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Segunda-feira,
6/6/2005
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Redação
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Yagoohoo!gle
Para aqueles que andam em dúvida entre realizar pesquisas no Yahoo! ou no Google, a resposta é o Yagoohoo!gle. Uma brincadeira divertida e interessante onde você pode ver o resultado de suas pesquisas nos dois mecanismos de buscas ao mesmo tempo. A parte mais difícil é pronunciar o nome do site.
VClaudio, no Cult Bar, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
6/6/2005 às 07h18
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teenageangst
Mariana T. (porque eu gosto das fotos e porque o blog dela linca pra cá).
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Julio Daio Borges
3/6/2005 às 17h14
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Gaveta dos Guardados
Conheci em Paris um escultor brasileiro, bolsista, que não freqüentava museus para não perder a personalidade, esquecendo que só se perde o que se tem.
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Cada artista tem seu tempo de criação. É difícil saber quando começa a gravidez e quando se dá o parto. Há pintores que são permanentemente prenhes, parindo ninhadas como era o caso de Picasso.
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Sou impiedoso e crítico com a minha obra. Não há espaço para a alegria. Acho que toda grande obra tem raízes no sofrimento. A minha nasce da dor.
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Como temos cicatrizes! A vida foi causando essas feridas que nos acompanham até o fim. Nós somos como as tartaturas, carregamos a casa. Essa casa são as lembranças. Nós não poderíamos testemunhar o hoje se não tivéssemos por dentro o ontem, porque seríamos uns tolos a olhar as coisas como recém-nascidos, como sacos vazios. Nós só podemos ver as coisas com clareza e nitidez porque temos um passado. E o passado se coloca para ajudar a ver e compreender o momento que estamos vivendo.
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As coisas são assim: encontramos a última palavra, elas se acabam. Quando eu quero me ver livre, expressar tudo que tenho dentro de mim, lanço o quadro e aparece a imagem. Mas a imagem continua sendo um enigma outra vez. Pensamos que tudo apareceu revelado, e de fato revelou-se. Mas também não se revelou: está visível, mas continua o enigma.
Iberê Camargo, na mesma Discutindo Arte.
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Julio Daio Borges
3/6/2005 às 15h07
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Verbeat
Dan Gillmor, jornalista norte-americano, papa dos blogueiros, defensor do citizen journalism e autor do livro We the Media, julga a blogosfera como uma "câmara de eco". Para Gillmor, as idéias movem-se por ela como vírus. É impossível pará-las de todo, e o único impedimento de uma "contaminação" é o querer do sujeito, que pode passar de simples receptor passivo a produtor e crítico num piscar de olhos. O nascimento, a legitimação e o fortalecimento de uma nova via de informação depende apenas que cada cidadão coloque em prática a prerrogativa de suas liberdades conquistadas. O aparato tecnológico está disponível, e onde não estiver, deve ser levado. Cercear, normatizar e delimitar esse suporte, ou o conteúdo nele contido, é aprisionar o indivíduo no momento em que ele mostra sua força como indivíduo. Incentivar e lutar pela liberdade de comunicação é criar uma forma inédita para a produção, a compreensão e a discussão da informação. E se hoje a informação é o poder, nunca ele esteve tão próximo de cada um de nós, livre e democraticamente. Não vamos, agora, abrir mão disso.
Trecho do manifesto "Pela Liberdade e Democratização da Comunicação", via Leandro Gejfinbein (que linca pra nós).
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Julio Daio Borges
2/6/2005 às 16h26
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Rolam as Pedras
Eu acho que tem um pouco de medo na produção brasileira. Os grandes artistas são todos vigiados pelas gravadoras. O Los Hermanos, por exemplo, gravou o disco e teve que mandar para não sei quem para arrumar o som porque a gravadora não gostou.
Aqui eles exigem um certo padrão, que é o padrão das rádios; é o padrão do que se espera dos artistas; nem sempre é o que o artista realmente quer fazer. Acabam perdendo autenticidade. Isso também ocorre fora do país, mas aqui, pelo fato de existir o famoso jabá, as gravadoras já sabem o que as rádios querem, então ficam exigindo que o artista faça somente aquilo.(...)
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(...)uma banda que tocava nas rádios antes, com sucesso, mesmo sendo independente, hoje não pode tocar mais porque as rádios disseram que as gravadoras estão pagando para não tocar mais anda independente. É um monopólio cultural.(...) É triste que isso aconteça no nosso país, que a gente seja obrigado a passar por isso, até a mudar de profissão - como eu conheço muitos músicos ótimos que têm de virar outra coisa. Ou então se vender, trocar totalmente seu estilo, fazer um negócio padronizado.
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Eu duvido muito que [o governo] possa fazer alguma coisa. Temos um músico lá dentro, no ministério, e nada acontece. O que está acontecendo em relação a isso? Estão tentando fazer uma lei, mas, quando pensam em fazer isso, há uma série de impedimentos: temos que entender que é muito dinheiro envolvido em direitos autorais, e se o Brasil não abrir o olho vamos continuar sempre terceiro-mundistas em relação a essa questão. Os artistas fazem, mas não recebem. Eu, por exemplo, tenho músicas que vou receber direitos depois de sete anos que foram executadas, então esse dinheiro já desvalorizou; e, se eu não for procurar, eles não virão atrás de mim pra me pagar.(...) Quem usou esse dinheiro? Quem aplicou? Por que não recebo juros totais de todos esses anos que não recebi? Desculpe, estou muito desanimado.
Mr. Kiko Zambianchi, na nova revista Discutindo Arte.
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Julio Daio Borges
2/6/2005 às 14h42
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A parte mais íntima
Do Sidney Haddad, que mensalmente me manda, por e-mail, suas obras de arte.
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Julio Daio Borges
1/6/2005 às 07h45
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A soberba de Beauvoir
Nenhuma mulher (moderna) quer ser uma Sibyl Vane. O destino de toda mulher é ser uma Sibyl Vane. Não descobriram ainda, mas isto está no cromossomo X.
O talento masculino pode dar as mãos à realidade. Mulheres talentosas têm uma agradável surpresa ao enxergar a realidade para além de seu narcisismo tipicamente feminino (às vezes altamente artístico): introvertem-se de vez (caminham na direção oposta) ou aceitam a realidade passivamente, como um cão faminto que fareja (e desconfio que esta seja sua natureza) e - rápida piscada de olhos - o talento desaparece, deixando a agradável realidade, a insípida tarefa de lavar a mesma louça todos os dias.
Mulheres gostam de encontrar-se ao comer chocolate, costurar botões na blusa favorita, observar de perto a beleza dos próprios cabelos sob a água do chuveiro, pensar na lancheira do filho enquanto passam as marchas do carro.
Perder-se + encontrar-se + aliar isto à realidade + não perder o gênio é uma virtude tipicamente masculina.
Do Uns choram. Outros vendem lenços, que linca pra nós (porque eu não descobri quem assina...).
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Julio Daio Borges
1/6/2005 às 07h10
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Morte aos portais
Febre da rede e paliativo contra o suposto excesso de informação, os Portais-currais configuram-se como estrutura de informação (conteúdo) que nos tratam como bois digitais forçados a passar por suas cercas para serem aprisionados em seus calabouços interativos. Devemos nos afogar em números.
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O limite da emissão sempre foi o que deu poder às mídias clássicas e agora os Portais, sob a balela de nos ajudar à não nos perdermos nesse mar de dados, nos aprisionam e limitam nossa visão da rede (do mundo?), fazendo fortuna de novos jovens nasdaquianos. Dizem que tudo existe num Portal, e que não precisamos nos cansar em buscar coisas lá fora. Mas quem define o que é tudo? Voltaremos à edição clássica dos conteúdos que fez o quarto poder dos mass media?
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Embora busquem agregar supostos conteúdos importantes, os Portais nos tiram, enquanto fenômeno hegemônico (e é aqui que quero situar minha crítica) a possibilidade da errância, da ciber-flânerie, nos transformando em surfers-bois, marcados pelo ferro do e-business. Devemos reverter a hegemonia e a pululação desta nova prisão eletrônica que se configura com a atual onda de Portais-currais.
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Pela sobrevivência da vida e da emissão irrestrita no ciberespaço, deve-se gritar a morte simbólica dos Portais-currais que tratam o que é excessivo de forma moralizante, desviante, improdutiva ou dispersiva. Esqueceríamos assim que é esta despesa improdutiva que estrutura e dá alma a qualquer agrupamento social. A assepsia, a certeza e a segurança são sinônimos de morte, na rede e fora dela.
André Lemos, de novo (porque antes do Digestivo começar, em 2000, ele já matava os portais).
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Julio Daio Borges
31/5/2005 às 12h22
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Juventude
É essa a força da IBM: homens de todos os tipos podem chegar ao topo porque tudo o que interessa à IBM é lealdade, trabalho duro e concentrado.
(...)O âmbito de assuntos que ele e [seu colega] Bill Briggs concordam tacitamente em não abordar em suas conversas é tão amplo que ele se surpreende de sobrar ainda alguma coisa.
(...)Quanto mais vezes são ditas as palavras amigo, amizade, amigável, mais estranhas elas soam. Pode imaginar o homem falando assim: se está procurando amigos, associe-se a um clube, vá jogar boliche, fazer voar aeromodelos, colecionar selos. Por que esperar que seu empregador, a IBM, International Business Machines, fabricante de calculadoras eletrônicas e de computadores, providencie amigos para você?
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Está no mundo dos negócios, e no mundo dos negócios, descobre, não é preciso ser polido.
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No escritório, não há nada em que pousar os olhos além de superfícies metálicas planas. Debaixo do brilho sem sombras da luz de neon, sente que sua alma está sob ataque. O prédio, em bloco de concreto e vidro sem particularidades, parece emanar um gás, sem cheiro, nem cor, que consegue penetrar seu sangue e o amortece. A IBM, é capaz de jurar, o está matando, transformando-o num zumbi.
(...)Para ficar alerta, toma xícaras e xícaras de café; o coração martela, o cérebro fumega; perde a noção de tempo, tem de ser chamado para almoçar.
(...)Aos dezoito anos, poderia ter sido um poeta. Agora não é poeta, nem um escritor, nem um artista. É um programador de computador, um programador de computador de vinte e quatro anos num mundo em que não existem programadores de computador de trinta anos.
J.M. Coetzee, em Juventude (me fez lembrar, mais uma vez, porque desisti do mundo corporativo).
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Julio Daio Borges
31/5/2005 às 11h40
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Prólogo
Minha cabeça roda roda e roda e parece que roda sem muito rumo, sem muito propósito, sem muita noção de porque está rodando. Tudo parece preparação pra outra coisa, e não the actual thing. Não parece muito bem vida, talvez uma pré-vida. Uma espera para alguma coisa maior que vai acontecer, como se tudo isso que acontece agora fosse só um jeito de fazer o tempo passar mais rápido, como se nada disso importasse assim, de verdade. Como se a minha vida fosse começar logo logo, daqui a pouquinho, só mais um minuto, mas não agora, não, agora não é o momento. Agora é a musiquinha de espera do telefone, ou aquela falação irritante de quando você liga pro Terra ou pro Speedy e eles te deixam aguardando na linha com aquela voz fazendo propagandas. O momento do download de uma música que eu quero ouvir muito, mas tem que esperar, porque ainda tá fazendo o download. Nada me parece assim, muito estável. Em construção. Permanente estado de construção, sem previsões pra damn thing ficar pronta. Diabo. E agora? Quando é que é a minha vez? Quando é que eu vou de fato subir ali no palco e fazer o que eu tenho que fazer, quando é que a minha vida começa e, céus, se a minha vida já começou e é isso aqui mesmo, por que é que eu me sinto como se estivesse esperando, ainda. Esqueceram de me avisar? Oh, Deus, mas eu não sou assim tão boa em improvisar, por que diabos ninguém me falou nada? O que, exatamente, eu estou esperando? Por que, exatamente, eu estou esperando? Por que eu fico matando tempo ao invés de fazer alguma coisa de útil?
Tá tudo meio errado, tudo meio sem sentido, tudo rodando e indo pra... Onde? Minha cabeça é incapaz de me fazer concentrar em uma só coisa por mais de quinze minutos, porque tudo que dura mais de quinze minutos parece um exagero, uma perda de tempo, uma coisa pra se fazer daqui a pouco, quando eu estiver com cabeça pra isso. Mas essa cabeça pra isso nunca vem, nunca, nunca.
Da Olivia (porque a DaniCast tinha razão).
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Julio Daio Borges
30/5/2005 às 14h10
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