavalcanti é a cara do Brasil. É reacionário, ignorante e, aparentemente, incapaz de articular uma idéia. Que melhor representante para o último país do mundo a abolir a escravidão e último da América Latina a criar uma Universidade?
As pessoas que reclamam do Congresso parecem ignorar sua função. Um parlamento não tem por função fazer o bem mas sim representar o povo do país. E isso o Congresso brasileiro faz muitíssimo bem. Antes de reclamarem do Congresso, reclamem do Brasil.
Daniel Malaguti, no Filosofia de Botequim, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
11/4/2005 às 07h15
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Muitos amores
Hélio Pellegrino foi um furacão. Em 64 anos de uma vida apaixonada, sempre a mil, desarrumou certezas em psicanálise, política e poesia. Tinha um único objetivo, quase obsessão: lutar pela libertação de tudo o que, sendo imposto ao Homem, o faz sofrer e apequena sua vida. Da Igreja, exaltava seus valores fundadores e descartava o moralismo clerical. Na política, recusava com a mesma veemência a opressão social e o dogmatismo dos partidos. Da poesia, na qual não se realizou plenamente, queria o ímpeto e o derramamento, jamais a glória besta da vida literária. Na psicanálise, finalmente, tentava a síntese de tudo isso, com a idéia de abrir o divã a rico e pobre, unidos na sua generosa convicção de que libertar-se interiormente não é privilégio, mas direito fundamental, passo decisivo para um existência digna.
Na carteira de trabalho, o doutor Hélio Pellegrino era médico psiquiatra, formado na Belo Horizonte em que nasceu em 1924. Na vida pública brasileira, foi dos poucos que pôde realmente ser chamado de intelectual - que se entende aqui como aquele cidadão que, destacando-se em suas atividades profissionais ou artísticas, usa prestígio e autoridade pessoais na defesa de causas coletivas. Na tradição brasileira, é posto reservado tradicionalmente a escritores, jornalistas e políticos e, dos anos 1960 para cá, a professores universitários. Na comissão que, formada na Passeata dos Cem Mil, foi recebida pelo ditador Costa e Silva num dos momentos mais críticos da repressão, os intelectuais eram representados, pela primeira vez, por um psicanalista, que logo seria preso por sua petulância e, anos mais tarde, se rebelaria até mesmo contra seus pares, denunciando autoritarismo e elitismo dos que ficariam conhecidos como "barões da psicanálise".
O inconformismo radical, que mateve até morrer, em 1988, vítima de enfarto, é a chave da [sua] vida (...). Beneficiados pelo tempo, que dá sentido e coerência ao passado, temos a certeza de que a convulsão permanente de Hélio Pellegrino faz todo o sentido. Para seus contemporâneos, no entanto, o homem-comício, como o apelidou o historiador Francisco Iglésias, era puro sobressalto. Por isso, é melhor deixar de lado a serenidade para acompanhar momentos de uma vida sempre um tom acima, com tambores ribombando, risos e choros compulsivos e uma tempestade daquelas que Nelson Rodrigues, seu grande amigo, imaginou para um inexistente quinto ano do Rigoleto.
Paulo Roberto Pires, em maravilhosa minibiografia de Hélio Pellegrino (igualmente dentro do "Arquivinho").
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Julio Daio Borges
8/4/2005 às 17h52
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O encontro marcado
O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo em sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o outro. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.
Hélio Pellegrino, em carta que virou epígrafe do clássico O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino (também no "Arquivinho" da Bem-te-Vi).
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Julio Daio Borges
8/4/2005 às 17h41
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