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Segunda-feira,
19/9/2005
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Redação
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Osesp, 17.09
Na Sala São Paulo, são quase 16h30. O público parece saber e atende quase que imediatamente ao chamado sonoro do início do espetáculo. Afinal, ninguém quer perder o este concorrido Concerto. A lotação se justifica: no programa, duas peças de Ludwig van Beethoven e uma de Wolfgang Amadeus Mozart. Como se não bastasse, tem mais. O aviso é do maestro John Neschling: a Orquestra dá continuidade na gravação das peças de Beethoven, mais precisamente : A Consagração da Casa e A Sinfonia Pastoral. Por isso, ele pede: "o máximo de silêncio possível, para que nós possamos captar o som mais absoluto. Depois, vocês podem tossir à vontade.", brinca em tom sério, seguido de risos da platéia.
Em seguida, o silêncio. O público parece ter entendido o recado e logo nas primeiras notas da abertura de A Consagração da Casa é possível ouvir as variações de cada naipe sendo executadas, a princípio, com suavidade, mas que adquire velocidade à medida que a peça avança. Destaca-se, nessa passagem, o trabalho dos fagotes, executados por Alexandre Silvério e José Arion Linarez. Isso porque as cordas (violinos, violas e violoncelos) entoam um diálogo musical que é pontuado pelos fagotes, numa evolução sutil, é verdade, mas que não perde o virtuosismo (nesse sentido, o silêncio foi providencial para que se pudesse perceber esse detalhe). A performance da Orquestra entusiasmou até mesmo os ouvidos instruídos da musicista que estava ao lado deste colunista. "É uma peça difícil de ser tocada, porque exige muito das madeiras, ainda que não apareçam tanto como os violinos", analisou. Ao final da peça, o público então pôde quebrar o silêncio que fez até então e encheu a acústica da sala com seus aplausos para lá de entusiasmados.
Para a Sinfonia nº25 em Sol Menor, KV 183, de Mozart, a Osesp trocou sua formação. Saíram do palco, por exemplo, os trombones e os trompetes, restando os fagotes, os oboés, as trompas e o naipe de cordas. O resultado, no entanto, foi contundente. Num primeiro movimento imponente, a Orquestra fez jus às palavras que o crítico Irineu Franco Perpétuo escreve no programa: "tempestade e ímpeto, marcada por contrastes dramáticos". Esses contrastes são assinalados ora pelos violinos, ora pelos violoncelos numa dinâmica que não perde o andamento ao longo dos quatro movimentos. Ademais, percebe-se aqui um John Neschling também contagiado pela imponência da obra.
Ultima parte do programa, A Sinfonia nº6 em Fá maior, Op.68 - Pastoral a mais aplaudida peça de todas as três. Obviamente, isso se deve em parte pelo fato de ser um standard. Entretanto, há que se considerar que o público, uma vez conhecedor da obra, ficaria mais atento - e exigente - no que se refere à sua execução. De sua parte, a Orquestra não decepcionou e esteve ainda mais à vontade do que n'A Consagração da Casa (se se comparar o comportamento perante as duas gravações). O "despertar de sentimentos felizes na chegada ao campo", movimento de abertura, chamou a atenção pela leveza dos violinos e pelas madeiras. Com os trompetes e trombones de volta, a diversidade sonora era ainda mais perceptível. Em contrapartida, além dos fagotes, destacaram-se também as flautas e os oboés. Prova disso foi o segundo movimento, "Cena junto ao riacho", em que os solos são mais recorrentes, sempre com referência ao tema principal. Para os leitores interessados, esta Sinfonia Pastoral estará disponível na própria coleção da Osesp a ser lançada nos próximos meses, ao que tudo indica, pela Biscoito Fino.
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Fabio Silvestre Cardoso
19/9/2005 às 09h30
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São Francisco Xavier IV
(Começa aqui...)
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Nosso último dia em São Francisco Xavier começou agitado na pousada Kolibri, com a presença de umas senhoras que praticamente haviam debandado de São Paulo, inopinadamente, no dia anterior, e que agora dividiam conosco o café-da-manhã. A mais simpática, e mais falante (também a primeira a acordar), reclamou muito das convenções sociais de São Paulo, etc. e tal, o que nos permitiu concluir que, talvez, freqüentasse a alta sociedade (longos bocejos nesta hora...). Para que se tenha uma idéia, do "ânimo" de seus compromissos sociais, preferia, em certas ocasiões, juntar-se à trupe dos Night Bikers (sim, dos Bicicleteiros Noturnos) a participar de uma festa ou de um jantar. Não sei se dizia isso só pra agradar (ou para se enturmar), mas o fato é que estava lá.
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Nesse dia, na biblioteca da Fred, finalmente meti as caras na sua coleção da Pléiade, de Flaubert, e passei uns bons momentos lendo a introdução às obras completas do autor de Madame Bovary (quase descobri porque o Milton Hatoum perdeu quase toda a vida em sua Educação Sentimental). As senhoras do parágrafo anterior, ao me verem refestelado na poltrona, com Flaubert ao lado, abriram e fecharam a porta, furtivamente, como se interrompessem uma reunião (quase as convidei para entrar, mas Flaubert, neste instante, me puxou pelo braço...). Preferiram sentar-se lá fora, mas eu podia ouvir ainda seu alarido através da porta. Quando a Carol chegou, conhecemos o cãozinho de uma delas - que havia participado também da viagem peremptória e que tinha um nome sugestivo, viril, embora fosse baixinho e atarracado: algo como "Conan, o Bárbaro", "Stallone Cobra", "Rocky, o Lutador" ou "Duro de Matar" (enfim, uma inspiração similar). Como contraponto, a Fred nos mostrou seu deck, contou-nos de sua filha estudando artes na França e ficamos de visitar os chalés da Kolibri mais tarde.
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Nossa próxima parada foi, de novo, A Rosa e o Rei. Entre o Fred e a Fred, mais uma vez. Como o Leitor deve se lembrar, ele havia nos convidado para uma "prática" lá, dois dias atrás (as aspas são por conta do mistério envolvendo a tal prática). O Fred, embora fosse um homem muito sério, determinado e objetivo, às vezes falava por parábolas. Naquele então, havia anunciado a "prática" como uma caminhada pelo rio (o Rio do Peixe), onde a água era muito fria e trazia o "praticante" obrigatoriamente "para o presente". "As pessoas não querem vir para o presente", o Fred enunciava. "As pessoas não querem mudança - as pessoas fogem da mudança", concluía solene. Segundo ele, até, naquele dia da prática, sentia a falta de mais pessoas, que também haviam recebido, como nós, o convite, mas que - conforme ele mesmo previra - fugiram da "prática", do rio, da água gelada e do "presente", por conseguinte.
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Para quebrar o tom solene, estava lá o Wilson, amigo de 30 anos do Fred (também apresentado aqui anteriormente) e que fazia piadas com o nosso guia: "Veja esse sujeito: ontem, ele estava na bolsa de valores, ganhando e perdendo milhões todos os dias - agora nos leva por esse rio acima...". O Fred não se abalava: "Agora, nós vamos voltar a andar de quatro. Cada um vai no seu próprio ritmo. Não confie nunca em nenhuma pedra. E só ajude o outro se o outro pedir. Nós temos essa mania de querer ajudar...". E num trecho mais pantanoso, onde supostamente havia o risco de encontrarmos alguma cobra: "Agora, aqui, nós vamos conhecer o medo...". Gozações e instruções à parte, a paisagem era deslumbrante, a água, geladíssima e os nossos companheiros de safári, divertidíssimos. Eu me lembrei do Bufo & Spallanzani, do Rubem Fonseca - daquela turma, daquela fazenda. A situação não era exatamente a mesma, mas eu via, em cada personagem, um potencial riquíssimo.
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Entre os "praticantes" estavam (vou descrever grosseiramente, tá?), além de mim, da Carol, do Fred e do Wilson, um casal, ele da área de eventos corporativos, ela aparentemente uma loira de outro país, mais um médico, que eu - provocativamente - chamava de "engenheiro". O Engenheiro, sim, queria nos trazer "para o presente" o tempo todo. Ficava a cargo dos detalhes estritamente técnicos da travessia. "Fred, você saberia me dizer qual é a temperatura desta água aqui?"; "Quanto tempo até a cachoeira agora, Fred?"; "Você já reparou [Fred] que a natureza não é nada linear e que o homem constrói tudo linearmente?". Nessa hora, não agüentei e disparei: "Você é engenheiro, não é?" (Eu sei, eu sou engenheiro por formação.) Não, não era: era médico. Mas seus irmãos eram todos engenheiros. (Não falei?) Estou sendo injusto com o Engenheiro; ele era simpático e, profissional da área "gastrointestinal", prometeu não esquecer o nome "Digestivo Cultural". "Um nome sugestivo", completou, lá trás na fila, o Wilson. (Doutor Engenheiro, se estiver lendo isto, mande um sinal de vida!)
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Não descemos até a tal cachoeira mais ambicionada pelo Engenheiro. O Fred, comprovando nossa falta de habilidade, para o canyoning, aconselhou pegarmos a trilha, por terra (ele sabiamente nos encontraria depois na recepção da pousada). A cachoeira - na linha d'A Rosa e d'O Rei - era maravilhosa, mas geladíssima. Ali, sim, voltei para o presente; e conheci o medo. (O medo da cãibra.) A Carol - muito mais experiente em cachoeiras do que eu - não agüentou. Saldo sem cãibra (ao contrário do que o previsto): um joelho meio ralado e um "calombinho" na perna esquerda. Tudo bem, pois até o Fred, nosso guia, arrancou de si uma lasca. A despedida, de todos, incluindo a Simara, que nesse momento arranhava um violão com o filho (ela é crooner, lembra?), foi breve, porque nos aguardava um almoço no Dakini Restaurante. O Doutor Engenheiro ainda nos segurou, por alguns minutos, contando detalhes da sua lua-de-mel ali perto, em Monte Verde, e calculando incessantemente os declives (e aclives) d'A Rosa e o Rei.
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O Dakini Restaurante começou no centro da cidade. Acontece, porém, que o dono da mais tradicional pousada de São Francisco Xavier, a Vila Santa Bárbara, freqüentava muito o lugar e, como cliente bastante assíduo de lá, um dia sugeriu à Cláudia (proprietária) que o instalasse na sua pousada. A combinação deu certo, mas o antigo dono da Vila Santa Bárbara estava se dividindo exaustivamente entre São Francisco Xavier e Ubatuba (onde efetivamente residia), "de formas que" decidiu oferecer a pousada para a mesma Cláudia. Profissional de coaching e de eventos empresariais em São Paulo, a Cláudia, por sua vez, estava cansada da vida-louca-vida da metrópole, e decidiu fincar suas raízes, definitivamente, em São Francisco Xavier. Hoje, como dona de restaurante e de pousada (a mais indicada pelo Guia Quatro Rodas), trabalha igual ou até mais do que em São Paulo - mas está mais realizada (e morre de preguiça de voltar, mesmo que por tempo limitado, quando tem - por exemplo - de visitar a sobrinhada...). A Cláudia nos convidou para almoçar no Dakini e conhecer a Vila Santa Bárbara.
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Comemos boas massas e boas saladas com uma vista privilegiada para um outro vale (não sei se a foto mostra...). Nossos companheiros, além de um casal conhecido na noite anterior, no Photozofia, graças ao Luiz Fernando e à Debora, foram os pássaros coloridos da pousada da Cláudia. Pretos, azuis e até vermelhos, vinham comer lascas de mamão e resistiram bravamente aos clicks da Carol (vocês, infelizmente, não vão poder vê-los...). Era com um certo pesar que já nos preparávamos para abandonar São Francisco Xavier. Depois do almoço, da sobremesa e do café, ainda fomos conhecer os chalés por dentro (ou antes?), e admiramos as decorações sempre em tons de verde, enquanto ouvíamos atentamente os planos que a Cláudia tinha para alguns aperfeiçoamentos. A Cláudia ainda nos convidou para ser a nossa próxima anfitriã, numa próxima ida a São Francisco Xavier (Cláudia, devemos tomar isso a sério? Olha que tomaremos...).
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O adeus à Fred, nossa anfitriã na Kolibri, foi auspicioso, cheio de promessas de novos encontros (Fred, aguarde). Visitamos, antes de ir, os chalés dela (já que ficamos numa "baia", lembram?). Num círculo um pouco mais afastado da recepção da Kolibri, os chalés se encontravam num território da mais pura tranqüilidade. No caminho, pisando nas pedrinhas, eu e a Carol planejávamos uma excursão familiar pra lá... O adeus à Fred foi tão difícil quanto o foi também, creiam, à Soquete, nossa amiga gata, que mereceu clicks exclusivos da Carol e que, por isso, tem agora até comunidade no Orkut (lá, a Fred proclamou: "Veja que, para fazer sucesso na mídia, não é preciso ser bonita"). O adeus ao Sandro e à Patrícia, do Photozofia, foi igualmente melancólico mas igualmente auspicioso, no sentido de guardar promessas de retorno. A surpresa ficou por conta do encontro inesperado com a Gyata, talentosa artista plástica, de quem víamos os quadros em todo lugar (mas bastante conhecida também por prezar muito sua privacidade). Com a Gyata, havíamos completado a nossa saga. Tchau, São Francisco Xavier... Tchau a todos - amigos - e até a volta!
* fotos de Ana Carolina Albuquerque
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Julio Daio Borges
18/9/2005 às 17h37
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São Francisco Xavier III
(Começa aqui...)
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Só no terceiro dia foi realizado o sonho da Carol de andar de bicicleta. E pegamos um belo de um desafio: ir até a cidade e voltar de bicicleta. Da pousada Kolibri até o centro de São Francisco Xavier, como foi dito, não era tão grande a distância (6 Km), acontece que muitos dos caminhos eram de terra, alguns bastante íngremes e sem nenhuma iluminação (o que nos obrigava a voltar antes de escurecer). A idéia, como também foi dito, era realizar de uma vez todas as atividades que envolviam o centro de São Francisco Xavier, já que no dia anterior havíamos nos concentrado nos arredores da pousada Kolibri (de carro e a pé).
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Apesar de termos seguido no sentido mais tranqüilo - da pousada para o centro era praticamente uma seqüência ininterrupta de descidas -, passei por alguns apertos com o medo de que o freio da minha bicicleta não respondesse, principalmente o traseiro. Parecia que quanto mais inclinada a descida era, mais força eu tinha de fazer com o pulso, apertando de verdade, para brecar; e parecia também que, de repente, para uma freada brusca, do pneu traseiro, a bicicleta derrapava levemente para o lado, anunciando que, se eu insistisse muito, ela não hesitaria em me derrubar... É possível que tenha se tratado de temor psicológico; e é provável que a minha imperícia tenha contribuído para a insegurança geral (visto que a Carol ia na frente, bela e formosa).
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Na noite anterior, o "Pinga" havia anunciado no Boteco do Rao que ocorreria um encontro de violeiros na praça principal de São Francisco Xavier. Como havíamos nos divertido com suas traquinices violeiras, junto à cantora Hilda, marcamos de aparecer lá. Os horários divergiam um pouco: o "Pinga" falava em 9h30 e o Rao em 11 horas (devíamos ter perguntado para a Fred, da Kolibri, porque o senso de pontualidade dos dois não era exatamente... alemão; ou britânico). Em algum momento dentro desse intervalo, descobrimos que eles se exercitavam em frente à Casa de Cultura Cassiano Ricardo.
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Meu conhecimento de viola caipira, e de seu repertório, eu admito, é limitado (para não dizer "limitadíssimo"). Custei a pescar as canções. "Chico Mineiro"? "Menino da porteira"? A única que consegui guardar, nesse momento de distração - eles mesmos começavam e não terminavam quase nada (ou faltava letra, ou faltava ensaio), era mais uma confraternização... - foi "Que me importa, que me importa/ O seu preconceito, que me importa...". Brincadeiras à parte, foi bom ver o encontro de gerações (eu não havia assistido ainda a Dois Filhos de Francisco mas poderia, tranqüilamente, fazer a relação). Aproveitamos e visitamos, eu e a Carol, a tal Casa de Cultura Cassiano Ricardo e, de lambuja, avistamos o divertido fusca do "Pinga".
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A próxima parada foi o Jardim das Ervas da Maly Caran. Todo mundo a anunciava como uma espécie de bruxa (no bom sentido), uma "druida" (se a palavra existisse no feminino). Infelizmente, quando chegávamos, ela saía (para almoçar, e não voltava mais). Tratamos com suas filhas: Tatiana e Tayra; por coincidência, irmãs do Sereno da noite anterior (chef do Rao). Muito simpáticas e profissionais, mostraram tudo. (Alguém já havia contado que elas fizeram das poções da mãe um verdadeiro negócio, porque a Maly queria mesmo era pesquisar e não, necessariamente, explorar a coisa de forma comercial). Soubemos que a mesma Maly foi jornalista, muito amiga (até hoje) da Joyce Pascowitch, que se embrenhou na pesquisa (e no estudo) das ervas, concebendo óleos, xampus, sabonetes, sais e outras químicas (todas naturais) que anteciparam a Lush em muitos anos. Os testes com os itens adquiridos estão em andamento (os resultados vocês conhecem já já - o Conselheiro também testa...).
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Logo em frente, estava a tão anunciada Biblioteca Solidária do Sidnei. Ele também era elogiadíssimo de alto a baixo por toda a gente. Não foi difícil descobrir por quê. O Sidnei realiza o que ele mesmo classificou como uma missão. Formado em biblioteconomia em Londrina, com desejo de retornar à sua cidade natal, aspirava trabalhar na biblioteca pública de São Francisco Xavier. Rechaçado pela prefeitura, resolveu levar adiante o projeto - mas com seus próprios meios. Conseguiu a garagem do pai, recebeu doações, providenciou estantes e, à sua maneira, inaugurou a Biblioteca Solidária de São Francisco Xavier. Ganhou pelo feito, e ostenta felicíssimo, o terceiro lugar no concurso estadual de bibliotecas da Casa das Rosas.
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O mesmo Sidnei se emociona com seus "clientes": crianças pobres que chegam sem nem ter o que vestir e que pedem a ele um livro - para ler, para realizar trabalhos escolares (as que estudam) ou para ter simplesmente alguma ocupação grátis. O Sidnei diz que, por isso, seria impossível cobrar da população uma mensalidade. Seu sonho é enquadrar esse projeto nas leis de incentivo, estruturar melhor a biblioteca (alguns dos livros, tamanho o volume de doações nos últimos anos, já estão sem lugar) e poder viver dignamente disso (hoje ele praticamente mora na Biblioteca Solidária e é procurado, dia e noite, pelos leitores que não conseguem esperar). Apesar de todo esse amor, o Sidnei não é um leitor inveterado, mas está fazendo mais pela leitura do que qualquer governo em décadas de promessas irrealizadas.
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Nosso almoço, meu e da Carol, foi um convite do Yoshi, restaurante japonês. Antes de descrevê-lo, um parêntese. Topamos, mais uma vez, com o simpático casal Debora e Luiz Fernando - e, não agüentamos, fomos falar com eles. Era muita coincidência: no primeiro dia, na pizzaria Caboclo; no segundo dia, no Boteco do Rao; e no terceiro dia, agora, no restaurante japonês (!). Trocamos cartões e eu também dedico uma parte desta narrativa a eles. Continuando... O Yoshi é de propriedade do casal Geisa e Thompson, ela descendente de japoneses de São Paulo, ele, de chineses; ele é o shushiman e ela, a hostess. Os dois são muito amáveis. Thompson dá aulas ainda por todo o Vale do Paraíba, através do Senac, levando a arte do sushi para o interior. O restaurante deles era outra dica imperdível da Fred. Não à toa. Depois de rolinhos do Vietnã, mandei um combinado, a Carol, um yakisoba de legumes, e fechamos com uma extremamente recomendável - e tailandesa - sobremesa à base de gengibre e banana.
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Outros louvados, pela comunidade, em prosa e verso eram os artistas Vera e Chicão, da Oficina Vagalume. Deslocamos nossas bicicletas em direção à saída da cidade e, praticamente em frente à pizzaria Caboclo, lá estava a Vagalume. Quem nos recepcionou, desta vez, foi John Lennon. Sim, John Lennon, um dos cães labradores brancos criados, e muito amados, pelo Chicão e pela Vera. Também, logo mais, sua esposa, Yoko Ono (igualmente, claro, uma labradora branca). Passamos, eu e a Carol, um bom tempo perdidos entre cerâmicas e vidros, admirando. Vera contando a história do encontro com Chicão; Chicão contando a saga desde que era professor de História em BH até que desenvolveu a técnica de fusão e de tiffany, passando pela temporada deles na Itália, mais precisamente em Solano, na escola Pandora. Foi tão funda a impressão, causada em mim e na Carol - ...e aquela propriedade maravilhosa deles -, que pensamos, talvez, em pegar, também, o primeiro avião para Solano (e nos aculturar).
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Já voltando, passamos, rapidamente, antes que o sol descesse, pela Bixudumatu, a loja de luminárias de papel do Maurício. Lá encontramos novamente a Fred, nossa anfitriã. No dia seguinte, ela perguntaria: "E, aí? Conheceram mais alguns loucos de São Francisco Xavier?". Quem cruzava a rua, naquele mesmo momento, era o Rao - que saudava, por sua vez, a Tayra, do Jardim das Ervas da Maly. De repente nos demos conta de que, apesar de todo o cosmopolitismo desses atores, estávamos - pelo contato e pela geografia - numa cidade do interior... A volta, propriamente dita, de bike foi um pouco mais custosa. O tal instante inescapável de "Mens sana in corpore sano" (acontece em todas as viagens): a inclinação aumentava, a bicicleta derrapava, as pedras atrapalhavam, a estrada de terra não ajudava... Joguei a toalha: empurrei. A Fred nos consolaria mais tarde, pois nem seu filho - muito mais bicicleteiro e muito mais jovem - era capaz de superar aquela subida final, em que já se via a sede da pousada. Tudo bem, eu e a Carol - por nossa ousadia esportiva - já estávamos salvos e perdoados.
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A noite seria em grande estilo no Photozofia, a verdadeira razão da nossa vinda, o tão anunciado Encontro de Cordas da Mantiqueira, o respectivo Festival de Música. Se vocês não se importam, eu prefiro fazer a análise estética depois (num Digestivo próximo)... O que mais nos impressionou, fora toda a perfeição do Encontro, fora toda a musicalidade (que nós, paulistas restritos, nem imaginávamos), fora o banquete gastronômico (no meu caso: brusquetta, penne e mousse), foi o empenho e a dedicação da Patrícia e do Sandro. Uma verdadeira profissão de fé em prol das artes, numa iniciativa aparentemente sem paralelo num lugar do porte de São Francisco Xavier. Admiramos Fernando Pereira e Alexsandro Oliveira, rimos e admiramos ainda mais Levi Ramiro e Magrão - mas lembraremos sempre que nada disso teria acontecido sem a Patrícia e o Sandro...
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(Continua aqui...)
* fotos de Ana Carolina Albuquerque
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Julio Daio Borges
17/9/2005 às 17h46
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São Francisco Xavier II
(Começa aqui...)
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No segundo dia, logo pela manhã, desfrutamos do impecável café da manhã da Fred, no refeitório da Kolibri. Muitas frutas, granola, mel, bolos, pães, manteiga, queijos e geléias saudáveis (a Fred é vegetariana). A trilha sonora, durante a temporada, foi escolhida por ela a dedo (um dia até tocou, por coincidência, meu amigo Juarez Maciel). Com base nas dicas da Patrícia, do Photozofia, a Fred nos aconselhou conhecer primeiro os locais próximos à pousada (a 6 Km da cidade) e, depois, rumar para o centro de São Francisco Xavier (onde estavam as outras atrações). Foi o que fizemos, depois de eu folhear, em sua biblioteca, um livro do Davi Arrigucci Jr., em que ele falava sobre o cacto de Manuel Bandeira: áspero e intratável.
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A primeira parada foi o Trutário Mariser. Até então eu não sabia nada sobre trutas; nem a Carol. Descobrimos que a sua criação pode ser extremamente complicada. O último dono do Trutário, por exemplo, enfartou depois de saber que dezenas de milhares de trutas haviam morrido, por conta de um ato falho de um funcionário seu, que, tomando umas e outras, descuidou delas durante uma tempestade. O dono chegou, avistou os urubus, sentiu o cheiro - e quase bateu as botas. Quem nos contou isso foi a dona Marina, que, com sua filha e seu genro, hoje administra(m) o Trutário. Além de estar aberto para a pesca, serve pratos (que ela mesma prepara) e cuida, obviamente, de todo o ciclo de vida das trutas: desde a fecundação, os embriões, até a idade adulta e o abate. Não degustamos nada, mas nos deliciamos com a visão da Cachoeira das Andorinhas, ali pelo caminho (outra dica da Patrícia) - o sol finalmente saía e o tempo melhorava.
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Até o Trutário, foi uma boa caminhada, mas, para A Rosa e o Rei, uma pousada próxima à nossa, seguimos de carro. (A Carol queria arriscar a ida de bicicleta, mas depois de avistar as subidas consideráveis, concordou que a melhor opção era mesmo a motorizada.) Quem nos recebeu, n'A Rosa e o Rei, além da vista deslumbrante, foi a Simara, que, fora o fato de ser artista dos teares, é a gerente de lá e também crooner nas horas vagas... A Rosa e o Rei está localizada num vale, basicamente em três níveis principais, circundados por cachoeiras e pela estrada. Chega-se no superior (dos chalés de cima e do deck), entra-se pelo intermediário (o restaurante, a recepção e o espaço para a prática de tai chi chuan), passa-se pela "fogueira" (um amplo círculo onde as pessoas se reúnem, à noite, ao redor do fogo) e alcança-se enfim o ponto mais baixo do relevo, próximo à sala de massagem, com mais chalés e a trilha para as duas cachoeiras principais, justamente: a Rosa e o Rei, o princípio feminino e o princípio masculino, conforme nos explicou o Fred, idealizador e dono.
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O Fred, ficamos sabendo por seu amigo Wilson (que chegou depois), foi operador da bolsa de valores (ou "jogador", como se dizia antes), e apresentou-se para nós como empreendedor no ramo da agricultura que, tendo um problema no joelho, mudou sua vida completamente depois do tratamento através do tai chi chuan. Quando o cumprimentei pelo feito de haver montado A Rosa e o Rei (que é inclusive um case para a engenharia e a arquitetura), ele resumiu conclusivo: "Nós não fazemos nada; quem faz é a energia. Nós somos...". "Instrumento", acrescentei - e ele acedeu. Fomos convidados para almoçar e para dividir a mesa com ele e com a Simara. A comida, excelente, também vegetariana, é uma sugestão para os hóspedes experimentarem, durante a sua estada, refeições mais leves. Provamos ainda do chá, do vinho do Fred e, em mim, ficou a impressão de um queijo fresco e de um doce de leite. O almoço se encerrou, já no meio da tarde, com o convite dele para voltarmos dali a dois dias e participarmos de uma "prática"...
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Corta para a noite. Já no Photozofia, depois de uma passagem pela pousada Kolibri, participamos, a convite do Sandro e da Patrícia, da abertura da exposição dos artistas Morgan e Sandra Soublin, lá mesmo no Photozofia. O Morgan, cheio de temas orientais; e a Sandra, mais delicada, com inspirações a partir da própria natureza, depois de uma temporada na França. Nossa suspeita era de que o Morgan tivesse uma ascendência árabe, mas ele nos contou uma história muito divertida de quando expunha em São Paulo, junto a inúmeros outros pintores, na Praça da República. Como todos faziam as mesmas coisas, ele, um rebelde, filho dos anos 60, inovou com motivos de embarcações da época dos grandes descobrimentos. Passou, de repente, a vender muito e, gerando bafafá, logo foi imitado na Praça. Quando a Praça da República inteira pintava, como ele, embarcações, passou a pintar flores, com o foco de luz desviado. Veio novo bafafá e veio nova onda de imitações. Passou, por fim, a estudar motivos orientais e a representá-los minuciosamente - de forma que nunca mais foi imitado.
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Outra história, essa comovente, que o Morgan nos contou, foi sobre sua experiência com arte & terapia. Dispôs-se a ser professor de um rapaz que praticamente perdeu o contato com o mundo, atacado pela sociofobia e pela síndrome do pânico. No início, praticamente não falava e como sempre ocorre, desconfiava até da presença do professor. Hoje - digo, meses depois -, cumprimenta o Morgan ("Oi, professor"), faz sua lição de casa e, quando uma atitude de alguém próximo a ele lhe agrada, promete presentear a pessoa com um abajur - objeto que aprendeu a confeccionar graças às aulas do professor Morgan. Às vezes saem os dois para uma volta no quarteirão. O aluno, muito desconfiado, olhando para todos os lados e o professor pedindo que ele relaxe. Tem funcionado. O Morgan diz que tem feito melhor até pra ele do que para o clinicado. Eu acredito. E acredito, inclusive, que é a melhor obra do Morgan.
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A noite se encerrou no Boteco do Rao, outra dica da Patrícia do Photozofia e outra sugestão enfática da Fred da Kolibri. Comentário, a respeito, do próprio Rao: "A Frederica falou bem de mim? Você sabe que esses alemães são meio sádicos...". O Rao é, antes de tudo, um grande gozador. E tem um passado que daria uma bela biografia (embora não confirme muitos dos fatos, é um envolvente contador de histórias). Carlos Rao, irmão da jornalista Gisela Rao, é figura conhecida dos anos 80, mais precisamente da Kaos Brasilis, a loja que vestia todo o Rock BR e que ajudou a fundar. "Sou o Charlie Boy, que eles dizem por aí...". Saiu de São Paulo há doze anos, morou em Ubatuba, casou-se algumas vezes (não revela quantas), teve dois filhos e descobriu São Francisco Xavier (não exatamente nesta ordem). Lá é, além de portador dessa aura meio mítica, o rei da gastronomia do improviso - o Rao prepara pratos, ao sabor do clima, com o que tiver na mão. Eu e a Carol preferimos não arriscar tanto e apreciamos então os risotos de seu jovem chef, o bem-apessoado Sereno. Rimos das piadas, e das músicas, e dos causos, principalmente do Orestes "Pinga" Lavorini, acompanhado pelo instrumento de sopro de Hilda Bueno (é, lá têm musica ao vivo...).
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(Continua aqui...)
* fotos de Ana Carolina Albuquerque
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Julio Daio Borges
16/9/2005 às 13h10
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São Francisco Xavier I
Mais uma vez descumpri a minha promessa de blogar diretamente do local do crime. O Leitor que me perdoe. Mas, também, que se prepare, porque São Francisco Xavier foi o ápice da Era dos Festivais. Nunca coletamos tanto material. Quando digo "coletamos" não me refiro apenas à equipe do Digestivo Cultural (ou até me refiro), mas me refiro sobretudo a mim e a Carol. Eu, com dados; ela, com imagens. Sem brincadeira, daria pra montar uma revista. Ou uma grande reportagem (quem sabe, um dia desses, realizo o sonho de abrir uma seção de reportagens no Digestivo Cultural...). Seria um bom começo, mas agora não dá. Vamos ao que interessa afinal.
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O convite para São Francisco Xavier surgiu através da Patrícia Ioco, do Photozofia. A idéia dela e do Sandro, seu marido, era realizar a segunda edição do Encontro de Cordas da Mantiqueira ("Mantiqueira", eu aprendi, quer dizer "Montanha que Chora", em tupi guarani). Recebi o release num dia de semana e como havia o interesse, meu e da Carol, de conhecer São Francisco Xavier, propus à Patrícia a cobertura do seu Festival de Música, citando os exemplos de Campos do Jordão, de Búzios, de Rio Preto e da Flip. Ela se mexeu para conseguir uma pousada, a Kolibri, e também conversou com os restaurantes locais - ao final, tínhamos uma programação completa para o feriado. Fomos.
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Saímos na quinta-feira, dia 8, pela Carvalho Pinto em direção a Campos do Jordão. A Carol tinha aquele guia Fuja de São Paulo, da Folha, que eu lhe dei de presente anos atrás, e, graças a uma pequena confusão, escolhemos o caminho mais longo para São Francisco Xavier, depois de nos aconselharmos com a polícia rodoviária, que forneceu um segundo mapa, para a alegria da Carol (ela é mulher-mapa). Passamos por Quiririm, por Santo Antônio do Pinhal e por Monteiro Lobato até chegar ao nosso destino final. Demorou uma hora a mais: 3h30 em vez de 2h30 (o que seria o normal se seguíssemos por São José dos Campos). Não me lembro da primeira impressão da cidade agora...
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Antes de passar na Patrícia (e no Sandro), e no Photozofia, partimos direto para a pousada, pra descarregar o carro etc. A Kolibri, antes de ser uma indicação da Patrícia, tinha sido também, por coincidência, uma indicação do seu Lechner, cliente da Carol (a Carol, além de fotógrafa oficial do Digestivo Cultural, é arquiteta). A Fred, dona da pousada (seu nome, aportuguesado, seria, como disse o Rao - outro "local" -, Frederica, mas "Fred" é como ela prefere ser chamada...), a Fred nos surgiu como um alemã risonha, amigável, cheia de idéias e artista plástica ainda por cima (vem também daí sua sensibilidade e sua iniciativa em nos alojar). Ficamos, para o encanto da Carol, no que ela divertidamente chamou de "estrebarria" ("estrebaria", de cavalos, mas considere os dois erres por conta do sotaque alemão). A Fred, e seu marido, e sua família, que administram a Kolibri, converteu (converteram) a antiga sede - uma fazenda - adaptando as construções originais. Então, dorminos, simpaticamente, numa linda ex-baia para cavalos. A fotografia, mais ou menos, explica.
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Fora isso, a Fred nos contou que veio, com seu marido, de Hamburgo para Santos (ele trabalha em portos, claro). Chegaram ao Brasil e foram ficando, ficando... Até que descobriram São Francisco Xavier e tiveram idéia da pousada Kolibri. A Fred nos mostrou, através de um tour, a recepção, o refeitório, a sala de música (seu marido toca piano), mas o que mais me despertou interesse foi sua sala de leitura (ou biblioteca). Meus olhos foram direto para sua coleção da Pléiade francesa (tenho alguns volumes mas, observando os dela, lembrei, na hora, das aulas do Milton Hatoum sobre Flaubert). Havia, ainda, livros em português (óbvio), em espanhol, em inglês e em alemão (talvez em mais alguma língua que eu não tenha detectado...). Conhecemos, ainda nesta primeira noite, os gatos da Fred e os cachorros. A Carol gostou, particularmente, da Soquete, que pediu para subir no colo dela - então a gatinha, que parecia um cobertor, bateu na porta da nossa "baia" nas noites posteriores. Às vezes, abrimos; às vezes, não.
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Nossa próxima parada foi, óbvio, o Photozofia, a razão inicial da nossa vinda. Encontramos a Patrícia e o Sandro. Ela nos contou que ambos se conheceram graças a um trabalho na rádio Cultura (de São Paulo); ela vinha de Santo André, ele vinha da Argentina. Alimentavam o sonho de criar os filhos fora da metrópole paulistana e o projeto de inaugurar um restaurante, com espaço para shows e exposições, veio à tona com a idéia de mudar para São Francisco Xavier. Nasceu o Photozofia em 2000. É muito difícil comparar com qualquer lugar de São Paulo. (As fotos dizem alguma coisa...) O destaque, a meu ver, é a cara que o Sandro conferiu à sua casa de espetáculos: cheia de materiais reciclados, muitos de demolição, como as estruturas de ferro, as mesas igualmente, e o lustre que foi da BM&F. No Photozofia, são vendidos, ainda, CDs de músicos independentes e são servidas brusquetas maravilhosas (nesta primeira noite já pudemos experimentar...).
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A Patrícia nos contou, ainda, que a idéia do Festival de Música, Encontro de Cordas na Mantiqueira, surgiu numa conversa nas mesas do Photozofia, em que participavam, obviamente, o Sandro e o músico Braz da Viola. Desde a abertura da casa noturna já havia um fluxo constante de artistas, principalmente vindos de São José dos Campos, que procuravam um lugar para se apresentar e encontravam abrigo no espaço que a Patrícia e o Sandro erigiram. Além do Festival, ficamos sabendo que a cidade sedia ainda uma mostra de artes, para os realizadores locais, e inclusive assistimos a uma seqüência de fotos em que desfilavam os artistas e as obras devidamente clicados na última edição (eu e a Carol conheceríamos cada um deles nos dias subseqüentes...).
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Nossa última parada, nesse primeiro dia, seria a pizzaria Caboclo, uma indicação da Patrícia. Lá conhecemos o Donizette, a Vilma e o Guilherme - também uma família que trabalha unida: ele fazendo as pizzas, ela atendendo às mesas e ele, o filho, servindo. Todos muito simpáticos, contaram que a pizzaria começou como um hobby nos finais de semana, que se consagrou e que ganhou fama. Donizette, que trabalha originalmente em construção civil, de segunda a sexta-feira, foi inclusive convidado para abrir uma pizzaria nos mesmos moldes em São Paulo, mas não aceitou: "Pra quê? Pra ficar rico e ser seqüestrado? Eu, não!". (Eu e a Carol adoramos essa justificativa...) Na verdade, uma das razões para o sucesso da sua pizza é um suporte onde a mesma, depois de assada, não esfria (por causa de uma pedra específica - Donizette, prometo que não conto o segredo, tá?). Imperdível. Pena não termos tido tempo para voltar e comer a versão doce da mesma pizza...
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(Continua aqui...)
* fotos de Ana Carolina Albuquerque
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Julio Daio Borges
15/9/2005 às 17h12
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Novos Talentos
"(...) Numa busca ligeira na Internet, é possível ter acesso a dezenas de sites dedicados a divulgar 'jovens talentos', enquanto no mundo real acontece parecido: por todo o país, incontáveis oficinas literárias de escritores veteranos convivem com uma boa quantidade de guias e manuais sobre a arte da ficção, tudo isso feito de encomenda para quem procura atalhos que conduzam, afinal, ao mais parecido possível com o sucesso. Por isso, não há exagero em se falar de epidemia - já que disso afinal se trata: no País dos Iletrados, a literatura vem se revelando cada vez mais um instrumento de visibilidade social. Obstinados em defender seu (inegável) direito de serem lidos, todos parece que se esquecem do pequeno 'detalhe': o dever de escrever bem - e, sem isso, nenhuma literatura se sustenta."
De Antonio Fernando Borges, para a No Mínimo, porque não custa lembrar, de vez em quando, que escrever bem é fundamental.
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Fabio Silvestre Cardoso
15/9/2005 às 16h53
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Estupra mas não mata
É o "recado pros companheiros de cela do Maluf", dado pelo Cássio, do Tome Cálcio, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
15/9/2005 às 13h19
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primadipartire
"Mentre leggete questo post, se tutto è andato bene, io sono già morto e sepolto." [Tradução livre: "Enquanto você lê este post, se tudo correu bem, já devo estar morto e enterrado".]
Ciro Milani e a incrível história do blogueiro milanês que (supostamente) cometeu suicídio on-line (porque parece post do Pedro Doria; e porque essa não é nova: aqui, no Digestivo, até o Polzonoff já tentou [e o Rodrigo, comentou...] - via La Cosa Húmeda).
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Julio Daio Borges
15/9/2005 às 12h37
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Generaciones de blogueros
(...)Primero fueron los geeks, que crearon los blogs, la tecnología que hay detrás y los hicieron crecer. Posteriormente fueron los que llama "extrovertidos", gente que descubrió en los blogs una herramienta para tener una voz pública, compuesto sobretodo por periodistas o por bloggers políticos. Finalmente están los bloggers consumidores, o lo que vendría a ser lo mismo, la entrada en masa del usuario medio de internet, especialmente los más jóvenes, y especialmente a través de MSN Spaces. Esta última generación ve los blogs como algo normal, sin las complicaciones filosóficas de las anteriores generaciones, especialmente la primera.(...)
Víctor R. Ruiz, no seu Linotipo, sobre o comentário do comentário.
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Julio Daio Borges
14/9/2005 às 12h15
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Reinventing Radio
Current media distributors and large-scale media creators are going to find themselves suddenly operating in a market of peer creators, where hundreds of people can create and interact and respond to the media around them. The network is already a challenge to broadcast - people who use the internet a lot use television less - but this is a new challenge. It's a challenge of participation - where one-to-many broadcast-style content has to figure out how to find new ways of getting their "audience" involved. This is a challenge that's all over the place - and it's a problem of bandwidth. How does one show or product or team respond to and respect the input of hundreds of thousands of individuals, and reflect it in what they make? If you're Last.fm it's easy - you give everyone something different. But if you're a popular content creator with one outward channel that's the same for everyone, things get a little harder. How will they adapt?
Tom Coates, sobre o Phonetags (para quem ainda não entendeu a importância das famosas tags...).
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Julio Daio Borges
14/9/2005 às 12h07
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