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Segunda-feira,
11/7/2005
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Redação
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May The Force Be With You
Well, there is no need to go into detail about the crisis in journalism today -I'm sure others will cover those details- and how, in the perception of the public, the press is evil and has gone over to the Dark Side of The Force. We know that the credibility of the news media, to summarize the Pew Center research, is lower than whale shit. But I do think we need to look into why the news media, journalism, and reporters have reached these depths, and then to look at what needs to be done for redemption. The Star Wars epic is about the eventual triumph of good (and creativity) over evil (and institutional control and corruption) and about redemption. Darth Vader redeems himself in the final Star Wars episode, Return of the Jedi, by killing Emperor Palpatine to save his son, Luke. So, how can "evil" journalists redeem themselves?
Charles Warner, velho executivo da velha mídia, em seu Media Curmudgeon (porque a comparação dele procede...).
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Julio Daio Borges
11/7/2005 às 17h47
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Em Parati, um Bartleby
Este é provavelmente o último post que escrevo daqui da Flip. Novamente depois do almoço, entre a palestra do meio-dia e a das três da tarde, que eu, em geral, perco, porque o tema, ou a pessoa, não me interessa. Vai uma auto-crítica a esta minha cobertura. Pessoalmente, não fiquei satisfeito. Lançava os posts mas sempre em dúvida quanto ao tom. Não encontrei o tom, penso. Comecei "nervoso", fiquei mais "bonzinho", voltei "nervoso", agora queria equilibrar de novo. Terminou um troço desconjuntado. Não tive visão de conjunto e isso me incomodou.
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Ontem parei, penso, no Jabor e no MV Bill. Foi isso? Depois veio o Jon Lee Anderson. Conversei com o Jon Lee Anderson ontem de manhã, durante a coletiva que, de tão vazia, mais parecia uma exclusiva, eu e ele. Me impressionou. Um dos poucos que profundamente me impressionou. Um sujeito inteiro, "um cara íntegro", que vivia realmente o que escrevia. O que discutir com um correspondente de guerra? Quem viu a guerra, viu tudo. Perguntei pra ele sobre o filme do Walter Salles, sobre Che Guevara (Anderson biografou exaustivamente o Che). Gostou. Disse que viu algumas "falhas" factuais, mas reconheceu a "licença poética" de Salles. Reconheceu que outros tentaram fazer outros filmes e até sugeriu cenas que ele achou que faltaram. Cenas líricas. Depois, mais pra frente, perguntei da influência da internet no jornalismo político. Ele falou com reverência (viu, jornalistas?). Comentou da blogsfera como se fosse uma entidade. "A blogsfera me atacou", confessou. "Claro, são pessoas que não receberam treinamento em jornalismo, mas são hoje vozes importantes - ainda que perigosas".
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Perdi a mesa do Luiz Alfredo Garcia-Roza. Queria ver. Não deu. "Vou pular essa", aqui dizem os jornalistas. "Quando não está rolando, eu saio", dizem outros. Jornalistas não são santos, eu já falei isso pra vocês. Pois é, perdi. Procurei referências à mesa, mas não obtive. Não foi uma mesa muito comentada, penso. Os livros do Garcia-Roza estavam bastante disponíveis na livraria. Dava vontade de comprar. Meu mais recente colaborador, o Guilherme Conte, que encontrei por aqui algumas vezes, gosta dele. E me indicou um certo título. Não me lembro de qual agora. Eu falho; eu sou jornalista.
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Perdi, também, a do Evaldro Cabral de Mello, sobre Dom Quixote. Mas, pelos comentários, não perdi nada. "Chatíssima", foi o comentário mais bonzinho. O "Mar de Histórias", como diriam os jornalistas, não rolou. Nem Alter; nem Pamuk - como eu já havia notado.
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O Salman Rushdie foi a grande decepção. Não que eu esperasse dele muita coisa. Achei exagero, quando a Ruth Lana (organizadora), falou que ele era "um dos mais importantes escritores do mundo de hoje" (na televisão). Não é, claro. Ficou famoso porque ia ser morto. Não foi, virou essa coisa. Vagava pela Flip. Assistia aos debates. Dormia (não deixei de observar). Pensei que tivesse alguma coisa pra falar. Ao menos sobre o Brasil. Nada. Importaram uma entrevistadora da BBC e ela conduziu a mesa como se fosse um programa de televisão. Essa impressão foi unânime. A mulher ignorou o público. Entrou no romance. Como se fosse uma propaganda. Ponto. Eu e a Carol não agüentamos. Preferimos sair para jantar. E pegar os restaurantes vazios (a mesa estava abarrotada)...
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(O João Filho - que sentou aqui do lado - acaba de ser seqüestrado pela Manya, do Globo. Ela é empresária dele? Não deu nem tempo de falar da Ana Elisa...)
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Hoje de manhã, pulei Alberto Mussa e Orhan Pamuk (de novo) e fui me encontrar com Vila-Matas. A coletiva foi, novamente, quase uma exclusiva. Vila-Matas estava nervoso. Pensou que o contato conosco - jornalistas - fosse transformá-lo num Bartleby. Quando perguntado sobre por que entrou no tema dos autores ágrafos, confessou que escrever sobre isso - escrever sobre escritores que não escrevem - o salvou (de não escrever nada). Me cortou quando disse que não se sentia espanhol, que não "via" uma literatura espanhola e que, portanto, estava em Barcelona apenas por acaso. Era catalão, frisou. Era, isso sim, um personagem de Almodóvar (e ele teria provavelmente detestado a comparação). Mexia muito as mãos. Quando lhe perguntei de autores brasileiros (se conhecia algum), agradeceu publicamente Rubem Fonseca, por havê-lo citado no seu último romance (sem querer, quando resenhei - e detonei o livro -, citei exatamente essa passagem, no final; confiram "Rubem Fonseca e a inocência literária perdida").
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Ariano Suassuna foi uma apoteose. Ótimo para encerrar uma festa. Tinha ouvido falar de suas aulas-espetáculo, mas colocou todo mundo pra gargalhar. Desde o intelectual (Roberto Schwarz - logo atrás) até o segurança, todos não se agüentavam. Reafirmou sua afinidade com a literatura ibérica, exultou Cervantes e o Quixote, atacou Elvis Presley e os americanos, falou marginalmente de seus livros e de sua obra. Foi humilde. Chorou ao dizer que Policarpio Quaresma, de Lima Barreto, se perdeu na vida, e na razão, porque amava demais o Brasil e porque queria que os brasileiros se identificassem com ele (o Brasil). Possivelmente se viu na personagem e encerrou tudo com voz embargada.
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Julio Daio Borges
10/7/2005 às 16h05
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Zona de conflito
Perdi, ontem, a Jeanette Winterson. Foi uma das palestras mais comoventes da Flip. Quando eu digo que perdi, vocês podem achar que eu estou sendo leviano em reportar alguma coisa que não vi, mas não estou. Jornalistas fazem isso toda hora. Depois da primeira mesa (em geral, são cinco por dia), muitos vêm aqui à sala de imprensa e escrevem: "A mesa tal foi a mais importante do dia". Traduzindo: viram uma mesa apenas e já concluíram que aquela foi "a mais importante" (porque, obviamente, não vão ver as outras). E depois vocês confiam no que lêem no jornal (e depois eles dizem que a internet é que "não é confiável")...
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O Orhan Pamuk fez da segunda edição do "Mar de Histórias" a segunda mesa mais xaroposa da Flip. A primeira mais xaroposa foi justamente o primeiro "Mar de Histórias", a mesa do Robert Alter - criticado de cima a baixo, aqui na Flip, mas que vocês vão ver nos jornais como "um sujeito ótimo" etc. e tal. O Orhan bebia um copo com um líquido amarelo e que parecia uísque. Na verdade, ele parecia aquela personagem da Terça Insana, que vai se embebedando e se tornando cada vez mais ininteligível e maçante. Acabou com qualquer possibilidade de se ler as Mil e Uma Noites (o Alter acabou com qualquer possibilidade de se ler a Bíblia). P.S. - o Salman Rushdie dormiu e roncou na mesa do Orhan (era a atração da fila...).
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O clima começou a esquentar com a mesa do Jô Soares. Mediada pelo Luis Fernando Veríssimo, não tinha como não cair nas atualidades. A Isabel Lustosa, convidada como o Jô para falar de sátira, habilmente dominou a cena e fez as críticas que todo mundo queria fazer ou que, pelo menos, "o povo" queria ouvir. Claro que em festas elitistas em Parati não há quase povo, mas as pessoas da cidade que assistiram, da praça, aplaudiram quando ela disse, por exemplo, que o Lula mantém a tradição, dos governantes brasileiros, de falar "bobagens"... O Veríssimo (o computador está acentuando, não tem jeito), o Veríssimo não defendeu o governo como no ano passado (dizendo que era "discurso da direita"). Ficou calado e concordou que a situação era calamitosa.
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Eu ia dizendo que a bomba estourou com o Jabor, quando o computador aqui me censurou. Perdi tudo (digo, parte do post) - ainda que a Carla Rodrigues, aqui do meu lado agora, do No Mínimo, tenha tentado me ajudar (ela está postando no blog de lá)... Enfim, o Jabor já vinha com um imenso mau-humor e parece que, depois de ver algumas sugestões políticas no ar, desembestou chamando o atual governo de - literalmente - "uma bosta". (O palavrão é necessário, como diria o Polzonoff.) Tentou defender o Fernando Henrique (ao contrário do Chico Buarque) e foi vaiado. Me lembrou o Nélson Rodrigues, pra variar. "Vaiem, vaiem", ele bradava. Chamou uma mulher, que retrucava, de "leninista" e atacou o Dirceu defendendo o "Bob" Jefferson - leu um artigo de próprio punho (que vai sair no jornal). Sofreu um revés da mesa apenas: o Luiz Eduardo Soares, que acompanhava o comovido MV Bill, deu um rebote afirmando que se acontecesse alguma coisa "a alguém da elite" (em termos de violência no Rio etc.), o William Bonner iria transformar em editorial do Jornal Nacional... Como todo mundo sabe, o Jabor é comentador de lá.
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Julio Daio Borges
9/7/2005 às 13h46
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Off Flip
Eu estou em falta com vocês. Disse que voltava ontem, depois do almoço, e voltei hoje, depois do almoço... O fato é que estou desacostumado com esse negócio de escrever no computador. Abrir o template e mandar, a seco, um post não é definitivamente a minha praia.
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Fora isso, acontece "tanto" entre uma mesa e outra, que você embarca numa roda-viva e, quando vai ver, um dia inteiro se passou e você não "postou" nada no Blog... Não é verdade. Eu até redigi alguma coisa à mão ontem, durante uma mesa mais chata. Acontece que estava me considerando num mau-humor que decidi abandonar o manuscrito-post.
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Vamos aos destaques, que é o que interessa mais - tirando todo o mau-humor.
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Perdi a mesa da Marina Colasanti, depois que falei tanto do marido dela e do Millôr... O fato é que perdi a mesa da Marina Colasanti. Vi a do Robert Alter sobre a Bíblia. Nela escrevi o post que eu perdi (ou não quis recuperar). Nele, falava da dormida que deu o Luiz Schwarcz e da cara-de-sem-graça do mediador, o genro do Davi Arigucci, porque a palestra estava muito específica, entre um termo em hebraico e outro, essas coisas... Até o Luiz Felipe D'Ávila, na minha frente (com um amigo e uma roupa de corrida de aventura), pestanejou. O post perdido, em resumo, era sobre essas coisas.
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A mesa que quebrou minha resistência foi a do David Grossman, que tinha, coincidentemente, lido o hebraico na mesa anterior. É um ruivinho que lembra uma mistura de Woddy Allen com Paulo Francis (pequeno e franzino como o Woody, mas careca e de olhos empapados como o Francis - eu sei que a mistura soa inverossímil mas podem acreditar). Foi uma das mesas mais humanas da Flip. Falando, claro, de seu ofício de escritor, falando de como é viver em Israel (sem todo o glamour, em meio aos atentados...). Foi um dos autores de que a Carol gostou. Falou também uma coisa muito interessante sobre tentar devolver a "ingenuidade" aos jovens em um de seus livros, pois eles, os jovens, estão muitos céticos hoje em dia. Gostei. Me pareceu um escritor honesto, que se dedica seriamente ao ofício de escritor, como se fosse efetivamente um trabalho, como se quebrasse a cabeça para realizar um livro etc. O seu livro se chama Alguém Para Correr Junto, ou algo similar, e sai pela Companhia das Letras.
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Ontem à noite fazia um frio terrível aqui em Parati. Eu e a Carol tentamos participar de algum evento noturno, mas não deu. Observamos, da porta, apenas um show que rolava no Café Parati e eu só pude ver o meu Parceiro, Pedro Herz, da Livraria Cultura, conversando animadamente em uma mesa.
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Vocês querem fofocas? Tá, eu vou contar... Encontrei o Jabor aqui ontem, na sala de imprensa, tentando produzir alguma coisa. Travado em frente à página em branco. Como qualquer pessoa (é barra escrever no computador...). Sugeri a ele que ligasse pro Nélson; exatamente como naquele post. Ele riu frouxo; aparentemente não gostou... Aqui em Parati, eu sou o pombo correio da sinceridade. Falo o que penso e pronto. As pessoas não devem acreditar... Encontrei, por exemplo, o escritor português de ontem [José Luis Peixoto] e reafirmei a ele: "Você era o melhor da mesa!"... E hoje, trombei com o Paulo Henriques Britto e disparei: "Você era o único poeta da sua mesa!". Ele me pareceu meio desconcertado. Não queria desmascarar os colegas assim ao vivo... E agora, há pouco, sentou o Antonio Carlos Viana do meu lado e eu não deixei barato: "Parabéns pela sua participação. Minha namorada chorou com o seu conto..."
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Antonio Carlos Viana encampou uma mesa sobre "o sertão", junto a Ronaldo Correia de Brito (fisicamente, o [cantor] Falcão da literatura) e junto a João Filho (o amigo da Ana Elisa). Demos boas risadas, eu e a Carol. Foi a mesa mais simpática. Antonio Carlos contou de ter sido proibido nos vestibulares, pois fala de sexo para meninos "ingênuos" de 15, 16, 17 anos... Carol chorou justamente com o conto da prostituta Ana Frágua (ou algo similar). Leiam. Como diria a Glorinha Kalil, "é bárbaro"... O João Filho detonou com sua prosa poética. Encerrou o pronunciamento; e, na fila, na saída, seu Encarniçado era o volume mais empunhado pelos comprantes. Não quer ser o Lima Barreto de novo e não será.
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Last but not least, Beatriz Sarlo e Roberto Schwarz. A mesa mais badalada. Tenda dos autores praticamente lotada e perguntadores como Arnaldo Jabor, Luciano Trigo... "O Brasil parou" para assisti-los e deram o toque político que faltava à Flip. Roberto Schwarz para variar entrou no tema da "decepção" com os últimos 10 anos de governo de esquerda no Brasil (coisa que o Chico Buarque fez no ano passado ao criticar o Fernando Henrique) e Beatriz Sarlo corroborou numa elegância fenomenal. Contou uma piada básica sobre Sartre, sugerindo que a esquerda errou pacas. Segundo ela, Deus existe porque Sartre afirmava que Ele não existia (como Sartre errou em todas - o simples fato de ele não acreditar em Deus é uma prova cabal da Sua existência...). Foi a maior erudita que pisou no palco. Ninguém queria que acabasse. Tudo bem que o Luis Fernando Veríssimo (na platéia), e o Wisnik, vão dar completamente outra interpretação à coisa mas eu senti quando ela pisoteou os intelectuais que flertam com a grande mídia. "Sobre nossas ambições (equivocadas) de mass media" - é o título de um ensaio de um certo autor jovem...
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Julio Daio Borges
8/7/2005 às 16h09
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London, London
Londres, pouco mais de 9h43min, 7 de julho. Parecia um dia normal dentro do Underground quando, de repente, todos foram gentilmente convidados a deixar o trem. Pouca gente poderia considerar que se tratava de um atentado terrorista, inclusive eu, prestes a aproveitar o dia em um dos maravilhosos museus da cidade (ainda escreverei a respeito, aguardem).
De qualquer forma, quando todos soubemos que foi um atentado houve um aparente medo seguido da mais estranha certeza de que era um acontecimento esperado. Hoje, um dia depois, a quantidade de mortos ainda precisa ser contabilizada, mas nada parece ter mudado de fato (ainda que um atentado terrorista seja brutal).
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Fabio Silvestre Cardoso
8/7/2005 às 14h34
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Seven blasts
Duas mesas até agora. (Anotei algumas coisas pra falar. Vamos ver se me lembro de todas...)
1) Gente, vocês não sabem. Terminei o post e sentou o Salman Rushdie esbaforrido do meu lado. Olhava para mim como seu eu quisesse roubar seu endereco de e-mail (como se eu precisasse roubar seu endereço de e-mail) - eu lá tenho cara de homem-bomba? Enfim, acessou o Google News e saiu com a constatação: "Seven blasts! Se-ven blasts!". Estava se referindo aos atentados em Londres... (Foi essa a nossa conversação.)
2) Mesa dos autores. O café não é mais aquele. Perdeu o charme.
3) Ponto pra organização este ano. Recebi todos os ingressos da Mesa dos Autores. Todos.
4) Primeira mesa. A força do romance. Pra variar, o que parece ser a tônica: dois autores de mentira e um de verdade. Dos de mentira, do que deu pra avaliar: um metido a fotógrafo, falando da morte do narrador onisciente, da morte de Deus, dessas coisas; a outra, uma espécie de professora universitária, meio deslocada, falando bem mas lendo mal. Por último, o autor de verdade: José Luis Peixoto. Um português do Alentejo. Guardem esse nome. Leiam seu livro pela Agir. Fez o único comentário pertinente sobre a mesa toda: "Acho que essa discussão sobre o fim do romance está moribunda [e não o romance em si]".
5) Segunda mesa. Mesmo esquema: dois de mentira; um de verdade. Poetas. O de verdade: Paulo Henriques Britto. Quando lia, o público até assobiava. Os outros: um parecia um médico pediatra, inofensivo portanto; outra uma aluna da PUC (era de fato), muito arrumada sendo que sua poesia não valia nada.
Estou indo almoçar. Depois conto mais...
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Julio Daio Borges
7/7/2005 às 13h35
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Estive na Flip. Chovia
Alô, alô... Sssom! Som!
A expectativa pra reunião do G-8 deste ano... Estamos aqui com Glória Kalil: "E aí, Glorinha, quais são as tendências pra este ano?" "Gente, a batinha está voltando com tudo!" "Glorinha, vem cá, é verdade que você e a Patrícia Palumbo voltaram às boas depois daquela briga durante a última transmissão?" "Oi, Chiques! Vocês sabiam que a Patrícia até me aceitou como amiga no Orkut?"
Sério, agora. Chegamos ontem. Chovia. Tal como aquela camisa: "Estive em Parati. Chovia". Água e neblina. Dificuldade pra dirigir; velocidade baixa; atrasos.
Encontramos a pousada do ano passado. Descarregamos. Cumprimentamos o dono. Rumamos para a praça central... Paulinho da Viola cantava "Sinal Fechado". A Tenda da Matriz estava lotada; ficamos, eu e a Carol, atrás. [Estou vendo o Arthur Dapieve agora; ele olha pra cá...]
O show foi OK. "Intimista demais", observou a Carol. Não combinou com o clima "mega" que quiseram dar à apresentação. Paulinho da Viola não combina em geral. Nem com ele próprio. Não orna. "Glorinha, o que você acha do Paulinho da Viola?" "Eu acho o look dele muitooo..."
[Affonso de Romano Sant'Anna acaba de sentar do meu lado; clima solene agora; o Millôr não vai gostar. Veio acompanhar a Marina; o Millôr não vai gostar...] Ninguém com cara de "literatura" no espetáculo de ontem. Uma menina, talvez. Uma cover da Adriana Lisboa. Com piercing e cabelo bem curto.
Dizem que o grande chaveco - atenção, estou aqui sem revisão -, o grande chaveco da Flip ontem, foi: "Conheço você do seu blog..." "Meu o quê?!" "Do seu blog, ué. Você não escreve em blog?" "É, eu escrevo... Aliás, você podia passar lá e deixar um comentário. Por que ninguém nunca deixa um comentário no meu blog?"
Chega de enrolar. Não tem nada pra falar. Avistei o Ubiratan Brasil, do Estadão, e ele está desconsolado porque este ano não tem nenhuma celebridade... "Pô, nenhuma pelada secreta do Chico Buarque! Nenhum beijo no mar!" Calma, Bira! Vem aí o Jô Soares [os Comentários no Digestivo não param de entrar...], vem aí o Arnaldo Jabor ["Jabor o que você está achando do clima da CPI este ano? Uma metáfora, Jabor! Uma metáfora! Vamos ligar pro Nélson Rodrigues e ver o que ele acha?"]...
Mais tarde, eu volto. No boletim do meio-dia, eu volto. Quando tiver rolado alguma mesa, tá? Agora tá chato. Só teve um atentato em Londres (aqui na sala de imprensa as pautas estão caindo todas)...
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Julio Daio Borges
7/7/2005 às 09h41
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Quem é esse cabra?
Minha cabeça girava, girava, não parava de girar.
Porém um dia acordei, ligo o computador e através dele
descubro um tal de blog. Quem é esse cabra? Uma coisa
que presa a palavra, a retórica, esta invenção social
que ajuda o auto-entendimento. Toda a minha rebeldia
de ser um adolescente dos anos oitenta, de uma década
nula, foi por água abaixo. O twist na minha cabeça
começa a fazer sentido. As coisas começam a ter forma.
Então, calmamente, pego minha guitarra escrevo uma
musiquinha simples, pego papel e lápis e faço um
desenho de intenção pós-moderna, tento escrever uma
crônica, talvez consiga, não sei. Não interessa, o que
interessa que sei que sou blogável. Graças a criação.
A criação eletrônica. A controvérsia. A minha
idiossincrasia. Qualquer coisa mesmo? Dá pra escrever
qualquer coisa mesmo? Se dá, valeu.
G SChwarz, que criou um blog.
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Julio Daio Borges
6/7/2005 às 10h11
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Boca de siri
"(...) o sítio é voltado para literatura, e por vezes traz assuntos para paladares mais experientes. Nada que um bom intensivão não resolva. Comece já."
Gustavo Brigatti, em seu Ziper na boca, sobre o Digestivo Cultural.
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Postado por
Julio Daio Borges
5/7/2005 às 19h25
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Masks for Sell
Daqui a três semanas começo a trabalhar. Trabalhar fora, como dizem aqui no interior. Porque, aqui, costumeiramente, as mulheres ficam em casa, cuidando dos filhos, cozinhando, tomando chimarrão e falando mal da vida do vizinho. Oh, não, não as recrimino. É muito bom falar mal da vida do vizinho. E, os escritores são exatamente como as mulheres gordas do interior, nunca conheci um que em algum momento não dissesse uma fofoquinha do outro. Mas qualquer coisa deve ser melhor do que o trabalho. O trabalho é a maldição do Éden e, as pessoas da vida real, uns carrascos dedicados a me chatear. Eu falava que vou trabalhar, sim, hoje estou arrumando meu armário de máscaras. Tenho muitas, preciso fingir que não sou um ser desprezível, ao menos publicamente. Sempre consigo, minhas máscaras são bem convincentes. Uma, é uma Cara de Idiota, que adoro. Sempre a uso na presença das pessoas da vida real. Evita o espanto, o horror. Qualquer sombra de inteligência deve ser disfarçada na presença das pessoas da vida real. Elas não compreendem e sentem-se ameaçadas. Outra, é de Gentileza. Oh, esta incomoda um pouco às vezes, mas é necessária. Muito necessária. Tenho também uma de Sorriso para ocasiões de piadas-em-churrascos-com-o-pessoal-do-trabalho. Mas esta não é meu número mesmo.
Do meu blog, porque gostei da brincadeira.
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Postado por
Andréa Trompczynski
5/7/2005 às 14h48
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