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Quinta-feira,
6/4/2006
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Redação
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Gilberto Gil: Cultura Viva (2)
O teatro do SESC Vila Mariana estava apinhado de gente. Parecia que, no palco, Gil faria uma apresentação musical, e não um discurso tratando de Política Cultural. Com tudo isso, o ministro logo começou a dissertar sobre a "Argamassa da Sociedade". Qual é essa argamassa? A Cultura, pois sim. E para preservá-la é necessário reagir contra as tiranias. Essas foram as palavras iniciais do ministro. Se o paralelo fosse possível, o discurso do ministro seria uma espécie de rock de atitude para a platéia. E todos adoraram.
Não que coisas interessantes não tenham sido ditas. A propósito da inclusão digital, outra dessas palavras de ordem, o Ministério da Cultura parece seguir, pelo menos, um trabalho coerente, incentivando as ONGs para não ficarem de fora da educação tecnológica - para que o número de analfabetos digitais não seja um empecilho para o crescimento do País. Esse foi, de fato, um dos pontos altos do seu discurso. E, na opinião desse repórter, uma das melhores boutades foi: "Às vezes, é melhor investir em inclusão digital do que comprar um novo estandarte para o maracatu".
Com a mesma veemência, Gilberto Gil refutou qualquer associação de suas políticas culturais com dirigismo estatal. Aqui, o debate ficou pouco claro. Isso porque, de um lado, Gil comentava com nostalgia das propostas em que o Estado participava com maior importância e força das políticas culturais (chegou, nesse ponto, até mesmo a citar o Sistema S, do qual o SESC faz parte, como modelo dessa participação). Por outro lado, no entanto, conclamava a iniciativa das comunidades, e não do Governo, para mobilizar as ações de cultura. Resumo da ópera: Gil estava respondendo, ainda tardiamente, aos críticos de sua atuação na proposta da Ancinav, e mais especificamente aos ataques do poeta Ferreira Gullar, que, num texto escrito para a Folha de S.Paulo, disse, ecoando Caetano Veloso, que o MinC estava a um passo do autoritarismo.
Apesar dessas e outras menções, o tom do discurso foi ameno e cordial. Até mesmo nas perguntas, que mais serviram para referendar o trabalho do Cultura Viva, do que para cobrar os incentivos prometidos que ainda não chegaram.
E o evento continua até o dia 9 de abril. Nesta sexta-feira, dia 7, a principal conferência no SESC Vila Mariana será com o professor Emir Sader, a propósito do seguinte tema: a participação política e a emancipação social. Veja mais sobre a programação aqui.
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Fabio Silvestre Cardoso
6/4/2006 às 18h15
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Gilberto Gil: Cultura Viva
Enquanto na Bienal do Ibirapuera a programação do Cultura Viva se apresenta com a produção efetiva dos Pontos de Cultura (entidades que desenvolvem as manifestações culturais), não muito longe dali, no SESC Vila Mariana, ocorrem os debates que visam proporcionar uma explicação teórica e conceitual desse arrojado projeto do Ministério da Cultura, em parceria com as ONGs e o setor privado (esse em menor escala, nesse momento).
Para tanto, nesta quinta-feira, 6/4, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, falou amplamente acerca dessa iniciativa que, segundo ele, é uma das marcas de sua gestão. Mas o ministro não tratou somente de Cultura. Quem ouviu bem, notou que ele não fugiu às perguntas, especialmente quando era instigado a fazer uma análise de sua gestão como defesa da Política Cultural do governo Lula.
Este repórter viu e ouviu atentamente as falas do ministro em duas oportunidades nesta quinta-feira. A primeira ocasião foi uma coletiva de imprensa com Gilberto Gil; a segunda, na palestra de Gil, cujo título, muito sugestivo, era "Argamassa que une a Sociedade". Cada fala tem suas peculiaridades, então, este relato vai privilegiar os principais detalhes de cada um desses encontros.
Coletiva de Imprensa
Para os leitores que supõem uma coletiva de imprensa semelhante à dos filmes, cabe ressaltar que a realidade pode ser bem mais ficcional do que o cinema. Assim, a espera é sempre maior, e os jornalistas e assessores de imprensa circulam com seus comentários técnicos e olhares impacientes, ora manuseando o celular, ora buscando o ângulo mais exclusivo para as imagens. Nessa hora, ninguém parece prestar atenção em nada a não ser no seu próprio trabalho que, teoricamente, tem tudo a ver com o ambiente que eles desprezam. E foi nesse instante que Gilberto Gil apareceu; nem a assessoria parecia estar preparada, posto que o ministro chegou na sala de imprensa improvisada com a maleta na mão, sem auxiliares mais próximos (a periferia do astro, como disse certa vez o colega Marlúcio Luna), dando um bom dia caloroso aos poucos jornalistas presentes.
Eram 10h10, quando o repórter de um jornal do Nordeste perguntou acerca do futuro do projeto Cultura Viva. E Gil respondeu que, para ele, os objetivos não são tão importantes nesse momento. Agora, a preocupação é justamente dar condições para que os empreendedores culturais possam consolidar seus respectivos trabalhos e, assim, atingir o nível esperado da auto-gestão, ou seja, sem a participação tão direta do Estado nessas manifestações culturais. Um pouco adiante, a pergunta desse repórter seria de certa maneira retomada quando outro jornalista questionou a respeito dos Pontos de Cultura já em pleno funcionamento. E o exemplo que o ministro deu foi de uma Comunidade de Catadores de Lixo em Brasília. A iniciativa desse grupo existe há dez anos, e agora a Comunidade já é capaz de gerir seu próprio negócio, comercializando a produção realizada a partir de material reciclado.
É nesse ponto, aliás, que o debate começou a tomar outra forma, uma vez que Gil passou a teorizar a respeito não só de Políticas Culturais, mas também de mercado, capitalismo e, como era esperado, da política. Sempre que possível tudo isso ao mesmo tempo. Foi politicamente, aliás, que o titular da pasta da Cultura respondeu a propósito das querelas da TV Digital (para quem não está acompanhando o debate, a tensão chegou a tal temperatura que Hélio Costa, ministro da Comunicação, foi vilipendiado num cordel lido por Gilberto Gil. Fogo amigo). Desse modo, Gil baixou o tom nacionalista no que se refere à escolha de qual modelo será implementado no país. O ideal, sugeriu o ministro, é que os sistemas possam ser equivalentes e não absolutos e exclusivistas.
- Senhor Ministro, o país vive agora num período de crise política....
- A crise é permanente no mundo moderno.
A reação veio seca, sem maiores alterações na voz, embora fosse visível certo desconforto entre os presentes. E esse nível de desconforto bateu nas alturas quando uma repórter da Rede Record, cansada de tentar chamar a atenção circulando de um lado para outro, quis tomar conta da coletiva, fazendo intervenções a cada resposta dada. Coincidência ou não, foi nesse momento que a assessoria quis dar a entrevista por encerrada, mas a repórter, fiel a seu trabalho, insistia:
- Ministro, o senhor vai continuar na pasta na próxima gestão? O que o senhor vai dizer para o próximo ministro da Cultura? Você acha que vai existir uma continuidade no projeto?
Respostas? Objetivas, nenhuma. O ministro apenas sorriu e deixou os jornalistas para ir ao auditório. Nesse meio tempo, o diretor do SESC tentou mostrar seu contentamento com a insistência da jornalista. E após cumprimentá-lo, ela disse:
- Não precisa apertar minha mão!
E depois:
- Gil, eu te adoro!
Melhor falar do discurso feito no Teatro do SESC Vila Mariana.
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Fabio Silvestre Cardoso
6/4/2006 às 18h00
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Jovens mestres do virtual
"A internet (...) criou uma nova relação entre jornalistas e leitores, emissores e receptores de informação em geral."
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"Na internet a comunicação deixou de ser um monólogo, em que alguns donos da verdade decretam o que os outros devem saber e pensar, para se transformar num diálogo permanente, em que todos se manifestam, opinam, criticam, lançam ou derrubam idéias."
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"(...) as novas tecnologias (...), a cada dia, permitem a incorporação de novos atores neste imenso palco virtual em que a platéia já não se limita a aplaudir ou vaiar, mas quer cada vez mais participar do espetáculo."
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"(...) as novas tecnologias têm a vantagem adicional de inverter o processo de aprendizado e fazer com que os jovens ensinem os mais velhos a caminhar nesse mundo internético."
Ricardo Kotscho, ecoando Dan Gillmor, no No Mínimo.
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Julio Daio Borges
5/4/2006 às 17h29
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O Romanesco
Sou Zequias, 23 anos, queimado de sol, família humilde, vim do nordeste, agora sou daqui, de dia trabalho de ambulante, de noite estou no supletivo, de onde venho nesta hora, dizem que tenho bom coração, vi um homem que parecia ter caído de algum lugar, não porque estivesse machucado, não estava, mas pelo jeito esticado no chão, atônito, empoeirado, amassado, a boca torta, perguntei se tinha caído, ele apenas sorriu, sorriso de sim, olhei pra cima, não havia de onde, as janelas dos velhos hotéis são altas e estão sempre fechadas, do poste também não dava, ele se levantou, me chamou pra andar, descemos a primeira rampa da avenida são joão e perambulamos pelo vale do anhangabaú, ocupado por camelôs e trabalhadores pobres como eu, muitos pombos, que decolam e pousam no asfalto, ele girou o corpo na garoa calada, e os olhos, me disse isto aqui é muito bom, é divino, e me puxou pelos braços, e eu ali sem rir, sem dizer dichote, perguntei de onde era, ele franziu a testa, fomos em direção ao viaduto santa efigênia, reparei na cara dele, dum branco de anjo, queixo e nariz esticados, cabelo ralo, longo e galego, e lá chegando, gritou, que ponte maravilhosa, falei vixe maria, e ele, repare neste chão, e foi declamando, parece uma cerâmica rosa, coisa encantadora de se ver, essa luz em volta, eu não tinha reparado, trabalho o dia todo no viaduto e nunca vi nada de especial, tudo comum, esse povaréu, essa zoada, mas de onde é mesmo você? insisti, vou lhe dizer sem cerimônias, ele falou, caí de um lugar muito especial, já sei, eu falei, você caiu do céu, não, não, nem tanto, caí foi de um livro, de um futuro romance, mas não precisam mais de mim, abracei meu padim, não posso dizer o nome do autor, nem do romance, prosseguiu, mas posso afirmar que a história se passa numa cidade distante, e se desvia pra cá, e este que você vê é o personagem principal, que não faz mais falta, o que faremos, perguntei, ande comigo pelo centro, ele disse, me puxando pelo braço, quem sabe me ajuda a recuperar a memória, ou melhor, o capítulo ignorado da história, jogado num lixo simbólico, espécie de reservatório do tempo real, entende?, eu disse que entendia, mas não entendia, ah, o santa efigênia, encerra beleza nas formas e brilhos, possíveis ladrilhos, eu devia ter feito um poema, lastimou, e eu mudo, é tarde, ele disse, vamos seguir, chegamos à rua são bento, rua comum, esse amontoado de gente e comércio, mas ele: veja os postes de luz, as belas luminárias, quarteirões fechados, bancas de revistas e livros, tinha de virar música, ele considerava, feito a rua do ouvidor, e nos afastamos, ensaiou uns passos de dança e cantarolou, inventando: planeta bento / praça da sé / rua são bento / coração de mãe / sois e sempre sereis assim / sois e sempre sereis assim... seguimos, eu temia pirar, mas ele atalhou, de que valerá ser sozinho?, pois tudo em volta é falso, miragem, espelho do nada: saio em busca de uma explicação para a vida, e mudando de tom: vamos à consolação, algo me diz que lá encontraremos a história, azuado e molhado no xixixi, segui os passos do anjo, do romanesco, cruzamos esquinas e esquinas da augusta, ele se deitou no chão com desalento, ergueu-se logo a seguir, observou no ar os fios deixados pelos ônibus elétricos, e caminhou rua acima, antiga, os velhos muros, nossos passos lentos, calculados, assim que nos aproximávamos da avenida paulista, o dia nos alcançando, espalhando brumas em nosso caminho, falei, incorporando a voz do poeta, e tudo quase clareou num branco intenso, e o corpo dele desaparecia na imensa página brilhante, que se formava no alto da augusta, no encontro com a paulista, página branca que descia de algum lugar especial, à procura de um personagem errante.
Rogério Miranda, no último Rascunho (aqui com autorização dos dois, do Miranda e do Pereira, o editor).
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Julio Daio Borges
4/4/2006 às 08h15
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Blogging Frustration
I post and post and post.(...) I actually enjoy it, have fun doing it, and I learn as I go. But, man, I'm always hoping to get some links. And, they do trickle in. But, dude. Forget about even coming close to the A-list bloggers.(...) How will anyone even find me?(...) And no one even clicks on my Yahoo ads!(...) Can you relate to my frustration?
Shimon Sandler, no seu blog (porque nos Estados Unidos não tem espaço pra mais ninguém... e aqui no Brasil?)
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Julio Daio Borges
3/4/2006 às 09h34
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The history of PDF
The paperless office. Remember that buzz word that never seems to vanish completely even though history has proven that the use of computers has lead to an increase in the use of paper? (...) PDF started off on the dream of a paperless office, as the pet project of one of Adobe's founders, John Warnock.
A história do PDF, via Eduardo Arcos (porque é o único formato digital a efetivamente competir com o livro...)
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Julio Daio Borges
31/3/2006 às 10h32
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Code of Honor
1. Respect others.
2. Add value.
3. Don't self promote.
4. Write descriptive headlines.
5. Use English for now.
6. Tag and categorize correctly.
O "Código de Honra" do Newsvine (porque, no Digestivo, eu aprendi na marra...)
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Julio Daio Borges
31/3/2006 às 09h24
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Erudito e popular
Uma orquestra sinfônica não é uma banda que toca todo final de semana, [mas] terá de encontrar um lugar na sociedade, encontrar uma razão para gravar outros discos e assim por diante. (...) Séries de música clássica terão de se tornar uma coisa mais atual, ou vão simplesmente sumir.
Fabio Zanon, em entrevista ao Polemicos.com.br (porque é um músico entendendo a revolução das novas mídias...)
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Julio Daio Borges
30/3/2006 às 10h13
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A Obra em Pinda
"O que resta agora é o PSDB de Alckmin, Chalita, da turma de Pindamonhangaba."
Mario Sergio Conti, no No Mínimo (na contra-mão da maioria dos adesistas de ocasião...)
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Julio Daio Borges
30/3/2006 às 09h15
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The New São Paulo
"Of course São Paulo is not Brazil, but Paris is not France and London is not England."
Ronaldo Bregola, que transmitiu a Dan Shaw as novidades (porque ele fez uma matéria no New York Times sobre a nossa cidade...)
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Julio Daio Borges
29/3/2006 às 17h51
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Julio Daio Borges
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