Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
89046 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Hospital Geral do Grajaú recebe orquestra em iniciativa da Associação Paulista de Medicina
>>> Beto Marden estreia solo de teatro musical inspirado em Renato Russo
>>> Tendal da Lapa recebe show de lançamento de 'Tanto', de Laylah Arruda
>>> Pimp My Carroça realiza bazar de economia circular e mudança de Galpão
>>> Circuito Contemporâneo de Juliana Mônaco
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
>>> Arte Urbana ganha guia prático na Amazon
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Animismo
>>> Expectativas e apostas na Copa de 2010
>>> Paixão e sucata
>>> A pulsão Oblómov
>>> O papel aceita tudo
>>> Figurinhas
>>> O que é a memética?
>>> Marcus Aurelius
>>> Diariamente
>>> Assim falou os mano
Mais Recentes
>>> Samuel Klein e Casas Bahia: uma Trajetória de Sucesso de Elias Awad pela Novo Século (2005)
>>> Contabilidade para Administradores de Hélio de Paula Leite pela Atlas (1993)
>>> A Política da Família de R. D. Laing pela Martins Fontes (1983)
>>> Minha Vida foi uma Lida de Cleusa Pedro pela A Voz do Cenáculo (2001)
>>> Abc da Relatividade de Bertrand Russell 5ª Edição pela Zahar (1985)
>>> Rio Branco: a América do Sul e a Modernização do Brasil de Carlos Henrique Cardim; João Almino (orgs.) pela Emc (2002)
>>> Introdução à Administração da Produção e Operações de Daniel Augusto Moreira pela Pioneira (1998)
>>> As Partes e o Todo de Eduardo Giannetti da Fonseca pela Siciliano (1995)
>>> Rio Branco: a América do Sul e a Modernização do Brasil de Carlos Henrique Cardim; João Almino (orgs.) pela Emc (2002)
>>> Comportamento Humano Nas Organizações: o Homem Rumo ao Século XXI de Roberto Kanaane pela Atlas (2009)
>>> Colonização e Monopólio no Nordeste Brasileiro de José Ribeiro Júnior pela Hucitec (1976)
>>> Muito Mais Que Cinco Minutos de Kéfera Buchmann pela Companhia das Letras (2016)
>>> Novos Caminhos da Geografia de Ana Fani Alessandri Carlos (org.) 3ª Edição pela Contexto (2001)
>>> Jean Claude Bernardet: uma Homenagem de Maria Dora Mourão e Outros pela Imesp (2007)
>>> Comportamento Humano Nas Organizações: o Homem Rumo ao Século XXI de Roberto Kanaane pela Atlas (2009)
>>> Novos Caminhos da Geografia de Ana Fani Alessandri Carlos (org.) 3ª Edição pela Contexto (2001)
>>> Dionisio Dias Carneiro: um Humanista Cético de Luiz Roberto A. Cunha e Outros pela Ltc (2014)
>>> Comunicação é Mito de Artur da Távola pela Nova Fronteira (1985)
>>> Comportamento Humano Nas Organizações: o Homem Rumo ao Século XXI de Roberto Kanaane pela Atlas (2009)
>>> Vida do Padre Gaspar Stanggassinger de Pe. Orlando Gambi pela Santuário (1996)
>>> Prodígios e Vertigens da Analogia de Jacques Bouveresse pela Martins Fontes (2005)
>>> Made in Japan: Akio Morita e a Sony de Akio Morita e Outros pela Livraria Cultura (1986)
>>> Comportamento Humano Nas Organizações: o Homem Rumo ao Século XXI de Roberto Kanaane pela Atlas (2009)
>>> Crítica da Razão Tupiniquim de Roberto Gomes 4ª Edição pela Cortez (1980)
>>> Homens Vitoriosos na Vida: Biografias Em Crônicas e Discursos de Júlio Elito pela Ícone (2006)
BLOG

Segunda-feira, 26/6/2006
Blog
Redação
 
The Indispensable Man

"Frankly I'm not an engineer."

David Sifry, contando a história do Technorati, no Venture Voice (uma dica do Edu Carvalho...)

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
26/6/2006 às 08h22

 
Criei, tive como

Primeiro dia de iSummit 2006, evento organizado pelo iCommons no Rio de Janeiro, evento by gringos, for gringos. As idéias são quase todas novas para mim e precisam ser digeridas e assentadas, coisa que a agitação do evento não necessariamente permite. Algumas rapidinhas:

Na abertura do evento o mestre de cerimônias nacional, Ronaldo Lemos da FGV, pediu a cada palestrante que falasse só por 15 minutos, para não atrasar a agenda. Larry Lessig reclamou do tempo escasso mas falou tudo (e falou bonito) em 18 minutos. Joi Ito falou em menos de 15 minutos, segundo ele, para compensar Lessig. Paulina Urrutia, Ministra da Cultura do Chile falou em espanhol e ninguém entendeu. Quando Gilberto Gil falou (em inglês) os gringos adoraram, nós que já conhecemos a peça achamos graça e, de tanto que ele falou, a sessão de perguntas-e-respostas foi cancelada.

* * *

O pessoal sentado atrás de mim vibrou quando Paulina "protestou contra o gringuismo" falando em espalhol mas também vibrou quando Gil contou como misturou a guitarra do rock com os ritmos brasileiros para criar a Tropicália (enquanto era vaiado por universitários revoltados com tal heresia contra a pureza nacional). Contraditório, não?

* * *

Enquanto em uma sala rolava o debate filosófico-legal sobre as licenças CC passei no workshop mãos-na-massa. O único grupo brasileiro a mostrar seus trabalhos, o Estudio Livre, quis aparecer durante a palestra de Martha Nalebuff da Microsoft. Enquanto a visitante mostrava o plugin que permite anexar licenças Creative Commons a documentos do MS Office seus membros vestiram narizes de palhaço, vaiavam e uma menina mais animada jogava bolinhas de papel. Momento de constrangimento na platéia até a palestrante mostrar rebolado ao pedir um nariz vermelho para si. No fim, a chairwoman do iCommons Heather Ford deu um discreto pito na arremessadora de papel e voltamos à paz. Ignoremos o fato de que o Sony Vaio do pessoal do Estúdio rodava Windows XP e sua demostração só abria em Internet Explorer.

* * *

Depois do almoço do mais alto garbo (um oferecimento do Fábio do Gerador Zero, que gentilmente me forneceu seu voucher sob licença Attribution Share-alike), as cabeças foram espalhadas em grupos. Enquanto uns foram entender o que é uma Freedom Toaster, outros foram ajudar o pessoal do ONG em caixinha a pensar em conteúdo global e outros foram colocar conteúdo cc-remixado no Second Life, fui tentar dar uma mãozinha na tradução dos cctools. Eu sou um tipo tão empolgado que depois de um dia de iSummit já queria chegar em casa, formatar meu computador e botar um Ubuntu. Mas o mestre Jon Philips confirmou minha suspeita de que ajudar a traduzir software (junto com procurar por bugs) é a maneira mais simples de entrar no mundo da colaboração livre, sem precisar investir uma enorme quantidade de tempo.

* * *

A conexão wi-fi custava assombrosos R$ 45 por dia (ou R$ 100 pelos três dias). Hacker ao resgate: Jean-Baptiste Soufron mostra como ele e Cory Doctorow compartilharam o acesso para todo mundo que estiver no seu raio de ação. E você nem precisa ficar ouvindo a música esquisita do vídeo-tutorial.

* * *

O título deste texto veio da apresentação do Estudio Livre. Não sei qual a licença da frase, mas vou usando aqui.

* * *

Celular TIM e nada, no subsolo do Marriot, é a mesma coisa.

* * *

Sábado, tem mais: Science Commons, Enterprise Commons, Revver e o que mais pintar.

* * *

Veja mais: no Technorati (tags: , ), no meu Flickr, no Flickr de todo mundo.

[2 Comentário(s)]

Postado por Cristiano Dias
23/6/2006 às 22h56

 
Às Cinco da Tarde

Às Cinco da Tarde (Panj é asr, 2003), terceiro longa-metragem da iraniana Samira Makhmalbaf, coloca cada plano cinematográfico a serviço de uma arte engajada e poética. Ela escolheu o Afeganistão para rodar uma história política, mas com um viés extremamente humano e delicado. O país que ela capta foi destruído sucessivamente pelo regime Talibã e por bombardeios americanos após o 11 de Setembro.

É no meio desse processo que Noqreh (Agheleh Rezaie), uma mulher que só pode ir à escola escondida do pai, entra em contato durante as aulas com a idéia de se tornar candidata à presidente. O filme se constrói sobre impasses entre novo e velho, arcaico e moderno, sagrado e profano, e o que teria tudo para se tornar um clichê insuportável de 105 minutos se mostra um panorama cheio de nuances sobre a as dificuldades de transição do regime no Afeganistão. Noqreh não se revolta contra a tradição. Tenta respeitar seu pai, embora isso lhe custe mutilar os próprios sonhos. Não é possível mudar tão profunda e radicalmente um país em uma geração.

As paisagens são secas, poeirentas. E desfiam-se devagar diante da câmera. Enquadramentos cuidadosos, pausas e silêncios ajudam a construir o interior dos personagens. O Afeganistão de Samira é árido, mas, ao mesmo tempo, colorido. Há longos campos vazios e estradas que parecem lentamente levar do nada a lugar nenhum.

O Afeganistão tem quase nenhuma história no cinema. Foram rodados até hoje cerca de 40 filmes lá. Essa falta de tradição fez com que Samira trabalhasse com atores amadores. O roteiro foi construído em cima de situações reais, retiradas do cotidiano que a diretora vivenciou em visita ao país. A naturalidade do resultado impressiona. Ao colocar personagens isolados no meio da tela, enquadrados por umbrais de pedra, insulados em palácios destruídos e às vezes perseguidos por movimentos rápidos e precisos de câmera, a diretora nos lembra de que se trata de arte. Não tenta impingir uma realidade postiça, e acaba chegando a uma impressão do real de que a mídia, apesar da intensa cobertura jornalística no período dos bombardeiros americanos ao Afeganistão, sequer se aproximou.

Essa visão da arte como ponto de reflexão fica clara na cena em que a família de Noqreh tem de dividir a casa com desabrigados, e um refugiado, hóspede forçado, quer ouvir música em volume alto. O pai de Noqreh abandona a casa para fugir da música, que acredita ser pecado. O refugiado se mantém firme na convicção de continuar ouvindo seu rádio, mas não mais apenas pelos sons. Não à toa, um poeta é o único personagem que a incentiva a querer ser presidente do Afeganistão. O mesmo papel que música e poesia recebem dentro da história é dado por Samira ao fazer cinema. A arte se torna uma forma profunda de revelar a realidade e intervir na História.

De todos a quem pergunta sobre presidentes de países pelo mundo, ao longo do filme, Noqreh ouve respostas evasivas e confusas. Em comum, a idéia de que política é coisa de alto escalão, de que nada tem a ver com o povo. Essa alienação é o dilema de Noqreh, que junto da família se esconde atrás da burca e precisa antes de tudo sobreviver em meio à destruição, mas quando só ou no ambiente da escola, troca as alpargatas por sapatos brancos de salto alto e descobre o rosto, aspirando a uma vida política e social.

A metáfora dos sapatos lembra o conto de Cinderela. Dentro de casa, ajudando a cuidar do bebê da cunhada, imersa na religiosidade fanática do pai e inexistente para o resto do mundo, Noqreh precisa escondê-los. Como a personagem infantil, ao calçá-los, ganha individualidade, participa da sociedade e se torna senhora da própria vida. Mas não; tanto quanto a vida, Às Cinco da Tarde não é um conto de fadas.

[Comente este Post]

Postado por Verônica Mambrini
23/6/2006 às 09h57

 
Blog Corporativo, o livro

Vivemos em uma nova era. Uma nova era em que o mercado e as pessoas passaram a gostar de interagir, opinar, participar e ajudar. Uma nova era de constante formação de opinião, reforçada pelo lançamento de websites que potencializam ainda mais a voz das pessoas. A era dos blogs. Nessa nova era, onde se situará a sua empresa ou seus negócios? No grupo das que blogam ou no grupo das que ignoram a blogosfera?

Fábio Cipriani, que finalmente lançou um livro sobre o assunto, no Brasil.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
23/6/2006 às 08h30

 
As mulheres e o futebol

Sinceramente, nunca entendi direito para que servem os números que os homens inventam para o futebol. Durante o último jogo, os locutores comentavam assim, dando muita importância ao fato: o jogador Cafu completa 24 horas jogando pela seleção brasileira. Tive vontade de rir, juro, mas estava num local público, com pessoas desconhecidas e fanáticas por futebol. Não me atrevi, é claro.

Esse número "tão importante" me fez lembrar a época em que trabalhava nas redações dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha. Várias vezes meu computador ficava ao lado dos "meninos" do caderno de esportes (que na minha opinião deveria chamar caderno de futebol, porque para eles é isso mesmo que importa, não que eu concorde, mas o resto da população brasileira, sim).

Eu... lá no meu canto, teclando alguma matéria de cultura, escutava números que para mim soavam inúteis, mas para aqueles moços eram cifras de riqueza absoluta. Números de gols de cobrança de falta que o jogador tal tinha marcado durante sua carreia. E por aí seguiam os importantes dados.

Os números em si não me despertavam o menor interesse, mas sempre quis saber qual a utilidade deles. Bem, no caso de um repórter que cobre futebol ajuda a não ter que ficar consultando o banco de dados do jornal. Mas para advogados, pedreiros, engenherios, DJs, administradores, publicitários, faxineiros... de que servem esses números? Cheguei à conclusão de que o grande amor na vida de um homem é a matemática!

A Cris, em Ah!!! Tá... tudo bem..., que por e-mail acaba de chegar.

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
22/6/2006 às 09h39

 
Em Cena: Em Fuga

O segundo filme da trilogia criada pelo belga Lucas Belvaux sai da comédia romântica de erros que foi Um Casal Admirável para o thriller. O protagonista é Bruno, ex-militante que foge da prisão e decide se vingar dos antigos comparsas que o delataram. O enredo foca nas idas e vindas de Bruno, vivido pelo próprio Belvaux, e na sua relação com duas mulheres: Jeanne, que foi sua parceira (e aparentemente um antigo amor); e Agnès, viciada em heroína e que lhe dá abrigo.

Em Fuga
Em Fuga: segunda parte da trilogia de Belvaux

É este, aliás, o ponto de diálogo de Em Fuga com os outros filmes da trilogia: o chalé onde Bruno se refugia pertence a Cécile, personagem principal do longa anterior; e o fugitivo cruza algumas vezes com o policial Pascal, marido de Agnés e foco central do terceiro filme, o drama Acordo Quebrado. Bruno transitará nesse meio, buscando formas de desaparecer, mas não sem antes deixar uma marca sangrenta em quem ele assume como inimigo. O final irônico e patético de sua trajetória apenas reforça a frieza (literal, no caso) de seu discurso, sua utopia e seus atos.

Porém, vendo em perspectiva Um Casal Admirável e Em Fuga, sente-se que é o policial Pascal o centro nervoso da trilogia de Belvaux. Ele e a esposa aparecem com razoável destaque nas três obras, sendo os principais do último filme. E não por menos: Pascal e Agnès realmente protagonizam a mais complexa das tramas. Este homem da lei está envolvido em tudo: investiga um foragido, ajuda a amiga a achar uma possível amante do marido e convive com as dificuldades da esposa viciada.

Gilbert Melki
Gilbert Melki: centro da trilogia

O olhar quase sempre apático do ator Gilbert Melki, que faz Pascal, ora representa um interesse intrínseco de seu personagem pela cliente (a bela Ornella Muti), ora a necessidade de cumprir seu dever ao saber informações importantes a respeito de Bruno. Falta assistir ao fecho da história para saber o que mais o olhar de Melki vai refletir. Provavelmente, piedade e sofrimento pela dor da mulher.

Para ir além
Leia também "Um Casal Admirável".

[Comente este Post]

Postado por Marcelo Miranda
22/6/2006 às 08h06

 
O Brasil não ganha a Copa

[Ô Juca, o Brasil ganha a Copa?] Acho que não. Se o Brasil ganhar pela sexta vez a Copa do Mundo, será pela segunda fez campeão na Europa, coisa que nunca aconteceu. Nunca um não-europeu ganhou na Europa, a não ser o próprio Brasil, em 1958, porque aí surpreendeu todo mundo, ninguém esperava. A Copa depois desta, que seria a do hepta, será na África do Sul. Todas as vezes que jogou a Copa do Mundo num país sem tradição em futebol o Brasil ganhou. Foi assim em 58 na Suécia, em 62 no Chile, em 70 no México, em 94 nos Estados Unidos, em 2002 no Japão. Então, a possibilidade de ser heptacampeão seria enorme na África do Sul. A outra Copa, ao que tudo indica, será aqui. O Brasil não vai perder duas aqui, já perdeu uma. Seria octa. E ia ficar monótono. Neguinho vai falar: "Pô entrega logo a Copa pra eles".(...) O Renatão me perguntou aqui da manipulação. Você tem alguma dúvida? Tem alguma dúvida? O Brasil, para ser hexacampeão, terá de ganhar de adversários fortes e da arbitragem.

Juca Kfouri, na Caros Amigos de junho, nas bancas.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
21/6/2006 às 08h13

 
Perdemos Bussunda

A Copa do Mundo ficou mais triste para nós brasileiros, logo nós, o povo mais sorridente de todas as nações. Manhã de 17 de junho, sábado, véspera do jogo da seleção brasileira contra a Austrália, morre em Parsdorf, a 16 quilômetros de Munique, Alemanha, o humorista Claudio Besserman Vianna, o Bussunda, fundador do programa global, Casseta e Planeta, a oito dias de completar 44 anos. A sua morte foi totalmente inesperada e um choque para todos nós, que ficamos órfãos do riso, pois perdemos um dos mais geniais humoristas da atualidade. Perdemos, para um ataque cardíaco fulminante, o motivo nosso de sorrir de cada terça-feira.

Ronaldo Fofucho, Lula, Baleíssima, Marrentinho Carioca... foram tantas caracterizações inesquecíveis. Isso só para citar as mais recentes. O brutamontes Montanha, grandalhão, com pinta de roqueiro heavy metal, parceiro de Massaranduba, que ia dar porrada. Jeca Camargo, que satirizava o repórter do Fantástico, Zeca Camargo. São tantos e incontáveis personagens que farão falta. O piadista genial, caçula dos Casseta, era também o redator, o criador da maioria das piadas tão inteligentes que nos faziam rolar de rir no programa semanal Casseta & Planeta.

O programa vai acabar? O que vai acontecer agora? Quem vai imitar o presidente Lula e o Ronaldinho? Ou é o Ronaldo Fenômeno que vai imitar o Bussunda (que maldade)? São tantas as perguntas que vieram à tona, mas fica o mistério. Pode até parecer insignificante para alguns, mas a perda de Bussunda vai deixar um vazio enorme nos corações dos brasileiros, e também no humor nacional. Haverá alguém do seu calibre, do seu talento? Quem nos fará rir agora? Poxa, Bussunda, por que você nos abandonou tão cedo? O povo brasileiro também dependia de suas piadas para entender a situação do país. Muitas vezes fiquei sabendo de notícias atuais através do programa Casseta & Planeta. Bussunda era nosso tradutor, porque só rindo mesmo para suportar tanta injustiça num país lindo e cheio de potencial como o Brasil.

O Fantástico, programa da mesma emissora de Bussunda, mostrou nesse domingo o enterro de Claudio, os familiares presentes, os amigos anônimos, famosos, e os parceiros de trabalho, os Cassetas Reinaldo, Claudio Manoel, Beto Silva, Marcelo Madureira, Hélio de La Peña, Hubert e Maria Paula, todos chorando, tristes e inconsoláveis. A Rede Globo exibiu, em quadros rápidos no meio do programa, algumas das performances do humorista ao longo dos mais de dez anos do programa semanal. Até ai tudo bem, até porque isso é jornalismo. Entretanto, foi seco, frio e distante. Nem parecia se tratar de um colega da emissora.

Para falar em Bussunda isso era muito pouco. Eis que aqueles rapazes debochados, que começaram no rádio e que foram para a televisão, que comem o pão que o diabo amassou para entrar nos lugares em que a Globo tem fácil acesso, que nitidamente se inspiraram no programa Casseta & Planeta, reconhecem e reverenciam o valor daquele humorista que lhes ensinou muito.

Bussunda pertencia à Rede Globo, mas quem fez uma belíssima homenagem foi o programa Pânico na TV. Que vontade de chorar ao ver a última entrevista do humorista do Casseta & Planeta ao Vinicius Vieira, que faz o Gluglu, Mano Quietinho, Alexandre Broca e, na ocasião, o Casagrande do programa Pânico. O repórter da Rede TV! insistia incansavelmente em falar com o humorista horas antes de sua morte. Bussunda estava sentado dentro de uma van e esperava o seu colega Hélio de La Peña finalizar a entrevista ao programa da outra emissora, quando Vinícius pergunta: "Cadê o Bussunda? Quero falar com ele!". Sempre bem humorado e disposto, Bussunda disse que se sentia cansado, mas "Casagrande" insistiu, como se soubesse que aquelas seriam as últimas palavras de Claudio Besserman Vianna num microfone, instrumento que segurou tantas vezes ao longo da brilhante carreira. Mesmo demonstrando o cansaço, Bussunda sorriu, brincou e deu seu show de sempre na última entrevista da vida. As lágrimas vieram aos meus olhos e segurei o choro. Isso sim era uma homenagem, simples e honesta. Parabéns ao Pânico na TV, que são muitas vezes injustiçados, mas que sabem ser autênticos.

No jornalismo não se deve usar adjetivos, entretanto Bussunda, dentuço e obeso, era divertido, inteligente, politizado, culto, carismático e "lindo", de tão feio que era. Não sei mais o que serão das minhas terças-feiras, sei que darei menos risadas, entretanto o legado que ele perpetuou a nós é riquíssimo. Ele nos deixou sorrindo e fazendo rir. Bussunda deixará saudades.

Nota do Editor
Leia também "Por que votar em Bussunda?"

[4 Comentário(s)]

Postado por Tatiana Cavalcanti
20/6/2006 às 09h13

 
Deus, Diabo e carnaval baiano

No final do ano passado, o diretor Fernando Guerreiro tomou conhecimento do projeto de montagem de um musical sobre a Bahia, que seria produzido para comemorar os trinta anos da Fundação Cultural do Estado. Com o pesado apoio da Lei de Incentivo do Ministério da Cultura e da Petrobrás, tornou-o real na peça Vixe Maria Deus e o Diabo na Bahia, em temporada paulista no teatro Fecomercio até o dia 6 de agosto, após dois anos de uma bem-sucedida temporada em Salvador, onde foi vista por mais de 125 mil pessoas.

Fernando Guerreiro é um dos fundadores da Companhia Baiana da Patifaria e produtor da comédia A Bofetada, que está em cartaz há mais de 15 anos e já foi vista por 500 mil espectadores. O encenador tem como característica o ecletismo quanto aos autores que servem de base para suas montagens, na maioria das vezes comédias, e já trabalhou até mesmo com um texto do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Trabalhou também com atores globais como Raul Gazolla e Caco Ciocler além de Danton Mello e Marcos Mion na filmagem e refilmagem de sua peça Cacilda Baker.

Inspirada no conto "A igreja do Diabo", de Machado de Assis, Vixe Maria Deus e o Diabo na Bahia foi escrita por Cacilda Póvoas, Cláudio Simões e Gil Vicente Tavares, que resolveram buscar inspiração no popular teatro de revista, misturando o trash e o teatro de cordel, tão presente na cultura regional. O resultado é uma peça escrachada, que não somente faz referências ao Carnaval do Estado e ao espírito festeiro de seu povo, mas também a outros traços de sua cultura como a religião com forte influência africana e manifestações populares e cotidianas, entrevendo características sociais.

No enredo, o Diabo, cansado de ser subserviente a Deus, resolve ampliar seus horizontes e arrebanhar mais seguidores. O local ideal para isto é onde os mortais cometem muitos pecados ou vivem mais proximamente inebriados por ele. Inevitavelmente, este lugar se configura no tradicional Carnaval baiano. Logo, Deus é alertado sobre o plano, mas até mesmo o todo poderoso pode cair nos encantos e feitiços do lugar.

O cenário de Euro Pires e figurino de Miguel Carvalho seguem o estilo barroco colonial e ajudam muito no processo de apresentar a cultura da região. O cenário esquemático é dividido em três para melhor visualização e dinamismo. O inferno é localizado em uma fresta aberta no palco, o céu em um andar acima, enquanto os personagens baianos passeiam pelo palco propriamente dito. Sua trilha sonora derrapa em uma mistura exagerada ao fazer releituras de músicas que marcaram carnavais baianos com ritmos como rock, ópera e até mesmo funk, ao invés de focar somente os ritmos regionais populares, que não provocariam tanto estranhamento e surpresas. Algumas até cabem nesta nova roupagem, mas outras soam distorcidas de sua origem.

O elenco é composto por 16 atores. Frank Menezes encarna bem o escárnio inerente da figura do Diabo e seu humor é irônico na maioria das vezes e, conseqüentemente, mais eficiente, bem ao gosto do autor do conto onde a peça foi baseada. Já Cristiane Mendonça, no papel de Naja, a esposa do Diabo, está impagável. Ela incorpora trejeitos de cobra a cada ação no palco e sua personagem é na medida sensual e interesseira sem nunca perder o traço de comédia em cada fala e expressão. Para completar o rol de protagonistas, Jackyson Costa, ou Deus, encarna um personagem ingênuo com tiradas de humor canastrão e Alan Miranda, um Anjo Gabriel infantil que se revela muito esperto e cômico ao longo da peça. Alguns atores secundários na trama acabam se destacando dos demais como Lázaro Machado no papel de Exu e um dos travestis e José Carlos Júnior, como o Pastor Evangélico.

No final, a peça consegue acumular muitas tiradas espirituosas e para isso se utiliza ao máximo das caricaturas do povo baiano e suas diversas facetas. Apenas encontra problemas quando as atuações ficam aquém da fina linha entre o gargalhar de si e dos outros e de seu personagem. Algumas vezes as alusões a fatos atuais soam forçadas, principalmente nas cenas finais, talvez visando arrancar o máximo de risadas do público e reforçar seu tom popular. Mas elas acabam por esvaziar o espetáculo quando este poderia ser finalizado de modo mais repentino e manter seu ritmo exagerado e frenético, com uma confusão milimetrada que dá charme e traduz fielmente o espírito regional que se propõe representar. Mas não deixa de ser uma boa representação de facetas da cultura baiana e própria para a comemoração original para a qual foi feita.

[1 Comentário(s)]

Postado por Marília Almeida
19/6/2006 à 00h34

 
Rio das Ostras (IV)

No penúltimo dia de Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras, o público já começava a reparar as características que destacavam os conjuntos de jazz e de blues, respectivamente. E a maior prova disso é a diversidade de perfis dos músicos que, de certa forma, representam o estilo executado. O guitarrista solo de Eddy Clearwater, Mark Wydra, apesar de ser coadjuvante, é o instrumentista que faz a roda girar no grupo. Até porque o baixista, Shoji Nato, e o baterista, Merle Perkins, atuam como base musical. É Wydra quem traz um colorido para as apresentações, abrindo espaço para a performance inusitada de Clearwater - ele entra com cocar no palco.

Mesmo essa percepção, no entanto, tem lá suas exceções. No caso desse festival, não poderia ser diferente. Quem assistiu à apresentação do conjunto do trompetista Wallace Roney pôde conferir, para o bem e para o mal, uma nova versão do jazz tradicional. Essa nova leitura tem como destaque a inclusão de um DJ lado a lado com a bateria, sax, piano e, claro, trompete. Desse modo, foi com certo espanto que o público viu a mescla do eletrônico com o tradicional; a mixagem em meio aos longos solos de trompete e sax. Cabe destacar, aliás, que no palco o grupo tem um jogo de cena particular: o saxofonista e o trompetista só vão à frente quando têm de tocar. Nos momentos de pausa, os dois ficavam atrás do baterista, como se aguardassem o rodízio dos demais músicos.

Nesse sentido, é possível afirmar que o show de Rooney, se não era popular como o blues de Clearwater, definitivamente era inovador, impressionando o público pelo longo tempo dos solos assim como das músicas.

Se o festival começou com o jazz da Banda Mantiqueira, o seu final, tanto no sábado, dia 17, como no domingo, dia 18 (após o jogo do Brasil), foi com o blues do gaitista Charlie Musselwhite - considerado por Carlos Santana como uma fonte de referência no gênero. Nos dois dias, a apresentação dele foi breve, porém não poderia ser mais eficiente no que se refere à interação com os presentes da Costazul e do palco improvisado no Shopping Village. E no que se refere ao show, Musselwhite soube dosar com experiência o blues com outros ritmos musicais, ora flertando com o rock, ora sucumbindo à latinidade, essa graças à participação do também gaitista Flávio Guimarães.

Encerramento
Os quatro dias de Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras provam que o evento já está sedimentado naquela região dos lagos do Rio de Janeiro. Para tanto, se é bem verdade que o apoio institucional é de peso, também é verdade que o público comparece. E não é uma platéia somente de Rio das Ostras. Paulistas, mineiros e cariocas também freqüentaram o Festival, fazendo com que um dos organizadores já dissesse: "até o ano que vem".

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
18/6/2006 às 19h00

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Cultura
Arnaldo Antunes
Iluminuras
(2012)



O Título Executivo na Execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública
Cláudia Rodrigues
Revista dos Tribunais
(2002)



Boca Do Inferno: Romance
Ana Maria Miranda
Companhia Das Letras
(2003)



A Menina Que Colecionava Borboletas
Bruna Vieira
Gutemberg
(2015)



Probabilidade: Aplicações À Estatística
Paul L. Meyer
Ltc - Grupo Gen
(1983)



Honoráveis Bandidos
Palmério Dória
Geração
(2010)



Édipo Rei Antígone Prometeu Acorrentado
Sófocles - Ésquilo
Ediouro



O Mistério da Rosa Mistica
Oscar C. Marques
Ediouro
(1991)



How To Be Exceptional
Vários Autores
Mcgraw Hill Professi
(2012)



Sarney: a Biografia
Regina Echeverria
Leya
(2011)





busca | avançada
89046 visitas/dia
1,9 milhão/mês