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Terça-feira,
20/8/2002
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Redação
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The explosion du jour
Living in the Blog-osphere, matéria da Newsweek desta semana:
"With a new blogger joining the crowd every 40 seconds, Weblogs are officially the explosion du jour on the Net. Most estimates peg the current number at a half a million Weblogs, depending on how you define the term, but 'my suspicion is that there are even more,' says Cameron Marlow, an MIT graduate student who's studying the phenomenon.
"Blogging is a social phenomenon, and the Blog-osphere self-organizes into clusters of the like-minded. Within one of those clusters, the small-scale drama of a life, the incisiveness of one's film criticism or the knowledge one imparts about esoteric telcom regulations can foment a weird kind of microcelebrity. 'In the future, everyone will be famous to 15 people on the Web,' says David Weinberger, author of 'Small Pieces Loosely Joined,' an incisive book about the Net."
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Julio Daio Borges
20/8/2002 às 18h09
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Russell sobre Wittgenstein
"Um alemão desconhecido apareceu, falando pouquíssimo inglês, mas recusando-se a falar alemão. Era um homem que estudara engenharia em Charlottenburg mas que, durante o curso, adquirira, por si só, uma paixão pela filosofia da matemática e chegava agora a Cambridge com o propósito de acompanhar minhas aulas."
"Meu amigo alemão ameaça tornar-se uma inflição; ele voltou comigo após a aula e ficou discutindo até a hora do jantar - obstinado e contumaz, mas não creio que estúpido." [19/10/11]
"Meu bravio alemão apareceu e argumentou comigo após a aula. Ele veste uma armadura contra todas as investidas da razão. É realmente uma grande perda de tempo conversar com ele." [16/11/11]
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"Meu alemão está hesitando entre a filosofia e a aviação; veio me perguntar hoje se eu achava que ele era um caso totalmente perdido em filosofia. Eu lhe disse que não sabia, mas que achava que não. Pedi-lhe que trouxesse alguma coisa por escrito para me ajudar a avaliar. Ele é rico, e está apaixonadamente interessado pela filosofia, mas sente que não deve dedicar sua vida a ela se não for realmente bom. Sinto uma grande responsabilidade, pois de fato não sei o que penso da sua capacidade." [27/11/11]
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"Wittgenstein foi o grande evento em minha vida - o que quer que possa sair disso. Eu o adoro e sinto que irá resolver os problemas que estou velho demais para resolver - toda espécie de problemas que foram levantados pelo meu trabalho, mas que exigem uma mente fresca e o vigor da juventude. Ele é o jovem que eu poderia esperar."
"Wittgenstein é terrivelmente persistente, monopoliza a palavra e, no geral, é considerado um chato. Como eu realmente gosto muito dele, consegui insinuar essas coisas sem ofendê-lo."
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"Sua disposição é a de um artista, intuitiva e temperamental. Diz que todas as manhãs começa seu trabalho com esperança, e todas as noites o encerra em desespero - sente o mesmo tipo de raiva que eu quando não consegue entender as coisas." [16/3/12]
"Sinto a mais perfeita simpatia intelectual por ele - a mesma paixão e veemência, a mesma sensação de que é preciso compreender ou perecer, as súbitas piadas desfazendo a assustadora tensão do pensamento." [17/3/12]
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"Ninguém poderia ser mais sincero do que Wittgenstein, ou mais destituído da falsa polidez que interfere com a verdade; ele deixa transparecer seus sentimentos e afeições, e isso enternece o coração." [10/3/12]
"Ele abomina a ética e a moral em geral; é deliberadamente uma criatura de impulso e acha que se deve ser assim." [17/3/12]
"Ele é capaz de fazer qualquer tipo de coisa por paixão; mas jamais cometera a sangue frio algum tipo de imoralidade. Sua posição é bastante livre; princípios e coisas do gênero parecem-lhe uma insensatez, pois seus impulsos são fortes e nunca vergonhosos."
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"Tem a sensibilidade do artista ao achar que deve produzir algo perfeito ou então absolutamente nada. Eu lhe expliquei que não iria se formar nem conseguiria lecionar se não aprendesse a escrever coisas imperfeitas - o que só o deixou mais furioso. Por fim, implorou-me que eu não desistisse dele mesmo que houvesse me desapontado."
(Trechos extraídos das cartas de Bertrand Russel a Ottoline Morrell, transcritos do livro Wittgenstein - o dever do gênio, de Ray Monk, Companhia das Letras, 1995, 572 págs.)
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Julio Daio Borges
20/8/2002 às 15h25
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A rocha que voa num labirinto
Arnaldo Jabor sobre Glauber Rocha, hoje no Estadão:
"Há 21 anos, Glauber Rocha nos deixou, no dia 22 de agosto. Eu nunca tinha visto alguém morrendo, nunca vira o momento misterioso da passagem. Em volta da cama de sua agonia, os amigos se agarravam como náufragos nas bordas de um barco que ia partir.
"Estávamos assustados, porque o Glauber era o pulmão por onde respirávamos, o coração que batia por nós e que agora fraquejava. Ele estava ali, ignorando-nos, concentrado não sei em que filme interior, em que roteiro para as estrelas. Parecia mesmo um astronauta, coberto de fios e tubos de respiração. Subitamente, Glauber se ergueu, como se fosse acordar, ressuscitar, como num milagre. Mas era a última convulsão e ele se aquietou e flutuou para longe.
"Vocês, jovens que me lêem, podem pensar: 'Deixe de idealizações com esse tal de Glauber... Afinal de contas, todo mundo morre...' Mas, não é literatura; morria ali a mais rica síntese das idéias de uma época brasileira: melancolia com esperança, a romântica fome de salvar o País, unindo poesia e política."
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Julio Daio Borges
20/8/2002 às 10h18
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Repercussões
"Uma das maiores revistas eletrônicas da web brasileira, o Digestivo Cultural, agora tem o seu blog. Lá, comentários de seu editor e colunistas sobre mídia, cinema, literatura e cultura em geral." [Blog News, dentro do Espaço Real Universitário]
"oba! o digestivo cultural agora tem um blog também e com direito a tudo de bom que rola por aí. (começou no dia 13, mas só descobri agora.)" [Dizem...]
"Mais um blog. O Digestivo Cultural saiu da fila e já estreou o seu." [Tá na Tela]
"Lendo o blognews eu descobri que o digestivo cultural agora tem um blog! ;-)" [Wumanity]
"O Julio Daio Borges - Editor do Digestivo Cultural - colocou um blog no ar. Tá muito legal... valeu!" [Marketing Hacker]
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Julio Daio Borges
20/8/2002 à 00h00
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Minhas conclusões de Gramado
Eis meu último post sobre Gramado, mas volto ao tema na minha coluna de quinta-feira. Quem acompanhou minhas informações no decorrer da semana viu que minhas previões falharam. TODAS menos a vitória de EDIFÍCIO MASTER como melhor documentário (coisa que todos sabiam que ia acontecer).
Mesmo assim, quero deixar aos leitores minha indignação com as premiações. A organização do festival resolveu distribuir kikitos a todas as produções, o que causou injustiças e enormes surpresas entre a crítica que acompanhava. Cada vencedor anunciado era seguido por espantos meus e de colegas.
Na minha opinião, DURVAL DISCOS, o grande vencedor, não é o melhor. Tem suas qualidades, a diretora tem um ar de seriedade (e segurança) excessiva e tem estilo, mas seu filme não supera a dramaticidade e as atuações contidas em DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA. Ana Muylaert talvez tenha surgido como uma promessa do cinema paulista para os próximos anos. Seu DURVAL DISCOS indica isso.
DOIS PERDIDOS, sim, merecia muitos prêmios e ficou só com música original e montagem. José Joffily, seu diretor, conseguiu fazer um filme maduro com a obra de Plínio Marcos, e Débora Falabella deu vida e sensualiade ao personagem Paco. Injustiça de um festival que desde o início priorizou o espetáculo ao cinema em si. Perdeu-se em cinema, credibilade, mas ganhou em glamour e visibilidade nas revistas do estilo Caras, QUEM e cia... Cada um escolhe seu destino. Gramado parece ter optado por este... Infelizmente.
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Lucas Rodrigues Pires
19/8/2002 às 14h41
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Ojos sí, orejas no
Uma entrevista perdida de Luis Buñuel a Gonzalo Suárez, percursor do New Journalism espanhol:
"Me fastidia el periodismo, que capta la mayor parte de las veces el lado falso y superficial de las cosas. Tampoco creo en las entrevistas. Me avergüenza exhibirme. He concedido muy pocas en mi vida, las imprescindibles. En Norteamérica por ejemplo trataron de convencerme de que la publicidad era algo muy importante y que yo debía someterme a las preguntas de un enviado del 'New York Times'.
"Veo la vida como nunca, con mucha serenidad, con total serenidad. Lamento mi sordera, porque me aísla de los amigos, de los ruidos... A mí no me parece demasiado grave el que se quede más o menos sordo (otra vez como Goya, ¡diablos!) un hombre cuya profesión y cuyo genio reside en haber y hacer ver. 'Ojos sí, orejas no' me parece un buen lema. Cada vez es más apasionante 'ver', cada vez es más aburrido 'oír'.
"Odio el simbolismo razonado. Existe siempre, es inevitable, un simbolismo inconsciente. El público y la crítica ven símbolos por todas partes. Pero yo no soy un simbolista. Si tengo algo que decir, lo sigo sin rodeos, de la manera más directa posible."
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Julio Daio Borges
19/8/2002 às 10h52
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Read newspapers and socialize
Deu no Times, Wired Students Prefer Campus News on Paper:
"Here's news. Even though college campuses are some of the most wired places on Earth, printed versions of college newspapers remain far more popular than their online editions.
"'Some students want to read the news before it gets to print,' said Matt Donnelly, editor in chief of The Daily Northwestern. 'They make reading the online newspaper part of their morning routine along with checking e-mail and national news'.
"But for most students, the print version of the college paper remains part of campus life."
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Julio Daio Borges
19/8/2002 às 10h40
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Puccini, Giacosa e Illica
Lauro Machado Coelho, dando uma aula sobre Madama Butterfly, em Um Puccini rumo à maturidade:
"Não são poucas as favoritas do público, hoje - a Traviata, a Carmen - que, na estréia, foram um fracasso, e precisaram de um tempo para conquistar o público, aí, sim, enraizando-se em seu coração de forma inabalável. Esse foi também o destino de Madama Butterfly, vaiada no Scala na noite de 17 de fevereiro de 1904; mas aplaudida no Teatro Grande de Brescia, em 28 de maio do mesmo ano, depois que Giacomo Puccini a submeteu a revisões que a tornaram mais densa e cenicamente eficiente."
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Julio Daio Borges
19/8/2002 às 09h52
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Deu tudo errado
É indispensável para quem, com aproximadamente 40 anos, está também assustado com a situação dos amigos intelectualóides dos anos 60 e 70. De agressivos rebeldes se converteram em empregados conformados, engolidos pelo "sistema" que acreditavam criticar. Serve inclusive, para os mais novos, como vacina ao discurso oposicionista oco, que, neste país, está sempre na moda, atravessando gerações. Não vai adiantar muito, é claro, mas o novo filme de Ugo Giorgetti, O Príncipe, pode ser pelo menos um consolo a quem pensava que crítica social, no Brasil, significa apenas atacar burgueses manipulados. Pois bem: manipulada e estragada foi, como mostra Giorgetti, quase toda a geração da qual ele faz parte. Deu tudo errado, definitivamente.
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Eduardo Carvalho
18/8/2002 às 21h03
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Vecchie foto di me stesso
Homenagem do Corriere della Sera a Calvin e Hobbes:
"La prima volta di 'Calvin and Hobbes' è datata 18 novembre 1985, l'ultima 31 dicembre 1995. Da quel giorno il fumetto è uscito dalla vita di Bill Watterson, che oggi ha 43 anni e riprende in mano un lavoro realizzato quando ne aveva 28: 'Far passare le mie vecchie tavole è come guardare vecchie foto di me stesso: sono personali e familiari, ma nello stesso tempo con qualcosa di bizzarro'
"Dopo aver dedicato dieci anni a Calvin e Hobbes, l'autore ha deciso di chiudere i suoi personaggi in una scatola, per occuparsi a tempo pieno di musica e pittura, senza l'assillo e le limitazioni dei giornali. Qualcosa però è restato degli anni trascorsi a disegnare vignette: 'Per la loro apparente semplicità, le possibilità espressive del fumetto rivaleggiano con quelle di ogni altra espressione artistica. Cinque anni dopo Calvin and Hobbes amo il fumetto come sempre', conclude il cartoonist."
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Julio Daio Borges
18/8/2002 às 19h15
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