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Sexta-feira,
13/1/2006
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Redação
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O Jornal Literário do Brasa
Eis o novo site do Rascunho (porque o Rogério nos mandou...).
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Postado por
Julio Daio Borges
13/1/2006 às 10h33
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Cinema em Atibaia (I)
A pequena Atibaia (120 mil habitantes, 53 km de São Paulo) se tornou ontem a cidade que abre o calendário oficial de festivais de cinema no Brasil. Começou a primeira edição do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, que toma o município até o próximo domingo, dia 15. Na tentativa de se diferenciar de tantos outros eventos semelhantes espalhados no país, a proposta é exibir o que de melhor se fez no formato curta-metragem ao longo de 2005 - sendo, na definição dos organizadores, um "festival dos festivais", dando espaço a realizadores que saíram premiados das principais mostras nacionais.
Há filmes que foram laureados nos festivais de Brasília, Recife, Rio e São Paulo, no Anima Mundi, no É Tudo Verdade e em outros mais. São quase 40 curtas em formato 35mm, 16mm e vídeo, a serem apresentados no Centro de Convenções. A programação inclui ainda alguns longas-metragens (sendo Cafundó, de Paulo Betti e Clóvis Bueno, o único inédito) e uma mostra paralela de curtas franceses, graças a uma parceria com o Festival de Contis - o que permitiu a prefeitura de Atibaia, promotora do evento, de trazer diversos filmes do país europeu e viabilizar o envio dos trabalhos brasileiros para serem exibidos por lá.
A abertura do festival, na noite de quarta-feira, foi naquele tradicional esquema: palco, mestre de cerimônias, políticos e autoridades falando e anfiteatro lotado de gente que depois nem deve aparecer mais pra conferir os filmes de fato ao longo dos próximos dias. Um barulhento curto-circuito causou susto na platéia logo no começo, quase iniciando uma debandada porta afora.
A homenageada da noite foi a cineasta Tizuka Yamazaki, que viveu em Atibaia dos dois anos de idade até a adolescência. No palco, ela falou sobre a família, a infância na cidade e a descoberta da magia do cinema ao assistir em tela grande O Pagador de Promessas, grande clássico de Anselmo Duarte lançado em 1962. Tizuka começou a dirigir longas em 1980, com o delicado Gaijin - Caminhos da Liberdade, inspirado em acontecimentos reais sobre a imigração japonesa para o Brasil no começo do século XX. Seguiu na linha autoral com Parahyba Mulher Macho e Patriamada. Depois de passagens pela TV, entregou-se ao mercado ao dirigir Xuxa e Sérgio Mallandro em Lua de Cristal, depois Renato Aragão em O Noviço Rebelde e novamente a "rainha" em Xuxa Requebra e Popstar. Quem disse que cineasta não pode tentar sobreviver a qualquer custo?
Tizuka voltou ao cinema pessoal no ano passado, na superprodução de R$ 10 milhões Gaijin - Ama-me como Sou, espécie de ampliação de seu primeiro filme. Saiu premiadíssima do Festival de Gramado, provocando críticas duras da imprensa contra o júri, por reconhecer um projeto de grande porte e qualidade artística questionável, em detrimento de Carreiras, experimento de Domingos Oliveira que causou frisson no mesmo evento e custou meros R$ 35 mil. O segundo Gaijin teve exibição de gala em Atibaia.
O festival da cidade paulista segue hoje com a primeira sessão competitiva de curtas-metragens. Nos destaques, Da Janela do Meu Quarto, do documentarista Cão Guimarães, Eu Te Darei o Céu, de Afonso Poyart, e O Último Raio de Sol, de Bruno Torres. Tudo com entrada franca. Informações e outros detalhes podem ser checados no site oficial.
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Postado por
Marcelo Miranda
12/1/2006 às 11h36
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Evocação do Recife
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois -
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as
[vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta
[do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras,
[mexericos, namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho
[sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos
[em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos
[meus cabelos
Capiberibe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era
[cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.
Manuel Bandeira, no Rio, em 1925 (porque eu li ontem Libertinagem & Estrela da manhã, na nova edição...)
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Julio Daio Borges
12/1/2006 às 09h17
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Breve diário do desencanto
O que eu quero não é um notebook, entenda, é uma vida que justifique ter um notebook.
* * *
Nesse exato momento, eu quero um chá gelado, unhas mais grossas e coragem, muita coragem. Amanhã, talvez, eu queira dinheiro para pagar a conta da conexão banda larga e as guias para uns exames, mas agora eu quero mesmo é um vestido que mostre meus peitos e uma meia que não desfie. Quero dias mais longos e um namorado secreto, uma chapinha perpétua e um nariz novo. Cílios postiços? Não é má idéia. E, já que falamos nisso, uma pintinha bem aqui. Quero mais cultura geral, para poder discorrer sobre o pai de Alexandre, o Grande, e sobre os afluentes do rio Amazonas. Quero uma aula instantânea de postura, saber andar com um livro equilibrado na cabeça. Quero andar com um revisor sempre de prontidão, como a Madonna andava com aquela maquiadora. Quero dormir mais cedo, acordar mais tarde, comer mais carboidratos e mais brigadeiro. Quero som, luz e fúria, e morar num prédio com manobrista. Quero ter mais ilusões, muitas, muitas, quero acreditar em tudo, cair em mim e luxar a alma.
* * *
Tenho certeza que já passei da idade de ter amigos sinceros.
Trechos de um conto de Fal Vitiello de Azevedo, porque ela é a melhor surpresa da coletânea Blog de Papel (e porque o Inagaki me mandou...)
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Julio Daio Borges
11/1/2006 às 08h58
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Minhas Férias
Porque, há algum tempo, eu não atualizava o meu Flickr (e porque O Conselheiro também fotografa, nas "férias"...)
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Julio Daio Borges
10/1/2006 às 09h22
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Para além do jornalismo
Dia desses, um amigo, que é professor de jornalismo, mandou um e-mail para uma lista de colegas (eu incluso) em que fazia loas e vivas a uma reportagem da Folha de S.Paulo, assinada pelo repórter Sérgio Dávila. Segundo este amigo, o texto da Folha era uma resistência do chamado jornalismo investigativo, pois trazia um completo relato feito no battlefield, e não um trabalho meramente burocrático, feito da própria redação, como a maior parte dos jornalistas faz hoje. Não sou de responder essas mensagens, assim, gerais, mas repliquei ao meu colega dizendo que, apesar da qualidade daquele texto em questão (e Sérgio Dávila é um jornalista que não precisa de apresentações), o que jornalismo brasileiro pratica em termos de reportagem é pífio, salvo as raras exceções de sempre.
Exagero? Ora, o leitor que quiser colocar isso à prova basta apreciar (esta é a palavra) o brilhante texto do jornalista norte-americano Isidor Feinstein Stone no livro O julgamento de Sócrates, reeditado agora pela Companhia das Letras a propósito do selo Companhia de Bolso. Como o título tão bem sugere, trata-se de uma reportagem investigativa acerca do julgamento do filósofo grego Sócrates. Isso mesmo. Esqueça a cobertura arroz-com-feijão das CPIs, do cotidiano do Congresso e de toda essa politicagem miúda que se faz no Brasil. O que I.F. Stone produz é um estudo que levou anos para ser finalizado. Para tanto, o autor utilizou toda sua experiência como jornalista independente (sua newsletter era lida por nomes como Albert Einstein e Eleanor Roosevelt) para trazer a compreensão dos eventos daquela época.
Na apresentação inicial, I.F. Stone assume as dificuldades de trazer um relato acerca do julgamento de Sócrates. De um lado, porque, ao contrário de outros eventos, esse não pôde ser noticiado ali, no calor da hora. Logo, era necessário recorrer às fontes secundárias para trazer o relato. Por outro lado, o autor explica porque esse mesmo relato necessita ser desconstruído (arre, Derrida!) a fim de encontrar o "Sócrates histórico". A esses dois elementos, é necessário trazer um outro à baila: I.F. Stone mergulhou num universo para além da relação culpado/inocente, pois, como se não bastasse, o assunto é Filosofia.
O jornalista assim remonta inicialmente o cenário daquele período, mais precisamente a perspectiva de Sócrates a respeito das divergências básicas entre o que significava a polis. Seria a cidade livre, como queriam os gregos, ou um rebanho, como pensava Sócrates? Como diz o chavão, este era apenas a ponta do iceberg. Num olhar mais atento, observa-se que Sócrates possuía até mesmo um ideal de vida que divergia daquele pensado para os gregos. Para o filósofo, o ideal era a não-participação na vida pública, o que para os gregos era inviável, para dizer o mínimo, porque todos precisam ter uma função. Stone analisa os argumentos de cada uma das partes e mostra como Sócrates estava mais dissidente do que se imagina.
Em determinados momentos, tanto pelos termos empregados - conseqüência do tema - como pela natureza absoluta e abstrata da discussão, o leitor tem a sensação de que acompanha não uma reportagem, mas um tratado que se encerra em si mesmo. Contudo, observa-se que I.F. Stone não foge às regras do jornalismo de resultados, se assim é possível chamar, e parte para uma conclusão original de sua investigação. Aqui, novamente chama a atenção a referência a estudos e a variadas interpretações - sendo que a de "caça às bruxas em Atenas" é uma das mais curiosas.
Pode-se argumentar, com razão, que o jornalismo vive uma de suas piores crises e que não há, por parte das empresas de comunicação, investimento adequado na realização de trabalhos jornalísticos em profundidade. Entretanto, não custa lembrar que a pesquisa de I.F. Stone não demandou recursos financeiros por parte de grandes empresas - até porque, como assinala Sérgio Augusto no prefácio, ele não era cortejado pelo status quo - mas, isso sim, talento, leitura e uma dedicação de abnegado. É por isso que o leitor vai desconfiar. Está além do nosso jornalismo.
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Fabio Silvestre Cardoso
9/1/2006 às 17h55
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120 Horas (&LEM) hoje e amanhã
120 Horas e LEM, hoje, na capa do "Caderno2" do Estadão (porque amanhã tem lançamento e debate, com o Fabio e a Vera, na Cultura do Villa-Lobos...)
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Julio Daio Borges
9/1/2006 às 09h37
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Qual o estilo do seu blog?
Entre pequenas cóleras e alegrias, uma dica de teste para você saber a personalidade do seu blog. Superficial, porém divertido - como aqueles testes de revistas femininas.
Que tipo de blog é o seu?
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Adriana Baggio
5/1/2006 às 15h11
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Web 2.0 reloaded
Para quem não agüenta mais me ouvir falando da Web 2.0, seguem os dois últimos links que eu passo: para um artigo/ensaio e para uma apresentação/um áudio.
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Julio Daio Borges
2/1/2006 às 17h12
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O ar (o vento)
Estou vivo mas não tenho corpo
Por isso é que eu não tenho forma
Peso eu também não tenho
Não tenho cor.
Quando sou fraco
Me chamo brisa
E se assobio
Isso é comum
Quando sou forte
Me chamo vento
Quando sou cheiro
Me chamo pum!
Vinicius de Moraes, na Argumentinho, que está já no seu segundo número.
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Postado por
Julio Daio Borges
30/12/2005 às 16h11
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