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BLOG

Quinta-feira, 3/11/2005
Blog
Redação
 
Escritora-apesar-de

Voltei. Desta vez com minhas virtudes mais esquisitas. Se eu me assumi como escritora, saibam que não me assumi como outras coisas. Por exemplo: fui vocalista de banda de rock, mas não me levei a sério, embora muita gente levasse. Toquei piano e achei um porre. Entrei em aula de violão e não tive paciência. Toquei bateria e não tive apoio. Dancei jazz e idem. Fiz krav-magga e fiquei grávida uma semana antes do exame de faixa. Mas a escritora foi a única que ultrapassou todos os obstáculos. Não houve falta de papel nem de caneta. E quando faltou inspiração, eu me olhei bem fundo e o poema veio. Não dependi de ninguém: pai, professor, mecenas. Fui escritora apesar de. E meu filho vem seguindo, ao menos, o caminho de leitor. Por enquanto, pega os livros para comer.

Ana Elisa Ribeiro que - para bem de todos e felicidade geral da nação - voltou com a sua Estante de livros on-line.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
3/11/2005 às 17h43

 
Suicídio da razão

A obsessiva lucidez
me aborrece;
sou capaz de afundar num rio
sonhos e fantasias.
Porém se atiro à água
o meu olho,
ele bóia - e fita o mundo.
E me investiga.

Volta a sensação nítida
- e ela incomoda um bocadinho -
de que eu sinto apenas saudade
de algo que nunca existiu.

Vou pegar minha lucidez
e enterrá-la na areia.
Depois me sento por cima
como já fiz à minha vida.

Rina Bogliolo Sirihal, também no SLMG.

[34 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
2/11/2005 às 17h15

 
Ato falho

"Aqui em casa não tem barata", disse a mulher, num tom de desafio.

Os que estavam na sala se entreolharam, com exceção do marido da desafiante, que não era capaz de ousar nem mesmo olhares.

"Nem uma para remédio", concluiu ela, depois de chicotear os olhos em torno, caçando alguma aceitação do desafio. Não encontrou nenhuma e gritou para o interior, voltando a cabeça na direção da cozinha e fazendo estufar as veias do pescoço:

"Jova, traz as bolachas".

Jova, que era Juventina, trouxe as bolachas num prato, cobertas com uma toalhinha azul, e pôs o prato no centro geográfico da mesa. Todos se inclinaram, na expectativa da iminente quebra do jejum forçado, e o dono da casa descobriu as bolachas, puxando a toalhinha azul para um lado. Quinhentos pares de olhos pousaram então, ao mesmo tempo, sobre uma bolacha diferente na forma e na cor, que encimava a pilha de bolachas.

O dono da casa, concluindo um instantâneo levantamento da situação, pinçou-a com dois dedos, mastigou-a e engoliu-a - antes que ela escapasse.

Ildeu Brandão, também no Supl. Lit. de MG (porque me lembrou a Ana E e a Ivana...).

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Postado por Julio Daio Borges
1/11/2005 às 17h04

 
O baixo em evidência

Em seu disco de estréia (Maritaca, 2005), Thiago Espírito Santo não faz pouco de sua linhagem familiar. Este colunista explica. Para aqueles que não fizeram a associação, Thiago é filho de Arismar do Espírito Santo, um dos músicos mais eminentes na seara instrumental, célebre entre seus pares, mas que permanece anônimo para uma vasta fatia dos ouvintes. Assim como o pai, Thiago toca um instrumento cuja relevância não é lá muito notada, principalmente se se considerar o cenário da música pop, que prefere sempre os guitarristas ou os cantores. Dessa maneira, o primeiro destaque vai para o fato de o músico valorizar a música instrumental a partir de seu contrabaixo. Mas há outros, como se verá a seguir.

No álbum, embora a maior parte das músicas sejam oriundas da fusão da MPB com outros estilos, ora mais regionais, ora mais jazzísticos, a peça de abertura é "O cravo bem temperado", de J.S. Bach. No baixo solo, Thiago mostra aos ouvintes todo o virtuosismo numa interpretação inconfundível. Nota por nota, a interpretação torna-se original graças à natureza melódica que ele imprime ao contrabaixo. Em outras palavras, em vez de adicional, torna-se preponderante. E as variações dos agudos e graves acentuam mais essa marca. Num medley, o ritmo constante é quebrado pelo "Prelúdio nº3", de Villa Lobos. Propositadamente ou não, o estilo de Thiago Espírito Santo já está sedimentado nessa primeira faixa.

Em seguida, o clássico dá lugar ao popular. Com uma leitura intimista, é a vez de "Caminhos Cruzados", do maestro Tom Jobim. Novamente sozinho, mas agora, além do contrabaixo, o músico executa ainda o violão elétrico. O contrabaixo não chega a perder espaço, mas a presença do violão pontua mais a participação do outro instrumento. Há, inclusive, uma alternância de lugares: é o violão que acompanha o baixo. Íntimo e pessoal. A partir da terceira música sai de cena o íntimo e pessoal para a entrada do conjunto. É assim que aparecem nomes como Chico Pinheiro ao violão (o mesmo que toca com Maria Rita) e de Raphael Ferreira, ora no sax tenor, ora sax soprano. Com isso, surgem levadas mais animadas, como em "Bárbaro" e em "Thiago" , esta última com a inspirada participação de Bia Góes nos vocais.

E o disco segue alternando a sua feição a cada música. Em "Vó Luíza", por exemplo, o tom intimista reaparece, mas logo dá lugar ao ritmo regional em "Neném do forró", que, não por acaso, é dedicada a Dominguinhos (conta, aliás, com a participação dele no acordeon). E vale mencionar ainda o triângulo de Dió de Araújo. Já em "As de Bombacha", a introdução remonta também ao regionalismo, muito embora o desenvolver da canção o trompete de Daniel D'Alcântara amenize as cores gauchescas. Aqui, Thiago também protagoniza um solo que une as duas partes da música, além de ditar o ritmo das passagens.

Na décima-terceira faixa, "Má Rapaiz", há o encontro de pai e filho no contrabaixo. E só. Em pouco mais de um minuto, o que se ouve é uma mescla de duelo seguido de pergunta-resposta do mesmo instrumento em duplicidade. Música para músico, ainda que bem elaborada. E para aqueles que, ao final, eventualmente sentirem falta de uma faixa com letra, a última música "Tocar" é uma canção-resposta. O motivo? Basta ler o verso-chave: "Só quem sabe/ É quem sabe tocar".

E os leitores podem conferir o músico hoje, 01.11, lançando o disco Thiago Espírito Santo no recém-inaugurado espaço do Tom Jazz.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
1/11/2005 às 09h45

 
The back of my hands

When I look down
and see the back of my hands
lying in my lap
poised over a keyboard
or water-drenched in the sink
I know I am aging
and it frightens me.
I am not ready to age.
I do not want to die
and my hands remind me
of mortality.

My hands remind me.
I can avoid mirrors,
hide from my face
but my hands are a daily address.
Maybe I could start a new fad -
gloves for older women
who wish to deny their history
or run from their wisdom.

Hold up your hands
if you are willing to share
your grace or your pain.
If I spot you in the
glove department at Eaton's
I'll know you are as vulnerable
as I am.
Some days we'll all wear gloves
to protest,
other days we'll all go bare-handed
to show our courage.

Mary Woodbury, no Suplemento Literário de Minas Gerais, hoje o melhor junto com o Rascunho.

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Postado por Julio Daio Borges
31/10/2005 às 16h43

 
A crise da velha imprensa

"(...) desta vez, a grande imprensa tem muito a que explicar (...)"

Pedro Doria - hoje - no podcast da No Minímo (ei, Grande Imprensa, não sou eu que estou falando, tá?).

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Postado por Julio Daio Borges
29/10/2005 às 18h07

 
Sobre a nova seção

A persistência não é um dos traços mais marcantes da minha personalidade, curiosamente é aquele que me move. Traça uma linha narrativa onde a acção se estabelece como uma narração. A história deste comentário tem a história de todo e qualquer comentário, segue sobre o que me move... Se o que escrevo é escrito... posso escrever... e embrulhar os pés nas meias! Gosto de quem promove a discussão... a meias... Amei... este cuidado com os comentários dos leitores.

Francisco Coimbra, por e-mail.

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Postado por Julio Daio Borges
28/10/2005 às 10h32

 
Lembranças do Brasil

GavezDois, de Edgard Costa (porque podcast também é sambão...).

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Postado por Julio Daio Borges
27/10/2005 às 09h41

 
Sobre como ferrar a África

O jardineiro fiel e O senhor das armas são dois filmes em cartaz atualmente. Os dois se passam, em parte, na África. Apesar da diferença de tom - o primeiro é dramático, o segundo é sarcástico - ambos são filmes-denúncia sobre o mesmo assunto: a exploração da África por potências mundiais.

Em O senhor das armas, Nicolas Cage representa um americano, traficante que comercializa de pistolas a tanques, responsável pelo abastecimento de ditaduras no continente e, consequentemente, pelos genocídios praticados naquela região.

O jardineiro fiel conta a história de um adido da embaixada britânica no Quênia, cuja esposa foi assassinada por investigar e denunciar experimentos ilegais e cruéis de laboratórios farmacêuticos no país.

Difícil acreditar em coincidências na indústria cultural. O que será então? Interessante é a fala de um dos personagens de O jardineiro fiel, que acaba citando os dois filmes: "os laboratórios farmacêuticos e os traficantes de armas são as formas que o ocidente encontrou para ferrar a África".

[1 Comentário(s)]

Postado por Adriana Baggio
26/10/2005 às 10h27

 
Treehouse

Sometimes your voice is the only thing that can break a stereotype. I know it sounds crazy, but to me it has always been true. I have had so many labels put on me before anyone ever got a chance to know me that I had to make sure to speak up louder than anyone else just to break down certain barriers.

When I started Whitespace, I made sure not to post a picture of myself for a long time because I am not an old, white male. I didn't want to influence the way people saw me without reading what I had to say. I started off as a relative unknown and in the large scale of things I am still an unknown, however blogs gave me a chance to establish myself on a global scale and they give everybody that option.

In no other time in history has this occurred so it really is something special. What I like about the voices we pick for the Network is that when you read them you get a sense of the passion behind the voices. You know what is being said is really what that person feels. They can't hide behind a brand or a company because they are the brand. We are just trying to help these unique voices reach a broader audience by giving them more opportunities to do so.

Paul Scrivens, CEO do tão falado 9rules, em entrevista à nova revista Treehouse (em PDF).

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Postado por Julio Daio Borges
26/10/2005 às 08h21

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