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Quinta-feira,
13/7/2006
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Redação
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Elvis, the Pelvis, faz 50 anos
Se estivesse vivo (há quem diga que ele está), o que Elvis Presley teria a dizer sobre as nossas loiras e morenas do "tchan", se insinuando em rebolados libidinosos na frente da TV? A "bunda music", como ficou conhecida essa vertente da axé music, começou a assolar nossos ouvidos há uns 10 anos e causou controvérsias por exibir mulheres semi-nuas dançando para quem quisesse ver, fossem adultos ou crianças. Hoje em dia já perdeu um pouco o fôlego, mas deu lugar aos famigerados grupos cariocas de funk, sucesso também entre baixinhos e grandinhos. A "bunda music" não é uma tendência exclusivamente nacional, pois basta ligar a TV em canais como a MTV para perceber como o corpo das mulheres é exaustivamente explorado na maioria dos clipes estrangeiros produzidos atualmente.
Entretanto, escândalos televisivos são tão antigos quanto a própria história da televisão. Muito antes do advento da "bunda music", ocorreu um caso famoso que completou exatos 50 anos agora em junho, culturalmente muito mais relevante e de um impacto social muito mais profundo do que as quase pornográficas danças do "tchan" e afins. Sem ao menos mostrar as canelas, vestindo uma calça comprida preta e um paletó branco longo, um tímido rapaz nascido na pequena cidade de Tupelo, Mississipi, causou um rebuliço de proporções muito maiores. Dois pesos, duas medidas, pois os tempos eram outros.
A década de 50 era a época de uma revolução musical que começava a estremecer a profunda segregação racial dos Estados Unidos. Em 1951, um disc jockey chamado Alan Freed deu um nome mais do que apropriado a essa revolução: o rock & roll. Esse termo já era utilizado no blues desde o final da década de 20, pois era uma gíria entre os negros que se referia ao ato sexual. Alan Freed usou esse termo para designar o novo ritmo musical, originado a partir de uma mistura de formas mais aceleradas do blues e do country. Além de botar todo mundo para chacoalhar o esqueleto, o rock & roll começava a abalar as sólidas barreiras sociais entre negros e brancos. Alan Freed sofreu uma perseguição política e judicial e rapidamente entrou em decadência, morrendo na miséria em 1965. Apesar do fim melancólico, sua importância foi devidamente resgatada e hoje em dia ele é reverenciado como um dos grandes pioneiros do rock, apesar de nunca ter sido um músico.
O caminho estava aberto, e através dessas primeiras estradas do rock & roll um ex-caminhoneiro vinha galgando rapidamente os degraus da fama desde 1954, surgindo em 1956 para a América como a grande sensação do novo e contagiante ritmo. Desejado pelas garotas, imitado pelos garotos e odiado pelos pais da garotada, Elvis Presley incendiava platéias por onde passava com sua bela voz, seu carisma de galã e seu inconfundível estilo de dança, inédito até então, considerado indecente para os padrões da conservadora sociedade americana. Esse jeito espontâneo de dançar rendeu a ele o apelido "The Pelvis", uma referência ao conjunto de ossos que formam nossa cintura, a qual Elvis balançava freneticamente.
As primeiras aparições de Elvis na TV datam de 1955, mas aconteceram em programas de audiência regional e por isso não causaram nenhum grande furor. Em junho de 1956, em sua segunda apresentação no The Milton Berle Show pela rede NBC, Elvis levou ao delírio a platéia de jovens nos estúdios e deixou atônitos pais e mães que assistiam ao programa em casa. Em rede nacional, ele instintivamente colocou toda a energia dos seus 21 anos na performance de "Hound Dog", tocada no início de forma acelerada e dançante, e no final de forma bem lenta, sexy e insinuante.
Foi a gota d'água. Vozes conservadoras vindas da imprensa, de grupos religiosos e da sociedade em geral que já vinham se manifestando contra o rock & roll, aumentaram o tom das críticas ao jovem cantor do Mississipi. Além de trazer a música dos negros aos lares americanos, acusavam-no de ser imoral, um mau exemplo para a juventude e um perigo para as recatadas filhas de família do american way of life.
O movimento anti-Elvis crescia na mesma proporção da fama do rapaz de topete e costeletas que se vestia e dançava de maneira espalhafatosa, culminando com a censura imposta a ele em sua terceira apresentação no programa The Ed Sullivan Show, pela rede CBS em janeiro de 1957, então o programa de televisão de maior audiência nos Estados Unidos. A Censura Federal determinou que Elvis fosse filmado apenas da cintura para cima, para proteger os olhares de milhares de famílias americanas de seus rebolados indecentes. O enquadramento das câmeras persistiu até mesmo quando ele cantou a comportada "Peace in the Valley", um tradicional sucesso gospel. Era uma tentativa de conter o avanço dessa força da natureza chamada Elvis, mas já era tarde demais. Mostrava-se mais como uma censura oportunista porque coincidia com o excelente momento na carreira pela qual o cantor passava, e inútil porque produziu um efeito contrário ao que se esperava, servindo somente para aumentar ainda mais a sua popularidade.
O próprio Ed Sullivan, uma das personalidades mais influentes da TV naquela época, havia dito que jamais traria alguém como Elvis para se apresentar em seu programa, mas se rendeu ao seu poder quando viu os recordes de audiência alcançados pelos programas de seus rivais Milton Berle e Steve Allen, quando o furacão passou por aqueles lados em junho e julho de 1956. Terminada a apresentação, outra maneira que Ed Sullivan encontrou para se redimir foi dirigir-se a Elvis, cumprimentá-lo e dizer a todos na platéia e em casa: "Este é um rapaz decente e bom". Ao agir desse modo, o astuto Ed Sullivan talvez tenha pensado naquele conhecido lema: "Se você não pode vencê-los, junte-se a eles".
Neste dia 13 de julho, quando celebramos o dia mundial do rock, devemos nos lembrar de dar um muito obrigado a Alan Freed, Elvis Presley, Ed Sullivan, Sam Phillips, Chuck Berry, Little Richard, Bill Haley, Gene Vincent, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Carl Perkins, Buddy Holly, Eddie Cochran, Bo Didley e a tantos outros pioneiros cujos nomes não caberiam aqui. Sem eles, hoje não poderíamos estar curtindo o bom e velho rock & roll.
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Fábio Deodato
13/7/2006 às 12h45
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Propaganda no museu
Que arte e propaganda caminham de mãos dadas, não é novidade. A relação às vezes não é muito bem vista mas, desde os cartazes de Tolouse-Lautrec, vem se estreitando cada vez mais.
A propaganda faz referências à história da arte, às poéticas de determinadas épocas e, agora, até mesmo aos processos de manifestação artística. Vide o artigo publicado no site Arte e Cidadania, que mostra a publicidade realizando ações semelhantes aos happenings para divulgar alguma marca ou produto.
Por outro lado, a gente sabe que a arte também tem absorvido as técnicas ou os suportes publicitários, seja para melhorar o desempenho mercadológico do artista, buscar novos caminhos de expressão ou até aumentar o público apreciador de artes plásticas.
Em Curitiba, essa relação fica mais próxima com a exposição das peças do 3º Festival do Anuário do Clube de Criação do Paraná, no Museu Oscar Niemeyer - mais conhecido como "Museu do Olho".
De 15 a 24 de julho, os visitantes poderão conferir, no belo e imponente espaço do museu, mais de 250 trabalhos publicitários selecionados e premiados no Festival do Anuário. O Festival é um concurso promovido pelo Clube de Criação do Paraná, associação que reúne os profissionais de criação de todas as agências do estado. As peças expostas farão parte do 3º Anuário do Clube de Criação, que será lançado no final de 2006. A iniciativa da publicação, assim como das duas edições anteriores, é preservar a memória da comunicação paranaense.
A mostra é uma ótima oportunidade para conhecer o que se faz de melhor em comunicação na terra das araucárias, já que a exposição não se limita apenas aos anúncios publicitários. Também têm seu lugar ao sol as logomarcas, projetos de design, ações promocionais e malas-diretas muito diferentes daquelas que você está acostumado a receber em casa. E o interesse não é apenas dos profissionais da área. Considerando que a publicidade é uma importante manifestação cultural, esta é a ocasião de observar como a linguagem dos materiais reflete a nossa sociedade.
Uma exposição de materiais publicitários no museu não significa dizer que a propaganda está virando arte. Arte é arte, propaganda é técnica. Mas a arte tem sido referência e inspiração para muitos publicitários. E o contrário também parece estar acontecendo. Afinal, se as obras artísticas estão invadindo os outdoors, os luminosos e os banners de internet, porque a publicidade não pode ocupar, nem que seja só por alguns dias, as paredes do museu?
Para ir além
Exposição dos premiados pelo Clube de Criação do Paraná
Onde: Museu Oscar Niemeyer
(R. Marechal Hermes, 999 - Fone: 41 3350-4400)
Quando: de 15 a 24 de julho de 2006, das 10h às 20h
(exceto às segundas-feiras)
Quanto: R$ 4,00
(R$ 2,00 para estudantes com carteirinha)
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Adriana Baggio
13/7/2006 às 08h56
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Gente como a gente
gosto mesmo é de gente interessante. aquela pessoa difícil de agradar, acidamente crítica ou simplesmente desbocada. um tipo de pessoa que não desperta meio-termo, ou se ama ou se odeia. gente que não nutre nenhuma espécie de preconceito. gente que me acrescente alguma coisa. pessoas com um inteligência rápida e certeira que me digam algo novo ou externem o que todo mundo pensa e não tem coragem de dizer. sabe aquele tipo de gente que é culta mas sem afetação? é o tipo de gente que eu gosto. gosto das pessoas que tem algo de puro em sua natureza e uma criatividade louca para lidar com isso. gosto de gente doce. mas não aquele doce do doce de jaca e sim aquele doce que se percebe no fim do café... gosto de gente que não se define, que é personalíssima, que imprime em tudo o que faz a sua marca. um tipo que não dá pra rotular porque não veste rótulos e não se encontra facilmente por aí.
madame imparfaite, no seu blog, que - você acertou - linca pra nós.
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Julio Daio Borges
13/7/2006 à 00h44
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Festival de Cinema SP
Comecei ontem minha peregrinação ao 1º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, assistindo ao debate O Novo Cinema Latino-Americano, pela manhã, e ao filme Ilusão de Movimento, à noite. Farei uma coluna-balanço ao final, mas todos os dias postarei aqui minhas sugestões. Vamos às de hoje:
Memorial sala 1
16h, Butim de Guerra, sobre as avós da Praça de Maio.
22h, Histórias Mínimas, ótimo filme de Carlos Sorín.
Memorial sala 2
A programação é toda interessante, mas eu optaria por Salvador Allende, às 17h.
25 Watts, às 21h, é um belo filme, da nova safra uruguaia (dos mesmos diretores de Whisky).
Cinesesc
17h, O Cachorro, belíssimo filme do argentino Carlos Sorín. Imperdível (está em poucas locadoras).
21h, diversos curtas - é a chance de ver filmes a que dificilmente teremos acesso depois do festival.
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Guilherme Conte
12/7/2006 às 14h01
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Zidane e a Marselhesa
Passadas mais de setenta e duas horas da final, discute-se muito mais a cabeçada de Zidane do que o tetra da Itália. E o mundo ainda se pergunta por que Zidane fez aquilo, o que o zagueiro da Azurra teria dito de tão grave. Pois minha pergunta é outra (embora mais à frente se perceba que as razões são semelhantes): por que Zizou não cantou o hino francês, o empolgante hino francês, o beligerante hino francês, quando o estádio emocionava o mundo ao entoar os famosos versos da Marselhesa? Minha hipótese é simples: porque Zidane entende francês e conhece História.
Nós, aqui do Brasil, sempre assobiamos a melodia da Marselhesa ou cantarolamos "Marchon!, Marchon!" sem necessariamente nos ater à tradução do grande refrão:
"Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará!"
Que "sangue impuro" é esse? Talvez à época se referisse aos invasores, aos pagãos, até aos ingleses, mas não é fácil associar esse verdadeiro grito de guerra ao velado racismo que os imigrantes sofrem na França? Aos cidadãos que deixaram as ex-colônias francesas, empobrecidas, miseráveis, em busca de alguma oportunidade na terra do sangue puro? E ironia das ironias, Zidane, craque da seleção francesa que faz o hino ecoar por milhões de lares do mundo, é filho de argelinos.
Em artigo anterior, "Você se sente mais brasileiro por causa da Copa?", eu já havia falado a respeito do nacionalismo em tempos de Copa, dos paradoxos desse nacionalismo, mas parece que a grande final colocou de vez a política ao lado do esporte. Não bastasse esse simbólico gesto do craque francês de não cantar o hino, houve a cabeçada. E mais do que isso, as especulações em torno do porquê da cabeçada. E mais ainda, as repercussões.
Circula nos jornais uma infeliz frase de Roberto Calderoli, vice-presidente do senado italiano: "Foi uma vitória de nossa identidade, onde lombardos, calabreses e napolitanos venceram uma seleção que sacrificou sua identidade ao escalar negros, muçulmanos e comunistas."
Por favor!
Em pleno ano 2006, depois de uma festa multirracial como a Copa do Mundo, um importante governante do país campeão profere uma frase digna de Mussolini ou Hitler! Primeiro, ele beira a idéia de que a raça italiana é pura e, por isso, melhor que as demais. Depois, ele mistura negros, uma etnia, com muçulmanos, uma religião, e comunistas, uma ideologia política, como se os colocando todos à margem, evidenciando ódios e pelo menos três tipos de racismo.
Zidane por acaso é branco. Por acaso é francês. Talvez muito provavelmente não seja comunista. Mas talvez seja muçulmano. De certo é filho da colônia escravizada pela França. E aparentemente é um homem bastante inteligente. Zidane não cantou e nem poderia cantar o hino louvando o sangue puro que sujou o sangue de seus descendentes. E provavelmente Zidane tenha motivos sérios para dar aquela cabeçada, deixando de lado a hipocrisia de herói nacional dos esportes para assumir a condição de homem engajado em uma causa. Não se sabe "a causa". Talvez nunca se saiba. Mas uma coisa é certa: estivesse eu no senado italiano quando o senhor Calderoli proferiu aquela pérola, teria imitado a atitude do craque francês.
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Marcelo Spalding
12/7/2006 às 08h05
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And music is the best
Um lembrete do Mazlon, cujo Handful Of Nothing linca pra nós.
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Julio Daio Borges
12/7/2006 à 00h17
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Paladar desconhecido
Os restaurantes da rede de hotéis Sofitel promoveram a união de sabores exóticos com dois típicos ingredientes brasileiros: café e chocolate. Se, sozinhos, eles já dão água na boca, imagine acompanhados de criativas invenções assinadas por chefs renomados.
O Festival Café et Chocolat aconteceu entre maio e junho em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Costa do Sauípe. "Fizemos combinações desconhecidas porque dificilmente os ingredientes comuns combinam com chocolate", explicou o Chef francês Patrick Ferry, do restaurante Aquarelle, em São Paulo.
No menu criativo, sabores brasileiros e asiáticos: Tofu de chocolate (que leva açafrão, calda de peixe, chocolate e outros retoques) e Patilla de Pato (carne de pato com gengibre, molho de soja e chocolate). A alta gastronomia caminha rápido para o exótico e não convencional - mistura quente e frio, doces e salgados. Arte criativa que serve a um exigente senhor: o paladar.
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Tais Laporta
11/7/2006 às 08h26
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Amanajé no Mojave Jazz Bar
Para quem está enjoado de barzinhos de jazz em que só se pode ouvir standards ou cantores de violão a tiracolo mandando ver no Djavan (para não falar das "mpbices" modernosas estilo Jorge Vercilo ou Adriana Calcanhoto), vale a pena dar uma passada pelo Mojave, na Vila Madalena, para ouvir o Amanajé, nas quartas-feiras de julho. O quinteto só toca composições próprias, e a proposta do grupo é construir uma linguagem com elementos do jazz, da música regional brasileira e da música européia (que é uma denominação mais acadêmica para o que a maioria das pessoas conhece como música clássica ou erudita).
Amanajé, em tupi-guarani, quer dizer o alvissareiro, o portador das boas novas. Esse otimismo no nome contagia as canções do grupo, raramente melancólicas ou reflexivas - pelo menos no que reflete o repertório escolhido para o palco, na primeira noite dessa temporada de julho. Curiosamente, nenhum dos músicos é de São Paulo, embora eles tenham se conhecido e formado o grupo na região metropolitana. Rafael Ferreira, saxofonista apenas correto, mas flautista sensível, vem de Mogi-Mirim; Thiago Righi (guitarra, violão e bandolim), de Botucatu; o baterista Tiago Domingues, de Itu; o criativo baixista Rodrigo Pinheiro - boa surpresa da noite - vem de São Manuel; e no teclado, Hercules Gomes, de Vitória do Espírito Santo.
Do jazz, logo de cara, vem a improvisação, que não chega a tirar o fôlego, mas funciona razoavelmente no encontro com a música brasileira - baião, maracatu, frevo, samba. Composições como "Reencontro", de Righi, e "Baião para 10 de Setembro", de Gomes, têm solos mais livres, embora haja muito espaço ainda para troca, para os músicos "conversarem" e irem além. A formação acadêmica ajuda a garantir um bom nível: Ferreira e Pinheiro vêm da USP; Righi, Domingues e Gomes da Unicamp, o que puxa um contraste entre erudito e popular que o grupo nitidamente tenta conciliar. Por outro lado, a mesma formação amarra a inventividade e deixa o som com o pesado cheiro de papel das partituras.
Nem nos momentos mais líricos, como as músicas "Nascimento", "Reencontro" e "Estrela Azul", o som do grupo prima pela sutileza; porém, a julgar pelo sopro convidativo e distinto de Ferreira na flauta, esse é um caminho possível para o Amanajé. Mesmo sem investir muito na construção de climas e texturas, o grupo segura o pique até o final. O custo é grande para ouvidos mais sensíveis, que podem cansar da bateria animadamente incansável de Domingues, que parecia levar os outros músicos a subirem o volume.
O ponto alto do Mojave são as apresentações ao vivo, mas sem perder o clima gostoso de boteco. Todo de madeira, com vinis de álbuns de jazz nas paredes e um balcão imponente de madeira na entrada, o bar é muito mais um lugar para ouvir música do que para papear. O Amanajé existe desde 2003 e já lançou um CD independente, Amanajé, distribuído pela Tratore. No momento, estão em fase de pré-produção do segundo álbum.
Para ir além
Local: Mojave Jazz Bar
(Rua Mourato Coelho, 740 - Pinheiros)
Datas: 12, 19 e 26 de Julho
Telefone (informações e reservas): (11) 3813-2063
Couvert Artístico: R$ 10,00
Duração: 2 horas
Capacidade: 150 pessoas
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Postado por
Verônica Mambrini
10/7/2006 às 08h43
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Poesia nunca é best-seller
Qualquer poeta que não seja consagrado é independente, e os independentes são mais regra que exceção. Sempre foi assim. Acho que nós somos de uma geração acostumada a ídolos, bens culturais, ícones pop, atores de Hollywood etc., nosso tempo é do: ou você vende milhões de exemplares ou você não é ninguém. Mas isso não se aplica à poesia. Na narrativa temos até os best-sellers, mas não existem best-sellers poéticos. Todos os poetas famosos são poetas velhos. Manuel de Barros levou uma vida inteira até ser o Manuel de Barros. Infelizmente, ou felizmente, na poesia não existe essa ânsia. Acho que ninguém sonha em ser poeta para ganhar dinheiro (teria que ser muito burro para pensar isso). Acho que a poesia é o lugar onde o sentido da arte, que é um sentido da diferença, da singularidade, ainda permanece, isto é: o sentido do caminhar, do compor, e não a busca por "resultados". Um sucesso futuro é mais decorrência do acerto ou do erro do que da exigência de um mercado. Nem Ferreira Gullar vende tanto quanto se espera que venda um poeta famoso...
Márcio-André, em entrevista a Lisardo Lopes, no Pré-texto.
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Julio Daio Borges
10/7/2006 à 00h52
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O óbvio final de Belíssima
A novela Belíssima chegou ao fim neste final de semana, após muito suspense e uma enorme celeuma em torno de dois enigmas: o nome do "grande vilão" que estaria por trás do golpe desfechado contra Julia (Glória Pires) e a identidade do filho de Bia Falcão (Fernanda Montenegro) e Murat (Lima Duarte), abandonado pela mãe ainda bebê.
Foi, no mínimo, frustrante assistir ao último capítulo, transmitido na sexta-feira, dia 7/7, e constatar que o autor, Silvio de Abreu, apelou para as soluções mais simplórias, fazendo de Bia a vilã misteriosa que levou Julia à ruína e de Vitória (Claudia Abreu), a filha renegada por Bia e desaparecida há mais de trinta anos. A impressão que ficou foi a de que faltou criatividade e que, após oito meses de trabalho, Silvio de Abreu estava cansado e decidido a pôr um ponto final na história de qualquer maneira. Um thriller seja ele um livro, um filme, um seriado ou uma novela de televisão não pode, de forma alguma, terminar de maneira tão óbvia e previsível, ainda mais depois de gerar tanto mistério. O ideal seria que o filho de Bia e Murat fosse também o grande vilão e tivesse arquitetado o golpe com o intuito de ajustar contas com o próprio passado. E que fosse alguém totalmente insuspeito, capaz de causar surpresa e espanto entre os telespectadores quando sua identidade e seu plano maquiavélico fossem, enfim, revelados.
Sob esse aspecto, Belíssima se assemelha menos a A Próxima Vítima, novela policial escrita pelo próprio Silvio de Abreu em 1995 e cujo desfecho surpreendente para os crimes em série praticados ao longo da trama entrou para a História da televisão brasileira, e mais a O Astro, de Janete Clair, grande sucesso de 1978 e que, assim como Belíssima teve um final decepcionante, após meses de suspense intenso. Nele, Janete escolhia como o assassino de Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo), o personagem Felipe (Edwin Luisi), que era amante de sua mulher e fora desde sempre o maior suspeito. Pelo visto, ainda está para surgir um escritor de thrillers realmente competente na televisão brasileira e que não traia os seus telespectadores com tramas em que predominem o anticlímax e a falta de criatividade na solução dos mistérios.
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Postado por
Luis Eduardo Matta
8/7/2006 às 08h45
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