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Quarta-feira, 19/7/2006
Blog
Redação
 
Literatura universal do Sul

Um escritor de ideais regionalistas, mas com temática universal, não pode ficar confinado em sua terra natal por muito tempo. Charles Kiefer, no entanto, resistiu quase três décadas nos pampas gaúchos - 30 livros e 3 Prêmios Jabutis - até sucumbir à Editora Record, que vai relançar toda sua produção literária em escala nacional. É a primeira oportunidade para o leitor do centro e norte do Brasil se aproximar com mais intimidade do autor, que com a intenção de preservar os detalhes do Sul, produziu uma coleção onipresente sobre o drama humano.

Ao lado de Quem faz Gemer a Terra (romance de 1991 sobre as questões agrárias do MST), a Record acaba de colocar no mercado Logo Tu Repousarás Também, uma coletânea de 14 contos independentes, que carregam narrativas curtas, porém densas, tecidas com linguagem simples e sugestiva. O mais difícil na construção de um drama - chocar sem ser fatalista ou comover sem forçar a barra -, Kiefer cria com naturalidade em enredos demasiadamente humanos. Em outras palavras, não é difícil encontrar a natureza interior que nos assola travestida nos seus personagens. O clima do livro confere uma face aterrorizante à banalidade, levada ao extremo nas histórias pelo neo-realismo literário do autor.

Um dos trechos mais intensos da coletânea se encontra em "O Boneco de Neve". O conto deixa no ar a incômoda sensação de que os cenários angelicais também não estão livres das tragédias: "No meio da tarde, sob um céu carregado de nuvens baixas e cinzentas, ele nos convenceu a cobri-lo, a transformá-lo num autêntico boneco de neve. Excitados, eu, Maneco, Juca e João Carlos, todos meninos, todos inocentes, e incendiados todos pela branca irresponsabilidade da infância, cobrimos primeiro suas pernas, e depois o seu tronco. Não recordo em que momento percebemos que ele não respirava mais."

Kiefer dá prioridade ao universo psicológico dos personagens, exposto nas entrelinhas de diálogos e pensamentos, em detrimento das frias descrições, deixadas em segundo plano. Em diferentes cenários e sob várias vozes narrativas, os contos carregam ora o peso da fatalidade cotidiana, ora da tranqüilidade enfadonha. É assim em Medo, quando um taxista, ex-torturador da Polícia Militar, percebe que seu passageiro é também seu ex-torturado. E o conflito desse reencontro inesperado se exterioriza pelos reflexos do espelho. "Pelo retrovisor, vi seus olhos verdes, tensos, quase suplicantes, como que em busca de um registro, um detalhe que conectasse a voz que o angustiara a um rosto, a um episódio".

Na economia descritiva, o leitor identifica com rapidez o mundo antagônico dos personagens, como no conto "Belino", em que um policial rodoviário chora em público, com o revólver na mão, pela morte de seu passarinho congelado de frio, graças ao esquecimento de um subordinado. Quando a indiferença dos colegas se choca com o intenso sofrimento do guarda, Kiefer confronta universos psicológicos bilaterais. "Que horror, pensei, o velho deu alpiste ao canário por mais de uma década, e deu água. E limpou a gaiola, todos os dias (...) Meu Deus, a vida num posto da Polícia Rodoviária Federal é a coisa mais monótona do mundo".

Em outros momentos, elementos fantásticos se misturam ao realismo, como nos contos "Lídia e o Rabino" e "Rosa Rosarum". Este último é uma tentativa de reconstruir as origens da "Biblioteca de Babel", conto universal do argentino Jorge Luis Borges - um verdadeiro quebra-cabeça literário. Aliás, Kiefer não esconde a admiração pelos autores que mais influenciam sua obra, entre eles Franz Kafka, Anton Tchekov, além do próprio Borges. Inclusive um dos contos do livro, "Insônia", traz como personagem ninguém menos que Tchekov, na pele de Antocha Tchekonté.

Ainda que Kiefer faça questão de preservar seu patrimônio regional na literatura, como a ideologia agrária dos gaúchos e o uso do "tu" em todos os textos, já estava na hora de apresentar, com projeção nacional, o rigor narrativo desse descendente de alemães, nascido em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, Três de Maio. Embora desconhecido na maior parte do território brasileiro, não se pode dizer que a visibilidade com a Record vai colocá-lo no time das revelações, hoje ocupado por uma leva de novos autores. Kiefer pertence a uma categoria bem mais segmentada. Mais precisamente, a dos veteranos regionais em expansão.

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Postado por Tais Laporta
19/7/2006 às 21h52

 
Wear Sunscreen

Coisas boas, outras nem tanto. Uma pitada de seriedade de vez em quando. Muita coisa para se refletir, um toque de sentimentalismo. Coisas sérias, coisas bregas, coisas sem consistência, coisas sem intenção. Enfim, coisas escritas por mim ou não.

Luiz, no seu blog, que eu acabei de descobrir.

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Postado por Julio Daio Borges
19/7/2006 à 00h18

 
Teerã Fashion Week

Na mesma semana em que os brasileiros da moda acompanham a 21ª edição da São Paulo Fashion Week, um evento de moda islamita faz seu début em Teerã, capital do Irã. As semelhanças entre os desfiles, porém, ficam só no fato de que as modelos caminham em uma passarela vestindo modelos criados por estilistas.

As diferenças começam pelos organizadores que, no caso da república islamita, são as forças policiais. Com duração de dez dias, a feira tem o apoio de autoridades religiosas, do ministério do comércio e da corporação estatal de transmissão para a TV. A lista de exigências do casting também deve ser outra, bem mais relaxada, já que o único traço humano visto no palco é o rosto das modelos. De algumas, só os olhos. Além disso, na fashion week iraniana não há nenhum Reinaldo Lourenço, e homens não desfilam.

Por baixo da hijab, a vestimenta que cobre todo o corpo e a cabeça, as modelos iranianas são mais livres que as brasileiras que desfilam em São Paulo. Estrias, celulites e os quilinhos extras que as nossas tops tiveram que queimar nas últimas semanas passam despercebidos embalados em tanto tecido.

A iniciativa, segundo a organização, surgiu da necessidade de combater a influência ocidental nas vestimentas das mulheres - principalmente as mais jovens - e mostrar que elas podem se vestir com estilo sem desrespeitar "os bons costumes e a modéstia". A tendência de usar roupas cada vez mais justas e véus que deixam à mostra os cabelos, agora com penteados mais ousados, vem assustando o governo.

A lei iraniana obriga as mulheres a vestir a hijab, incluindo o véu que cobre a cabeça, deixando só o rosto à mostra. Segundo o Corão, mais importante fonte de jurisprudência do Islã, é recomendável que homens e mulheres se vistam com modéstia, para não serem vistos como objetos sexuais. Mas cada país define o que a mulher pode ou não usar, e qual é a punição para quem descumprir a ordem.

Com um desfile de moda, a polícia do Irã tenta contra-atacar a invasão da cultura européia, que chega ao país pela televisão, e manter os costumes islâmicos em alta entre os jovens. Para decorar, uma exposição paralela de citações exaltando as virtudes da hijab. Uma delas é atribuída ao próprio profeta Maomé:

"Qualquer mulher com fé em Alá e no dia da ressurreição não exporá seus adornos para qualquer homem que não seu marido. Qualquer mulher que faça essas coisas para alguém que não seu marido traiu sua fé e provocou a ira de Deus."

A estratégia, porém, parece que ainda precisa de muito mais recursos para convencer as jovens. A estudante Shakoofeh, de 19 anos, estava na platéia apenas como curiosa, e não como consumidora. Para ela, pouco importa o modelo ou a cor da vestimenta. "Eu nem usaria a hijab se não fosse pela lei."

Texto publicado por Bob Fernandes no Terra Magazine

(Créditos da imagem: Caren Firouz/Reuters)

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Postado por Luis Eduardo Matta
18/7/2006 às 14h16

 
Os Mutantes são demais

Oba, oba, she's my shoo shoo.

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Postado por Julio Daio Borges
18/7/2006 à 00h56

 
O Chico Buarque do Rock

Vidas interrompidas são vidas eternas, são vidas pela metade, são vidas com afazeres, promessas não cumpridas mas gravadas no imaginário de cada fã. Vidas de artistas, quando interrompidas, não interrompem a arte, multiplicam-na; a metade que lhes falta é preenchida pelo mito. E este parece ser o caso de Renato Russo.

Muitos de vocês lerão aqui no site sobre os 20 anos do segundo disco do Legião Urbana, Dois, e, de certo, muitos adjetivos, superlativos, lembranças e saudades desfilarão por estas páginas. Mas quero ficar com uma definição corajosa e precisa feita por Nelson Motta em seu livro Noites tropicais: "Renato Russo é o Chico Buarque do rock brasileiro".

Nossa geração, nascida entre os anos 70 e 80, talvez considere a comparação um disparate, enquanto a geração de nossos pais - e especialmente as nossas mães - pode considerá-la uma heresia (com o Chico). Mas não se trata de escolher um degrau mais alto em um pódio imaginário para um ou outro: quando Nelson Motta coloca em linha Chico e Renato está olhando por trás da música, por trás da voz, por trás da personalidade, por trás das polêmicas; está lendo a letra.

Para mim, Renato Russo é acima de tudo um grande letrista. Não cheguei a ver nenhum de seus shows, não convivi com o Renato homem, apenas o Renato mito, já falecido. Portanto não posso falar do artista. Menos ainda gosto da origem punk, e talvez por isso o Acústico póstumo me soou tão bem ("Teatro dos Vampiros", a sete, é fantástica). E a prova de que as letras sobreviveram ao compositor é que hoje ela está eternizada em milhões de páginas da internet, milhares de agendas escolares, estampadas em camisetas e regravadas pelos novos nomes da MPB. Sobreviveram ao próprio artista, ao contexto político em que foram escritas, à geração que outrora foi adolescente e hoje não encontra quem tão bem descreva suas angústias como o fez aquele poeta dos anos 80.

Só que Chico - e sua geração - lutava(m) por uma causa concreta, o país bem ou mal se democratizou e aqueles que estavam ao seu lado hoje estão no poder. Renato já era filho da ditadura combatida por Chico, natural da capital de concreto, a causa dele já não era tão clara, seus gritos já não tinham tanta certeza. Morreu, deixou-se morrer e levar pelo vício, pelo vírus, como não poderia deixar de ser. Mas tendo interrompido sua carreira e suas promessas, fica uma angústia desesperada por saber o que teria feito Renato na idade dos cabelos brancos.

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.


Vinte anos e a gente ainda sabe a letra inteira. E isso num mercado de sucessos-relâmpago, celebridades fugazes, hits descartáveis. Vinte anos e, "quase sem querer", o poeta dos anos 80 atravessou o milênio e encanta (também) a geração dos filhos de Eduardo e Mônica.

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Postado por Marcelo Spalding
17/7/2006 às 13h44

 
Blog do Reinaldo Azevedo

O que se vai ler aqui? Tudo o que se lia em Primeira Leitura e um pouco mais. Estou como Brás Cubas, de Machado. Morri e agora estou mais solto. Vão ter de me agüentar opinando também sobre literatura, cinema, culinária, futebol e furacões. Qual o tempo das atualizações? A qualquer hora do dia ou da noite, num intervalo qualquer entre o diazepan e um discurso do Lula.

Reinaldo Azevedo, em seu blog.

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Postado por Julio Daio Borges
17/7/2006 à 00h45

 
Festival de Ouro Preto (III)

"Festivais como esse [de Ouro Preto] são ótimos porque, para além da competição, o que existe é a amostra da diversidade cultural, como no caso de um panorama musical, tornando-se, ao final, uma grande festa". Essas foram as palavras de Zélia Duncan, durante a coletiva de imprensa pouco antes de subir ao palco em Mariana para apresentar o show que comemora os seus 25 anos de carreira. Em certa medida, a opinião da cantora, que agora faz parte oficialmente dos Mutantes (informação divulgada por Zélia Duncan na mesma entrevista), pode ser considerada uma espécie de síntese desse Festival de Inverno que ocorre nas cidades de Ouro Preto e Mariana. Isso porque, tanto para o público como para os artistas convidados, a grande oportunidade, ao que parece, é a chance de interagir de maneira mais direta, seja nas apresentações ao vivo, seja nas oficinas culturais.

No caso das oficinas em particular, essa interação foi bem orquestrada pela organização do Festival. Com pouco mais de 2.100 vagas oferecidas, o público tem a possibilidade de escolher entre as seguintes áreas: Artes Visuais, Infanto Juvenil, Música, Patrimônio e Artes Cênicas. Para que o leitor tenha uma idéia, os alunos da Oficina de Cinema e Documentário, uma das mais concorridas, têm a oportunidade de aprender técnicas de filmagem e produção de documentários. Já na oficina de Teatro de Cordel, existe a proposta da edição de um livro que abrangerá toda a produção durante os dias de Festival. Tudo isso sem mencionar a oficina de Culinária, que ressalta os pratos típicos da região - ainda que alguns Hotéis de Ouro Preto insistam em imitar a culinária francesa e italiana, por exemplo.

O Festival de Inverno de Ouro Preto segue com esses e outros cursos e atrações até o dia 23 de julho, quando Ouro Preto novamente será um espaço "exclusivo" das festas das inúmeras Repúblicas estudantis da cidade - não que isso seja necessariamente menos animado (muito pelo contrário, diga-se). Na região que já fez parte do Caminho do Ouro, a efervescência e a diversidade são, atualmente, os grandes valores culturais.

Para ir além
Festival de Inverno de Ouro Preto.

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
16/7/2006 às 13h10

 
Festival de Ouro Preto (II)

Uma caminhada pela cidade de Ouro Preto à noite é significativa para mostrar o quanto a cidade está envolvida direta e indiretamente com o Festival de Inverno. Diretamente, porque todas as atrações culturais (ou quase todas) contam ou com o apoio formal ou com a chancela do evento, como é o caso das Noites Profanas, que ocorrem próximo ao Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Indiretamente, porque até mesmo os restaurantes possuem, além dos seus cardápios, cartazes destacando a programação do Festival, sem mencionar os boletins diários que trazem em profundidade as principais atrações do dia. Com isso, o Festival que traz uma certa impressão de multiplicidade e dispersão justamente por acontecer em vários pontos da cidade, como na praça Tiradentes e na Sala de Cinema Vila Rica (com a mostra de cinema francês contemporâneo), fica coeso e coerente.

Essa unidade, aliás, passou da organização para os dois grupos de choro que se apresentaram na noite de ontem (dia 14). O primeiro, o septeto Corta Jaca, no palco da praça Tiradentes. O segundo, o sexteto de Maurício Carrilho, no Teatro do Centro de Convenções da UFOP. A sintonia entre os conjuntos pôde ser constatada não somente porque executaram o mesmo gênero musical, mas, sobretudo, porque fizeram cada qual uma homenagem aos mestres do choro.

No caso do Corta Jaca, por exemplo, isso ocorreu de maneira mais discreta. Talvez por ser formado por músicos jovens, o grupo optou por intercalar o repertório da apresentação. Assim, ora ouvia-se algo instrumental, ora canções interpretadas por Juliana Perdigão, que também fazia as vezes no clarinete. Foi dela, aliás, um dos grandes momentos do show, entoando a singular "Cabroxinha" (cantada, na versão original, por Mônica Salmaso, mas cuja autoria é de Mauricio Carrilho). Essa alternância mostrou que, apesar da qualidade instrumental, o público se empolgava mesmo era com as canções. Ainda assim, houve espaço para Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga no encerramento.

Já na apresentação do sexteto do violonista Mauricio Carrilho, a homenagem aos mestres do choro foi mais contundente. "Papo de anjo", de Radamés Gnatalli, abriu o espetáculo com direito à menção de Carrilho a propósito da importância daquele compositor para a música brasileira, tanto a popular como a de concerto.

Com um público mais seleto, mas não menos caloroso, o sexteto não precisou recorrer ao recurso das canções. Nesse aspecto, a apresentação foi para lá de competente. Entre valsas ("Silvana", em homenagem à amiga que estava presente), polcas e séries especiais (como a que faz referência aos clubes de futebol do Rio de Janeiro, ou a que foi elaborada em compassos ímpares), Maurício Carrilho conduziu o show sempre com alto nível, pontuando, sempre que possível, com comentários pertinentes acerca da música popular brasileira. Entre elas, cabe destacar: "A indústria insiste em tentar folclorizar o choro, um gênero que é genuinamente brasileiro e que teve entre seus praticantes grandes músicos no Brasil nos últimos 150 anos". E o final do espetáculo, num bis bastante aplaudido, foi com "Cinco Companheiros", de Pixinguinha.

À saída do teatro, enquanto alguns fugiam do frio de 14 graus, outros acompanhavam o cortejo circense do Samba Pé de Moleque e o circo volante, à espera daquela que seria a grande atração da noite, a Orquestra Tabajara. Para quem esperava que este conjunto apresentasse o melhor da música brasileira num baile a céu aberto, ficou com os standards da música americana. Até aí, tudo certo. O problema foi a qualidade sonora que estava em desacordo com o público que estava no espaço aberto próximo à UFOP.

Para hoje, o destaque, sem dúvida, é a apresentação de Zélia Duncan em Mariana. Ouro Preto, por sua vez, assiste ao saxofonista Carlos Malta. O Festival também conta com as oficinas culturais que atraem desde documentaristas até músicos iniciantes.

Para ir além
Festival de Inverno de Ouro Preto

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
15/7/2006 às 18h20

 
Festival de Ouro Preto

Para quem conhece e está acostumado com os "centros históricos" existentes dentro de cidades como São Paulo, Salvador e Cuiabá(!), não irá se surpreender, num primeiro momento, com a cidade de Ouro Preto, localizada a cerca de duas horas de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Construções de época foram preservadas e até mesmo as ruas mantêm aqueles paralelepípedos que caracterizavam a cidade no passado. A surpresa virá, suspeita este repórter, quando o visitante andar pelo lugar e reparar que não é apenas o centro de Ouro Preto que é preservado, mas praticamente toda a cidade, destacando, nesse ponto, a arquitetura de todas as casas e das habitações que, atualmente, constituem o comércio do local. É dentro desse cenário que Ouro Preto e a vizinha Mariana abrigam, desde o dia 8 deste mês, o Festival de Inverno da região.

De acordo com a organização do evento, o principal objetivo do festival é "revelar aspectos e problemas relacionados às cidades históricas brasileiras e apontar alternativas de preservação para essas cidades, em especial Ouro Preto e Mariana, estimulando o turismo sustentável." Em outras palavras, o Festival, mais do que atrações musicais e manifestações artísticas, busca também debater novas maneiras de explorar o turismo de maneira adequada nas duas cidades, num modelo que pode, quem sabe, ser aproveitado por outras cidades com o mesmo perfil.

Nesse aspecto, mais algumas palavras sobre Ouro Preto podem ser ditas, pois, além de toda essa preocupação com a preservação, a cidade consegue manter uma convivência com o novo, graças não somente à presença dos visitantes ao longo de todo o ano, mas principalmente porque se trata de uma cidade universitária, com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Esta, não por acaso, participa ativamente do festival.

Atrações do Festival
Pouco depois das 11 horas, a cidade ainda parece se recuperar do show do grupo Los Hermanos, que atraiu muita gente ao estacionamento do Centro de Convenções da UFOP. Mas se engana quem pensa que se trata de um festival apenas com grandes nomes de fora. Pelo contrário. O principal destaque é a manifestação de artistas e de grupos de Mariana e Ouro Preto, de acordo com o que consta no "passaporte cultural", o guia de eventos. Para hoje, por exemplo, estão previstos espetáculos teatrais, como a esquete Beatice, na Plataforma da Estação de Ouro Preto (às 15h30). Ainda na cidade, às 18h, é a vez de Noturnos, no Clube Guarani.

Das muitas apresentações musicais do dia, cabe destacar o show com Sá, Rodrix e Guarabyra, que acontece na Praça da Sé, em Mariana, às 22h. Quem ficar em Ouro Preto, por sua vez, poderá ver a Orquestra Tabajara, no mesmo horário. O dia termina com a Mostra de Rock Regional, à meia-noite.

Para ir além
Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana

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Postado por Fabio Silvestre Cardoso
14/7/2006 às 13h30

 
Festival de Cinema (III)

Dicas de hoje:

Memorial sala 1
22h, Atos dos Homens, de Kiko Goifman, está muito bem falado. Promete.

Memorial sala 2
A programação toda é interessante. La muerte de un burocrata, 15h, é um filme curioso, feito nos primeiros anos da revolução cubana. Memoria del saqueo, às 17h, é um documentário panfletário, mas muito, muito bem feito. Nada e Extraño também prometem.

Memorial sala 3
Eu iria ver os curtas cubanos, às 18h30, registros raros.

Cinesesc
Três grandes filmes da nova safra argentina, mas todos em circuito de locadoras por aqui.

Sala Cinemateca
Salvador Allende, às 17h, é uma das grandes estrelas do festival. De Patrício Guzmán, o mesmo diretor da aclamada série A Batalha do Chile.

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Postado por Guilherme Conte
14/7/2006 às 12h55

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